Cronologia Poética (2020): Olhos

Quando abro os meus olhos74469341_3103083193040413_1568915161970900992_n
Teu rosto dormindo, em paz
É que me traz, forte alegria
Que faz com que o meu dia,
Seja ele qual for, tenha alguma graça

Quando vejo os teus olhos
Teu cabelo cobrindo, me traz
Para bem perto do teu cheiro
Daí já me entrego, por inteiro
E não há nada mais que me satisfaça

A tua boca me leva a querer te abraçar
Teu beijo me deixa a querer te provocar
A tua língua… Essa faz eu me entregar
Por longas horas e dias, meses e anos…
Que eu sei, passarão num piscar de olhos
Tamanho é o prazer que me proporcionas.

Claucio Ciarlini (2020)

 

  • O ano de 2020 * começou com a minha posse na Academia Parnaibana de Letras e a promessa de um ano bem produtivo em termos de escola, faculdade, projetos de cinema e de livros, jornal e site. Porém o coronavírus, pandemia surgida na China ainda no ano anterior, alcançou a Europa, a África e as Américas, provocando o isolamento social, o que levou a paralisação, dentre inúmeras coisas, do jornal O Piaguí, que há mais de 12 anos vinha sendo lançado de forma mensal e ininterrupta. O trabalho como professor sofreu adaptação para aulas online e os projetos foram paralisados, com exceção da organização do livro Poemas entre Gerações, que seguiu, assim como as demais coletâneas, via grupo WhatsApp. E para suprir um pouco a falta do impresso, tive a ideia de lançar a revista digital O Piaguí: Edição em Quarentena, que contou com a participação de 40 escritores. No campo da família, eu e minha esposa completamos 20 anos que nos conhecemos, ao mesmo tempo que abrimos a contagem regressiva para: duas décadas de união e os 15 anos de nossas: Carol e Ingrid.
  • (*)Nota: Escrevi esse resumo na data de 31 de julho, portanto ainda restando cinco meses para o fim de um ano que se mostrou bem imprevisível e assustador. Porém, fazendo uma projeção até o termino deste, e caso a vacina não chegue a todos até novembro, é que lançaremos Poemas entre Gerações de forma virtual e que tenhamos ainda duas edições da revista em quarentena, nos meses de setembro e dezembro.

A PORTA

Camera

 Escritor Moacyr Scliar – Academia Brasileira de Letras

MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS – CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA
DO LIVRO “O QUINTO” INÉDITO

          Porta aberta. Joguei a chave fora. Quero o sol adentrado para clarear inclusive as mentes. A brisa não precisa pedir licença para refrescar o ambiente. E entra os amigos, a paz, alegria, os inimigos, a tristeza e as oportunidades também. 

        Fechei a porta. Dei uma volta, duas, e guardei a chave. Bate na porta quem quiser entrar. Entra quem eu concordar. Alguns preferem não incomodar, oportunidades e outras chances podem se desperdiçar.

        E se a porta ficar entreaberta? Entrarão pelas brechas, raios de sol, respingos da chuva, rajada de vento. Nada por inteiro, meio sol, meia chuva e meio vento.

        Fiquei a meditar. E a porta do coração? Disseram-me que ela não tem chave por fora. Só abre por dentro. Segue a explicação: Cada pessoa só deixa amolecer seu coração se tiver vontade no seu interior. 

        Porta aberta, porta fechada ou entreaberta. Porta de madeira, de alumínio ou de vidro. Portas seguras ou frágeis. Porta com chave ou sem chave. Porta larga ou estreita.

        Somente uma porta tem chave e está sempre aberta. E tem Ele, o porteiro, São Pedro na entrada para nos recepcionar. Chegar lá tem dia, tem hora, o caminho é estreito e as pessoas são filtradas pela sua história, pelos seus atos. Quanto mais você constrói, quanto mais você ama, quanto mais você perdoa, aumenta  a probabilidade de transpor esse espaço. Tem o passaporte assegurado para essa passagem quem respeita as diferenças, evita julgamento, cultiva uma vida espiritual.

        “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13.24)

         “Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mt 7.13-14)