Cronologia Poética (2019): Eu vivo numa ditadura

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Eu vivo numa ditadura!
Mas não é a mira de um fuzil,
Que procura me silenciar…
É a intolerância de uns mil,
Constantemente a me perturbar!

Eu vivo numa ditadura!
Não daquelas oficiais,
De prisões, censura e atos institucionais…
Mas de golpes contra a nossa já frágil democracia
Disfarçados de boas intenções, numa eterna hipocrisia!

Eu vivo numa ditadura!
Mas não daquelas que torturam com crueldade
Que despacham para o exílio, todo aquele que questionar…
É daquelas que fingem ser a favor da liberdade,
Enquanto acabam lentamente com o direito de protestar!

Eu vivo numa ditadura!
E a prova cabal é este simplório poema,
Que em outros tempos, não causaria qualquer problema…
Mas que certamente será motivo de contestação
Quando não muito, de olhos insensíveis que o ignorarão.

Claucio Ciarlini (2019)

* 2019 desperta da mesma maneira que 2018 fechou os olhos: um país radicalmente dividido e a liberdade de expressão intensamente atacada, embora diferentemente da época ditatorial militar, a patrulha e ataques emergindo de conhecidos e amigos em redes sociais.  Porém foi um ano em que minha carreira literária, assim como o meu trabalho no âmbito cultural  foram amplamente reconhecidos. Tive a honra de receber a Medalha e o Diploma de Mérito Municipal; também ganhei bela homenagem do valioso grupo piauiense Geleia Total; fui convidado para palestrar no 7° Salão do Livro de Parnaíba sobre a nova safra de escritores da cidades; o Sesc Caixeiral também me fez o convite para palestrar sobre a obra dos escritores Millôr Fernandes e Paulo Leminsky; e em dezembro tive a emoção de ser eleito para a Academia Parnaibana de Letras, na cadeira número 23. O vigésimo quarto ano poético também contou com o lançamento de meu quarto livro “Parnaíba, por quem também faz por Parnaíba”, lançado no evento Corredor Literário; assim como o nascimento de “Contos entre Gerações”, coletânea de minha idealização e que contou com a participação de 30 contistas.