Escritor Moacyr Scliar – Academia Brasileira de Letras
MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS – CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA
DO LIVRO “O QUINTO” INÉDITO
Porta aberta. Joguei a chave fora. Quero o sol adentrado para clarear inclusive as mentes. A brisa não precisa pedir licença para refrescar o ambiente. E entra os amigos, a paz, alegria, os inimigos, a tristeza e as oportunidades também.
Fechei a porta. Dei uma volta, duas, e guardei a chave. Bate na porta quem quiser entrar. Entra quem eu concordar. Alguns preferem não incomodar, oportunidades e outras chances podem se desperdiçar.
E se a porta ficar entreaberta? Entrarão pelas brechas, raios de sol, respingos da chuva, rajada de vento. Nada por inteiro, meio sol, meia chuva e meio vento.
Fiquei a meditar. E a porta do coração? Disseram-me que ela não tem chave por fora. Só abre por dentro. Segue a explicação: Cada pessoa só deixa amolecer seu coração se tiver vontade no seu interior.
Porta aberta, porta fechada ou entreaberta. Porta de madeira, de alumínio ou de vidro. Portas seguras ou frágeis. Porta com chave ou sem chave. Porta larga ou estreita.
Somente uma porta tem chave e está sempre aberta. E tem Ele, o porteiro, São Pedro na entrada para nos recepcionar. Chegar lá tem dia, tem hora, o caminho é estreito e as pessoas são filtradas pela sua história, pelos seus atos. Quanto mais você constrói, quanto mais você ama, quanto mais você perdoa, aumenta a probabilidade de transpor esse espaço. Tem o passaporte assegurado para essa passagem quem respeita as diferenças, evita julgamento, cultiva uma vida espiritual.
“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13.24)
“Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mt 7.13-14)
Saudosismo é necessário e salutar. Hoje vivemos duplamente confinados: pelo pandemônio da pandemia e com medo de assaltos. Casas com câmera, alarmes, cercas elétricas, cães de guardas e o medo do passível. Antigamente, dependurava-se chaleira nas travancas das portas à noite e os muros tinham cacos de vidros, por causa dos “ladrões de galinhas” e só. Durante o dia, as portas e janelas eram escancaradas e não tinham grades… Pois é, o mundo mudou infelizmente para pior. Gostei do artigo.
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