Foto com o escritor Assis Brasil – APAL
MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS APAL – CADEIRA 28
PATRONO: LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1 º OCUPANTE: HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA
Estou diante do computador com a cabeça fervilhando, cheia de ideais e as mãos prontas para dedilhar o teclado tornando concreto o pensamento que vai fluindo na cabeça.
O que mesmo quero escrever? Mil pensamentos vem em minha mente, inclusive as brincadeiras que crianças fazem e dizem na sua ingenuidade. Lembro o meu primeiro dia de escola quando me deixaram em um salão com muitas outras meninas e algumas professoras. Uma delas aproximando de mim perguntou?
– Você é minha?
Não entendi que ela queria saber se eu seria aluna dela. E respondi:
– Não, sou da mamãe.
A escola era o Colégio Nossa Senhora das Graças e a professora era Joana Eneida Nóbrega Duarte que não está mais entre nós. Esse episódio era contado sempre por ela, minha primeira professora, conforme diz seu filho Gilberto Duarte, historiador e também professor renomado.
Fiquei recordando as minhas meninices e veio na lembrança dos meus cinco anos quando um senhor que morava nas proximidades de minha casa gostava de brincar comigo chamando-me de minha noiva. Ao vê-lo de longe, me escondia para fugir dessa brincadeira que me incomodava. Para me vingar ficava escondida por detrás da janela esperando ele chegar mais perto e dizia com intenção de lhe amedrontar: eu sou a alma do “puquitório” (sic). Não sabia chamar purgatório. Todos riam da minha papelada. Essa pessoa era Senhor Ulisses Miranda que foi represente do MEC aqui em Parnaíba e vendia cadernos, lápis, caneta a preço mais em conta do que no comércio formal.
Outra proeza interessante que aprontei nessa fase, aos seis anos, foi tentar acabar o namoro de um rapaz que morava nas proximidades de minha casa. Eu queria que ele ficasse com a ex-namorada, pessoa que muito admirava. Para tanto punha todos os defeitos na atual apelidando de palito vestido por ser muito magra e fiquei feliz quando pus término nesse namorico. O rapaz era Mário Meireles do Jornal do Norte e a moça que eu torcia era a Carmem com quem ele contraiu matrimônio e formou uma linda família.
Contam que eu era muito decidida deste criança e que só fazia o que eu queria. Minha casa tinha um quintal grande de areia e meu pai não gostava que eu fosse brincar lá por causa da poeira. Assim mesmo eu ia desobedecendo a ordem. Por isso mesmo ficava sempre de castigo em uma cadeirinha de balanço. Você está de castigo, dizia ele. Quero ver você se levantar dessa cadeira. E na minha ingenuidade eu levantada. Ficava em pé. Ele dizia: senta. Eu sentava. E repetia. Você está de castigo. Quero ver você se levantar daí. Eu me levantava. Não era por teimosia. No meu entendimento ele queria ver eu me levantar e eu obedecia. Apenas ele não elaborava a ordem corretamente para uma criança inocente. Se ele dissesse: não se levante dessa cadeira. Você está de castigo. Só saia daí quando eu mandar. Com certeza eu respeitaria o seu desejo.
Criança sofre. Não explicam para ela que o nome é purgatório, que não se deve apelidar as pessoas e não entendem que as ordens devem ser esclarecidas e detalhadas para que ela entenda.
E outra proeza minha aos sete anos foi escrever a poesia “Viva o Brasil”. Até eu mesma pus em dúvida se tinha mesmo essa idade ao produzir tais versos. Comprovação feita quando encontrei um papel com minha letrinha infantil ensaiando o referido escrito e datado de 1960.
27.07.2020