Memória Almanaque, por Jailson Júnior (Edição 68, de 2006).

A edição de n° 68 do Almanaque da Parnaíba foi lançada no ano de 2006, mais uma com a APAL sob a gestão da impressão do periódico. A capa traz uma ilustração da fachada do prédio onde funciona a sede da instituição, com a contracapa do impresso trazendo a fachada do Colégio Nossa Senhora das Graças, que no ano seguinte completaria seu primeiro centenário de existência.

            Em edição graficamente mais refinada que as anteriores, as orelhas trazem a composição das até então trinta e cinco cadeiras existentes e seus então ocupantes, trazendo a configuração da academia no mês de setembro daquele ano.

            A apresentação ficou por conta do então presidente Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, ocupante da cadeira de n° 01, que exaltou a importância do Almanaque para a história da cidade de Parnaíba e região, seguida da mensagem do então prefeito e acadêmico (não à época, mas sim posteriormente) José Hamilton Furtado Castelo Branco, que corroborou as palavras de Pádua Santos.

            A página doze da obra se dedicou a mostrar o quadro gestor da entidade, que comandou a entidade entre 30/07/2005 e 30/07/2007. Na já pontual seção Poesia Parnaibana: I – Poetas Falecidos, tem-se os textos Agonia do Amor, de Oliveira Neto; Judas, de R. Petit; O Riso, de Luíz Amélia de Queirós; Traços Noturnos, de Paulo Veras; Pesquisa, de Renato Castelo Branco; Inglória Luta, de Raimundo Fonseca Mendes; Madalena, de Berilo Neves; Tu És Pedro, do Monsenhor Antônio Sampaio; Jaçanã, de Francisco Ayres; Mãe, de Vicente Araujo; Soneto XI, de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva; Tudo Azul, de Alarico da Cunha; Judas, de Lily Pery (pseudônimo de Lívio Pacheco); Nos Jardins da Infância, de Jeanete de Moraes Souza; e Terra Mater, de Jonas da Silva.

            Na seção II – Poetas Vivos, os autores homenageados são Wilton Porto, com o poema À Carolina Maria de Jesus; Pádua Santos, com Hierarquia; Chagas Rodrigues, com o texto Nosso Amor; Alcenor Candeira, com Da Sombra Própria a Cova se Cava; Jorge Carvalho, com Canção do Exílio; Elita Araujo, com Meninos de Rua; Pádua Ramos com Renascença da Parnaíba; Maria Christina de Moraes Souza Oliveira, com Prece; Fernando Ferraz, com o poema Vida; Edmeé Rego, com Estrela de Belém; Iweltman Mendes, com o texto Meu Segredo; Anchieta Mendes, com o poema Que Natal é Este?; José Luíz de Carvalho, com o poema Vozes do Mundo; Danilo Melo, com Filhos das Flores; Elmar Carvalho, com seu texto Mulher na Lagoa do Portinho; e Israel Correia, com seu poema Roda e Ampulheta.

            Alcenor Candeira patrocina o primeiro artigo da edição, analisando brevemente a produção dos romances de autoria de Assis Brasil e Renato Castelo Branco, autores nascidos em Parnaíba e com vasta produção literária na citada área de produção literária.

Na sequência, o Prof. Danilo de Melo Souza homenageia seu pai, Seu Alípio Souza, que muito contribuiu na construção pessoal do também poeta, trazendo passagens de sua infância, citando aspectos relativos ao temperamento e caráter do pai. Ato contínuo, o escritor e advogado Anchieta Mendes comenta sobre a lei 6.368, de 21 de outubro de 1976 (Lei Antitóxico), analisando sobre as repercussões do tema na vida em sociedade e suas impressões pessoais.

Em História da Universidade em Parnaíba, o Dr. Francisco Pereira Filho remonta à concepção dos primeiros cursos superiores em Parnaíba, desde a afundada intenção de se instalar o curso de Economia até à efetiva instalação do primeiro curso superior local, o de Administração, incorporado à UFPI em 1971, citando também o período de conclusão do campus Min. Reis Veloso, ocorrido em 1978, e todos os pormenores que acompanharam esse espaço de tempo, abordando a forma como se deu o desenvolvimento do ensino superior na cidade.

Em Estórias Dentro da História, o saudoso acadêmico e médico Carlos Araken conta um pouco sobre a história de figuras proeminentes da medicina local, tais como Dr. Joca Bastos, Mirócles Veras, Candido Athayde, Odival Rezende, além de muitos outros que contribuíram para a área da saúde parnaibana. O advogado Celso Barros Coelho analisa brevemente a veia filosófica de Euclides da Cunha, famoso escritor brasileiro autor de Os Sertões, a partir da obra de autoria de Miguel Reale, intitulada “Face Oculta de Euclides da Cunha”.

Em Parnaíba e Seu Destino, Pádua Santos conta um pouco sobre a história da formação de Parnaíba, e sua ligação eterna com o Velho Monge, apelido histórico do rio que dá nome à cidade, e enfatiza como as pessoas estão não apenas ligadas as suas cidades, mas também aos rios que por elas correm.     

Na crônica Praga!, Edmeé Rego Pires de Castro tece comentários sobre o significado da palavra título, que dá nome também à capital da atual República Tcheca, refletindo sobre o significado do termo nas Sagradas Escrituras, na história e no que era esperado pela sociedade para o Novo Milênio que se abria.

Em Singularidades da Cidade de Parnaíba, Lauro Correia elenca onze fatos/lugares/construções, divididos em quatro tópicos (Turismo, História, Cultura, Religião e Indústria) que fazem parte da história da cidade, como o Cajueiro Humberto de Campos, o nome da cidade, o Almanaque da Parnaíba, entre outros aspectos igualmente relevantes. Já na crônica Zé Henrique, Elmar Carvalho faz bela homenagem ao seu cunhado, de quem também foi amigo. Em Bafômetro, não!, o atual presidente da APAL José Luíz de Carvalho conta uma engraçada passagem ocorrida com o padre Giuseppe Albertini, italiano pároco em Buriti dos Lopes.

A saudosa Lozinha Bezerra conta em sua crônica como as adversidades da vida por vezes afastam as pessoas de Deus, que para ela estavam em coisas básicas da vida, faltando-lhe espiritualidade, que para ela eram o próprio Deus. Finaliza o texto com um poema de sua autoria, de nome Onde Vejo Deus, dividido em sete estrofes.

Marçal Paixão discorre em seu texto sobre a robusta biografia do prof. José Rodrigues e Silva, nascido em Iguatu-CE, tendo como um de seus grandes feitos o fato de ter sido um dos implantadores do Ginásio São Luiz Gonzaga em Parnaíba, além de ter sido seu primeiro diretor, além de ter lecionado naquela entidade por vários anos, vivendo em Parnaíba até sua morte em 06/12/1996.

No texto Conhecendo a Defensoria Pública do Piauí, o defensor público e escritor Marcos Antônio Siqueira da Silva discorre sobre a história de uma das entidades mais importantes para a democracia brasileira, retomando ao Código de Justiniano, às Ordenações Filipinas, chegando até à criação da Defensoria Pública do Piauí.

O saudoso Pádua Ramos relembrou na edição ora analisada Luís de Morais Correia, homem público que deu nome ao antigo povoado de Amarração. Após Aldenora Mendes Moreira ter redigido um texto sobre o preconceito e seus reflexos na sociedade brasileira, a professora Maria Christina de Moraes Souza Oliveira homenageou sua antiga escola, o Colégio das Irmãs, na época completando um século de existência, contando um pouco sobre o início do projeto, elencando o nome de várias irmãs que ao longo da história trabalharam incansavelmente pela causa educacional da instituição.

            No artigo Casarões, Elita Araujo chama a atenção para o estado em que determinados prédios históricos da cidade se encontravam, atentando para a necessidade do tombamento dos mesmos, o que veio a ocorrer cinco anos depois, em 2011. Em seguida, no relato A Turma dos Brotinhos, o saudoso Rubem Freitas conta a história do grupo de jovens que marcou época na década de 1950 em Parnaíba, reunindo-se para a prática de esportes, festas, encontros e passeios, composto por jovens bem empregados nas casas de comércio e indústria da cidade, que deram origem ao bloco carnavalesco Vira-Lata.

            Em Radiestesia, o acadêmico Wilton Porto conta sua experiência com a “ciência que detecta e mede energias sutis através dos instrumentos radiestésicos”. A obra prossegue com o texto Linguagem e Verdade, discurso de posse do Pe. Vicente Gregório, proferido em 26 de novembro de 2004, data de sua assunção no assento de n° 16 da entidade.

A partir da página 127, temos quatro discursos relativos a posses no sodalício. O primeiro é o da professora Maria Dilma Ponte de Brito, que tomou posse na academia em 03 de julho de 2006, seguido do discurso de recepção, proferido na mesma data pela já citada professora Maria Christina de Moraes Souza Oliveira. Em seguida, tem-se o discurso de posse proferido pela acadêmica Maria do Amparo Coelho dos Santos na data de 26 de julho de 2006, dia de sua posse, com o discurso de recepção proferido na mesma data pelo acadêmico José de Anchieta Mendes de Oliveira.  

Após o intimismo de Batista Leão na crônica Tudo Tem o Seu Momento, Fernando Ferraz traz um artigo científico de sua autoria ressaltando a má aplicabilidade dos fundamentos do Estado Democrático de Direito no Brasil, com as suas dificuldades, desigualdades e diferenças, acarretando na permanência do país no estágio de estado emergente. Em Notícia do Boi de São João, o dramaturgo Benjamin Santos questiona o porquê de as primeiras edições do Almanaque não contemplarem as notícias acerca do Boi de São João da época, manifestação popular marcante da região litorânea do Piauí, trazendo um pouco do histórico desses grupos artísticos e das notícias sobre eles de até então, ressaltando a fundação da Sociedade de Bois de Parnaíba, no então ano de 2006.

Em Transporte Ferroviário no Piauí, o saudoso acadêmico, professor e advogado Renato Bacellar traz a pesquisa que fez sobre o tema, desde a instalação da primeira estrada de ferro, em 1871, o auge nas primeiras décadas do século XX, até a instalação do Museu do Trem, que guarda as memórias dessa Parnaíba ferroviária do passado. Em seguida, o Almanaque abriga uma entrevista feita com o saudoso Gilberto Escórcio, que foi dono da antiga escola União Caixeiral, mas que na ocasião comentou sobre sua temporada como presidente do Parnahyba Sport Club durante a década de 1960.

O que se segue são duas homenagens ao já citado centenário do Colégio Nossa Senhora das Graças, com o Discurso da Irmã Amparo, então Supervisora Provincial, além do texto da professora da entidade, Aurineide Souza Aguiar, trazendo breve histórico sobre os 100 anos da instituição. Logo após, algumas páginas são dedicadas a mostrar as obras que a então gestão municipal realizou durante sua gestão, seguida da seção Anúncios Publicitários, com diversos anunciantes, apoiadores e patrocinadores da edição.

A obra se encerra com a ficha técnica de Parnaíba, com informações sobre quantitativo populacional, limites territoriais, quantitativo de eleitores, instituições existentes em geral, entre outras informações relevantes.

Jailson Júnior

Texto publicado originalmente na edição 170 de O Piaguí, em julho de 2022.

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