Memória Almanaque, por Jailson Júnior (Edição 67, de 2004).

                A edição do Almanaque da Parnaíba de 2004 marcou um momento significativo na história da publicação e da própria Academia Parnaibana de Letras. Naquele ano, a publicação alcançou a marca de oitenta anos de existência, que apesar de não ter sido lançada constantemente – havendo nesse ínterim alguns hiatos – não tornou menos importante a ocorrência de mais uma edição.

                No ano anterior, a APAL havia completado seus vinte anos, existindo desde sua fundação, em julho de 1983. A edição comemorativa do Almanaque de 2004 teve reproduzidas em sua capa algumas das capas de edições anteriores, trazidas em versão colorida (1939, 1955, 1956, 1961, 1964, 1973, 1979 e 1981). Após o índice de textos, o então presidente da entidade, o saudoso prof. Iweltman Mendes fez a apresentação do material, destacando o início da quarta fase do periódico, que atravessou dificuldades materiais, inviabilizando sua execução contínua.

                Logo após, uma foto dos acadêmicos é mostrada e logo abaixo dela o quadro de acadêmicos que exerceram a função de gestão do sodalício entre os dias 13/08/2003 a 31/07/2005. Autor de dezoito edições (1924-1941), o fundador Benedicto dos Santos Lima (1893-1958) tem trazidas sua foto e biografia, ocorrendo o mesmo com o editor Ranulpho Torres Raposo (1900-1980), que patrocinou quarenta edições (1942-1981), até chegar ao seu neto, Manoel Domingos Neto, que encabeçou duas edições (1982-1985), chegando até às edições analisadas na presente coluna, através da gestão de Lauro de Andrade Correia, que comandou seis edições (1994-1999).

                Após a mensagem trazida pelo então presidente da FIEPI, Antônio José de Moraes Souza, o primeiro a figurar na parte literária do Almanaque de 2004 é Fernando Ferraz, com seu texto Do que sentimos saudade?, onde retrata memórias da sua infância, em uma Parnaíba de outrora. Na sequência, há um anúncio da Casa Marc Jacob S.A., que completava 131 anos de existência, seguido da pesquisa de Osvaldo dos Santos Brandão e João Maria Madeira Basto, que trouxeram resumo de seu trabalho sobre o Parnahyba Sport Club, o clube de futebol mais popular da cidade, trazendo a origem da agremiação, os primeiros jogos, a composição do hino, os títulos conquistados até então, finalizando com as fontes consultadas para a elaboração do trabalho.

                Pádua Santos reflete sobre a fidelidade em seu texto (In) Fidelidade Columbófila, trazendo enxertos de jornais, estudos e outras fontes que atestam a não fidelidade integral dos pombos, símbolos do amor e da lealdade, na intenção de divulgar a PAPOCO (Associação Columbófila Parnaíba Pombos-Correios), instituição fundada por ele e demais columbófilos em 09 de setembro de 1998. Em seguida, a professora Maria Christina Moraes Souza relembra seus anos estudantis no Colégio Nossa Senhora das Graças, trazendo aspectos da pedagogia da época e do trato do ensino religioso ministrado pela instituição. Na mesma senda, seguem anúncios do Banco do Nordeste e do próprio Colégio Nossa Senhora das Graças.

                O poeta Elmar Carvalho detalha em pormenores a história do jornal parnaibano considerado um marco do Modernismo e do jornalismo alternativo no Piauí, o Jornal Inovação (1977-1992), onde o mesmo foi membro ativo. O texto comunga a sensibilidade memorialística de Elmar, sem perder de vista os dados fáticos da obra e seus desdobramentos. Em seguida, anunciam na obra a Sorveteria Araújo, a Gráfica e Editora Sieart, além do Serviço Social do Comércio (SESC).

                Em Coincidências Que Unem Gerações, James Celso Clark Nunes faz um passeio pela história da sua família, desde a vinda do patriarca nascido em Cumberland, James Clark (1855-1928) até os descendentes que haviam até então, havendo a passagem por fatos da família que coincidiram com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial. Ao final, há um anúncio na Pousada dos Ventos, seguido pelo merchandising da Faculdade de Teologia do Brasil (FATEB).

                Em breves tópicos, o acadêmico Lauro de Andrade Correia apresenta um Plano de Desenvolvimento Macro-Econômico para a região de Parnaíba, Buriti dos Lopes e Luís Correia, resumidos em doze projetos básicos de execução, além de trazer também em doze tópicos um Plano de Desenvolvimento Macro-Econômico a nível de Piauí. O material tem na sequência anúncio da Associação Comercial de Parnaíba.

                Em Cidadão Parnaibano, a professora Lígia Ferraz homenageou D. Joaquim Rufino do Rego (1926-2003), que foi Bispo de Parnaíba entre os anos de 1986 a 2001, homenageado pelo recebimento do título de cidadania local concedido pela Câmara Municipal de Parnaíba.

         Em Ecoar Histórico, a professora Elita Araújo desenvolve um texto onde explica o desenrolar do golpe militar de 1964, e em como isso se refletiu na vida em sociedade, mais especificamente na cidade de Parnaíba. O texto é seguido de anúncio de um dos apoiadores de edição, o Colégio Diocesano.

           O saudoso Rubem Freitas conta a história do barco espanhol “Virgem Del Piño” que trouxe no ano de 1949 cento e dezoito imigrantes espanhóis para Parnaíba que fugiam do regime ditatorial de Francisco Franco, além de citar as trajetórias que alguns deles tomaram durante a nova vida no Brasil.

                O Almanaque, já na página 68, traz um detalhamento de residentes em Parnaíba por faixa etária, relativo ao ano de 2001, sem fonte, seguido por mais um anúncio de patrocinador, a Pró-medica. Seguindo a obra, a saudosa professora e acadêmica Lozinha Bezerra relembra seus tempo de juventude, quando foi cortejada por um desconhecido através de bilhetes durante uma festa, vindo mais tarde a descobrir de quem se travava.

                Nesse momento, a obra traz uma lista com a quantidade de estabelecimentos especializados em saúde.

                O historiador e acadêmico Renato Neves Marques faz uma detalhada genealogia de sua família (Neves), desde os primeiros ascendentes a vir de Portugal no final do séc. XVIII, até o desenvolvimento dos mesmos em municípios maranhenses limítrofes a Parnaíba, como Tutoia e Araioses, até à época da publicação do material.

Nesse momento, a obra traz uma lista com a quantidade de nascimentos, óbitos e divórcios ocorridos em Parnaíba no ano de 2002, tendo como fonte os dados do IBGE e a Estatística do Registro Civil de 2002.

Prosseguindo a parte literária do Almanaque, o dramaturgo Benjamim Santos traz um relato memorialístico sobre sua mãe, dona Neusa. Logo abaixo do texto, segue a logo de propaganda do Parnaíba Palace Hotel, na época, localizado na Av. Getúlio Vargas, 266, Centro.

Trazendo mais dados sobre a cidade, dessa vez, a obra traz o quantitativo da Pecuária local durante o ano de 2003, através de dados do IBGE, que é seguida por mais um patrocinador, a distribuidora de leite Longá.

No texto O Último Encontro, o saudoso acadêmico Antero Cardoso Filho relembra a derradeira vez que esteve na presença do desembargador Salmon de Noronha Lustosa, juiz parnaibano, que também foi membro da APAL. Na oportunidade, Filho aproveitou a deixa e também trouxe breve biografia de Lustosa.

Após anúncio da FIEPI, Israel Nunes Correia reflete sobre a ideia da sucessão dos filhos em relação aos pais nos negócios da família, fazendo analogia com os seres mitológicos Urano, Cronos e Zeus. Em seguida a isso, dois anunciantes figuram nas páginas do Almanaque: o Cartório Bezerra e a Clínica São Lucas.

Em mais uma das vezes em que o Almanaque de 2004 trouxe mais uma de suas marcas, a informação, a obra trouxe um quadro com o quantitativo das Finanças Públicas relativas ao ano de 2002, com dados do então existente Ministério da Fazenda. O quadro é seguido por mais um apoiador da edição, a Granja Ielnia – Ovos Comerciais.

O poeta Alcenor Candeira Filho traz um artigo completo sobre a arte de se escrever poesia, trazendo enxertos de textos da lavra de Aristóteles, Fernando Pessoa, Drummond, Bilac, entre outros. Finalizando o referido artigo, mais um apoiador da obra, o Hospital e Maternidade Marques Basto.

No quadro Parnaíba – Educação, é trazido um panorama geral da citada área, com as quantidades de alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio, professores, com dados extraídos do Ministério da Educação. Em seguida, figuram na obra como apoiadores da presente obra o Colégio Dez, a Cooperativa Educacional Ângulo e a Informática Exatus. Na sequência, dados relativos aos óbitos na cidade de Parnaíba durante o ano de 2003 também foram registrados, com dados extraídos dos registros do Ministério da Saúde (SUS).

Após anúncio da funerária Pax União e Paz Eterna (Funeral Prev.), o poeta e acadêmico Wilton Porto traz o texto Sebastiana Sim Senhor, texto em homenagem a sua mãe, a quem relembra em passagens de sua infância, adolescência e vida adulta, com poemas engendrados por parte do autor em homenagem a ela. Ao final, segue-se mais um anúncio extraído de edições passadas do Almanaque, sendo esse o da Casa Marc Jacob S/A. Em seguida, é trazida a frota existente na cidade de Parnaíba no ano de 2003, seguida por mais um dos anúncios extraído de edições anteriores, sendo esse da Franklin Veras & Cia.

Na série Ensaio Fotográfico, algumas imagens de Parnaíba do ano de 1924 são mostradas, além do mesmo local oitenta anos depois, já em 2004. Os locais mostrados nas imagens são a Igreja da Graça, o estádio Petrônio Portela, o antigo e o atual prédio do Banco do Brasil, a Praça da Graça, a rua Duque de Caxias, a Santa Casa de Misercórdia, o Mercado Público, a Casa Grande e o Porto das Barcas.

Após o Poema da Criação, do saudoso acadêmico Iweltman Mendes, o também saudoso Batista Leão traz a crônica Desapreço Insuportável, relatando um pouco do seu descontentamento pela desativação da Estrada de Ferro Central do Piauí (EFCP), onde trabalhou como contador. Logo em seguida, mais dois anúncios de Almanaques antigos foram enxertados na presente obra, sendo da Indústria e Comércio Moraes S.A. (Rua Cel. Ribeiro, 480) e da Loja do Leão (Praça Cel. Jonas, 886).

Em Parnaíba – Lavoura temporária 2002, mais dados extraídos do banco de dados do IBGE relativos ao plantio e colheita de vários produtos agrícolas na região, que se segue com um anúncio da famosa Mercearia Bembem, de propriedade do fundador do Almanaque da Parnaíba, Benedicto dos Santos Lima, que ficava localizada na Rua Duque de Caxias, centro da cidade de Parnaíba.

O acadêmico Francisco Filho traz em seu artigo o processo de abertura econômica pelo qual passou o Brasil durante a década de 1990, após anos de protecionismo e prevalência de investimentos estatais na economia, citando também a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor. A imagem que se segue ao referido material é uma imagem de acadêmicos da APAL homenageando o IHGGP pela sua instalação.

Após mais um quadro trazendo informações sobre o plantio e a colheita de frutas durante o ano de 2002 e um anúncio do Colégio Cristo Domini e Cristo Baby Kids, temos um poema de autoria de Anchieta Mendes, denominado Opalas de Pedro II, dedicado ao amigo do poeta Mundote Galvão. Logo em seguida, mais uma homenagem aos antigos anunciantes do Almanaque, tendo dessa vez o anúncio da empresa de navegação Poncion Rodrigues & Cia Ltda (Rua São Vicente de Paulo, 182).

Mais uma vez, o caráter informativo do Almanaque vem à tona, quando é posto uma tabela com os dados sobre Extração Vegetal e Silvicultura durante o ano de 2002, relativos à cera de Carnaúba, carvão vegetal e lenha, com dados extraídos da base do IBGE. Logo em seguida, mais uma propaganda dos antigos anunciantes, dessa vez da Lloyd Brasileiro, que ficava localizada na Rua Getúlio Vargas, n° 112/122.

Magalhães da Costa traz uma crônica sobre a vida de José Catarina, morador de Sete Cidades. O anúncio que se segue é de mais um apoiador da edição de 2004, o Siqueira Magazine.

Após uma tabela de Instituições financeiras existentes na cidade e das operações bancárias realizadas em 2003, um anúncio do extinto Banco da Parnaíba S.A. é mostrado, que ficava localizado na Praça da Graça, n° 396.

Em Tem imposto para cachorro?, o acadêmico e professor Danilo de Melo Souza reflete sobre as desigualdades gritantes pelas quais passa o nosso país, com o fantasma da fome e da acumulação de renda assolando o Brasil, dia após dia. Mais dois anunciantes aparecem, sendo eles o Portal Eletronic e a Decopiso – Material para construção.

Finalizando o Almanaque de 2004, tem-se o cômico texto do atual presidente da APAL José Luíz de Carvalho intitulado As três pessoas da Santíssima Trindade, seguido por um quadro geral da academia, contendo todas as cadeiras, patronos, além de extintos e os até então atuais ocupantes das respectivas cadeiras.

Jailson Júnior

Texto publicado originalmente na edição 169 de O Piaguí, em junho de 2022.

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