Memória Almanaque, por Jailson Júnior (Edição 66, de 1999)

O Almanaque da Parnaíba de 1999 foi a edição de n° 66 da revista da APAL, e a sexta sob a responsabilidade da entidade. A capa mostra uma vista panorâmica do farol da praia da Pedra do Sal, e o verso é uma fotografia do túmulo da poetisa Luíza Amélia de Queiroz Brandão, primeira poetisa piauiense, sepultada no Cemitério da Igualdade, em Parnaíba. Possuiu o mesmo Conselho Editorial das edições anteriores, continuando a ter o apoio da Gráfica e Editora da UFPI.

Após a apresentação, alguns dados seguem referentes à cidade naquela época (como população, área, limites, entre outros), seguido pelo índice da obra, com os capítulos que a compõem. O primeiro artigo é intitulado Parnaíba – Cidade Polo, onde o ex-prefeito Lauro Correia aborda aspectos do Desenvolvimento Macro-Economico Integrado do Piauí, com foco em Parnaíba.

Em Um Balanço Positivo, o então prefeito Antônio José de Moraes Souza Filho faz um apanhado das devolutivas que Parnaíba teve em sua gestão, com os avanços ocorridos no período. Na seção No Reino da Poesia, Alcenor Candeira Filho brinda a obra com cinco poemas de sua autoria, intitulados Forma, Fonte, Forma e Fundo, Finalidade e No Rude Reino dos Dominantes.

Israel Correia em seu Sobre o Memorial da Cidade Amiga, discorre sobre a o trabalho de autoria do poeta citado anteriormente, fazendo uma apresentação pormenorizada da filosofia por detrás da obra polivalente de Candeira. Em seguida, o prof. Renato Bacellar traça o perfil humano e profissional do prof. José Rodrigues e Silva, mestre de personalidades como Reis Veloso e Renato Castelo Branco, entre outros. Prosseguindo a obra, o acadêmico José Wilson Ferreira Sobrinho contribui com seu discurso proferido por ocasião do recebimento do título de Cidadão Honorário da Cidade de Juiz de Fora, ocorrido em 23 de maio de 1996.

Edmeé Pires de Castro reflete sobre o envelhecimento em seu texto Velhice ou terceira idade?, abordando aspectos psicológicos, sociais e de natureza diversa acerca da senilidade.

Em Memória Fotográfica, oito imagens retiradas do Almanaque de 1924 são reproduzidas no periódico, sendo um trecho da Duque de Caxias, onde funcionava a Mercearia Bembém, um pedaço do Mercado Público, a Igreja de Nossa Senhora da Graça, a antiga fachada da Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba, a fachada do Hotel dos Viajantes, que funcionava atrás da igreja Matriz, uma imagem mostrando o embarque de Óleo de Babaçu no Porto Salgado, o Jardim Público, e a última mostrando o antigo prédio onde funcionava o Banco do Brasil, onde é atualmente, em nova construção.

Em Alternativas Econômicas Para Parnaíba, o prof. Francisco Filho elenca, em seu estudo, caminhos que ajudariam no desenvolvimento econômico da cidade, tais como a Fruticultura, Turismo e Ecoturismo, Artesanato, Produção Pesqueira, o Delta, os Tabuleiros Litorâneos, além do PRODETUR.  Mais um Discurso enriquece o Almanaque de 1999, na ocasião, quando o poeta Elmar Carvalho tomou posse como sócio-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, em 27 de agosto de 1998.

Em Integração de Gerações, a professora Maria Christina de Moraes Souza Oliveira faz uma alusão ao projeto que a UESPI encabeçou em 1998 de mesmo nome, que visou unir as pessoas de diferentes idades, a fim de haver troca de experiências, através de cursos diversos, ocorrido na época em Teresina, Parnaíba e Campo Maior. Em seguida, Jorge Serra prossegue a obra tecendo uma crítica literária sobre a novela de Assis Brasil, intitulada O Sol Crucificado, editada pela Imago em 1998.

Em Mundo Infantil, o jornalista Batista Leão reflete sobre a sociedade na qual as vicissitudes da vida criam abismos na relação entre pais e filhos, e em como isso se materializa no futuro. O próximo texto do Almanaque é o discurso de saudação da então novel acadêmica, a professora Aldenora Mendes Moreira, proferido pela professora e imortal da APAL Lígia Ferraz, não datado.

Na seção Poesia Parnaibana – Poetas Falecidos, a obra brinda o leitor com dez poemas de escritores de saudosa memória, sendo os textos Soneto XXIV, de Ovídio Saraiva; Amor, de Luíza Amélia; Pastoril, de Jonas da Silva; Jamais Duvides, de Alarico da Cunha; Papagaios de Papel, de R. Petit; Vida Longa, do Mons. Roberto Lopes; Na Fonte da Poesia, de Oliveira Neto; os Olhos do Ódio, de Renato Castelo Branco; Espera, de Paulo Veras; e Pássaro Cativo, de Jeanete de Moraes Souza.

Retornando à parte prosaica do Almanaque, Anchieta Mendes disserta sobre o papel da mulher no Terceiro Milênio, abordando aspectos como o Princípio da Isonomia, o Dia Internacional da Mulher, e a participação do setor feminino nos mais diversos setores da sociedade. Wilton Porto conta as desventuras de Ana Li, uma menina pobre do interior que vai morar e sofrer agruras com uma família moradora de uma grande cidade.

Em Homenagem, Maria Luiza Motta de Menezes relembra vida e obra de um dos maiores poetas piauienses de todos os tempos, Da Costa e Silva, em texto repleto de poemas de autoria do escritor. Já no texto intitulado Depoimento, Chagas Rodrigues conta seus desafios enquanto governador do Piauí, entre 1958 e 1962. Já na obra Os Outros Filhos de Dona Miloca, Pádua Santos relata a passagem dessa simpática senhora, prestativa, que com seu afeto e cuidado, era querida por muitos moradores da cidade, inclusive de pessoas de nome na cidade, tratando-se da mãe do cronista. Em Cidadania, o juiz e escritor Oton Lustosa reflete sobre o termo-título, chave para o exercício de direitos fundamentais previstos na Carta Magna de 1988. 

Em mais uma seção de imagens, denominada Ensaio Fotográfico – Parnaíba Atual, vários pontos da cidade são mostrados, como o Edifício Ville Marseille, o auditório da então UFPI (atual UFDPar), o Parque Ambiental Lagoa do Bebedouro, as quadras poliesportivas do Bairro São José e do Catanduvas, o Ginásio Poliesportivo do Colégio Estadual Lima Rebelo e a fachada do Condomínio Esplanada da Estação.

A obra prossegue com a crônica Fragmentos, do advogado Paulo de Tarso Mendes de Souza, seguida pela crítica feita pela professora Letícia Fraga do romance Bandeirantes: Os Comandos da Morte, de Assis Brasil. Haroldo Amorim Rego relembra as histórias de Mané Rosa, conhecido seu, memorialista oral, analfabeto, contador de histórias.

Lauro de Andrade Correia retorna com um artigo dedicado à história de conhecidas famílias e figuras da cidade de Sobral – CE, abordando também aspectos históricos da cidade, além de citar vários autores que trabalharam suas genealogias, diretamente atreladas à história da própria cidade de Parnaíba.

Embasado em robusta bibliografia, Marc Theophile Jacob trabalha o poder em seu artigo, analisando como o termo andou ao longo dos tempos, desde à Idade Média, citando grandes hegemonias passadas como o Japão e Portugal, além de citar várias obras que abordam o conceito sob os mais variados aspectos, tratando, por fim, como se dá essa relação nos dias atuais.

Em Poesia Parnaibana – Poetas Vivos, o trabalho traz algumas obras em verso de grandes nomes do cenário poético local, como Onde Estão Teus Filhos, de Anchieta Mendes; Vida In Vitro, de Elmar Carvalho; Viageiro, de Israel Correia; Balada do Motoqueiro, de Alcenor Candeira Filho; Silêncio, de Wilton Porto; Antimusa, de Ednólia Fontenele; Indyo, de Zezo Carvalho, Canção do Vaivém; de Edmeé Pires de Castro; Pisando em Ovos, de Danilo de Melo Souza; Sentimentos, de Paulo Couto, Éden, de Jorge Carvalho; Viração, de Pádua Santos; e Saudade Infinda, de Chagas Rodrigues.

O Discurso Que Não Proferi, o saudoso acadêmico Antero Cardoso Filho saudou o novel acadêmico da APAL Francisco de Assis Moraes Souza, aproveitando o ensejo para abordar aspectos da história de Parnaíba.

O escritor João Evangelista relata em seu texto, que segue o Almanaque, passagens sobre a gameleira que cobre o túmulo da poetisa Luíza Amélia, o cajueiro de Humberto de Campos e a Casa Grande de Simplício Dias, importantes monumentos da história da cidade de Parnaíba e do Piauí. Em seguida, a jornalista Sólima Genuína abrilhanta a obra com seu poema Comunhão Universal.

No texto Capitão, Corra, o saudoso Rubem Freitas relata uma famosa contenda de caráter político ocorrido em Parnaíba em plena Ditadura Civil-militar. Raimundo Neves Marques prossegue com seu texto Raimundo Dias da Silva, irmão de Simplício Dias, que fora assassinado em abril de 1812, trazendo esclarecimentos históricos no intuito de dispersar lendas sobre o assunto.

Em A Saúde Pública no Brasil e o SUS, o médico Valdir Edson Soares faz um traçado histórico sobre essa área do conhecimento no Brasil, desde a criação do Ministério (1953), passando pela articulação de vários programas de nível regional, até a implementação legal definitiva do Sistema Único de Saúde, em 1990.

As últimas páginas da obra são dedicadas aos anúncios, trazendo um pouco do trabalho realizado pelo SESC, trazendo também variadas fotos de vários pontos da entidade nos municípios do Piauí. O que se segue é breve histórico da Cooperativa Delta, anunciando logo em seguida a Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima Ltda.

As páginas seguintes são dedicadas à organização da própria APAL, trazendo o quadro da Diretoria que geriu a entidade entre 1999 e 2001, além do quadro de acadêmicos de até então.

Como já de costume dos almanaques anteriores, as biografias de dois patronos foram pormenorizadas, sendo eles Alarico da Cunha (cadeira n° 05) e Benedicto Jonas Correia (cadeira n° 06). E, por último, de autoria do saudoso prof. Iweltman Mendes, o Anuário Parnaibano de 1995 fecha a obra, com a ficha completa dos aspectos da cidade na época, destrinchada em detalhes pelo estudioso.

Jailson Júnior

  • Texto publicado originalmente na edição 166 de O Piaguí, em março de 2022.