Memória Almanaque, por Jailson Júnior (Edição 62, de 1995)

Almanaque 1995 – n° 62

Olá, Piaguienses, tudo bem?

Para o mês de março de 2021, o Memória Almanaque traz a segunda edição do Almanaque da Parnaíba, editado pela Academia Parnaibana de Letras e a sexagésima segunda da história do periódico, que contemplou todo o ano de 1995. Assim como na impressão anterior, a Editora Gráfica da UFPI foi a responsável pela materialização do livro, que ao final resultou em 238 páginas de uma obra robusta e que continuou mantendo o sucesso e a qualidade dos volumes anteriores.

Patrocinada pela Prefeitura de Parnaíba e apoiada pela Universidade Federal do Piauí, a obra teve em seu Conselho Editorial o então presidente da APAL Lauro de Andrade Correia, Alcenor Candeira Filho, Israel Nunes Correia, Danilo Melo Souza e Manoel Domingos Neto.

As primeiras 16 páginas são dedicadas a homenagear os Intendentes e Prefeitos Municipais que Parnaíba havia tido até então, no período compreendido entre 1893 a 1995. Na sequência, em Histórias de Graciliano, o então presidente da Academia Piauiense de Letras M. Paulo Nunes faz uma breve passagem sobre obras e histórias do grande literato brasileiro Graciliano Ramos, dividindo o tema em quatro tópicos: Graciliano e o Ministério, Graciliano e os militares, Graciliano e Getúlio (Vargas) e Cartas de Amor de Graciliano.

Em A Diáspora, Renato Castelo Branco faz um roteiro por todas as divisões que o Brasil já teve, desde as geográficas até mesmo às imaginárias, utilizadas pelas diferentes épocas para facilitar o processo de situar-se dentro do território nacional. Fala um pouco sobre os ciclos áureos da economia de cada um desses eixos territoriais, ressaltando, por último, o êxodo urbano do Norte e Nordeste para o Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil. Elmar Carvalho segue a obra com seu discurso de posse na APAL, ocorrido em 09 de abril de 1994, quando passou a ocupar a cadeira 07 da instituição.

No conto Um Especialista, Assis Brasil relata a saga de Herodes, homem bem trajado, redator de publicidade, entendido de tudo um pouco e que ostentava seus conhecimentos aos amigos e também a suas cinco mulheres. Em A partir de Alice, Benjamim Santos relata a história de uma moça que morreu nas águas das praias de Amarração.A seguir, Pádua Ramos faz um leve esboço dos problemas sociais que assolam o Brasil, de como a sociedade acaba participando desse fenômeno, fazendo um estudo sobretudo filosófico, sociológico e também histórico sobre toda a questão que envolve a condução da máquina pública e da vida em conjunto.

Em Lendas dos Revoltosos, Manoel Domingos faz um apanhado do legado deixado pela Coluna Prestes, tanto no Piauí como no restante do Brasil, quando da sua atuação, ocorrida durante a década de 1920. Em seguida, na série Memórias Fotográficas, oito imagens de diferentes ângulos mostram a Praça da Graça e a Praça Landri Sales nas décadas de 1920 e 1930, praças hoje que são unificadas, com o célebre nome da padroeira de nossa cidade.

 Em Palavras aos Universitários, o já ex-reitor da UFPI, Charles Camilo da Silveira, endereça seu texto a todos os alunos da instituição, como uma carta aberta, mostrando a importância da educação na construção de uma nação mais justa e desenvolvida, abordando também aspectos éticos e filosóficos. Orfila Lima dos Santos, em Historiador e Professor, traz uma breve biografia de Odilon Nunes, nascido em Amarante, e que foi um douto em História do Piauí. Fundou várias escolas em vários estados do Brasil, escreveu vários livros sobre a história do estado, vindo a falecer em 1989.

Renato Neves Marques  em O Apóstolo dos Tremembés, faz um apanhado geral dos primeiros contatos do povo nativo da costa do Piauí com os portugueses, dos confrontos pelo domínio do território e sobre a figura do padre carioca João Tavares, um religioso que dedicou sua vida à causa indígena, tendo recebido a alcunha que intitulou o texto de Marques.

Já em Observações Preliminares sobre a Economia Parnaibana, Olavo Ivanhoé de Brito Bacelar faz o mesmo caminho de outros pesquisadores ao passar por todos os períodos econômicos vividos pela Princesa do Igaraçu, ao passo que, na segunda parte do texto, buscou trazer alternativas que viabilizassem a retomada desse desenvolvimento de outrora aos dias atuais, não só em Parnaíba, mas também de toda a mesorregião do norte do Piauí.

Israel Correia traceja os caminhos da poesia dentro das diferentes épocas, delimitando a atuação poética dentro da linguagem musical e da linguagem verbal. O economista Vitor de Athayde Couto problematiza a questão do desemprego estrutural e como isso afeta a vida do nordestino na questão do emprego e do trabalho, associando uma análise sobre o Welfare State (Estado de bem-estar social) e o Terceiro Setor. Entre as páginas 101 a 105, há singelas citações a poetas parnaibanos falecidos e um poema de cada, a saber: Soneto LXII, de Ovídio Saraiva, A Deus, de Luiza Amélia de Queiroz Brandão, As duas cidades, de Jonas da Silva, A virgem da graça, de Alarico da Cunha, Nortadas, de R. Petit, Saudade, de Jesus Martins, O Parnaíba, de Oliveira Neto, Acalanto, de Vicente Araújo e Arsenal, de Paulo Veras.

O professor e ex-prefeito de Parnaíba Lauro Correia faz, em Ensino Universitário em Parnaíba, uma trajetória histórica na educação da cidade, desde a criação do Curso Ginasial (atual Ensino Médio), na década de 1920, até a implementação dos primeiros cursos de nível superior. João Evangelista da Rocha faz um retorno ao passado de sua cidade natal Piracuruca e a sua relação com Parnaíba na crônica Parnaíba da Minha Infância Piracuruquense. Em Busca Mística, o poeta Adrião Neto viaja até o seu labirinto interior munido da vascular melancolia típica dos poetas.

O saudoso Rubem Freitas faz um trajeto pela biografia do empresário Pedro Machado, que, no ano de 1995, completava seus 100 anos de idade. João Maria Madeira Basto, em seu artigo Um Reparo, faz uma passagem pelo histórico do futebol parnaibano. Em Lendas? Histórias? Edmeé Rego faz um retorno à sua infância e adolescência e relata diversas curiosidades sobre sua família.

Em Berilo Neves, Notável Patrono, Bernardo Leão fez uma síntese biográfica do seu patrono na APAL, exaltando seus feitos literários como escritor. Na sequência, o então vereador e professor Antonio de Pádua Santos, ao rememorar a sua proposição do projeto para dar à rua da cidade o nome do agrimensor Alprim Silva Arri, relembra obras feitas com o objetivo de levar ao conhecimento geral do povo vida e obra de pessoas que dão nome a logradouros públicos, obras estas referentes a Teresina, São Luis, Caxias, indo até ao clássico local Cada Rua – Sua História, do cearense Caio Passos.

Na coluna Ensaio Fotográfico, a Pedra do Sal, a Lagoa do Portinho, o Porto das Barcas e a Av. São Sebastião são mostradas em duas fotos cada de diferentes pontos e ângulos.

No texto Só Realiza Quem é Capaz de Sonhar, Marc Jacob relembra sua missão em criar a escola Roland Jacob, fazendo comentários sobre a educação parnaibana e sobre o andamento que se estava dando a ela de uma forma geral. Logo após, Jorge Carvalho traz o poema protesto Reconstrução, seguido por Daniel Melo Souza, com seu poema Edifício.

Em Parnaíba, Lugares Por Onde Se Vê, Manoel Ricardo de Lima volta a uma detalhada e movimentada Parnaíba de seus primeiros anos de vida, mescladas às conversas e memórias do velho Jeremias. Já no artigo intitulado Origem e Evolução da Indústria Parnaibana, Francisco Filho faz um trajeto pelas diversas fases industriais de nossa cidade, desde a primeira, com Domingos e Simplício Dias da Silva, passando pela segunda, vinda com a Revolução Industrial e chegando até a terceira, iniciada por volta dos anos 1930 até o decaimento com o fim da Segunda Guerra Mundial, até os dias atuais.

Duas tabelas com o número de indústrias e empregados por gênero de atividade segue a série, tendo como fonte o Cadastro Industrial do Piauí – FIEPI, ano de 1981 para a tabela I e 1990-1991 para a tabela II. Em Homenagem a Minha Mãe, Lígia Ferraz exalta os 89 anos que sua mãe Iolanda havia completado naquele ano de 1995.

Em Do “Homem Sapo” ao “Homo Erectus”, Norma de Athayde Couto relata a ocasião em que ela e “um grupo de artistas, intelectuais com espírito de aventura, ou simplesmente pessoas curiosas”, se deslocaram de Salvador até São Raimundo Nonato, sul do Piauí, para uma excursão até o local onde está encontrado o vestígio mais antigo da presença do homem nas Américas.

Na seção Parnárias, nove poemas continuam a glorificar a bucólica Parnaíba, sendo eles Terra Natal, de Jonas da Silva, Parnaíba, de Jesus Martins, Pedra do Sal, de Edson Cunha, Pedra do Sal, de Alcenor Candeira Filho, Parnaíba, de Fernando Ponte, Parnaíba, de Oliveira Neto, Parnaíba, de Fernando Ferraz, Lagoa do Portinho, de Elmar Carvalho e Portinho, de autoria do poeta Jorge Carvalho.

Logo em seguida, Sólima Genuína faz um apanhado geral do histórico católico do Piauí, afunilando sua pesquisa especificamente em Parnaíba, desde o início, antes mesmo de ser vila, até a criação da Diocese em 1944, alcançando até àquela data. A saudosa acadêmica Maria Luiza Menezes homenageou seu irmão mais novo, Walter de Almeida Motta, fazendo uma linha do tempo de toda a sua vida, desde sua infância até a ida para o Rio de Janeiro, seus cargos, funções, honrarias, publicações, até sua partida desse plano, no ano de 1994.

Maria Christina de Moraes Souza faz um caminho linear desde o início da formação dos professores normalistas, a labuta dos que iam buscar formação superior em outros estados nas férias do trabalho, até a instalação do curso superior de Pedagogia em Parnaíba, tendo o primeiro vestibular aberto no ano de 1985, ressaltando, logo após, todo o legado e a importância do curso para a educação da cidade.

Fernando Ferraz expõe, em seu texto Parnaíba e o Novo, o histórico da primeira escola do Piauí fundada sob o método de ensino Montessoriano, a Escola Arco-íris, em Parnaíba, co-fundada por ele próprio no início da década de 1990, detalhando um pouco mais sobre a filosofia envolvida nessa metodologia e o pioneirismo dessa didática importada de São Paulo para o distante Piauí. Prossegue Flamarion Cunha com seu poema de clara inspiração concretista intitulado Casa Própria.

Prosseguindo a senda, a Loja Maçônica Alarico da Cunha homenageou o seu patrono, tracejando vida e obra desse maranhense que adotou Parnaíba como casa, onde trabalhou como administrador de duas empresas europeias, sendo fluente em várias línguas, além de espírita, maçom e literato.

Wilton Porto segue a veia biográfica do Almanaque falando sobre a obra do Dr. Marques Basto, considerado o segundo médico de Parnaíba. Porto detalha os passos do médico e visionário, além do homem que não à toa estampa nome do hospital-maternidade da cidade. Logo após, um anúncio do Banco do Brasil prossegue, nas páginas 188 e 189.

O funcionário da Caixa Econômica Federal, Bartolomeu Martins dos Santos, traz um histórico sobre a fundação da primeira agência da Empresa Pública em Parnaíba, desde quando era funcionário da Federação do Comércio Atacadista, até o ingresso como bancário efetivo, e finaliza a crônica com uma engraçada lembrança com um dos clientes do banco.

Logo após, mais anúncios de bancos figuram nas próximas páginas do Almanaque. O extinto Banco do Estado do Piauí (BEP) anuncia uma de suas formas de investimento. A Credi-Delta, primeira Cooperativa de Crédito Rural do Piauí, anuncia a inauguração de sua sede, que teve presentes figuras como o então governador Alberto Silva, o então prefeito Francisco de Assis Moraes Souza, entre outros. Em seguida, um pequeno histórico do banco paranaense Bamerindus, que esteve presente em Parnaíba na época. A Casa Marc Jacob anunciava logo após as 6 empresas que estavam em seu controle, figurando com pequeno histórico e o endereço de sua sede social.

Seguindo a seção de anúncios, a Curtume Cobrasil também traz seu histórico a conhecimento da sociedade, desde a localização de sua sede em Barcelona até seus objetivos nos diversos países onde possui filiais. E para finalizar, a Merck S/A Indústrias Químicas segue o mesmo padrão das empresas anteriores.

O apogeu dessa edição, sem desmerecer jamais as outras produções, mas destacando especialmente essa, é o discurso de Inauguração da Sede da APAL proferido pelo então presidente Lauro de Andrade Correia, fazendo o conhecido percurso desde a Academus de Platão até a Academia Francesa, fundada em 1635, que serviu de molde para a imensa maioria das academias de letras pelo mundo, até chegar à Parnaibana, fundada e instalada no ano de 1983. Foi feita homenagem a todos os fundadores, listados todos os acadêmicos presentes, ausentes e os que na data da solenidade já eram falecidos. A sede da APAL fica localizada na Rua Alcenor Candeira, número 662, Centro de Parnaíba, atrás da Câmara de Vereadores.

A obra prossegue com a ficha técnica da então Administração Municipal, que ocupou o executivo local entre os anos de 1993 e 1996, mostrando o quadro de prefeito e secretários, além de seguir detalhando todas as Realizações Municipais da gestão. E, por último, o Anuário Parnaibano de 1994, organizado pelo saudoso professor Iweltman Mendes, constando também como ficha técnica, mas dessa vez, de tudo o que possuía a cidade de Parnaíba até então, em múltiplos aspectos.

Jailson Júnior

  • Texto publicado originalmente na edição 154 de O Piaguí, em março de 2021.