Memória Almanaque, por Jailson Júnior (Edição 63, de 1996).

ALMANAQUE N° 63 – 1996

Na edição 63 do Almanaque da Parnaíba, a qualidade e a riqueza de conteúdo se mantiveram como os objetos de desejo da equipe do Conselho Editorial, que foi a mesma das duas edições anteriores. O anuário da cidade de Parnaíba continuou contando com o apoio da Prefeitura e da Universidade Federal do Piauí (UFPI), contando com as fotos antigas do acervo particular da Fundação Raul Bacelar e as mais atuais do acervo do acadêmico Danilo Melo Souza. A capa privilegiou o emblemático Cajueiro Humberto de Campos, amigo de infância do inesquecível filho de Miritiba, que viveu em Parnaíba, e na capa de trás, a histórica Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba, ambos completando naquele ano um centenário de existência.

A obra já se inicia com a crônica “Um amigo de infância”, capítulo do livro Memórias, de Humberto de Campos, que imortalizou o “cajueiro mais famoso da literatura brasileira”. Plantado no ano de 1896, a árvore gozava de seus frondosos 100 anos em 1996, e foi para sempre guardada na memória do terceiro ocupante da cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Em seguida, Assis Brasil relata em seu conto “A Receita” a saga da jovem Maria do Socorro, costureira que buscava comprar em alguma das diversas farmácias de seu bairro vários remédios que lera em um romance com a “esperança” de fazer um veneno para encurtar sua pobre vida já minada pela avançada tuberculose. No artigo “Missão cumprida”, o então prefeito José Hamilton Furtado Castelo Branco faz várias observações sobre a cidade e as conquistas provenientes de seu mandato, que se encerrou ao fim daquele corrente ano.

Em “A paisagem física e espiritual da Parnaíba – página de saudade”, o metafísico Pádua Ramos contribui para a edição com o texto proferido no lançamento do livro Estórias de uma Cidade Muito Amada, do saudoso médico e escritor Carlos Araken, ocorrido em agosto de 1995 na sede do Náutico Atlético Clube, em Fortaleza. No texto “Cuba resistirá?”, o professor Manoel Domingos Neto faz uma análise apurada da ilha localizada na América Central, que depois da Revolução de 1959, adotou/adota o sistema socialista de mercado como predominante até hoje. Domingos Neto analisa os prós, os contras, as sucessivas crises, a forte oposição norte-americana, o apoio recebido da URSS até sua dissolução em 1991 e parâmetros para o futuro do país. O professor e jornalista Renato Araribóia Bacelar faz alusão ao já mencionado centenário do célebre Hospital Santa Casa de Parnaíba, registrado em 26 de abril de 1996, como consta em sua fachada. Fazendo um breve histórico sobre os anos de existência do prédio, Bacelar também menciona a escritora parnaibana e professora Maria da Penha Fonte e Silva e suas referências ao lugar, citando também diversas pessoas que ao longo da história, ajudaram a construir o legado da instituição.

Em “Mesmo vivendo…” o saudoso jornalista Batista Leão reflete sobre a vida, seus desdobramentos, dilemas e problemas, e em como podemos refletir sobre ela e suas particularidades, citando o poema de sua autoria Saudade e Amor. Na galeria de imagens intitulada “Memórias Fotográficas”, temos oito imagens referentes a prédios ainda existentes no cenário histórico de Parnaíba como o prédio da Santa Casa de Misericórdia, do Cine Teatro Éden, da União Caixeiral e da firma Morais e Cia, e os prédios da Administração Parnaibana e do Banco do Brasil, ambos já demolidos, atualmente com novas edificações em seu lugar.

Seguindo a senda literária, o próximo texto é o discurso de recepção proferido quando o poeta Alcenor Candeira assumiu a cadeira de n° 06 da APAL pelo escritor M. Paulo Nunes. A saudosa acadêmica Edmeé Rego Pires de Castro segue com um minucioso texto sobre o Delta do Parnaíba, desde sua definição, passeando por detalhes geográficos indo até o processo de ocupação da região pelo movimento pecuarista que desbravou o atual território do Piauí, trazendo também croquis da região do Delta produzidos no início do século XX, concluindo com o movimento Ecoturista no qual a região está até hoje se especializando.

João Evangelista Mendes da Rocha relembra em um texto memorialístico o Dr. Luiz Correia, homem culto e profícuo de seu tempo, poeta, magistrado, orador e político, nascido em Amarração, cidade que hoje leva seu nome, amigo de casa, íntimo de seu pai e que o auxiliou a viver na capital cearense dos anos 1930. Em “Ações ambientais em Parnaíba”, o professor e acadêmico Francisco Filho relata o trabalho feito pela então gestão municipal, criadora da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, que geriu a cidade entre 1993 e 1996, sendo o autor do texto o primeiro a ocupar o Departamento de Meio Ambiente, trazendo de forma detalhada o que ocorreram de atividades em cada um dos anos de mandato (1993, 1994, 1995 e 1996).

O Dr. Cândido Athayde, em “Parnaíba merece”, traz a importância da preservação da história e da memória de Parnaíba com a criação da Secretaria de Cultura, trazendo também breve histórico da ocupação e das influências europeias nos costumes, na língua, na história e na arquitetura da cidade. Dona Lígia Ferraz representa o universo feminino ao escrever um texto homenageando as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher, citando prodigiosas mulheres da época como Carlota Freitas de Queiroz e Hortênsia Mendes. Na galeria “Poesia parnaibana”, poemas de cânones de nossa literatura local são lembrados: Ode, de Ovídio Saraiva, Ausência Eterna, de Luiza Amélia de Queirós Brandão, Anátema, de Jonas da Silva, Meus Oitentões, de Alarico da Cunha, Nortadas, de R. Petit, Olho D’água da Ilha, de Thomaz Catunda, O Flamboyant, de Oliveira Neto, Em Memória de Clarice Lispector, de Paulo Veras, e Caminheiro, de Renato Castelo Branco.

Lauro Correia contribuiu para o Almanaque de 1996 com o seu discurso “União desmembramento do estado do Piauí”, proferido em Simpósio na presença de autoridades, juízes e desembargadores naquele ano. No texto, Correia faz um apanhado histórico de todos os projetos que o Brasil já teve para compor a divisão de sua extensa composição geográfica, afunilando para os projetos que o Piauí também já teve para tal intento. Em “Um novo corifeu das letras”, Cláudio de Albuquerque Bastos faz alusão a algumas obras historiográficas da Literatura Piauiense, como Literatura Piauiense – Escorço Histórico (1937) de João Pinheiro, Visão Histórica da Literatura Piauiense, de Herculano Moraes (1976, 1982 e 1991), dando específico destaque ao Dicionário Biográfico – Escritores Piauienses de Todos os Tempos (1993) do escritor Adrião Neto.

O poeta Alcenor Candeira traz em sua produção aspectos sobre a fundação da literatura parnaibana, citando como marco inicial o livro Poemas, de Ovídio Saraiva, lançado no longínquo ano de 1808, trazendo pensamentos e divergências existentes sobre os reais marcos iniciais da literatura parnaibana e também da brasileira. Vitor de Athayde Couto traz em seguida três capítulos de seu livro Ushtar, intitulados “Kaeri-mona”, “Amecari” e “Lud”. Em “Uma cidade com história para contar”, o então secretário de cultura Danilo de Melo Souza faz um passeio sobre as origens do que é hoje a cidade de Parnaíba. Complementa ainda a série Benjamim Santos com a crônica “Os Banhistas” e em “Um pé de valsa chamado João”, o saudoso médico Carlos Araken homenageia uma das grandes figuras de Parnaíba, o médico Dr. João Tavares da Silva Filho.

Em “Ensaio fotográfico”, vários pontos da cidade são mostrados, sendo eles a Praça da Graça, a Av. Presidente Vargas, a Praça Santo Antônio, a Capitania dos Portos, o cais da Marinha do Brasil, o Balão da Guarita e a Av. Pinheiro Machado.

Em “A Morte”, o advogado Paulo de Tarso traceja de forma real, mas ao mesmo tempo poética o mal irremediável que a todos os vivos acomete. Em “Saudação ao professor emérito Lauro Correia”, novamente o poeta Alcenor Candeira utiliza sua cunhagem particular de palavras para homenagear o atual decano da Academia Parnaibana de Letras, quando convidado pelo então reitor da UFPI, Charles Camilo da Silveira, para o proferir no evento que o contemplou com o título de professor emérito daquela instituição. Pádua Santos, em seu conto “Hipócrates, hipócrita”, conta a história de um jovem acometido por uma doença até então misteriosa e desconhecida, que morre antes do Carnaval. O saudoso poeta Jorge Carvalho completa com seu poema crítico Escravos de “Job”.

O poeta Elmar Carvalho, em seu artigo “Mestre Ageu – mago ou demiurgo?”, homenageia o funcionário público da extinta SUCAM e premiado escultor Ageu Alves de Melo. Paulo Vinícius Madeira Basto em “A Música em Parnaíba” faz um trajeto pelos eventos musicais na cidade de 1958 até aquela data, destacando momentos de grandes intérpretes da música brasileira até a criação e disseminação de bandas locais, tendo ele mesmo participado como baterista em um dos grupos da época, denominado Os Bárbaros.

Em “Palavras que eu já deveria ter dito a meu pai”, Wilton Porto homenageia seu genitor pelo aniversário de 70 anos de idade em uma crônica, citando a própria experiência em ser pai, compreendida, segundo ele, somente quando se passa a ser um.

Na série “Parnárias”, oito poemas homenageiam a Princesa do Igaraçu, sendo os textos Progressos, de Lívio Castelo Branco, Faróis, de Jonas da Silva, Parnaíba, de Francisco Ayres, Rio Igaraçu, de V. de Araujo, Um Rio, de Zezo Carvalho, Soneto Fluvial, de Alcenor Candeira Filho, Mar(ulho) no Tabocal, de Elmar Carvalho, e O Éden, do já citado poeta Jorge Carvalho.

Israel Correia traça os planos da “Gestão estratégica da UFPI”, título de seu texto, apoiado em robusta literatura teórica e Filosofia. Fernando Ferraz, em “Tabuleiros litorâneos de Parnaíba”, detalha o ousado projeto de instalação da indústria de fomento que veio com o objetivo de alavancar a produção de alimentos na região. Rubem Freitas usa de seu humor apurado para descrever, em um misto de ficção e realidade, a sua Tutóia da infância e da sua juventude, em crônica intitulada “Tá doida, tá doida, tá doida…”.

Em mais um texto alusivo aos 100 anos da Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba, o acadêmico Renato Neves Marques retoma de forma fiel desde o início de onde se tem documentado o movimento de busca por serviços de saúde na então vila e depois cidade de Parnaíba, até a criação da Santa Casa, mais uma entre tantas em nosso país, construída para atender as necessidades da população de nossa região, citando colaboradores, doadores, mesas administrativas, médicos que atenderam no prédio, entre outros personagens muito importantes na construção dessa instituição importantíssima na história de Parnaíba e do Piauí, pesquisa feita de forma bastante detalhada, analítica, ancorada em robusta bibliografia disponível.

Em “Conselheiro Saraiva, baiano e piauiense”, Orfila Lima dos Santos homenageia aquele que em 1850 se tornou o Presidente da Província do Piauí, durante o período do Segundo Reinado (1840-1889), detalhando em seu artigo vida e obra desse “ilustre brasileiro”, que, após seu mandato, findado em 1852, exerceu vários cargos de nível político pelo Brasil, mas que durante seus dois anos de gestão intermediou os trâmites para a transferência da capital da província para o município de Poti, às margens do rio de mesmo nome, atual cidade de Teresina. Em seguida, a jornalista Sólima Genuína dos Santos faz uma imagética sobre a importância da alegria na crônica “A apologia do riso”.

Em “Diagnóstico de saúde de Parnaíba”, o médico Valdir Edson Soares faz uma análise numérica detalhada de Parnaíba daquela época, com dados do total da população, suas caraterísticas, mortalidade infantil e adulta, quantidade de pessoas a aspectos básicos de saneamento básico, além de dados de infecções de animais em relação a doenças endêmicas e unidades de saúde básicas e hospitais disponíveis até então.

Logo após, há um histórico da Unimed em Parnaíba, com a equipe de direção fundadora da filial na cidade, além de considerações a respeito do compromisso da empresa com o povo parnaibano. Segue-se com o histórico do Serviço Social do Comércio (SESC), com sua origem no Brasil, iniciado em 1945 e oficializado em 1946 pelo decreto-lei n° 9.853, além de sua vinda para o Piauí, no ano de 1948, com a instalação de uma Delegacia em Teresina, vindo a implantar sua primeira Administração Regional no estado em 1954, em Parnaíba. Logo após, segue breve histórico de fundação e atividades da Cooperativa Agropecuária do Baixo Parnaíba Ltda. (Cooperativa Delta).

Seguindo o Almanaque, das páginas 253 a 256 têm-se o quadro social da APAL daquele ano, que ainda contava com 35 assentos, detalhando seus patronos e ocupantes, e finalizando a obra, como de praxe, com o “Anuário parnaibano de 1995”, de autoria e organização do saudoso acadêmico, político e professor Iweltman Mendes, trazendo a ficha técnica da cidade durante o ano anterior.

Jailson Júnior

  • Texto publicado originalmente na edição 156 de O Piaguí, em maio de 2021.

ANA SARAH MACHADO

Foto Blog do Pessoa

A cidade de Parnaíba recebeu com profundo pesar na noite da segunda-feira a triste notícia do falecimento da  jovem Ana Sarah Machado,  ocorrido em São Paulo.

Ana Sarah,  filha de Nilda Machado e Carlos Edaurdo Gentil, neta do casal Virgílio Neres Machado (já falecido) e Elzeny Machado.  

            Ana Sarah  era advogada e bastante estimada em Parnaíba, assim como todos os membros da família. Estava em São Paulo em tratamento de saúde. Na data de ontem, 20, segundo informações a jovem foi submetida a uma intervenção cirúrgica vindo a falecer durante o ato.

            A cidade de Parnaíba ficou de luto!! A sociedade, empresários, instituições de classe, todos, enfim, manifestaram solidariedade  e apoio à família enlutada, inclusive a Academia Parnaibana de letras com a seguinte nota: 

ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS

CASA DE JOÃO CÂNDIDO 

NOTA DE PESAR

        A Academia Parnaibana de Letras lamenta profundamente o falecimento prematuro da jovem Ana Sarah Machado ocorrido na noite de segunda-feira, dia 20,  em São Paulo -SP e envia votos de pesar  à família  enlutada ao tempo em que roga ao Deus Criador que a receba na Santa Glória Eterna.

        A família Machado, composta por empresários parnaibanos, sempre apoiou as ações da Academia Parnaibana de Letras, portanto, nessa hora de tristeza e dor, temos o dever de manifestar nosso apoio espiritual.

Parnaíba (PI), 21 de junho de 2022.

Antonio Gallas Pimentel

Presidente em Exercício

APAL RECEBERÁ RECURSOS MUNICIPAIS PARA REFORMA DE SEU PRÉDIO

          Por proposição do vereador João Batista Oliveira dos Santos o “Joãozinho do Trânsito” a Câmara Municipal d Parnaíba aprovou através do Ajuste das Emendas Impositivas,  em data de 22 de maio do corrente ano,  recursos no valor de R$ 32.500,00  (trinta e dois mil e quinhentos reais) destinados à Academia Parnaibana de Letras – APAL  para reforma e pintura do prédio da instituição sito à Rua Alcenor Candeira, 662 no Centro de Parnaíba.

        A emenda que tramitava naquela casa legislativa parnaibana desde o ano passado (2021) foi aprovada com base na Lei Orçamentária Anual (LOA 2022) e agora segue para a sanção do prefeito Francisco de Assis de Moraes Souza – o Mão Santa, que também é membro da Academia onde ocupa a cadeira de nº 10 que teve como primeira ocupante a poetisa,  escritora e professora Jeanete de Moraes Souza, mãe de Mão Santa,  Prefeito de Parnaíba.

Vereador “Joãozinho do Trânsito” entregando ao professor Antonio Gallas
presidente em exercício da APAL,  cópia do projeto que destinou recursos
de R$ 32.500,00 à Academia Parnaibana de Letras.

        Na manhã desta segunda-feira, dia 20, o presidente em exercício da APAL, professor Antonio Gallas e o presidente licenciado para concorrer a um cargo eletivo, jornalista José Luiz de Carvalho,  foram recebidos pelo vereador “Joãozinho do Trânsito” em seu gabinete na Câmara Municipal de Parnaíba,  ocasião em que o nobre edil entregou aos representantes da Academia,  cópia da aprovação do referido projeto. 

Eis o projeto em sua íntegra:

Memória Almanaque, por Jailson Júnior (Edição 62, de 1995)

Almanaque 1995 – n° 62

Olá, Piaguienses, tudo bem?

Para o mês de março de 2021, o Memória Almanaque traz a segunda edição do Almanaque da Parnaíba, editado pela Academia Parnaibana de Letras e a sexagésima segunda da história do periódico, que contemplou todo o ano de 1995. Assim como na impressão anterior, a Editora Gráfica da UFPI foi a responsável pela materialização do livro, que ao final resultou em 238 páginas de uma obra robusta e que continuou mantendo o sucesso e a qualidade dos volumes anteriores.

Patrocinada pela Prefeitura de Parnaíba e apoiada pela Universidade Federal do Piauí, a obra teve em seu Conselho Editorial o então presidente da APAL Lauro de Andrade Correia, Alcenor Candeira Filho, Israel Nunes Correia, Danilo Melo Souza e Manoel Domingos Neto.

As primeiras 16 páginas são dedicadas a homenagear os Intendentes e Prefeitos Municipais que Parnaíba havia tido até então, no período compreendido entre 1893 a 1995. Na sequência, em Histórias de Graciliano, o então presidente da Academia Piauiense de Letras M. Paulo Nunes faz uma breve passagem sobre obras e histórias do grande literato brasileiro Graciliano Ramos, dividindo o tema em quatro tópicos: Graciliano e o Ministério, Graciliano e os militares, Graciliano e Getúlio (Vargas) e Cartas de Amor de Graciliano.

Em A Diáspora, Renato Castelo Branco faz um roteiro por todas as divisões que o Brasil já teve, desde as geográficas até mesmo às imaginárias, utilizadas pelas diferentes épocas para facilitar o processo de situar-se dentro do território nacional. Fala um pouco sobre os ciclos áureos da economia de cada um desses eixos territoriais, ressaltando, por último, o êxodo urbano do Norte e Nordeste para o Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil. Elmar Carvalho segue a obra com seu discurso de posse na APAL, ocorrido em 09 de abril de 1994, quando passou a ocupar a cadeira 07 da instituição.

No conto Um Especialista, Assis Brasil relata a saga de Herodes, homem bem trajado, redator de publicidade, entendido de tudo um pouco e que ostentava seus conhecimentos aos amigos e também a suas cinco mulheres. Em A partir de Alice, Benjamim Santos relata a história de uma moça que morreu nas águas das praias de Amarração.A seguir, Pádua Ramos faz um leve esboço dos problemas sociais que assolam o Brasil, de como a sociedade acaba participando desse fenômeno, fazendo um estudo sobretudo filosófico, sociológico e também histórico sobre toda a questão que envolve a condução da máquina pública e da vida em conjunto.

Em Lendas dos Revoltosos, Manoel Domingos faz um apanhado do legado deixado pela Coluna Prestes, tanto no Piauí como no restante do Brasil, quando da sua atuação, ocorrida durante a década de 1920. Em seguida, na série Memórias Fotográficas, oito imagens de diferentes ângulos mostram a Praça da Graça e a Praça Landri Sales nas décadas de 1920 e 1930, praças hoje que são unificadas, com o célebre nome da padroeira de nossa cidade.

 Em Palavras aos Universitários, o já ex-reitor da UFPI, Charles Camilo da Silveira, endereça seu texto a todos os alunos da instituição, como uma carta aberta, mostrando a importância da educação na construção de uma nação mais justa e desenvolvida, abordando também aspectos éticos e filosóficos. Orfila Lima dos Santos, em Historiador e Professor, traz uma breve biografia de Odilon Nunes, nascido em Amarante, e que foi um douto em História do Piauí. Fundou várias escolas em vários estados do Brasil, escreveu vários livros sobre a história do estado, vindo a falecer em 1989.

Renato Neves Marques  em O Apóstolo dos Tremembés, faz um apanhado geral dos primeiros contatos do povo nativo da costa do Piauí com os portugueses, dos confrontos pelo domínio do território e sobre a figura do padre carioca João Tavares, um religioso que dedicou sua vida à causa indígena, tendo recebido a alcunha que intitulou o texto de Marques.

Já em Observações Preliminares sobre a Economia Parnaibana, Olavo Ivanhoé de Brito Bacelar faz o mesmo caminho de outros pesquisadores ao passar por todos os períodos econômicos vividos pela Princesa do Igaraçu, ao passo que, na segunda parte do texto, buscou trazer alternativas que viabilizassem a retomada desse desenvolvimento de outrora aos dias atuais, não só em Parnaíba, mas também de toda a mesorregião do norte do Piauí.

Israel Correia traceja os caminhos da poesia dentro das diferentes épocas, delimitando a atuação poética dentro da linguagem musical e da linguagem verbal. O economista Vitor de Athayde Couto problematiza a questão do desemprego estrutural e como isso afeta a vida do nordestino na questão do emprego e do trabalho, associando uma análise sobre o Welfare State (Estado de bem-estar social) e o Terceiro Setor. Entre as páginas 101 a 105, há singelas citações a poetas parnaibanos falecidos e um poema de cada, a saber: Soneto LXII, de Ovídio Saraiva, A Deus, de Luiza Amélia de Queiroz Brandão, As duas cidades, de Jonas da Silva, A virgem da graça, de Alarico da Cunha, Nortadas, de R. Petit, Saudade, de Jesus Martins, O Parnaíba, de Oliveira Neto, Acalanto, de Vicente Araújo e Arsenal, de Paulo Veras.

O professor e ex-prefeito de Parnaíba Lauro Correia faz, em Ensino Universitário em Parnaíba, uma trajetória histórica na educação da cidade, desde a criação do Curso Ginasial (atual Ensino Médio), na década de 1920, até a implementação dos primeiros cursos de nível superior. João Evangelista da Rocha faz um retorno ao passado de sua cidade natal Piracuruca e a sua relação com Parnaíba na crônica Parnaíba da Minha Infância Piracuruquense. Em Busca Mística, o poeta Adrião Neto viaja até o seu labirinto interior munido da vascular melancolia típica dos poetas.

O saudoso Rubem Freitas faz um trajeto pela biografia do empresário Pedro Machado, que, no ano de 1995, completava seus 100 anos de idade. João Maria Madeira Basto, em seu artigo Um Reparo, faz uma passagem pelo histórico do futebol parnaibano. Em Lendas? Histórias? Edmeé Rego faz um retorno à sua infância e adolescência e relata diversas curiosidades sobre sua família.

Em Berilo Neves, Notável Patrono, Bernardo Leão fez uma síntese biográfica do seu patrono na APAL, exaltando seus feitos literários como escritor. Na sequência, o então vereador e professor Antonio de Pádua Santos, ao rememorar a sua proposição do projeto para dar à rua da cidade o nome do agrimensor Alprim Silva Arri, relembra obras feitas com o objetivo de levar ao conhecimento geral do povo vida e obra de pessoas que dão nome a logradouros públicos, obras estas referentes a Teresina, São Luis, Caxias, indo até ao clássico local Cada Rua – Sua História, do cearense Caio Passos.

Na coluna Ensaio Fotográfico, a Pedra do Sal, a Lagoa do Portinho, o Porto das Barcas e a Av. São Sebastião são mostradas em duas fotos cada de diferentes pontos e ângulos.

No texto Só Realiza Quem é Capaz de Sonhar, Marc Jacob relembra sua missão em criar a escola Roland Jacob, fazendo comentários sobre a educação parnaibana e sobre o andamento que se estava dando a ela de uma forma geral. Logo após, Jorge Carvalho traz o poema protesto Reconstrução, seguido por Daniel Melo Souza, com seu poema Edifício.

Em Parnaíba, Lugares Por Onde Se Vê, Manoel Ricardo de Lima volta a uma detalhada e movimentada Parnaíba de seus primeiros anos de vida, mescladas às conversas e memórias do velho Jeremias. Já no artigo intitulado Origem e Evolução da Indústria Parnaibana, Francisco Filho faz um trajeto pelas diversas fases industriais de nossa cidade, desde a primeira, com Domingos e Simplício Dias da Silva, passando pela segunda, vinda com a Revolução Industrial e chegando até a terceira, iniciada por volta dos anos 1930 até o decaimento com o fim da Segunda Guerra Mundial, até os dias atuais.

Duas tabelas com o número de indústrias e empregados por gênero de atividade segue a série, tendo como fonte o Cadastro Industrial do Piauí – FIEPI, ano de 1981 para a tabela I e 1990-1991 para a tabela II. Em Homenagem a Minha Mãe, Lígia Ferraz exalta os 89 anos que sua mãe Iolanda havia completado naquele ano de 1995.

Em Do “Homem Sapo” ao “Homo Erectus”, Norma de Athayde Couto relata a ocasião em que ela e “um grupo de artistas, intelectuais com espírito de aventura, ou simplesmente pessoas curiosas”, se deslocaram de Salvador até São Raimundo Nonato, sul do Piauí, para uma excursão até o local onde está encontrado o vestígio mais antigo da presença do homem nas Américas.

Na seção Parnárias, nove poemas continuam a glorificar a bucólica Parnaíba, sendo eles Terra Natal, de Jonas da Silva, Parnaíba, de Jesus Martins, Pedra do Sal, de Edson Cunha, Pedra do Sal, de Alcenor Candeira Filho, Parnaíba, de Fernando Ponte, Parnaíba, de Oliveira Neto, Parnaíba, de Fernando Ferraz, Lagoa do Portinho, de Elmar Carvalho e Portinho, de autoria do poeta Jorge Carvalho.

Logo em seguida, Sólima Genuína faz um apanhado geral do histórico católico do Piauí, afunilando sua pesquisa especificamente em Parnaíba, desde o início, antes mesmo de ser vila, até a criação da Diocese em 1944, alcançando até àquela data. A saudosa acadêmica Maria Luiza Menezes homenageou seu irmão mais novo, Walter de Almeida Motta, fazendo uma linha do tempo de toda a sua vida, desde sua infância até a ida para o Rio de Janeiro, seus cargos, funções, honrarias, publicações, até sua partida desse plano, no ano de 1994.

Maria Christina de Moraes Souza faz um caminho linear desde o início da formação dos professores normalistas, a labuta dos que iam buscar formação superior em outros estados nas férias do trabalho, até a instalação do curso superior de Pedagogia em Parnaíba, tendo o primeiro vestibular aberto no ano de 1985, ressaltando, logo após, todo o legado e a importância do curso para a educação da cidade.

Fernando Ferraz expõe, em seu texto Parnaíba e o Novo, o histórico da primeira escola do Piauí fundada sob o método de ensino Montessoriano, a Escola Arco-íris, em Parnaíba, co-fundada por ele próprio no início da década de 1990, detalhando um pouco mais sobre a filosofia envolvida nessa metodologia e o pioneirismo dessa didática importada de São Paulo para o distante Piauí. Prossegue Flamarion Cunha com seu poema de clara inspiração concretista intitulado Casa Própria.

Prosseguindo a senda, a Loja Maçônica Alarico da Cunha homenageou o seu patrono, tracejando vida e obra desse maranhense que adotou Parnaíba como casa, onde trabalhou como administrador de duas empresas europeias, sendo fluente em várias línguas, além de espírita, maçom e literato.

Wilton Porto segue a veia biográfica do Almanaque falando sobre a obra do Dr. Marques Basto, considerado o segundo médico de Parnaíba. Porto detalha os passos do médico e visionário, além do homem que não à toa estampa nome do hospital-maternidade da cidade. Logo após, um anúncio do Banco do Brasil prossegue, nas páginas 188 e 189.

O funcionário da Caixa Econômica Federal, Bartolomeu Martins dos Santos, traz um histórico sobre a fundação da primeira agência da Empresa Pública em Parnaíba, desde quando era funcionário da Federação do Comércio Atacadista, até o ingresso como bancário efetivo, e finaliza a crônica com uma engraçada lembrança com um dos clientes do banco.

Logo após, mais anúncios de bancos figuram nas próximas páginas do Almanaque. O extinto Banco do Estado do Piauí (BEP) anuncia uma de suas formas de investimento. A Credi-Delta, primeira Cooperativa de Crédito Rural do Piauí, anuncia a inauguração de sua sede, que teve presentes figuras como o então governador Alberto Silva, o então prefeito Francisco de Assis Moraes Souza, entre outros. Em seguida, um pequeno histórico do banco paranaense Bamerindus, que esteve presente em Parnaíba na época. A Casa Marc Jacob anunciava logo após as 6 empresas que estavam em seu controle, figurando com pequeno histórico e o endereço de sua sede social.

Seguindo a seção de anúncios, a Curtume Cobrasil também traz seu histórico a conhecimento da sociedade, desde a localização de sua sede em Barcelona até seus objetivos nos diversos países onde possui filiais. E para finalizar, a Merck S/A Indústrias Químicas segue o mesmo padrão das empresas anteriores.

O apogeu dessa edição, sem desmerecer jamais as outras produções, mas destacando especialmente essa, é o discurso de Inauguração da Sede da APAL proferido pelo então presidente Lauro de Andrade Correia, fazendo o conhecido percurso desde a Academus de Platão até a Academia Francesa, fundada em 1635, que serviu de molde para a imensa maioria das academias de letras pelo mundo, até chegar à Parnaibana, fundada e instalada no ano de 1983. Foi feita homenagem a todos os fundadores, listados todos os acadêmicos presentes, ausentes e os que na data da solenidade já eram falecidos. A sede da APAL fica localizada na Rua Alcenor Candeira, número 662, Centro de Parnaíba, atrás da Câmara de Vereadores.

A obra prossegue com a ficha técnica da então Administração Municipal, que ocupou o executivo local entre os anos de 1993 e 1996, mostrando o quadro de prefeito e secretários, além de seguir detalhando todas as Realizações Municipais da gestão. E, por último, o Anuário Parnaibano de 1994, organizado pelo saudoso professor Iweltman Mendes, constando também como ficha técnica, mas dessa vez, de tudo o que possuía a cidade de Parnaíba até então, em múltiplos aspectos.

Jailson Júnior

  • Texto publicado originalmente na edição 154 de O Piaguí, em março de 2021.