Um pouco da essência daquele que inspirou milhares (e ao som de November Rain, dos Guns and Roses) "Uma tempestade seca, terrível e medonha, como as há frequentemente nas faldas das serranias, desabava sobre a terra. O vento mugindo açoitava as grossas árvores que vergavam os troncos seculares; o trovão ribombava no bojo das grossas nuvens desgarradas pelo céu; o relâmpago amiudava com tanta velocidade, que as florestas, os montes, toda a natureza nadava num oceano de fogo. (ALENCAR)” Olhos, repletos de emoção As mãos a gesticular Corpo a bailar, saltar Enquanto palavra era ação A sala de aula há muito já não existia... A mata era o ambiente, e por detrás das árvores ao invés de carteiras, espiávamos toda a aventura existente no romance O Guarani... Os desafios que Peri enfrentava... No que fomos conhecendo cada personagem, todos eles habilmente interpretados por um homem... O narrador, ao mesmo tempo ator, nosso eterno professor Antonio José Fontenele da Silva, que não ministrava aula, nos oferecia um espetáculo a cada dia: Gigante na sua inspiração Sala inteira a encantar Entregue a falar, cantar A arte de encenar era lição Era época do ensino médio, primeiro ano, da década mais inesquecível e conturbada de nossas vidas. Dúvidas, inquietações, decepções, surpresas, conquistas, tropeços, tudo ali misturado e nos causando, muitas vezes, um desligamento do que acontecia à nossa frente, a citar: professor(a) e lousa. Porém, quando a aula era do Antonio José, problemas e dilemas sumiam... Tudo era deixado de lado... Até as paixões platônicas eram guardadas na gaveta... Atingia-nos com profundidade Mente e coração abertos Armado de grande criatividade E dessa forma, aprendíamos, não apenas o conteúdo, mas que poderíamos ser bem mais que estudantes... Poxa, o que quiséssemos! Minha escrita nasceu ali. De alguns amigos também. E veio depois o Teatro (via SESC). Também o Cinema (Festival). O Impresso Cultural (Boca do Povo). Tudo isso ocorrendo num pequeno intervalo de tempo em Parnaíba, Colégio Delta, 1996 a 1999, e Antonio José tendo a ver, fosse direta ou indiretamente, com tudo isso. Nas aulas de mil aprendizados Deixando-nos despertos Seus atos já muito eternizados E nem ao menos suspeitávamos, devido ao grande talento e conhecimento que Antonio José nos demonstrava, que aqueles eram os primeiros anos da carreira como professor. Hoje em dia mais conhecido como Ajosé Fontinelle, nascido em 03 de janeiro de 1975 aqui mesmo, em Parnaíba, de onde teclo, enquanto sigo a repetir a canção do Guns (tão épica quanto ele) e me permitindo nesse momento até mesmo roubar do site Geleia Total (os amigos Noé e Alisson que me perdoem) alguns trechos da matéria especial e merecida sobre aquele que inspirou milhares: Filho de Edimar Pacheco da Silva, comerciante, e Maria Helena Fontinele da Silva, dona de casa, Ajosé Fontinelle relembra com carinho como os pais investiram na educação do filho mesmo sem terem concluído o ensino fundamental. Apesar de vir de uma família humilde, Ajosé relembra que os pais se sacrificaram para que ele estudasse no Colégio das Irmãs de Parnaíba onde estudou dos três anos de idade até o final do ensino fundamental. Essas experiências vivenciadas e proporcionadas pelos pais foram imprescindíveis para que Ajosé acumulasse boas referências. Além do incentivo familiar a literatura brotou como uma vocação, pois desde cedo ele foi um frequentador da Biblioteca do Sesc, local onde conheceu os clássicos da literatura. Ainda da excelente matéria escrita por Alisson Carvalho para o site Geleia Total: Ajosé Fontinelle passou a infância e adolescência em Parnaíba e nesse período vivenciou a efervescência dos eventos e cursos promovidos pelo Sesc da Rua Grande. Lá era o centro de encontro para os diversos workshops com profissionais vindos de várias partes do país com destaque para as artes cênicas. Ajosé experimentou um pouco de direção, atuação, circo e confecção de máscaras de teatro. O seu tempo se dividia entre a escola e as atividades do Sesc e de tanto frequentar o lugar um dia ele foi convidado para atuar na Via Sacra quando tinha apenas treze anos de idade. Desde então ele não largou mais os palcos, aproveitou todas as oportunidades que pode de interpretar os papeis oferecidos e foi galgando um caminho no teatro. Ajosé dedicou-se aos papeis interpretados com a mesma entrega, pois, segundo o artista, não importa o status em cena e sim a entrega do intérprete já que o papel não deve determinar o esforço do ator. Essa mesma entrega aos palcos, Ajosé dedicou ao trabalho como professor, muitas vezes unindo as paixões, tornando assim suas aulas pra lá de empolgantes e inspiradoras. A repercussão de seus feitos foi tamanha, que resultou na mudança para Teresina em 1997. De lá pra cá, seguiu a continuar batalhando pela Educação, pela Cultura e pela Literatura, conquistando diplomas, reconhecimentos e certamente o coração das inúmeras turmas que, assim como a nossa, tiveram o privilégio de conhecer esse sensível que transmite arte em tudo que faz. Atualmente, professor do Educandário Santa Maria Goretti, Instituto Educacional São José e diretor e apresentador do programa Enem para todos, na Rede Meio Norte. E se já há algum tempo, tenho a coragem para me aventurar na escrita e no magistério, muito devo a esse mestre, no que tento seguir o seu extraordinário exemplo, buscando ser, quem sabe, ao menos metade do que ele é e do que representa para tanta gente. Todas as vezes que Ajosé entra numa sala de aula ou sobe num palco, aparecendo num vídeo ou publicando suas letras, seja como for, uma coisa é certa: alguém será atingido e transformado, e da forma mais positiva que se possa imaginar, porque... Ajosé é um herói feito Peri Que inspira a tantos e tantas Resistindo às muitas tragédias Na busca de salvar a quem ama Se tornando, a cada dia, uma lenda Biografia a ser admirada e reconhecida Neste nosso Brasil, tão repleto de vilões.
Claucio Ciarlini (2022)
Sobre Ajosé Fontinelle: Escritor, ator, cineasta e professor de literatura e interpretação textual (desde 1997) é Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí. Autor das obras “Concílio dos Deuses” (premiada no Concurso Novos Autores de Teresina de 2008 na categoria Peça Teatral), “Cabeça de Cuia – o homem” (peça teatral publicada na antologia Dramaturgia piauiense, organizada por Ací Campelo, 1998) e “Caminhos por onde andei: as telecomunicações nos séculos XX e XXI” (2015). Autor dos livros inéditos “Jurupari” (premiada com o segundo lugar nos Concursos Literários do Piauí em 2006 na categoria novela, prêmio O. G. Rêgo de Carvalho), O louco e a imperatriz (poesia), Auto da divina traição (peça teatral), Complexo de Jeosá (contos) e Ulisses entre a literatura e o cinema (adaptação da dissertação de mestrado). Nas artes visuais Ajosé dirigiu o longa “O confidente” (2006), além das análises de obras literárias “Leitura obrigatória” (2010) e “CPI da literatura” (2011). Dirigiu e elaborou o roteiro dos curtas “O Assassinador” (2016) e “O Clube dos Sete” (2017). Também idealizou e coordenou o Festival de curtas-metragens “Curta CPI” (de 2008 a 2017). Ajosé também dirigiu e apresentou o programa semanal no canal Band Piauí “Então prova, professor!”. (Fonte: Geleia Total)
Confira mais sobre Ajosé Fontinelle, clicando:
Aula Magna: https://www.youtube.com/watch?v=4A7_R-ckGMI
Blog: ajose1150.blogspot.com
Abaixo, algumas imagens do acervo de Ajosé Fontinelle:





