Os jogos, os recordes e a vida.

Por Altevir Esteves*

Este ano tem Olimpíada e com ela esperamos recordes. Serão milésimos de segundo que farão atletas esmurrar o ar, dançar e saltar enlouquecidos, locutores rasgarem suas gargantas, torcedores explodirem de euforia e dirigentes empresariais vibrarem em cifras. É o clímax de uma modalidade e para o vitorioso, o divisor entre o fracasso e a glória para sempre.

No decorrer das olimpíadas surgem fatos inéditos, como a primeira medalha conquistada por determinado país, a história de um atleta pobre que treina com material improvisado, fazendo contraste com a maioria rica e bem preparada; países que têm orçamentos vultosos para o esporte enquanto em outros lugares o praticante não tem um par de tênis novo; de gente que era obeso e perdeu peso até se tornar um atleta olímpico. Tem juízes que julgam mal e entram para a história pela porta errada; têm aqueles que não gostam de jogos olímpicos e não acreditam no esporte como algo saudável, apenas político ou comercial. Tem de  tudo.

No evento maior do atletismo mundial serão dezenas de modalidades e poucos – ou nenhum – recorde. Nada é certo. Pode um campeão continental sagrar-se vencedor ou ser derrotado por um até então obscuro africano ou oriundo de uma ilha asiática que quase não consta no mapa mundial. Pode haver tropeços, quedas, uso de dopping,  choros inconsoláveis, revoltas. Mas tudo acabará em menos de trinta dias, restando apenas imagens em abundância e medalhas para poucos. 

Há treze meses vivemos dias de recordes e fatos inusitados de forma contínua, variados na quantidade, na qualidade, nos tipos físicos e abstratos, reais e fictícios, verdadeiros e falsos; recorde diário de contaminações, de óbitos, de vacinação; recorde semanal, quinzenal, mensal, anual;  recorde de pessoa mais velha e mais nova a morrer; recorde do município, do estado, do país, do continente e do mundo sobre várias formas, números, gráficos, mapas.  

Tem também alegria quando alguém sai do hospital, mesmo que seja uma cena melancólica, em cadeira de rodas e usando máscara ou quando toma a primeira dose da vacina, mesmo sem saber quando, e se tomará a segunda. 

No começo brotava a todo dia a primeira infecção de país tal, a primeira morte de cada estado, um por um, como a chegada triunfal de uma corrida quilométrica. Contabiliza-se agora vítimas aos milhões, as que deixaram filhos bebês, as que morreram por falta de oxigênio, as que sucumbiram porque não conseguiram internação e por fim, que morreram porque tinha oxigênio, tinha leito, mas não suportaram os procedimentos de intubação por falta de medicamentos próprios.  

Já temos imagens – fotos e vídeos – em quantidade imensurável; temos fatos de gente vitoriosa, como os médicos que atravessaram jornadas de 48 horas de plantão em UTI’s, que se dedicaram até se contaminar e morrer de Covid-19; da primeira pessoa a ser vacinada no mundo, no país, no estado, no município; do governante que não acreditou que teríamos algo sério e monstruosamente grande, e aqueles que sabotaram e usaram “dopping”, usando de artifícios fraudulentos, com propósito de subir no podium político ou aumentar o patrimônio econômico. 

Tem de tudo. O problema é que ainda não terminou e até mesmo este texto num futuro próximo pode não ter mais sentido por sua pequenez. Há certidões de óbitos, mas a galeria não se encerrou; há recordes sendo batidos todos os dias mas a disputa continua; há heróis e detratores da “olimpíada”; há atletas de países ricos e pobres no mesmo combate;  há juízes mal preparados e aos milhões julgando a todos, mas não a si próprios.

Temos recordes incontáveis. Tem história sendo feita e contada ao mesmo tempo, como novelas ou versos de repentistas. Mas não tem rostos sorrindo, fundo musical, cenários maravilhosos, nem medalhas de ouro, prata ou de bronze. Temos choros, saudades e mágoas. 

Mas, sem que nós vejamos, há um Juiz supremo que monitora a Vida. E a eternidade da vida é o único recorde insuperável. E todos os doppings e malversação dos fatos serão repassados, mesmo depois de apagar a chama olímpica no grande estádio da  vida.

Altevir Estves * funcionário aposentado do Banco do Brasil,  escritor, poeta, maratonista e membro da Academia Parnaibana de Letras – Cadeira nº 14.

ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS – Nota de Pesar

NOTA DE PESAR
Raimundo Nonato dos Santos Fontenele, o Caçula o mais antigo dono de sebo e ainda em atividade em Parnaíba, Raimundo Nonato dos Santos Fontenele, de 74 anos, conhecido por ‘Seu Caçula”, morreu nessa quarta-feira dia 21 de abril, na unidade da Promédica, na avenida Getúlio Vargas, onde estava internado, vítima de coronavírus.
Seu corpo foi sepultado naquele mesmo dia no Cemitério de São Sebastião, no bairro São Francisco da Guarita, na zona sudoeste de Parnaíba. Aos familiares e amigos do Caçula os nossos extensivos pêsames.

José Luiz de Carvalho

Presidente

Antonio Gallas Pimentel

Secretário Geral

Sobre BBB e Futebol

Todo ano é assim! Começa o Big Brother Brasil, e logo aparece um bocado de gente pra criticar, dizer que o programa é um lixo, um desserviço… Mas será mesmo?

            A atração, que teve início no ano de 2002, apresentada inicialmente por Pedro Bial e nos últimos anos por Tiago Leifert, consiste num reality show, que até possui alguns aspectos lamentáveis e recorrentes nas suas edições, pois afinal, por se tratar de um programa que reúne vários indivíduos numa casa, que trancafiados e filmados 24 horas por dia, acabam sendo um espelho da própria sociedade, que, parte dela, ao se ver refletida, tende a não querer aceitar. E, obviamente, por se tratar do ser humano em seu melhor e pior, algumas atitudes deploráveis acabam por emergir. No que pergunto: o BBB não presta pra nada?

            Façamos uma comparação com o Futebol, ou mais especificamente o assistir/torcer por futebol. E desde já (antes que alguma pedra me atinja), não estou me referindo à prática, pois o futebol traz inúmeros benefícios para a saúde, é uma prática esportiva tão importante quanto às outras. Estou me referindo ao papel como espectador, daqueles que acompanham, vibram, até mesmo enlouquecem por seu time de coração, a cada semana, seja pela telinha ou pelo telão.

            Já encontrei com muita gente por aí que, sobre o Futebol, me falou: Faz sentido perder “duas horas” assistindo 22 seres correndo atrás de uma bola? E eu sempre respondi: para os que gostam? Faz todo o sentido!  Até porque se formos pensar, guardadas as diferenças (e antes que os radicais me insultem), gostaria de analisar alguns pontos. O primeiro é sobre os acontecimentos deploráveis que muitos gostam de apontar na hora de detratar o programa, como é o caso de xingamentos, brigas e outros tipos de atitudes lamentáveis. E nos jogos de Futebol, não tem não, né? Ah, Claucio, mas no Futebol, isso tem punição. E lá também. Quando não dentro da casa, mas fora, no público, que costuma (e depressa) eliminar os participantes mais desumanos.

            Outro ponto que gostaria de destacar é a acusação de que o Big Brother só tem superficialidade, que não conscientiza. E esse dedo apontado (com três retornando para julgador) é direcionado também para o Futebol, embora em menor grau. Porém, assim como o Futebol também conscientiza, quando numa partida se faz um minuto de silêncio, ou quando jogadores de um time trazem na camisa ou em cartazes algum protesto, no BBB não é diferente, pois através dos erros de conduta dos participantes, surgem-se oportunidades de debater temas importantes como: homofobia, racismo, preconceito de classe, bullying, etc.

            E digo mais! Mesmo que você, leitor que odeia o BBB ou o Futebol (ou ambos) possa não querer acreditar, a discussão sobre esses temas num programa desses de altíssima audiência como é o reality show global, acaba surtindo um efeito mais poderoso, em termos didáticos, do que numa palestra. Não que eu esteja subestimando a importância de uma palestra com um especialista na área. Longe disso. O problema é que muitas vezes aquele ou aquela que tem preconceito, seja qual for, vai “correr longe” de palestras sobre os temas. Agora, quando a discussão surge em meio aos romances e brincadeiras de um Big Brother ou no âmbito das disputas e gols de uma partida, acaba por pegar de surpresa esse público, que naquele momento está de olhos, ouvidos e até coração aberto. – Ah, Claucio, mas isso também pode ocorrer nas novelas, nos filmes e canções. Sim, mas não sou eu a criticar a dramaturgia, o cinema e a música. É você, aspirante a crítico, que acha que uma forma de entretenimento é válida e outra não.

            E um último ponto. O futebol emprega. E o BBB, não? Quantos cinegrafistas, editores, roteiristas, assistentes e Youtubers não devem seu pão de cada dia à atração?

            O fato é que tanto o Futebol, como o BBB, possuem: emoção, torcidas, superação, erros e acertos, momentos engraçados, um prêmio na final e sobretudo haters, que adoram criticar aquilo que não os convém, que acham que a vida deve ser resumida ao que gostam, ao que pensam, buscando a todo custo moldar o mundo conforme suas vontades, mas que no fim das contas, e muitas das vezes, não passam de chatos de galocha. E é possível sim, ser consciente, mas também se entreter, ter uma dose de pão e circo, afinal a vida já é dura demais, principalmente em pandemia.

Claucio Ciarlini

Novo romance de Pádua Marques mostra a vida difícil de uma mulher no cais de Belém.

O romancista piauiense Pádua Marques deve lançar dentro de mais alguns dias seu mais novo romance, Joana e Seus Filhos, tendo como cenário o cais de Belém, no Pará. Devido às restrições e o isolamento social por causa do coronavírus não deve ter o lançamento presencial.

O anúncio foi feito pelo próprio escritor neste início de semana por meio das suas redes sociais. Pádua Marques, membro da Academia Parnaibana de Letras, onde ocupa a cadeira 24, já tem lançados os romances A Rua das Flores, Gato ladrão de Sebo e agora Joana e seus Filhos, pela Editora Tremembé, de Parnaíba.

Segundo Pádua Marques, que ano passado lançou seu primeiro livro de contos, Vinte Contos para Simplício Dias, esta é a segunda obra ambientada fora do Piauí. A primeira obra neste gênero foi Gato Ladrão de Sebo, em 2014, tendo como cenário o agreste pernambucano. Fonte: APM Notícias. Fotos: APM Notícias/Editora Tremembé.

NAS MEADAS DO TEXTO DE ELMAR CARVALHO

NAS MEADAS DO TEXTO DE ELMAR CARVALHO

Carlos Evandro Martins Eulálio

Escravo,

não sou escravo da submissão

e meu último adeus será uma corrida

com os pés fora da corda-bamba.

Escreverei

um manifesto assinado

com o sangue de cada um,

com o suor de todos,

todos mocinhos

de um filme sem mocinhos.

Escarnecerei

os muros e os  tetos das prisões

porque são exceções de um regime de

exceção.

Escangalharei

as portas do céu

e os portões do inferno

e soltarei a liberdade.

    (Moisés)

Estes versos de Elmar Carvalho exprimem a atmosfera dos “Negros verdes anos 70”, expressão criada por Heloísa Buarque de Holanda, para caracterizar a década mais nebulosa da ditadura militar, que se inicia com a edição do Ato Institucional n.º 5, a 13 de dezembro de 1968. 

                Nos anos de chumbo, a ação da censura e a repressão policial refrearam a criação artística, sobretudo a poesia, gênero pouco atraente para os novos interesses da indústria cultural. Através do mimeógrafo, instrumento hoje obsoleto, superado pelas máquinas xérox e as impressoras acopladas aos microcomputadores, grupos de jovens, em geral estudantes, encontram uma saída para divulgar o texto poético, sob a mira de fuzis e à margem do mercado editorial. Daí a designação de  “Poesia ou geração mimeógrafo”. Ela comparece às feiras de livro, às exposições, aos shows musicais, enfim, aos restaurantes, praças e teatros, divulgando uma poesia, considerada para uns, de raízes tropicalistas que se aliam às contribuições  do modernismo de 1922 e até mesmo às vanguardas brasileiras de 1950 e 1960 e,  para outros, como sendo uma poesia mais próxima do Romantismo, pela acentuada subjetividade ou do Modernismo, por certa ironia desconcertante. O certo é que, decorrente da prática sincretista, os poetas dessa geração recorrem aos procedimentos românticos, simbolistas, modernistas e até mesmo vanguardistas. 

                A geração mimeógrafo  faz surgir uma forma poemática mais distanciada da sintaxe ideogramática ou ostensivamente gráfica dos concretistas, instaurando em seus textos a pluralidade estilística e a diversidade temática. É sobretudo uma poesia de resistência e de contestação que se identifica pela desvinculação da série literária brasileira, sem qualquer tradição poética imediatamente anterior. Para o prof. Anazildo Vasconcelos da Silva, a poesia do Mimeógrafo, “colocando-se aleatoriamente em face do projeto poético brasileiro, herdeira duma série literária esfacelada, pratica o sincretismo como forma de recuperação da realidade”.  Nessa vertente, a geração mimeógrafo decreta o fim da modernidade e anuncia o começo da pós-modernidade.

                Alfredo Bosi, ao refletir sobre a poesia dos anos 70, na sua História concisa da Literatura Brasileira, editora cultrix, p.488, declara:

Em paralelo ao que aconteceu com a prosa de ficção que, de engajada e testemunhal, passou a individualista extremada, a poesia deste fim de milênio parece ter cortado as amarras que a pudessem atar a qualquer ideal de unidade, quer ético-político, quer mesmo estético, no sentido moderno de construtivo de um objeto artístico. Muitos dos seus textos encenam o teatro da dispersão pós-moderna e suas tendências centrífugas: atomizam-se motivos, misturam-se estilos e as sensibilidades mais agudas expõem ao leitor a consciência da própria desintegração.

Essa desintegração a que se refere Alfredo Bosi constitui talvez o mais importante ingrediente caracterizador da arte contemporânea, cujas implicações são mais profundas e traduzem a atual atitude do poeta diante da realidade que suscita o ato criador. E esta realidade com a qual hoje se defronta o poeta é bem diferente daquela vivida por nossos antepassados.  Otávio Paz, no magistral ensaio Signos em rotação, assim descreve este cenário: 

                “Na antiguidade o universo tinha uma forma e um centro; […] depois, a imagem do mundo ampliou-se: o espaço se fez infinito ou transfinito; […] Mudou a figura do universo e mudou a idéia que o homem fazia de si mesmo: não obstante, os mundos não deixaram de ser mundo nem o homem os homens. Tudo era um todo. Agora o espaço se desagrega e se expande; o tempo se torna descontínuo; e o mundo, o todo, se desfaz em pedaços. Dispersão do homem, errante num espaço que também se dispersa, errante em sua própria dispersão” 

Baudelaire, ao meditar sobre o conceito de modernidade, alude à necessidade de adequar-se a poesia ao destino de sua época. De modo conseqüente, chama Les fleurs du mal produto dissonante das musas do tempo final. Mallarmé, em Un coup de dés (lance de dados, 1897) poema espécie de épica dos nossos tempos, inspirado nas técnicas de espacialização visual e titulagem da imprensa cotidiana, assim como nas partituras musicais,  manifesta o espírito crítico de um artista preocupado com os destinos do poeta e da poesia, cuja crise fora sinalizada por Hegel, quando sentenciara  que a leitura do jornal passava a ser para a nossa época uma espécie de oração matinal. Marx, refletindo sobre a impossibilidade da épica tal qual a conceberam os clássicos, numa criativa interpretação de Haroldo de Campos, vale-se de uma bela paronomásia para exprimir que, diante da imprensa, a fala e a fábula, o conto e o canto, a musa dos gregos enfim, cessam de se fazer ouvir. Lamartine, poeta representativo do romantismo, assevera em 1831: “o pensamento se difundirá no mundo como a velocidade da luz, instantaneamente concebido, instantaneamente escrito e compreendido até as extremidades do globo. […] Não terá tempo para amadurecer – para se acumular num livro, o livro chegará muito tarde. O único livro possível a partir de hoje é o jornal. Se quisermos avançar um pouquinho mais, diríamos que, com o telejornal, o que hoje chega tarde é o próprio jornal.

Eis em linhas gerais o quadro diante do qual apreendemos o sentido da nova poesia e o modo de produção de seu criador. É natural pois, que ele repugne as regras do jogo, dessacralize convenções e invente suas próprias soluções contra estereótipos e fórmulas ultrapassadas ou pré-estabelecidas. Essa autonomia do poeta leva-o à produção criativa de uma obra aberta, nos termos de Umberto Eco, cabendo portanto ao leitor ver em que sentido toda obra de arte é aberta, sobre quais características estruturais essa abertura se fundamenta.

No caso específico de Elmar Carvalho, egresso de uma geração de autores deserdados de tradição poética, pela desagregação da série literária, traço peculiar daquele momento, nós o distinguimos como um artista que, com rara inteligência e sensibilidade, soube a seu tempo ultrapassar os limites de uma época pouco favorável à produção literária, conscientizando-se do papel do escritor que se faz, mercê do esforço e do trabalho disciplinado. Autor de uma obra em construção, como ele próprio afirma, é sintonizado com a modernidade poética, sem descurar da tradição de onde tem retirado sábias lições, através da  leitura dos clássicos brasileiros e estrangeiros. Nos termos de Ezra Pound, há que se ressaltar na produção poética de Elmar, não uma atitude diluidora, isto é, de imitação sem progresso em relação ao modelo original, mas uma atitude inventiva, descobridora de um processo particular ou  de mais de um modo ou processo. Dessa forma, em Rosa dos tempos gerais, o vemos tecer o texto poético empregando os mais variados recursos plásticos e sonoros, em diversas combinações de características mais predominantes dos diferentes gêneros literários. O sujeito lírico de seus primeiros poemas faz-se presente no texto não só quando indicado pela primeira pessoa, mas quando também projetado nos arranjos especiais da linguagem, como por exemplo na construção de Amad’Amor 

Eu te amo

Eu te (ch)amo

Eu sou tua (ch)ama

Eu te des’gosto.

Eu te ado(u)ro

Eu te douro.

Eu sou teu (m)ouro /mourão

Eu sou teu te’souro.

Aqui a palavra-frase “eu-te-amo”, metamorfoseia-se internamente e anafóricamente se expande em construções sinonímicas que culminam na erotização da mensagem, na estrofe final do poema, quando então se fundem as duas pessoas do discurso: 

Somos um laço

Tu me (en)laças,

Eu te (en)laço.

Somos um cadafalso

Onde somos vítima,

Carrasco e baraço. 

Curiosamente, Roland Barthes, nos Fragmentos de um discurso amoroso, esclarece acerca dessa expressão: Eu-te-amo não tem empregos. Essa palavra, tanto quanto a de uma criança, não está submetida a nenhuma imposição social; pode ser uma palavra sublime, solene, frívola, pode ser uma palavra erótica, pornográfica.  Na enunciação do eu-te-amo, para o semiologista, a exemplo do que acontece no canto, o desejo não é nem reprimido (como no enunciado) nem reconhecido (lá onde era esperado: como na enunciação) mas simplesmente: gozado. O gozo não se diz, mas ele fala e diz: eu te amo.

Saliente-se, por oportuno, que a vertente erótica da lírica brasileira pela qual opta Elmar Carvalho, está mais relacionada ao erotismo na acepção drummondiana, de O amor natural, que supõe a exigência corpórea que dirige o homem em busca da mulher. 

A função emotiva da linguagem,  associada à poética, comparece quase em todos os poemas do Cancioneiro do Ar, primeira parte do livro, com temática que abrange o amor, a mulher, o poeta, o poema, o sexo, o tempo, a vida e a morte.

A lírica não intimista, de conteúdo mais explicitamente social,  constitui a tônica dos poemas cujo sujeito da enunciação identifica-se na e pela linguagem, através da dicção própria de cada texto. Neste caso,  verifica-se um momento de tensão entre o individual e o coletivo, caracterizando a lírica moderna participante, nos termos de Theodor Adorno, a qual resulta de uma integração entre a emoção e o desejo de interpretar o mundo, como nesta estrofe do poema A Fome:

   a fome

que come

.e consome

o “home”

       mora

em sua víscera sonora

              e o devora

como uma flora

        cancerosa

             rosa carnívora

que aflora e o deflora

de dentro para fora. 

O aspecto emocional desses versos decorrem do modo como o texto se organiza, através do emprego melodioso e paralelístico das rimas e do enjambement que promove a quebra da linearidade frásica, praticamente anulando o caráter reflexivo da mensagem. Simultaneamente, o questionamento do social conduz o leitor à fruição da própria linguagem, uma vez que é impulsionado a captar o sentido do signo poético como fonte geradora de múltiplos sentidos. Assim os semas “fome, come, consome, home”, num processo mais lúdico do que lógico, igualam-se e se diferenciam poeticamente.  A lírica faz com que a linguagem estabeleça um elo de comunicação entre sujeito e sociedade, deixando de concentrar-se exclusivamente no poeta. A professora Angélica Soares, na obra Gêneros Literários, ao surpreender este fenômeno no poema O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto, acrescenta que, ao lado dos poemas líricos que tematizam os problemas socioeconômicos e políticos, destacam-se na lírica moderna os metapoemas que intentam a dessacralização da linguagem e do fazer poéticos. Este recurso metalingüístico é largamente empregado por Elmar Carvalho, ao refletir sobre o poeta, o poema,  a poesia, bem como o modo de produção,  no interior do próprio texto.  

Nos conjuntos seguintes,  Cancioneiro da Terra e da Água   e  Cancioneiro dos ventos gerais os poemas em geral, mais longos, colocam o poeta em situação de confronto em relação ao mundo. A lírica conjuga-se ao épico e ao dramático para desvelar uma poesia de caráter mítico e histórico, não porque narra eventos históricos, mas porque dialoga com os homens de todas as épocas, através de fragmentos e da relação que mantém com outros textos.  A linguagem é então retomada como produto ou meio de transmissão cultural.

 O conceito de intertextualidade a que nos referimos foi inicialmente formulado pelo pensador russo Mikhail Bakhtin que, tomando como referência a obra de Dostoievsky, caracteriza o romance moderno como dialógico, no qual as diversas vozes da sociedade estão presentes e se entrecruzam, relativizando o poder de uma única voz condutora. Essa noção foi posteriormente desenvolvida por Júlia kristeva, para quem a intertextualidade é um mosaico de citações e todo texto é uma retomada de outros textos. Em sentido amplo, a intertextualidade envolve todos os objetos e processos culturais. As manifestações culturais são então tomadas como textos que jamais se interrompem, uma vez que são recodificados, reinventados e reveiculadas pelos escritores, compositores, pintores e artistas em geral. Assim, na obra de Elmar Carvalho, sob o signo da intertextualidade, resgata-se a memória de um povo, reconstituem-se paisagens e cenários através de passeios poéticos e sentimentais por nossas cidades e regiões mais longínquas. Inscreve-se no texto poético, através da linguagem, imagens do passado que são ícones de uma época que já vai longe de todos nós: são os flagrantes e postais de nossa terra, de nossa gente e de nossa alma liricamente recuperados. Os poemas A Zona Planetária e Sete Cidades são exemplos de uma poesia que dialoga com a mitologia greco-latina, com a história antiga e com os melhores mestres da literatura, levando ao leitor valiosos ensinamentos. Nesse sentido surpreendemos na obra de Elmar Carvalho, sobretudo na sua atual fase de criação um aspecto que reputo da mais alta importância: o caráter pedagógico de seus poemas.  “Os grandes poetas, [diz Mário Faustino, em seus Diálogos de Oficina], sempre se interessaram ativamente pela Filosofia, pelas ciências e pela política de sua época, encontrando-se em cada um deles o retrato mais ou menos fiel e minucioso do que se passava e do que se fazia na dinâmica social do tempo em que viveram. […] Toda poesia verdadeira é didática. E nenhum meio de comunicação ensina tão profundamente e de modo tão inesquecível quanto a poesia.  

Quando conheci Elmar, no início dos anos 80, tive o privilégio de assistir à gestação do épico Dalilíada, poema inspirado na obra de Salvador Dali. Ao acompanhar de  perto o sofrimento e as angústias do poeta naquele mister, constatei que acabara de conhecer um erudito.  Um poeta que não se rende simplesmente aos apelos da inspiração, porque concebe o poético também como composição produto de um  trabalho elaborado e planejado. 

Assim vejo os poemas de Elmar Carvalho. Eles não brotam de um momento circunstancial, ou como um Deus ex machina, isto é, como aparição inesperada, mas decorrem de um trabalho crítico  de oficina, prenhe de sabedoria.   Além de inspirado é o poeta fabro,  ou seja,  o poeta fazedor, o poeta que é também o artífice da palavra, cujo trabalho também contribui para elevar e aperfeiçoar o nosso idioma.

Teresina, 20 de março de 2002

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Theodor. Lírica e Sociedade in Os pensadores. São Paulo : Abril Cultural, 1980.

ANDRADE, Carlos Drummond de. O amor natural. Rio de Janeiro : Record, 1994.

BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro : Ed. Forense-Universitária, 1981.

BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. Rio de Janeiro : Francisco Alves, 1995.

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira, São Paulo : Cultrix, 1994.

CAMPOS, Haroldo de. A arte no horizonte do provável. São Paulo : Perspectiva, 1977

ECO, Umberto. Obra aberta. São Paulo : Perspectiva, 1976.

EULÁLIO, Carlos Evandro M. Poesia contemporânea: possíveis causas de sua evolução. Teresina : Presença Ano VII, n. 14 janeiro / junho de 1985.

PAZ, Otávio. Signos em rotação. São Paulo : Perspectiva, 1976

POUND, Ezra. A arte da poesia. São Paulo : Cultrix, 1976/

SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo : Ática, 1999.

VASCONCELOS DA SILVA, Anazildo. Lírica modernista e percurso literário brasileiro. Rio de Janeiro : Editora Rio, 1978.

As infinitas sensações de um professor

Se eu fosse resumir em poucas palavras, as sensações que um professor sente ao ministrar uma aula… Diria que os segundos que antecedem a entrada em cada turma, são de uma ansiedade benéfica, diria eu preciosa, uma sensação sem igual. Não há medida racional, por assim dizer, que explique tamanho prazer, e olha que isso vale até para as turmas mais complicadas.

        Ao ter início o contato com os alunos, através de um bom dia, uma boa tarde ou boa noite, entramos num mundo complexo e de enormes ramificações; o que os alunos sentem naquele instante, acaba por se misturar com o que o professor carrega dentro de si. Como numa simbiose, uma união onde os dois lados trabalham intensamente, compartilhando conteúdos, lições de vida e sentimentos. O que ensinamos e o que recebemos do contato com nossos alunos são ações que nos atingem, às vezes de forma alegre, outras decepcionante, porém nunca de forma passiva. São fatos que, muitas vezes, alteram nossa percepção de como enxergar a vida, e nos empurram para milhões de outras experiências. E ao término de cada aula, nos despedimos, desejando que nossos alunos tenham aprendido o tanto que aprendemos com eles, a cada mês, a cada ano, a cada década.

            É preciso dizer, ou melhor, é preciso confessar, que embora alguns nomes e rostos sejam esquecidos com o tempo, em contrapartida, a lembrança dos sorrisos e das brincadeiras é eterna. No fim, apesar de todo estudo e trabalho que tanto a vida nos exige, são estes breves, mas preciosos momentos de descontração, que fazem a gente deitar na cama à noite, mesmo exaustos, e dizermos: Vale a pena!

(De um professor que aprende, e que se surpreende, a cada instante.)

Claucio Ciarlini

CÂNDIDO FELICIANO DA PONTE NETO – Nota de Pesar

É com profunda tristeza que comunicamos aos confrades, e à sociedade parnaibana de um modo geral, o falecimento do senhor CÂNDIDO FELICIANO DA PONTE NETO, ocorrido nesta data, no Rio de Janeiro, onde residia.

O extinto era irmão da confreira MARIA DILMA PONTE DE BRITO e desempenhava importantes funções na Diocese do Rio de Janeiro dentre os quais Superintendente da Diocese Arquiepiscopal, Diretor do Banco da Providência, Diretor das Cáritas Arquidiocesana, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro além de muitas outras na comunidade católica do estado.

Natural de Parnaíba, Cândido faleceu com 72 anos de idade e deixa esposa e dois filhos.

Aos familiares de Cândido, particularmente às suas irmãs Dilma e Excelsa os sentimentos de pesar de todos aqueles que integram este sodalício.

Parnaíba (PI), 07 de Abril de 2021.

JOSÉ LUIZ DE CARVALHO ANTONIO GALLAS PIMENTEL

Presidente Secretário Geral

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NOTA

PARTE V.1 ESTADOS COM A LETRA “P”

JARDIM BOTÂNICO CURITIBA PR

MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS APAL – CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1ºOCUPANTE HUMBERTO TELES DE SOUSA MACHADO

BRASIL NA ORDEM ALFABÉTICA

ESTADOS COM A LETRA “P” – PARTE V.1

         O Brasil tem cinco estados que começam com a letra “P”: Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco e Piauí. Na Parte V relatei as minhas andanças pelos estados do Pará e Paraíba. Dando continuidade agora chegou a vez do Paraná.

         PARANÁ (2017) – O estado do Paraná está localizado ao norte da região sul. É terra de muitos pinheiros e araucárias. Tem um pequeno litoral de apenas cem quilômetros superando somente o Piauí com sessenta e seis quilômetros de mar. Sua Capital é Curitiba.

         CURITIBA (PR) 2017 –  É uma cidade planejada, uma enorme metrópole com muitas indústrias e atrativos turísticos. Grande produtora de cervejas artesanais, oferece uma excelente qualidade de vida. Achei a cidade linda e agradável.

Para chegarmos em Curitiba saímos do Aeroporto Petrônio Portela de Teresina (dia 30.03.2007 às 15h20), fizemos escala em Brasília e seguimos em outro voo para São Paulo. Do Aeroporto de Congonhas (SP) partimos para o Aeroporto Afonso Pena em Curitiba (PR) onde deveríamos chegar às 17h55. Deveríamos, mas chegamos com muito atraso porque no dia 30 de março de 2007, exatamente no dia de nossa viagem, os controladores de voos paralisaram todos os voos do país reivindicando um plano de carreira, desmilitarização do controle aéreo, pagamento de uma gratificação extra, etc. No início os voos começaram a atrasar e o último avião a levantar voo na referida data foi o nosso com destino a Curitiba. Os demais foram cancelados.

Enfim, chegamos a capital paranaense e fomos hospede do Bristol Flexy Upper, que fica na rua XV de novembro. Aproveitamos todas as belezas da cidade. Para tanto fizemos uso do famoso ônibus de dois andares que faz rota completa favorecendo aos visitantes conhecer todas os cartões postal da localidade.

Começamos pelo CENTRO HISTÓRICO DE CURITIBA. A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco fundado em 1737, é o templo antigo e abriga o Museu de Arte Sacra. Nas suas proximidades apreciamos prédios do século XVIII e XIX. Também nesse espaço encontramos o Memorial Curitiba além de lojinhas, bares e restaurantes.

Continuando o tour chegamos no MUSEU OSCAR NIEMEYER –  É o maior e mais moderno Teatro do Brasil, conhecido também como Museu do Olho, por causa de seu formato que lembra um olho. O museu tem acervo permanente e obras itinerantes. Tarsila do Amaral, Candido Portinari, são exemplos de nomes que lá encontrados. Os salões são enormes, tudo muito grandioso, uma beleza ímpar. Registrei com fotos nossa presença e arquivei no meu álbum de viagem.

BOSQUE DO PAPA – O Bosque do Papa é outro lugar encantador. Abriga mais de trezentas araucárias e no centro tem sete casas que refletem a arquitetura polonesa dos imigrantes. São feitas de madeira encaixada.  A primeira foi construída em 1883 e guarda a gravura de Nossa Senhora de Czestochowa, padroeira da Polônia. Esse espaço oferece ainda trilha para caminhada, ciclovia, parque infantil, lojinha de artesanato e vista agradável. Registrei com foto para meu álbum de viagem. O local é conhecido também pelo nome de Memorial Polonês e foi inaugurado após a visita do Papa João Paulo II a Curitiba.

PRAÇA TIRADENTES – Na Praça Tiradentes está a Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e também o Marco Zero. Fotografei a Catedral para deixar registrado no meu álbum de viagens.

RUA DAS FLORES – A Rua das Flores foi o primeiro calçadão para pedestres do Brasil. No meu álbum de viagem tenho lindas fotos de um suntuoso prédio onde funcionava a Casa Bancária e também de muitas flores coloridas embelezando o espaço. Quando visitei o local estava acontecendo uma exposição de carros o que atraiu grande quantidade de pessoas.

JARDIM BOTÂNICO – Fiquei encantada com a estrutura metálica e a grande quantidade de espécies botânicas que atrai pesquisadores do mundo inteiro. O jardim foi inaugurado em 1991 e é cartão postal da cidade. O parque tem jardins floridos, espaço para piquenique, cenário para lindas fotos e estufa de vidro inspirada no Palácio de Cristal de Londres.

TEATRO GUAÍRA – O Teatro Guaíra fica na Praça Santo Andrade por sinal bem próximo ao Bristol, hotel onde nos hospedamos. A Praça é ampla e agradável, muito arborizada e com vários prédios em sua volta. O Teatro é um dos maiores da América Latina. Nas suas proximidades, está a Universidade Federal do Paraná, a primeira do Brasil, fica quase na frente do Teatro, é só atravessar a rua.

ÓPERA DO ARAME –  Cartão postal da cidade. É um teatro feito de estrutura de aço e estrutura metálica, coberto com placas transparentes de policarbonato. Uma verdadeira obra de arte. Muita frequentado pelos turistas e também fotografado. Vários acontecimentos artísticos e culturais acontecem no local. Não tem como não ficar perplexo com tanta beleza.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

SANTA FELICIDADE – Continuando o nosso passeio na capital paranaense chegamos ao Bairro Santa Felicidade. Esse nome foi para homenagear a uma antiga moradora do local de nome Felicidade Borges, benfeitora de agricultores italianos recém- chegados a cidade. Local de gastronomia típica italiana, bares, restaurantes, casas de vinhos e chocolate. É o principal eixo gastronômico de Curitiba. Amei esse espaço.

Curitiba é uma cidade ecologicamente sustentável, com alto nível de educação, boa estrutura e dinamismo econômico. É uma cidade de museus, bosques e parques. Não deu para conhecer todas as belezas da capital paranaense em virtude do tempo que não foi suficiente, mas como boa turista que sou aproveitei o máximo que pude. Foi um viagem maravilhosa e enriquecedora. Valeu!

Outro estado brasileiro que começa com a letra “P” é o estado de Pernambuco. Perdi as contas das vezes que visitei a capital desse estado. Nas primeiras vezes que fiz turismo por lá não tinha a preocupação de registrar com fotos e nem tinha o meu diário on-line. De qualquer forma vou descrever o que minha memória guardou.

Pernambuco é um estado nordestino que fica entre os dez mais populoso do Brasil. É banhado pelo Oceano Atlântico e berço de ilustres personalidades como: Paulo Freire, Clarice Lispector, Manuel Bandeira, Nelson Rodrigues, Joaquim Nabuco, Cristóvão Buarque, dentre outros. Sua capital é Recife, a chamada Veneza Brasileira por causa de sua paisagem contada por pontes, rios e canais.

         RECIFE (PE) 1982 – A primeira vez que fomos a Recife foi por volta do ano de 1982. Como não encontrei registro dessa viagem vou relatar as minhas lembranças desse passeio. Recordo que visitamos o centro histórico da cidade, conhecemos os famosos restaurantes, a orla marítima, igrejas e o centro comercial. E fomos até OLINDA (1982) aproveitando que estávamos somente a seis quilômetros dessa cidade colonial pernambucana. Lembro que foi lá que comemos pela primeira vez o tradicional peixe pernambucano “agulha frita”.

RECIFE(PE) ABRIL/2004 – Voltamos a Veneza Brasileira em abril de 2004. Ficamos hospedados na linda Praia de Boa Viagem nas proximidades do Shopping Boa Viagem onde éramos frequentes. Nesse passeio fomos até o município pernambucano BREJO DE MADRE DE DEUS, ao local Fazenda Nova que fica a duzentos e dois quilômetros de Recife. Assistimos lá o espetáculo da Paixão de Cristo, no maior teatro a céu aberto do mundo, Nova Jerusalém. Tiago Lacerda foi o interprete de Jesus Cristo nesse ano de 2004. Nesse encenação estavam presente doze mil pessoal e seiscentos e cinco ônibus foram contabilizados no local. A peça contou com cinquenta atores, quatrocentos e cinquenta figurantes, nove palcos e quarenta e sete atos. O espetáculo durou três horas e foi inesquecível.

Saindo de Recife para chegar na Fazenda Nova passamos em CARUARU(PE) que fica a cento e trinta quilometro da capital pernambucana. É uma das cidade mais populosa do estado e famosa pela sua grande feira. Local onde se encontra todo tipo de artesanato: renascença, rechilieu, bordado em geral, artesanato de barro, madeira, palha, couro, roupas, bolsas, calçados e ainda a gastronomia pernambucana. Passamos também em GRAVATÁ, cidade linda, agradável de clima maravilhoso. Lá é parada obrigatória no Rei das Coxinhas. Ponto tradicional dos turistas para saborear essa guloseima que é bem feita e gostosa.

  RECIFE (PE) 2004/2005 – Retornamos a capital pernambucana no final de 2004 e ficamos até os primeiros dias de 2005. Nos hospedamos novamente na Praia de Boa Viagem e foi lá que passamos a virada do ano. Escutando Alceu Valença cantar ao vivo, na beira mar, diante de um show pirotécnico recebemos o despontar do ano de 2005. Belas recordações!

         Nessa viagem fomos até o município de IPOJUCA (01 de Janeiro/2005) mais precisamente na Praia de PORTO DE GALINHAS que fica a menos de sessenta quilômetros de Recife, percurso que se faz em uma hora dependendo do trânsito. É um lugar maravilhoso com piscinas de águas claras e mornas formada entre corais. O bom de lá é mergulhar nas águas límpidas dar comida aos peixinhos que nadam a sua volta e apreciar aquela paisagem linda. Muitos turistas estavam começando o  ano nessa belíssima praia, o que ocasionou restaurantes lotados, assim como as lojinhas de artesanatos, mas nada que estragasse o encantamento daquele momento espetacular.

         RECIFE (PE) 2007 –  Desta vez a nossa ida a Recife teve uma razão especial. Participamos de uma cerimônia de casamento realizado na Igreja de Nossa Senhora dos Homens Preto. Igreja construída no ano de 1630, localizada no Bairro Santo Antônio, construção típica das existentes do século XVIII. A recepção aconteceu na Usina Dois Irmão. Esse espaço está localizado as margens de uma reserva de Mata Atlântica e possui um mil e setecentos metros quadrados com jardim, salão climatizado, área externa coberta. Um local encantador.

         Nessa viagem retornamos ao cento histórico de Recife, o chamado Recife antigo e fizemos aquele mesmo roteiro da primeira vez que tivermos na capital pernambucana. Muitas coisas mudaram e evoluíram. O centro da cidade estava realmente muito bem cuidado e bonito.  Dizem que ir a Recife e não conhecer a sua parte antiga é como se for a Paris e não ver a Torre Eiffel. As construções antigas, as praças, as ruas, museus são atrações imperdíveis. Adorei rever tudo outra vez. Retornamos também a OLINDA (2007), oramos na Catedral da Sé, construída em 1540. Igreja linda com altares folheados a ouro, azulejos portugueses, ladeada de barraquinhas onde você pode saborear a tapioquinha com café feito na hora e também comprar artesanato nas lojinhas espalhadas ali por perto.

         RECIFE(PE) 2013 – Registramos mais uma ida a Recife. Desta vez fomos de carro e voltamos de avião O objetivo era levar um carro Punto do filho que estava fazendo doutorado na capital pernambucana. Ficamos hóspede dele no apartamento que ficava no bairro Madalena. Saímos de Parnaíba, fazendo uma parada em PICOS para o almoço, pernoitamos em SALGUEIRO e na manhã seguinte seguimos viagem fazendo parada para almoçar em CARUARU. Salgueiro é conhecida como “Encruzilhada do Nordeste” por ser o ponto mais central da região nordeste. Em Caruaru não perdi a famosa e tradicional feira onde ainda fiz umas comprinhas de toalhas lindas trabalhadas no rechileau.

         Chegamos ao nosso destino por volta das quinze e trinta horas e demos uma rápida descansadinha. Queríamos aproveitar a noite recifense. Começamos jantando ao som de músicas acompanhada no piano no Restaurante Estrela do Mar. No dia seguinte fomos para Boa Viagem e almoçamos no Restaurante PapaCapim. A noite fizemos outra vez um tour no Recife antigo para ver a cidade iluminada e jantamos no Shopping Rio Mar que era novidade na capital pernambucana. Essa viagem foi rápida e retornamos a Teresina pelo voo Gol e de lá seguimos para o nosso destino final, Parnaíba.

         RECIFE(PE) 2016 – Em novembro de dois mil dezesseis, mais precisamente no dia vinte e quatro, partimos de Parnaíba com destino a cidade denominada Veneza Brasileira. Encontramos o Aeroporto Internacional de Recife Guararapes/ Gilberto Freyre já todo ornamento de Natal.  No dia seguinte almoçamos no shopping Recife no restaurante Coco Bambu. Curtimos a praia de Boa Viagem, fomos as compras no Shopping Bel Mar e retornamos a Parnaíba. A viagem foi rápida porque fomos apenas para assistir uma defesa de doutorado que por sinal foi muito bem sucedida. A comemoração foi no restaurante Spettus. Comida farta, gostosa, bem servida sem falar com a estrutura requintada, louça fina e garçons educados. O ambiente fez jus a festa e alegria do doutor e seus convidados.                        

         Nossas idas e vindas a Recife foram várias. Nem sei se cheguei a registrar todas. O certo é que a cidade é linda e agradável. Tem crescido bastante e o trânsito tem ficado cada vez mais caótico. Coisa de cidade grande e de progresso.

         Do Estado de Pernambuco citei nesse texto a capital, Recife e as cidades de Olinda (duas vezes), Brejo da Madre de Deus, Caruaru (duas vezes), Gravatá, Ipojuca e Salgueiro. Não vou dizer que conheço profundamente todas elas mas tenho noção de cada uma. Cada qual com sua atração e suas características.                        

         Para concluir os estados brasileiros que começam com a letra “P”, está faltando falar do Piauí. Ficará para o próximo capítulo. Aguardem.