CRÔNICA DE PÁDUA SANTOS

RUA BOA VISTA

Por Pádua Santos *

“Se essa rua, se essa rua fosse minha

Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes
Para o meu, para o meu amor passar…”.         Começo esta crônica, como observa o leitor, citando quatro versos da canção “Se essa rua fosse minha” – conhecida cantiga popular que muitos já tentaram figurar como donos de sua autoria. E a citação vem para que se observe sua primeira palavra: exatamente o “Se”, empregado como conjunção condicional.

        Com esta infantil canção, quis deixar dito o seu autor, um desconhecido que a teria composto no século XIX em homenagem à Princesa Isabel, que para poder ladrilhar a rua com pedrinhas de brilhante para o seu amor passar, seria preciso que a rua fosse sua. E não era, nunca foi e nunca deverá ser. Ninguém é dono de rua alguma porque ela é  bem de uso comum do povo, Art.99, inc.I, CC/2002, pertence a todos e a ninguém em particular.

        A Câmara Municipal de nossa cidade, no final da legislatura passada, não prestando atenção para o ensinamento desta melodia que ultimamente voou por todo o país nas asas da “Galinha Pintadinha”; tampouco para o parágrafo 2º do artigo 49 da Lei Orgânica do Município de Parnaíba, artigo este modificado por Emenda de minha autoria quando vereador, determinando que para qualquer mudança neste sentido ter-se-á de ouvir os moradores da rua, votou a lei de nº 3.529, denominando de Rua Oderman Bittencourt da Silva a atual Rua Boa Vista, localizada no Bairro São Benedito. Agiu como se a via fosse de sua propriedade.

        Os moradores da citada e graciosa senda, dentre eles o autor desta crônica, não conformados com esta mudança feita ao arrepio da lei, procuraram os senhores vereadores e conseguiram a aprovação da lei de nº 3.585, de 23 de dezembro de 2020, que revoga a anteriormente citada e volta o nome de Boa Vista ao lugar de onde jamais deveria ter saído.

        Depois da votação da nova lei reparadora, com aprovação por unanimidade, foram os interessados até o gabinete do Prefeito Mão Santa pedir a imediata sanção para que pudessem entrar o ano de 2021 morando em uma alameda que tivesse o nome verdadeiro, bonito e preferido por todos. Receberam de sua excelência o imediato apoio e o agradecimento pelo empenho, uma vez que como mandatário reeleito havia sido induzido em erro ao sancionar uma norma que, além de ferir a Lei Orgânica Municipal, havia criado uma severa antipatia nos moradores daquela aprazível via.

Residência do dr. Antonio de Pádua,na Rua Boa Vista.

        Assim, logo após a sanção, prometeu o ilustre Prefeito o breve asfaltamento da dita rua, objeto deste entrevero criado pelo legislativo parnaibano, ficando também a esperança de que os nobres vereadores que nos representarão neste quadriênio agora iniciado, procurarão se abster desta erronia de mexer nos nomes das vias públicas da cidade, até porque cada vez que isso venha a acontecer, além da averbação que forçosamente haverá de ser feita, virão também outras mudanças em contratos sociais, notas fiscais e tudo mais que possa ser exigido legalmente sobre o endereço, além da necessidade de comunicação aos bancos, Correios e serviços de água e energia elétrica, o que se constitui num absurdo e numa total falta de bom senso, além de demonstração de imenso despreparo para legislar.

        Bom início de ano, senhores edis parnaibanos! Continuemos sempre com a BOA VISTA em favor da nossa bela e simpática Parnaíba de Nossa Senhora das Graças.

Pádua Santos* advogado, cronista, poeta e contista. Ex-vereador e ex-presidente da Academia Parnaibana de Letras.

Postado por blog do professor gallas às 17:18 do dia 13 de janeiro de 2021.

PARTE I-BRASIL ESTADOS NA ORDEM ALFÁBETICA

ENTCONTRO DO RIO SOLIMÕES COM O RIO NEGRO

MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS APAL – CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
PRIMEIRO OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA

BRASIL BRASILEIRO

ESTADOS COM A LETRA “A”

          O Brasil terra de Nosso Senhor, a terra que Deus abençoou, tem vinte e seis estados e um Distrito Federal. Esta grande extensão territorial está dividido em cinco regiões com diferentes culturas, climas e paisagens.

          Conheço vinte estados da minha pátria amada. Na ordem alfabética vou recordar as minhas viagens, os pontos turísticos e as belezas que vi in loco em cada um desses lugares.

          ALAGOAS (SETEMBRO DE 2011) – É um estado nordestino bem pequeno territorialmente e faz fronteira com o Oceano Atlântico. A sua história está ligada a colonização dos portugueses e a exploração do pau- brasil tempo em que era habitada pelos índios Caetés e pertencia a capitania hereditária de Pernambuco. Suas praias são famosas e disputadas pelos turistas. A cidade de Maceió, a atual capital do Estado, foi criada em 1839 e elegeu os primeiros Presidentes do Brasil República: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

          Desse Estado conheci a capital Maceió e os municípios de Marechal Deodoro, Barra de São Miguel e Roteiro, quando lá estive no ano de 2011.

          Maceió (AL) é linda e ensolarada. Conhecida como Paraíso das Águas, Caribe Brasileiro e Cidade Sorriso entre outros cognomes. Suas praias tem belezas exuberantes e paradisíacas. Ficamos hospedados no hotel na orla marítima denominado Lagoa Mar Hotel, na praia de Ponta Verde, área nobre da cidade. Aproveitamos tudo inclusive a culinária que é sempre a base de peixe, camarão e siri. A praia de Pajuçara tem águas tranquilas e muito bem estruturada no que se refere a bares, restaurantes, lojinhas de artesanatos, souvenir. Também gostei da Praia de Ponta Verde com piscinas naturais, coqueiros, água morna e transparente.

Como todo bom turistas não deixamos de visitar o centro histórico, cultural e religioso da capital alagoana. Conheci a Catedral de Nossa Senhora dos Prazeres que é a padroeira da cidade.  A sua pedra fundamental foi lançada em 1821 e inaugurada em 1829 com a presença de D.Pedro II e de sua esposa Teresa Cristina. Também registramos nossa presença na Igreja de Nossa Senhora dos Pretos e na Igreja de Nossa Senhora dos Martírios de linhas eclética, arquitetura barroco e neoclássica, recoberta com azulejo português da cor azul.

 Na Assembleia Legislativa ficamos encantados com uma linda exposição de quadros de artistas renomados. No Instituto Histórico Geográfico de Alagoas – IHGAL, fomos muito bem recebidos por alguns dos membro que lá estavam. Vimos no local um valioso acervo com peças raras de cerâmica, artefatos indígenas, peças pertencentes ao Marechal Deodoro e Floriano Peixoto, respectivamente proclamador e consolidador da República, relíquias de Lampião e Maria Bonita, canhões portugueses, holandeses e franceses.                                                                                                                                                      

          O Palácio Floriano Peixoto, que já foi sede do governo, começou a ser construído em 1893 e inaugurado em 1902, tem um acervo mobiliário dos século XIX e XX, com muitas pratarias, telas e cristais alagoanos.

          Fiquei deslumbrada ao visitar o Memorial de Lêdo Ivo, escritor, romancista, contista, membro da Academia Brasileira de Letras. Nessa época ele ainda estava entre nós. O alagoano faleceu em 23 de dezembro de 2012 aos 88 anos.

          Visitamos também artesanatos, praças e outros pontos históricos.       

          Fizemos um passeio de barco na Lagoa do Mundaú que tem 27 km de extensão. Conhecemos nove ilhas encantadoras e no passeio podemos apreciar as belezas da vegetação, os manguezais e lindas mansões de pessoas importantes e abastadas, como Renan Calheiros e Fernando Collor.

  Marechal Dedoro (AL) – É o nome denominado a antiga cidade de Alagoas (no Estado de Alagoas) onde nasceu o Marechal Deodoro da Fonseca. Hoje recebe o seu nome. Nesse município conhecemos a Ilha do Carlito é um lugar de beleza deslumbrante. Fica a 31km do centro de Maceió e tem infraestrutura para receber turistas com bares, restaurantes, passeios ecológicos, banana boat, Lá degustamos também muitos pratos a base de frutos do mar e apreciamos uma linda paisagem, além do contato com a natureza, água, sol, céu e muita paz. 

Passamos também pela Ilha das Andorinhas, Ilha do Fogo, Ilha da Santa Maria, Ilha do Almirante, Ilha de um só Coqueiro, Ilha Bora Bora e Ilha de Santa Rita. No retorno a Maceió ainda fomos agraciados com um lindo por de sol. Magnífica paisagem.

Ainda em Marechal Deodoro tivemos na Praia do Francês que fica a 20 km de Maceió. Semelhante a minha linda Praia da Pedra do Sal por ter o lado ondas calmas e o lado de ondas fortes muito apreciado pelos surfistas. As suas águas vão do azul turquesa ao verde escuro e a areia é como a da Lagoa do Abaeté na Bahia, clara e fofa. Essa praia tem 34 km de extensão.

Barra de São Miguel(AL) – É outro município alagoano. É considerado a cidade balneária mais badalada da região. Até o século XVI o município era a aldeia dos índios Caetés que praticavam a antropofagia. O Bispo Pedro Fernandes Sardinha que veio de Portugal para catequizar a tribo foi devorado pelos canibais assim conta a história. Atualmente (2011) no local tem campeonato esportivos, enduro de moto e jeep, festival de música entre outros eventos que atraem dos turistas. Sua beleza natural é diversificada e suas praias são de águas cristalina. Constatei tudo isso in loco e fiquei encantada.

Roteiro (AL) – No município de Roteiro nos deleitamos com a belíssima Praia do Gunga que é um verdadeiro paraíso.  Areia fininha, água cristalina, mar mansinho, um paredão de falésia espetacular. Registramos linda fotos no local. Uma beleza!

Apesar de tantos momentos bons, chegou a hora de retornar ao lar doce lar. A saudade de casa já estava grande até porque nesse mesmo passeio ainda fomos de carro até ao Estado de Sergipe. Nossa estada em Aracajú foi rápida e maravilhosa, depois relatarei quando chegar a letra “S” – Sergipe. E assim nos despedimos de Maceió. Partimos do Aeroporto Zumbi dos Palmares com destino ao Aeroporto Petrônio Portela em Teresina, capital do Estado do Piauí.

AMAPÁ (ABRIL DE 2016) – Saímos do Aeroporto Petrônio Portela com destino ao Aeroporto Internacional de Macapá, Alberto Alcolumbre, para participar de uma Convenção de Lions Clube em Maceió, na capital do Estado. Entre os passageiros da aeronave estava o Deputado Jader Barbalho muito simpático e cumprimentando todos.

Macapá (AP 2016) – A capital amapaense tem certas peculiaridades como por exemplo, é a única capital brasileira cortada pela Linha do Equador que divide o planeta em dois hemisfério: norte e sul (essa linha passa também pelos estados Pará, Roraima, Amazonas, mas não pela capital do estado). Destaca-se na criação de bovinos, bubalinos e suínos, além da agricultura e da pesca. A capital oferece para os turistas uma rede excelente de hotéis e o açaí, que além de gostoso, gera renda para o município. É a única capital banhada pelo Rio Amazonas e seus pontos turísticos revelam a sua história, cultura e religiosidade.

O objetivo primeiro dessa viagem foi participar da XVII Convenção do Distrito LA-6/Lions Clube. Ficamos hospedados no Hotel Magnus, quatro estrelas e participamos das solenidades leoninas no Teatro das Bacabeiras, palco da cultura amapaense, fundado em 1987, que tem uma capacidade para abrigar 705 pessoas sentadas.

Conhecemos nesse passeio a Igreja de São José, o santo padroeiro do Amapá, que foi construída no ano de 1761. É simples, mas passa para o cristão muita serenidade convidando a uma prece de fé e serenidade. 

No tempo de escola estudei muito sobre a Linha do Equador e tive a oportunidade de ver no estado no Amapá o monumento Marco Zero que tem trinta metros de altura está localizado na capital do estado próximo ao Estádio Milton Corrêa. É um importante ponto turístico que marca a passagem exata da Linha do Equador na capital macapaense. Achei interessante saber que pelo menos duas vezes ao ano entre 20 a 21 de março e 22 a 23 de setembro o sol alinha-se exatamente no círculo que está no alto do monumento Marco Zero e projeta raio de luz sobre a Linha imaginária do Equador, fenômeno esse denominado de equinócio. Tempo em que a duração do dia é igual à da noite e os hemisférios norte e sul recebem a mesma quantidade de luz. Nesse local, é possível por um pé hemisfério norte e outro no hemisfério sul. Achei muito interessante.  

Registramos nos nossos passeios turísticos fotos no sambódromo palco oficial do desfile das escolas de samba e blocos carnavalesco e também na região quilombola. Área onde moram grupos étnicos, construídos de população negras, descendentes de ex- escravos que se auto definem a partir de suas relações com a terra, tradições e práticas culturais próprias.                                                                                                                                                                                                       Visitamos também o Mercado Central que foi inaugurado no dei 13 de dezembro de 1953, tempo em que o governador do Estado era Janary Nunes. As frutas são bonitas e tem uma grande variedade de peixes. O tucunaré e o tambaqui encontramos fresquinhos. O açaí também estava presente no local.

A Biblioteca Municipal Elcy Lacerda que fica no centro de Macapá. Foi fundada em 20 de abril de 1945 e tem cerca sessenta e cinco mil obras em seu acervo incluindo três mil de autores amapaenses. Elcy Rodrigues Lacerda foi uma pioneira do magistério amapaense, mestra em educação, professora desde o ensino fundamental até o terceiro grau. Essa grande educadora recebeu do poder público a homenagem ao ser dado seu nome a Biblioteca.

No nosso arquivo de viagem ficou fotos da biblioteca e também a foto da Fortaleza de São José, uma edificação militar construída em 1764 por Marquês de Pombal, as margens do Rio Amazonas. Sua finalidade era controlar os navios que entravam e saiam da região. Visto de cima a fortaleza parece uma estrela em virtude da disposição dos seus quatro baluartes.

O passeio foi maravilhoso. Tudo ficou registrado no álbum de viagem e agora compartilho com meus leitores. Chegou a vez do Estado do Amazonas que começa também com a letra “A”.

AMAZONAS (JANEIRO DE 2011). O estado do Amazonas é muito extenso e coberto de florestas. O seu nome é de origem indígena e significa ruído das águas. Sua povoação se deu em virtude da exploração da borracha por ingleses e holandeses. O extrativismo continua sendo o motor da economia local (borracha, castanha, madeira, sementes oleaginosas, fibras, ferro, manganês, petróleo, gás, etc.). Os rios amazonenses são navegáveis servindo de transporte. Do Estado conheço a capital, Manaus e o município de Presidente Figueiredo.

Manaus (AM 2011) – É uma cidade histórica e portuária localizada na confluência do Rio Negro com o Rio Solimões e fica no centro da maior floresta tropical do mundo.

Saímos de férias em janeiro de 2011 com destino a Manaus. Partimos do Aeroporto Pinto Martins de Fortaleza Ceará, pelo voo da TAM para o Aeroporto Eduardo Gomes que fica na capital amazonense.

Nosso primeiro passeio na capital foi a visita a histórica Praça Helidoro Balde. O seu nome foi uma homenagem ao amazonense, advogado, jornalista e ilustre professor. O local foi antigo cemitério dos indígenas e passou por várias reformas. Lá encontramos também o busto do poeta Bruno de Menezes, estátuas de Ninfas, coreto central, bancas de sebo, fonte luminosa e é bem arborizada. Nas proximidades da praça fica o Palacete Provincial que foi por mais de cem anos o Quartel da Polícia Militar. Hoje é um patrimônio histórico e abriga: o museu da imagem e do som, museu de arqueologia, museu Tiradentes, ateliê de reparos de obras artísticas e ateliê do papel. Tudo é muito bem cuidado, espaçoso, bem decorado com tapete vermelho e sinalização. Fiquei deslumbrada.

A noite jantamos no restaurante denominada Canto da Peixada, recomendo pelos guias turísticos e famoso por ter sido o escolhido para servir o Papa João Paulo II quando ele esteve em Manaus. As louças e talhares utilizadas por ele estão lá em exposição. O seu almoço foi peixada de tucunaré. Nós saboreamos o pirarucu, peixe da região muito gostoso.

Fiquei encantada com a quantidade de peixes, frutas, verduras e muitas bananas que encontramos no mercado Adopho Lisboa de Manaus. A banana está sempre presente na culinária amazonense acompanhando as refeições de diversas formas. É também vendida de várias modalidades, inclusive fatiada em saquinhos aparentando batata frita. O mercado data de 1882 (início da construção/inaugurado em 1883), foi construído no ciclo da borracha, é um dos mais importantes centro de comercialização de produtos regionais e seu modelo foi copiado de Paris – Mercado Les Halles. Sua estrutura de ferro foi feita pelo engenheiro francês Gustavo Eiffel o mesmo que projetou a famosa Torre Eiffel. Sua localização fica nas proximidades do Rio Negro e foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional – IPHAN. Em abundancia encontramos no local os peixes: tambaqui, tucunaré e o pirarucu que é chamado o bacalhau da Amazônia e é vendido salgado para exportação. No mercado também é comercializado lindas peças de cerâmicas.

Registramos também nossa presença no Porto de Manaus. Foi inaugurado em 1907 e é o Porto mais original do Brasil construído com cais flutuante.

Fiquei encantada com o Palácio do Rio Negro. Foi sede do governo e residência dos governadores entre os anos de 1918 a 1995. Foi construído pelo Barão Waldemar Sholtz no século XX. Os jardins são lindos e a mobília, pisos, escadarias, são belíssimos.

Outro local imperdível é uma visita ao Museu do Índio. Seu acervo contém mais de três milhares de peças feitas pelos indígenas. Foi fundado em 1952 e é mantido pelas irmãs salesianas.

Também fiquei encantada com o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia. Passeamos pelas florestas, registrei com fotos as árvores como por exemplo, o mogno, vimos índias fazendo suas produções artesanais, imagens do peixe boi entre outros. 

O mais espetacular foi na verdade ver in loco o encontro das águas do Rio Solimões com o Rio Negro.  No tempo de escola a professora sempre falava nesse fenômeno porque os rios não se misturam. De um lada a água negra e de outro a água barrenta avermelhada. Fomos de lancha até o encontro das águas e paramos no local para fotografar. Muitas outras lanchas circulavam por perto da que estávamos mostrando jacarés, cobras e outros bichos por conta de moedinhas pagas pelos turistas.

Ainda em Manaus fomos na fábrica do Relógio Dumont, na Universidade Federal do Amazonas, no Estádio Vivaldo Lima, almoçamos no restaurante Panela Cheia.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

A praia da Ponta Negra é um encanto. Fica a margem do Rio Negro e é um dos cartões postais da cidade. É belíssima.         

 O Teatro Amazonas é o símbolo maior do ciclo da borracha de 1986. Imponente e belo. Mantém vivo a época áurea da capital amazonense. Seu estilo é renascentista com detalhes ecléticos. O material de sua construção foi importado da Europa. Sua capacidade é para setecentos e uma pessoas distribuídas em três plateias. Seus lustres são majestosos e nas colunas as máscaras de compositores como Mozart, Verdi, Moliére e outros se espalham. É palco de grandes eventos como o Festival Amazonas de Ópera e os Festivas de Dança e Teatros. 

Entre as Igrejas da capital amazonense cito a de São Sebastião que fica nas proximidades do Teatro Amazonas. Tem lindos vitrais europeus e quadros trazidos da Itália.

Nesse passeio também teve o dia reservado as compras. Fomos a Zona Franca de Manaus e as shoppings Manauara e Amazonas, na feirinha que acontece todos os domingos nas proximidades da Igreja São Sebastião. No Estado de Amazonas conhecemos outra cidade além da capital, Presidente Figueiredo.

Presidente Figueiredo (AM 2011) –  A cidade fica a 107 km de Manaus. Local de lindas cachoeiras e vegetação especial. É um verdadeiro paraíso. Lá fizemos trilhas ecológicas que terminou em uma belíssima queda d´água. Visitamos cavernas e grutas, respiramos um ar mais puro, lugar belíssimo. Registramos nossas presenças para o álbum de viagem na Cachoeira do Santuário, Cachoeira da Neblina, Cachoeira da Pedra Furada, Cachoeira da Iracema, Cachoeira de Araras, na Gruta da Onça, Caverna Maruaga, entre outros lugares maravilhosos.   

No Estado do Amazonas me chamou atenção o peixe tambaqui não só pelo seu sabor, mas sobretudo pelo tamanho. De tão grande o seu espinhaço dá até para pensar que é uma costela de porco.

Outra coisa que achei interessante foi a diversidade de frutas e algumas excêntricos como o ramabutan que tem nas cores vermelha e amarelada. Por fora parece a lichia e por dentro a pitomba. A polpa é carnuda e ligeiramente ácida. A Biriba é outra fruta típica da Amazônia parece uma ata amarelada. Tem a poupa suculenta e é um pouco fibrosa. Sabor agradável e doce. Também gostei do sabor do refrigerante “Regente” fabricação do estado amazonense.

Nesses últimos anos (estamos em 2021) os jornais, televisão e a fala do mundo é sobre a preservação do Estado do Amazonas. Existe pesadas críticas pelo seu desmatamento. Para completar a COVID -19 foi cruel com o Estado. Faltou leito e oxigênio para os pacientes e até espaço para a morada daqueles que não resistiram a pandemia. Esperamos que providencias sejam tomadas para que esse rico e lindo Estado supere todos esses problemas.

Ainda com a letra “A” temos o Estado do Acre. Esse eu não conheço mas pretendo ir até lá depois da pandemia. Pelas minhas pesquisas encontrei que o local possui montanhas elevadas e várias quedas d´água. Sua economia é baseada no extrativismo principalmente da madeira e também de recursos minerais. Quando for lá voltarei para contar o que eu vi.  

Fazendo um resumo, em Alagoas além da capital Maceió, falei também nos municípios de Marechal Deodoro, Barra de São Miguel e Roteiro. No Estado do Amapá só conheço a capital Macapá e no Estado do Amazonas além da capital Manaus conheço também o município de Presidente Figueiredo.

Seguindo a ordem alfabética o próximo Estado que irei descrever será a Bahia. Como só tem ele com a letra “B” poderemos também relatar o Estado Ceará (Letra “C”) conjuntamente.  Aguardem!                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

Barras de minha adolescência

DIÁRIO

[Barras de minha adolescência]

Elmar Carvalho

18/01/2021

Algumas décadas atrás, no apogeu de minha maturidade, fui convidado pelo Dr. Wilson Carvalho Gonçalves, grande historiador piauiense, amigo de meu pai e meu, para lhe fazer a apresentação de um livro de sua autoria, na solenidade de lançamento. Emocionado por esse convite, escrevi o poema Barras das sete barras, que recitei na ocasião.

Tempos depois, fui instigado pelo professor Dílson Lages Monteiro para escrever um texto sobre meu parente Salomão de Sá Furtado. Já havia escrito sobre ele, em textos avulsos, inclusive no discurso com que recebi o Dílson, quando de sua posse na Academia Piauiense de Letras.

Em dias mais recentes, por ocasião de uma live, em que os participantes liam e comentavam textos sobre Barras, tive a ousadia de sugerir umas hipóteses sobre a origem do nome de Ilha dos Amores, localizada nessa cidade, no meio do rio Marataoã, que orna e enlaça essa antiga e histórica urbe. O Dílson, então, me sugeriu escrevesse sobre essa minha “tese”.

Além disso, participei de várias lives, patrocinadas por ele, com que o ilustre poeta e escritor comemorou os 179/180 anos da data em que Barras foi elevada à categoria de vila. Aproveito o ensejo para sugerir que a Prefeitura e a Câmara Municipal promovam um plebiscito, para que os barrenses decidam sobre a conveniência de a cidade e o município voltarem a ter o nome nunca esquecido e tão apropriado de Barras do Marataoã.

Resolvi, em consequência, neste final de semana, escrever sobre as suas duas sugestões, agregando tudo a certas lembranças de minha infância, e, sobretudo, adolescência.  O resultado desse amálgama segue abaixo, como parte integrante deste Diário.

Quando comuniquei, por WhatsApp, ao escritor e poeta Chico Acoram Araújo que havia perpetrado essa crônica memorialística, ele me perguntou se poderia incluí-la no seu livro, em fase de editoração, “A cidade, o menino e o rio”. Respondi-lhe que não só podia, mas que isso era motivo de honra e desvanecimento para mim. Eis o texto:

Barras de minha adolescência

Crônica memorialística dedicada ao professor Dílson Lages Monteiro, parente, amigo e confrade da APL, que me solicitou escrevesse sobre Salomão de Sá Furtado e sobre a Ilha dos Amores.

1

Na minha infância, morando em Campo Maior, fui algumas vezes a Barras, no período de minhas férias escolares. Viajava num ônibus de cabine de madeira, chamado horário ou misto (este quando tinha a cabine dos passageiros e a carroceria para cargas). A estrada era de piçarra, cheia de catabilos ou costelas de vaca. Quando chegava no início da ladeira curva, eu avistava algumas nesgas da cidade, e logo depois a linda barragem e a ponte sobre o rio Marataoã.

Na agência, uns parentes me recebiam e me levavam para a localidade Ameixas, zona rural, a poucos quilômetros da cidade, onde ficaria hospedado com uns parentes de meu pai, dona Noca e o senhor João Cardoso. Não havia luz elétrica nesse local. Situava-se, salvo engano, onde fora a data Luiz de Sousa, perto de onde ficava a gleba de meu falecido avô João de Deus, onde corria, no meio da chapada, entre carrascos e buritis, um olho d’água perene, que ainda hoje existe.

Acostumado com as luzes, com os carros e o movimento da cidade, com os seus ruídos, músicas e brincadeiras, logo eu ficava muito triste e saudoso de meus pais. O canto grave de uma rolinha fogo-apagou, quase um cantochão, por razões misteriosas, me enchia a alma de tristeza e melancolia, sobretudo ao pôr-do-sol. Quando começava a anoitecer, era como uma prefiguração da morte, suponho; era como se tudo se fosse finando, se aniquilando… Eu chorava e pedia para voltar. Logo retornava a Campo Maior.

Adolescente, fui algumas vezes a Barras. Ficava hospedado na cidade, na casa de um primo de meu pai, Salomão de Sá Furtado, cuja casa ficava perto da de outro parente, Domingos Lucas. Bem perto de onde fora outrora o antigo cemitério da cidade, completamente demolido; sequer guardaram as cruzes e as lápides, muitos menos, claro, os ossos dos defuntos. Muitos haviam sido personalidades ilustres de Barras, e mesmo da História do Piauí. Em cima do velho campo-santo foram construídos residências e outros prédios, como se ele jamais tivesse existido.

Salomão, que fora vereador ou vice-prefeito de Barras, era um exímio telegrafista, mais precisamente um morsista, numa época em que o telégrafo era o meio mais importante e mais rápido de comunicação. Ele não precisava decifrar os enigmáticos sinais impressos numa fita de morse, compostos de traços e pontos, em diferentes combinações; com a sua afinada audição, ele decifrava e anotava o que o aparelho estava dizendo, em sua quase música/batuque, provocada pelo tamborilar nervoso da noz do dedo sobre a tecla única do morse. Tinha uma pequena biblioteca, o que era uma raridade na época.

Entre outros livros, possuía a coleção completa (ou quase) de Sherlock Holmes, da autoria de Conan Doyle, e vários outros sobre a história da Segunda Guerra Mundial, fora outros volumes. Para a realidade da época e da pequena urbe, possuía certa erudição. Tinha excelente redação e uma linda caligrafia, com letras desenhadas, como uma quase obra de arte. Poderia ser considerado um missivista. Meu pai lhe tinha muita admiração e estima, e sei que era verdadeira a recíproca.

No livro Vultos da História de Barras, de Wilson Carvalho Gonçalves, que foi amigo de meu pai, e posteriormente meu, consta que ele era filho de Joana Batista Oliveira Sá e Elpídio Furtado de Carvalho, este irmão de minha avó Joana Lina (ambos filhos de Isabel Lina e Miguel Furtado do Rego). Eram seus irmãos Constâncio de Sá Furtado (Beleza), Joaquim, Miguel, Luís, Alexandrina (Xandoca), José Lucas, Antônio e Francisca (Chiquita).

Ao lhe enviar o primeiro livro de que fui coautor, a coletânea mimeografada Galopando, ele me remeteu uma muito bem-feita carta, em que dizia antever que eu seria um grande ou importante poeta do Piauí. Não tivesse tido a generosidade de acrescentar o qualificativo, bem poderia ter sido também um profeta.

2

Em plena adolescência, aos 16 ou 17 anos, cheio de vigor, alegria e entusiasmo pela vida e pela poesia, fui passar uns dias na velha urbe das várias barras, acompanhado pelos amigos Zé Wilson e Zé Moura, um dos grandes craques do futebol campomaiorense e piauiense, que jogou no Caiçara e no Comercial, ambos também adolescentes. Nos hospedamos na casa de Salomão.

Perto da residência de nosso anfitrião, a uma distância de apenas três quarteirões, havia a mais afamada churrascaria da época, a Beira-Rio, pertencente a Antônio Moraes, mais conhecido como Antônio do Nena. Como seu nome não deixa dúvida, ficava à margem do belo Marataoã. Quase todo dia, perto das onze horas, nós íamos para lá. Pedíamos uma meiota de pinga (300 ml) em uma garrafa de Coca-Cola. Deixávamos o frasco meio mergulhado na água, e íamos tomar banho e deitar conversa fora.

Algumas vezes vinham umas garotas, bonitas é certo, mas que a nossa idade as fazia ainda mais bonitas, conversar conosco. Era uma leve paquera, que não chegou a ser namoro. Creio fossem naturais de Barras, mas estudavam em Teresina. De dentro d’água, eu lhes via os olhos, risonhos, cintilantes, a refletirem a luminosidade das ondulações do Marataoã. Gostaria que a vida lhes tenha sido leve e feliz. Muitas décadas depois, no apogeu de minha maturidade, no poema Barras das sete barras, eu recordei essa quadra idílica, ingênua e bucólica:

Terra de uns olhos fluidos,

feitos de mágoas, magia e garridice,

embebidos na ciganice das águas.

Buscávamos namoradas em diferentes locais da cidade, inclusive no Bairro Boa Vista, onde existia um clube social, e no do entorno da barragem, cujas margens, na época, formavam uma densa e verdejante floresta. Perto há o memorial de Alda, “a que morreu virgem, / na vertigem de um sonho / que num átimo se fez e desfez”, posto que faleceu no dia de suas núpcias, em acidente rodoviário, ao cair do cavalo e ser colhida por um ônibus, no retorno ao povoado em que morava. Ao invés de um préstito festivo, seguiu um cortejo fúnebre.

Na velha barragem tomávamos banho, e bebericávamos um pouco. Numa dessas excursões exploratórias, em companhia de um filho do senhor Chico Caixeiro, então residente em Teresina, fomos dar com os costados num salão de macumba, situado no final da Rua Grande, por trás de uma serraria.

Quando entabulávamos, no terreiro da “tenda”, uma animada conversa / início de paquera com duas ou três filhas sanguíneas da mãe-de-santo, e o atabaque atacava ritmado e frenético, a macumbeira apareceu com um cabo de vassoura, mais parecendo uma bruxa, e nos “cortou o barato”; nos expulsou, sob a alegação de que estávamos perturbando e desrespeitando o culto do terecô.

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Nessa época a praça da Matriz era bem cuidada, muito limpa, muito linda. As copas dos arbustos e das árvores eram podadas em formas geométricas, simulando cubos, globos ou cones. Os jardins eram cheios de plantas ornamentais, e refertos de lindas flores.

Não sei se é efetivamente memória minha ou falsa memória, através das memórias e conversas de meus pais, mas me recordo ainda do Cristo Redentor, de braços abertos, no cimo do frontispício da colonial igreja de Nossa Senhora da Conceição, lamentavelmente demolida no início da década de 1960, como o fora antes o cemitério, como se desejassem passar uma borracha ou esponja no passado, nas memórias de um tempo mais glorioso, e talvez mais feliz. E relembro uma missa noturna, com a igreja muito iluminada por suntuosos lustres ou lampadários, de indescritível beleza, e o cheiro de incenso, provindo de turíbulos, agitados ao longe.

Perto da igreja passava o Marataoã, que em suas curvas caprichosas quase transforma a cidade numa ilha. Da margem esquerda do rio se descortinava a Ilha dos Amores. Eu a achava muito linda. Essa beleza para mim se tornava mais acentuada por causa de seu poético nome. Minha imaginação fervilhava, buscando a origem dessa denominação.

Sem dúvida, o epônimo me remetia aos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, e eu imaginava a nossa pequena e bucólica Ilha dos Amores barrense povoada por pululantes e invisíveis ninfas e sátiros. Supunha que amores proibidos, interditos, ali podiam ter se realizado, sobretudo numa época em que as moças interioranas ainda se resguardavam virgens para o casamento.

Minha fértil imaginação levantava a hipótese de que nessa ilha alguns amantes, em amores e ardores adulterinos, ali se acasalavam. Para ali se dirigiam a nado ou em canoas, e se amavam, acobertados pelas árvores ou pela escuridão da noite. E desses amores interditos, proibidos, malditos, benditos provinha o seu lindo, idílico, lírico e épico nome: Ilha dos Amores.

Vontade tive de ir até essa ilha de meu encantamento e de minha adolescência, mas me faltou coragem para ir a nado, e me faltou a oportunidade de uma canoa e um bom canoeiro. O poeta, compositor e exímio violonista Francis Monte relatou que na sua juventude, em companhia de outros colegas, nadava até a ilha e desta continuava a nado para a outra margem, para a outra margem que sempre nos parece a mais bela, para furtar cajus dos “quintais abertos em pródiga dádiva”. Que pródiga dádiva que nada! Após a rápida colheita, voltavam às pressas, com medo de um tiro ardente de sal, desfechado por sorrateira espingarda.

Soube que nos anos 70, o senhor José de Deus Carcará instalou uma churrascaria na ilha. Para torná-la mais acessível, construiu uma passarela ou pinguela com talos de buriti. Mas não tive oportunidade de ir a Barras nessa época, de modo que também perdi a chance de visitar a ilha através dessa frágil, flexível e talvez bamboleante ponte.

Não tendo podido ir até essa encantadora Ilha dos Amores, de nome tão apropriado, creio, quanto mais que bonito, fui até ela através de meus versos:

Terra dos Governadores,

                                    do desgoverno das dores

das ciliciadas paixões

deliciadas na Ilha dos Amores.

Ó Barras de minha adolescência, de meus devaneios, divagações, de minhas ingênuas ilusões, de minha saudade e da saudade de meu pai, dos meus ancestrais, de tudo que já tive e que não tenho mais, a ti todas as louvações e os oito últimos versos de meu poema citado e recitado:

Barras de risos e de ais

                                    de sempre e de jamais.

Barras das sete barras

Barras dos sete punhais

                                   de rios que se tecem pavios

e desvarios de réquiens

e exaltações, lembranças

e exalações …

Parte IX – Londres e países baixos

MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS – APAL CADEIRA 23
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA

O Brasil é um país extenso de diversidades culturais, situado no contingente americano, banhado pelo Oceano Atlântico, cortado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio. Seus pontos extremos são: ao Norte o Rio Ailã em Roraima, ao Sul o rio Arroio e o Chuí no Rio Grande do Sul, ao Lesta Ponta do Seixas na Paraíba e ao Oeste o Rio Moa no Acre.

O povo brasileiro é otimista, feliz, religioso, gosta de carnaval, de futebol, de música, é honesto e trabalhador. Brevemente entraremos em detalhes sobre os temas mencionados acima, mas ainda estamos falando de lugares e costumes “Além do Brasil”.

          A família saiu de férias no mês de julho de 2018, saindo do aeroporto de Fortaleza com destino a Londres (Inglaterra).

          LONDRES (Inglaterra). Julho 2018. Londres, a capital da Inglaterra, é um dos mais importantes centros financeiros do mundo e uma importante destino turístico. A cidade é banhada pelo rio Tâmisa, é um importante polo de ensino superior e de pesquisa, possui muitos museus e galerias de arte. É uma cidade encantadora.

          Do Aeroporto Internacional de London Heathrow seguimos para o Britannia Hotel onde ficamos hospedados com muito conforto e comodidade.

          Nosso primeiro passeio foi um tour panorâmico passando pela Praça de Londres, o Big Ben e o Palácio de Buckingham entre outros lugares. Terminamos o passeio na Praça do Parlamento e voltamos a cada um desses pontos turísticos para apreciar com detalhes e registrar com fotos.

          A Praça do Parlamento, Parliament Square, em inglês, é povoada por estátuas de grandes personagens da política do Reino Unido e mundial. A maioria é britânica, mas ali também estão Nelson Mandela, Gandhi e Abraham Lincoln, um sul-africano, um indiano e um norte-americano.

Fiquei emocionada quando me vi em frente ao BIG BEN. Ponto turístico que tem uma história e é muito fotografado pelos visitantes. Sempre tive vontade de conhecê-lo. Via muito como cartão postal de Londres, em filmes e seriados. Pesquisando sobre ele encontrei o seguinte: ‘O Big Ben é o principal símbolo de Londres que fica no centro da cidade numa torre de torre de 96 metros de altura que tem o nome de Torre do Relógio mas ganhou o apelido de Bin Ben, nome dado ao sino que foi instalado no Palácio de Westerminter durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas da Inglaterra, em 1959. A edificação possui o segundo maior relógio de quatro faces do mundo (o da Prefeitura de Minneapolis, é o primeiro), foi construída em estilo neogótico e a torre foi concluída em 1858. Tornou-se um dos símbolos mais importantes do Reino Unido, sendo frequentemente retratada em filmes”. O Big Ben encontrava-se em processo de recuperação no ano de 2018 quando vistamos o local.

          Mais encantada ainda fiquei com a LONDON EYE também conhecida como Millennium Wheel (Roda do Milênio). Fica próxima ao Big Ben. Ela foi inaugurada na passagem entre o dia 31 de dezembro de 1999 e 01 de janeiro de 2000 e é um dos pontos turísticos mais disputados da cidade.

Surpreende-me com a tecnologia. Funciona como vários teleféricos juntos que na realidade são chamados de cápsulas. Isso dá uma certa segurança e tranquilidade. Na minha cabeça o mecanismo era como as cadeirinhas das rodas gigantes de parques e circos causando medo em virtude da altura, mas com essa nova técnica subir naquela enorme roda gigante foi algo inesquecível, tranquilo e prazeroso. A volta na London Eye completa dura em média meia hora e suas trinta e duas cápsulas comportam quinze mil visitantes por dia.  Ela fica a margem do rio Tâmisa. Por sinal faz parte de qualquer passeio turístico o passeio no rio que banha Londres.

Visitar o Palácio de Buckingham foi maravilhoso. Segundo minhas pesquisas encontrei que ele é a “residência oficial e principal local de trabalho do Monarca do Reino Unido em Londres. Localizado na Cidade de Westminster (bairro de Londres), o palácio é frequentemente o centro de ocasiões de estado e hospitalidade real”. Tem um belíssimo jardim que é considerado o maior da Inglaterra.

  Outro ponto turístico imperdível é Abadia de Westminster. Templo mais antigo e famoso de Londres. Como conta a história ele foi construída ao longo de vários séculos e foi sede de famosos acontecimentos sediando inclusive coroações reais. A Abadia de Westminster também abriga as tumbas dos monarcas e figuras históricas britânicas dos últimos mil anos. Achei emocionante essa visita.

Sempre via em postais, filmes, a Tower Bridge, uma ponte que se transforma porque abre para os grandes navios passarem. Ela foi inaugurada em 1894, sobre o Rio Tâmisa e construída ao lado da Torre de Londres. É um dos pontos turísticos também bastante visitados.


Passamos uma fim de tarde maravilhoso em um barzinho a margem do rio Tâmisa tendo como pano de fundo a ponte levadiça Tower Bridge e vimos por duas vezes ela abrir para dar passagem a navios maiores. Achei divino.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

           Registramos todos os prazerosos momentos que passamos em Londres, nem as cabines telefônicas que estão em desuso por causa do uso do celular escapou. Elas estão presentes nos quatro cantos da cidade e bem conservadas. Os turistas não perdem uma foto no local. Fazem até fila para pousar perto e fazer o registro. Eu como uma boa turista fiz igual aos outros.

          Fiquei encantada com o Museu da História Natural em Londres. Ele mostra a evolução do nosso planeta. Estuda a terra e as diferentes espécies de vida que surgiram e evoluíram. Os esqueletos de dinossauros são famosos e gigantescos. O Museu é mundialmente renomado por ser o centro de pesquisa especializada no estudo de classificar as espécies em grupos com base em critérios dando nome aos indivíduos e grupos (taxonomia).    

          Fez parte no nosso roteiro de viagem a visita ao Estádio da Chelsea (Stamford Bridge) que tem capacidade para quarenta e três mil pessoas. O gramado é lindo e tudo é muito conservado. Data de 1877. Fizemos uma visita completa as dependências do estádio inclusive ao museu do clube.

           No tempo de escola estudei mundo sobre meridiano de Greenwich, que é uma linha imaginária divisora do globo terrestre em Hemisfério norte e sul. Tive a satisfação visitar o Observatório Real nos arredores de Londres e colocar um pé no ocidente e outro no oriente. Foi uma experiência incrível.

          BRUGGES (BÉLGICA) –JULHO 2018. De Londres seguimos para Brugges utilizando o Eurotúnel. Cruzamos o Canal da Mancha, braço do mar que faz parte do oceano Atlântico e que separa a Ilha da Grã-Bretanha do norte da França. O Eurotúnel é um túnel ferroviário que no seu ponto mais baixo atinge 75 metros de profundidade. Ficamos hospedados no Hotel quatro estrelas Velotel Brugges, bastante confortável por sinal.

          Brugges fica no noroeste da Bélgica. É uma cidade medieval encantadora. Tem muitas igrejas, catedrais, palácios, quartéis e muralhas. É chamada de Veneza do Norte porque tem muitos canais. As ruas são de paralelepípedos. A língua dominante é o francês, alemão e neerlandês, mistura do inglês com alemão.

         Visitamos a Torre Belfort (Campanário), construída para abrigar o sino da cidade que pesa seis toneladas. Ela foi edificada por etapas, o terceiro pavimento foi feito de pedra para servir de observatório.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               A Igreja de Nossa Senhora é belíssima, tem um torre de 115 metros. A escultura a Madonna e a Criança de Michelangelo e muitas outras obras de arte, como pinturas e o túmulo da duquesa de Borgonha apreciamos no local.  De Brugges fomos para Bruxelas.

           BRUXELAS (BÉLGICA) – JULHO 2018. A capital da Bélgica é uma cidade turística com muitos restaurantes, bares, praças, museus, prédios neogóticos (arquitetura do século XVIII).

A Bélgica é famosa na produção de cerveja e tivemos a oportunidade de visitar o Museu da Cerveja. Outro local imperdível para visita em Bruxelas é conhecer a célebre estátua do Manneken-pis, uma escultura de bronze do século XVII (1388) de autoria do artista Hierominus Duquesnoi e está localizada próxima a Grand Place que é muito bonita e está sempre repleta de turistas.

Ainda sobre o Manneken-pis (garoto a urinar) tem muitas lendas que explicam a sua existência. Uma delas é que ele conseguiu apagar o início de um incêndio com seu xixi. Outra lenda conta que um filho de um nobre foi urinar na parede da casa de uma bruxa e ela o amaldiçoou transformando em estátua. O certo é que é um ponto turístico e as filas para tirar foto são enormes.

Achei belíssimo também o Atomium. É uma estrutura de aço inoxidável construída em 1958. Um monumento composto com nove esferas. Tanto é bonito por fora como dentro que oferece ao turista restaurantes, cafés e chegando ao sétimo andar de elevador se tem uma visão panorâmica da cidade.

Fiquei impressionada com a quantidade de bicicletas circulando em Bruxelas. A Bélgica tem um organizado sistema de ciclovias e bicicletários em vários pontos das cidades. O mais importante ainda é o respeito que se tem pelo ciclista. Esse transporte é muito incentivado em Bruxelas como alternativo ao metrô, ônibus e bonde.

Não tem como não se apaixonar por Bruxelas. Cidade linda e encantadora. Nosso destino seguinte foi a Holanda. País europeu caracteriza pelos moinhos de vento, tulipas e também pelo ciclismo. Lindas mansões podem ser apreciadas a beira dos canais e sua localização fica parcialmente abaixo do nível do mar por isso ela, a Holanda, é chamada de países baixos juntamente com outros países que como ela estão assim localizados. Começamos nosso turismo holandês pela cidade de Haia.

HAIA (Holanda) – JULHO 2018. É sede do parlamento e do governo do país. Faz parte da rota turística visitar o Tribunal Regional da Justiça principal órgão judiciário da ONU – Organização da Nações Unidas. Nossa estada em Haia foi rápida e seguimos para Amsterdam.

AMSTERDAM (Holanda) JULHO 2018 – Na capital da Holanda, Amsterdam, ficamos hóspedes do Hotel Artemis, cinco estrelas, bem localizado e confortável.

O dia custa a escurecer em Amsterdam. As noites são mais curtas. Fiquei deslumbrada com tudo que vi por lá. A Praça Dam é a mais importante de cidade e está rodeada de monumentos e edifício históricos. É também um encontro de turistas e lá tem de tudo, restaurantes, museus, lojinhas de souvenir, etc. Nas suas proximidades fica o encantador mercado das flores, a torre da moeda, a fábrica de lapidação de diamante, o Museu Van Gogh com um acervo riquíssimo do pintor e de seus contemporâneos e o Distrito da Luz Vermelha (zona de prostituição legalizada onde as prostitutas se exibem nas vitrines seminuas iluminadas por luzes vermelhas). Marcamos presença em todos esses locais e fizermos registros com fotos. O Museu Madame Toussoud apesar de um pouco inferior ao de Londres, é uma verdadeira obra prima. Pousei ao lado de Anne Frank, Madona, Lady Dayna, Charles Chaplin, Mandela, Dalai Lama, Merilyn Monroe, James Bond e outras celebridades.

Visitar o Museu da Cervejaria Heineken Experience é como assistir um show. Desde a recepção da chegada até a saída é uma festa, com música, dança, degustação, brindes, além das explicações do processo de fabricação da cerveja.

De Amsterdam fomos para Colônia cidade da Alemanha. 

COLÔNIA(ALEMANHA) – Julho 2018. A cidade está localizada a margem do Rio Reno e próxima a Bélgica e a Holanda. A Catedral da Colônia de arquitetura gótica é considerada como relicário medieval. Suas torres medem 150 metros e dizem que lá estão guardados os restos mortais dos três Reis Magos. Um dia é suficiente para conhecer seus pontos turísticos que ficam todos em volta da Catedral. Assim sendo, nossa estada foi rápida no local e seguimos para Frankfurt.           

FRANKFURT(ALEMANHA) – Julho 2018. Frankfurt é um grande centro financeiro da Alemanha, localizada a beira do rio Meno. A cidade é centro cultural de reputação nacional e internacional. Berço de Goethe, Anne Frank, tem muitos museus e galerias de exposições.

Na Alemanha é imperdível o passeio pelo Rio Reno. São lindos os castelos, ruínas, fortalezas que se pode ver nas suas margens. É um dos rios mais importantes da Alemanha. Registramos todas essas belezas e tivemos um almoço agradável dentro do barco com todo o requinte e com uma vista encantadora.

De Frankfurt retornamos ao Brasil, após uma viagem agradabilíssima por quatro países (Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanhã) que nos encheu de energia e deixou as mais lindas recordações.

Alguns detalhes sobre a viagem:

  • Estávamos em Londres por ocasião do batizado do príncipe Louis (09 de julho de 2018, o terceiro filho do Príncipe William e Kate Middleton). Ele foi batizado na capela do Palácio de Saint James em Londres. Passamos próximo do local quando estava acontecendo a cerimônia e vimos um grande aparato para realização desse acontecimento.
  • O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visitou a Europa em julho de 2018 para uma visita adiada por muito tempo com medo de manifestações. No dia 13 de julho 2018 estava em Amsterdam e de lá seguiu para Londres. Nessa data estávamos também na capital da Holanda e presenciamos o protocolo de recepção com batedores e modificação no trânsito. 

Coisas interessantes da viagem:

  •  Passeio de balão de ar quente (Bruxelas/Bélgica), um carro sendo abastecido a eletricidade (Amsterdam/Holanda), liberação da maconha (Amterdam/Holanda)
  • Refugiados nas praças da Holanda. A Holanda é um país forte, um lugar próspero, atrativo com boas estruturas o que atrai pessoas a procura de empregos e refúgio. Em 2015 recebeu 84 pessoas. E pedidos de asilos aumentam constantemente. 
  • As janelas e os postes das ruas são ornamentadas com flores. Achei lindo.

A viagem foi maravilhosa. Muito enriqueceu meus conhecimentos ao enfrentar e dialogar com uma nova cultura e costumes das regiões que visitei. A família reunida experimentou as mesas emoções, foi sensacional. Resta agradecer a Deus pelos momentos prazerosos e já sonhamos com outros iguais ou melhor, quem sabe… A próxima viagem da família foi prevista para os Estados Unidos para julho de 2020. O Destino seria Califórnia (Los Angeles e San Diego) e Nevada (Las Vegas).  Passagens compradas e os Hotéis pagos, mas a viagem não foi realizada porque em março foi decretada a pandemia COVID-19 no mundo inteiro e ainda hoje (20.01.2021) estamos confinados à espera da vacina que agora está mais perto de chegar. Novos planos de viagem só depois que essa crise passar. 

20.01.2021

Um exemplo de amor à Parnaíba!

“Não é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa” (Madre Teresa de Calcutá).

            Há quem tenha muita vontade de ajudar o próximo, e, de quebra, até incentivar a cultura, promovendo assim uma significativa melhoria em sua cidade (seja natal ou adotiva), porém, cabisbaixo, se vê de mãos atadas (ou praticamente), por falta de condições ou recursos, e dessa forma, pouco ou nada faz por sua terra e por aqueles que nela vivem.

            Há quem tenha estas condições e recursos já citados, mas que costuma guardar para si, no máximo, compartilhando com a família, uma pequena parte dela para ser exato, pois este tipo de indivíduo prefere pensar que atitudes humanas como apoio ou caridade só devem surgir dos governos, e de forma bem restrita, pois não é sua obrigação e nem tão pouco o governo deve gastar demais com cultura e com projetos que ajudem a sociedade.

            O que geralmente se vê são estes dois exemplos. Todavia, vez por outra, o destino resolve intervir a favor do bem, fazendo surgir alguém com uma imensa vontade de fazer a diferença, e o melhor, com o poder de concretiza-la.

            E a Parnaíba da década de cinquenta assistiu o nascimento de um destes raros e extraordinários exemplos, embora ainda fosse demorar alguns anos para que realmente os valores de cidadania que tanto aprendeu com os pais, fossem agregados ao sucesso nos negócios, possibilitando a Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, se tornar, para muitos, um dos maiores benfeitores que Parnaíba já teve.  Principalmente se levarmos em conta as últimas décadas.

            Seja no financiamento de livros; na reforma e preservação de prédios históricos, no importante auxílio em obras sociais; no bom gerenciamento de empresas, dentre outras atividades, Valdeci, é, desde muito jovem, um incansável empreendedor, como também um homem preocupado com os problemas existentes ao seu redor, fruto dos ensinamentos do pai, como bem relata na introdução de A Lei Divina e a Consciência: Aprendi a trabalhar muito cedo sob sua orientação permanente, assim como por meio de seus exemplos e modos de fazer negócios. Sempre com muita humildade, simplicidade, sinceridade, honestidade e respeito para com as pessoas. Também aprendi com meu pai o sentido do amor ao próximo, da fraternidade, da caridade e da religiosidade. E completa: Mas o que mais me impressionava nele, era a forma como enfrentava as dificuldades que sempre estiveram presentes em nossas vidas. Ele era de uma fé inabalável.

            O tempo passou, e através da fé e do que sempre considerou moral e correto, Valdeci foi conquistando seu espaço, com muito foco e dedicação, de forma persistente, e com a noção clara de seus ideais. Acumulando vitórias, entre momentos difíceis e amargos, principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiro e pessoal, o que resultou em títulos e homenagens mais que merecidos. Resultados até fáceis de serem visualizados por meio de uma busca rápida pelo Google ao digitar o seu nome, porém, é o brilho que ele carrega no olhar, toda vez que consegue realizar uma boa ação, e que eu pude algumas vezes presenciar, que mais diz sobre este parnaibano, cujo maior poder reside na sua incessante capacidade de amar.

Claucio Ciarlini (02/04/2018).

Tributo a Licurgo de Paiva

DIÁRIO

[Tributo a Licurgo de Paiva]

Elmar Carvalho

29/12/2020

Há aproximadamente quatro meses o Chico Acoram Araújo me pediu escrevesse um poema sobre Licurgo de Paiva, meu patrono na Academia Piauiense de Letras. Na época lhe expliquei que já não escrevia versos, que meu estro, para usar uma palavra antiga e em desuso, havia batido na laje, de modo que minha pequenina cacimba da inspiração havia secado, e dela já nada minava.

O Acoram me disse que hoje existiam perfuratrizes modernas, dotadas de brocas diamantadas e rotativas, que rompiam lajes e outras rochas mais consistentes. Insisti que o veio de meus poemas estava exaurido, e eu já nada produzia. Todavia, ante sua insistência, e também considerando que meu patrono, hoje já um tanto esquecido, como esquecidos estão quase todos os poetas, merecia todo o meu apreço, prometi que o faria.

Também levei na devida conta o fato de que todos que tiveram assento na minha cadeira, a de número 10, são poetas, a começar do seu patrono. Poetas foram Celso Pinheiro, um dos maiores simbolistas do Piauí e do Brasil, monsenhor Antônio Monteiro de Sampaio (meu professor no curso de Administração de Empresas – UFPI), compositor, poeta e um dos maiores oradores sacros de nosso estado, assim como H. Dobal, que dispensa comentário, cuja poesia é por todos unanimemente aplaudida. Sobre Licurgo acho oportuno transcrever o seguinte trecho de meu discurso de posse na Academia Piauiense de Letras:

“Licurgo José Henrique de Paiva, cuja carreira literária foi inicialmente tão auspiciosa, tão plena de esperança, foi depois gradativamente declinando até o seu trágico e melancólico crepúsculo, através de uma série de vicissitudes, em sua vida particular e profissional, sobretudo ocasionadas pela dipsomania, que frustrou todos os bons augúrios com que os astros lhe acenavam. Na derrocada final do sol negro da desgraça, terminou sendo enterrado numa sepultura por muitos considerada ignota, em lugar remoto do Piauí. Talvez algum viandante, ao passar por essa cova rasa, contrariando os versos do poeta Castro Alves, que pedia ao caminheiro, que não atirasse “o ramo do alecrim cheiroso” na sepultura do escravo, para que ele melhor dormisse em paz na solidão e para não “espantar o bando buliçoso das borboletas” que ali pousavam, talvez depositem algum punhado de flores na campa desse poeta piauiense, que tanto sofreu em sua vida malograda, quando poderia ter-se alcandorado aos mais elevados píncaros do serviço público e da arte literária. O acadêmico, advogado e valoroso pesquisador de nossa história Reginaldo Miranda, referindo-se à sepultura de Licurgo, conta-nos que o vate, do alpendre da casa-grande da fazenda Santo Antônio, em que se encontrava em busca de cura para a tuberculose que o consumia, apontando para um morro que havia em frente, pediu fosse sepultado no seu cume. O seu anfitrião lhe fez ver que não seria possível tal escalada fúnebre. Licurgo pediu então para ser enterrado à sombra de uma frondosa pitombeira que até pouco tempo existia. Reginaldo Miranda acrescenta que os moradores da região conhecem bem onde fica essa cova humilde onde repousa o notável luminar das letras piauienses.”

Estive adoentado e um tanto indisposto, portanto, posto em sossego. Contudo, hoje me veio a vontade de escrever o indigitado poema, que fará o contraponto em versos a uma biografia da lavra de Chico Acoram. Estes textos e outros, em prosa e em versos, farão parte do seu livro “O menino, o rio e a cidade”, que contém crônicas, artigos e poemas, sobre variados assuntos.

Algumas crônicas são de caráter memorialístico. Os artigos versam temas históricos e biográficos, sendo que alguns, pela profundidade e tamanho, podem ser considerados pequenos ensaios. Os poemas, de diferentes estilos, alguns dos quais em cordel, fazem contraponto às biografias, o que me tornou a missão quase impossível. Eis o poema que hoje veio à tona ou à luz; ou seja, que aflorou ou minou da cacimba de minha inspiração já exaurida:

Licurgo de Paiva

As dores da alma e da vida

dissolvia no copo de bebida amarga

que mais dolorosas dores lhe infligia.

Os louros de glória

de há muito haviam fenecido

em sua fronte sofredora, contudo sonhadora.

Os espinhos da política mesquinha e medonha

coroaram esse Quixote apenas de vergonha

e de lanhos de chicote no cerne de sua carne.

Tísico, despojado, talvez, da esperança,

que outrora lhe sorrira, sonhava ser

inumado no cimo de um outeiro.

Até esse funéreo sonho malogrou.

Foi sepultado em cova rasa, sob a fronde

de altiva e exuberante pitombeira.

Ao menos a árvore não lhe negou

a sombra densa, verdoenga, e os louros

e confetes das ramagens.