MOÇOILA

MOIÇOLA

MOIÇOLA
De Wilton Porto p/Eliana Porto (esposa)

Num balde carcomido pelo tempo,
Encostado da casa, num canto,
Joguei os sacrifícios, o pranto,
E o que havia da vida em contratempo.

Enterrado está casório primeiro.
Cupido rodeia, me olha, namora.
A vida que é vida me enlaça agora.
Pressinto a flecha na mão do arqueiro.

Moiçola que olha embebida em desejo,
Arranca-me suspiros de noite e de dia.
Breve – eu sei – o abraço, o beijo,

A voz soando-me tal qual melodia.
Meu coração saltitando, o cônscio ensejo:
De ser o seu fulcro, o seu Sol, sua poesia.

Wilton Porto

DORAVANTE

DORAVANTE
Wilton Porto

Há, em mim, um braço amigo, amável, acolhedor.
um espaço onde a ternura se faz abrigo e todo dia revela alegria e luz.
Aqui, quem se aquieta, vive feliz, não conhece tristeza e nem dor.
É o mundo da paz, onde só o celestial reluz.

O amargo dente do desprezo e da insensatez não se afigura.
Fagulhas de solidão, medo, incompreensão não povoam.
Os morcegos, os presságios, as desilusões – a noite escura…
Para um lago cristalino, onde tudo se purifica, essas adversidades se escoam.

Venha, ria o riso doce dos consagrados!
Os meus mornos braços – abertos – formam o Paraíso em eterna espera.
Não se sinta mais um bichinho entre armas – acuado!
Doravante, nada de espectro da sua vida! Pode dar adeus às quimeras!