Sobre a obra Nguzu (*), de Marciano Gualberto.

(*) Ainda inédita.

O Guerreiro dos Sentidos

            Vencer não é necessariamente ganhar. Já dizia o clássico Balboa! Trata-se de quanto você aguenta as pancadas que a vida lhe oferece, sempre seguindo em frente e mantendo a integridade. Para vencer na vida, é preciso, antes de tudo, ter personalidade! Lutar pelo que acredita, cuidar dos seus, brigar quando preciso, não aceitar qualquer argumento, mas sim, os argumentos que realmente possam te adicionar algo de valor, ou ao menos aqueles que te façam refletir…

            Marciano Gualberto é mais ou menos assim, uma pessoa que persegue os desejos, enfrentando as dificuldades e ainda consegue sorrir, mesmo com todo o peso abstrato da existência. Ele se esforça, pois sabe que a vida não é apenas cor e canção. Sabe o que é perder, e é justamente por isso que valoriza até mesmo os pequenos detalhes e instantes de vitória. Ele costuma proteger os mais próximos e tenta fazer com eles sejam mais felizes, pois desta forma, ele também estará, mesmo no mais cinzento dos dias.

            Os seus ideais são a fortaleza que o fazem seguir em frente, mesmo que tenha às vezes que mudar de rota devido aos inúmeros precipícios ou armadilhas instaladas, mas que com a sabedoria e a persistência inerentes a este ser, essas armadilhas são evitadas e os precipícios se tornam nada, pois dependendo do dia, é capaz dele até voar de encontro aos sonhos e conquistas a realizar.

            Gualberto possui uma grandeza no coração, contida, muitas vezes, para que a sociedade, geralmente hostil e cruel, não se aproveite e o tente quebrar… E foram tantas vezes! No rosto, a pintura invisivelmente percebida ao mesmo tempo em carregar um escudo para se proteger das inúmeras pancadas. Mas sem se deixar perder… Até mesmo quando da corda bamba! Por isso mesmo não é todo mundo que esse cara deixa que faça parte de sua vida. E isso não é dizer que ele seja esnobe ou algo assim…. Ele apenas costuma ter cautela, pois sabe muito bem que máscaras existem… E muitas vezes o que reside por trás da fantasia de “eu amo o planeta” é algo que assustaria até mesmo ele, que muito já presenciou de podre e maldito nas pessoas. Porém, se ele enxerga sinceridade, se ele nota que a pessoa tem autenticidade, ele chama pra perto, tem como amigo e defenderá até a morte.

            A obra que você, caro leitor, terá nas mãos muito em breve, consiste no resultado de toda essa vivência, em meio às dores e turbulências, mas também é consequência de amores e gratas experiências que ele, Marciano Gualberto Andrade Nascimento Junior, historiador, professor e escritor, mas antes de tudo, sensível, pôde experimentar nestes seus 20 e poucos anos de idade, mas que apesar de ainda jovem, possui grande capacidade, no que condiz ao intelecto e tudo o mais que envolva os aprendizados dos quais passamos em meio às nossas mais que tortuosas e tenebrosas jornadas.

            Em “Luz Negra na Escuridão Branca” o poeta emite uma crítica voraz contra o mal que ainda hoje perdura, embora de forma mais velada, que é o racismo; no poema “Leito” fala sobre dor de ser sensível em meio a um mundo cada vez mais congelado; já em “Amor de Mãe” e “Dona Baiana” ele demonstra gratidão, tão importante para a construção de um caráter; o escritor também homenageia suas inspirações, a citar, em “Amor Nietzscheano”, “Amadeo Modigliani”, “March Bloch”, “Torquato”, “Deleuze”, “Luiz Gama”; em “Tenebrosa Insônia”, “Surtos da Alma”, “Orquestra dos Sentidos” Gualberto demonstra todo seu poder de resiliência e positividade, mesmo em meio ao caos e destruição; em “Plenitude Marginal”, dispara sua metralhadora carregada de tinta para uma sociedade cada vez mais cruel e hipócrita; “Engenhos da Alma” e “Espaço, memória e etnia” são bons exemplos do que pode surgir do casamento com a história e a literatura; em “Dores da Existência”, Gualberto crava sua espada de Guerreiro dos Sentidos nos causadores dos problemas sociais de nossa nação; seu lado romântico também é exposto em “Transcendência da Cabocla, “Boemia dos Seres”, “Semente”, dentre outras; e obviamente, não poderia deixar de citar a fé de Gualberto, que, inclusive, está estampada no título da obra mesclada às lutas da sobrevivência, em poemas – orações como “Kiuá Mutalambô”, “Sorriso de Lótus” e “Nguzu (Força)”.

            Porém é “Vermes Desgraçados” que mais sintetiza o seu poder de análise e crítica social, no que ao mesmo tempo é um golpe certeiro nos que se acham ou quase se dizem Reis (Kings), como ao mesmo tempo traz a mais alta das positividades, quando do seu trecho final e apoteótico, que é com ele que encerro por aqui este breve e humilde prefácio, ao dizer… Ou melhor, ao gritar:

– “Mais humanidade, por favor!”

Claucio Ciarlini (2020).

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