CONTRADITÓRIO

MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS – APAL CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA

Contraditório significa divergência, contradizer, ou seja, defender uma coisa e depois outra oposta do que havia dito.

Eu costumo argumentar: só não muda de ideia quem não as tem. Isso quer dizer evolução, se o mundo muda, eu também tenho que acompanhá-lo. A minha verdade de hoje pode não ser a de amanhã.

Estamos sempre estudando, pesquisando, passando por experiências, aprendendo e assim é natural modificar a maneira de pensar ou de agir. Portanto, engano considerar que mudar de opinião é ser volúvel. Considero um amadurecimento, um crescimento. Assim, muitos mudam de religião, de partido, de profissão após algumas reflexões e análises dos fatos.

Isso é comum acontecer também em relação a avaliação de pessoas. Às vezes costumamos achar alguém chata, orgulhosa e sem simpatia. Quando temos a oportunidade de conhecer melhor a criatura, passamos a elogiar, achar doce, inteligente e educada.

O contraditório pode ser visto inclusive no sentido jurídico como um direito fundamental da pessoa, e está consagrado no artigo 5º, inciso LV da Constituição: o devido processo legal tem como corolários a ampla defesa e o contraditório, que deverão ser assegurados aos litigantes, em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral.

Somos na verdade uma contradição. Tem dias que queremos meditar. Procuramos calmaria. Apreciamos a voz do silêncio. Outro dia estamos de agitação. Buscamos barzinhos, vozes, músicas barulhentas. E às vezes “engolimos um boi e outra nos engasgamos com um mosquito”.

Na poesia “Alma de Mulher”, encontramos o quão é contraditória a mulher Mãe: ela dá asas, ensina o filho a voar, mas não quer ver partir os pássaros, mesmo sabendo que eles pertencem ao mundo.

O sexo feminino, afirmando o tema em pauta, é meiguice e ternura, uma fortaleza que ora é fogo e água, frágil e corajosa, impulsiva e tranquila.

Nesse sentido o escritor baiano Gregório de Matos descreve muito bem a mulher e o contraditório no poema intitulado:

 A MESMA D.ANGÉLICA

Anjo no nome, Angélica na cara!
 Isso é ser flor e anjo juntamente.
……..
Se pois como Anjo sois dos meus altares.
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda.
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo que me tenta, e não me guarda

08.10.2020

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