
MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1 º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA
A vida é simples assim. Acordar, comer, trabalhar, divertir, dormir, e amanhã, tudo sempre igual. E a gente nasce, cresce, desenvolve-se e parte definitivamente, deixando saudades.
Em regra, as coisas acontecem nesse ritmo. Para sair da rotina os homens inventam, fazem atalhos ou prolongam o caminho. Desentendem-se, criam sentimentos dentro de si. Eu penso que Deus só criou o amor, a alegria, a amizade, o bom humor. O resto é coisa do ser humano. Ele inventa e não quer arcar com as consequências.
As cidades estão poluídas sem espaço para construção, sem estacionamento para carros. Por que o homem precisa de mais de um transporte? Por que ele quer uma casa na fazenda, outra cidade, outra na praia? Só temos dois pés. Mas temos uma coleção de sapatos. O homem nasce nu e vai adquirindo tantas roupas que um armário não basta e nossa bagagem vai aumentando. Ficamos pesados.
O certo era viajar com uma mala, mas levamos também uma sacola e voltamos com mais outra e mais outra. Ninguém fica satisfeito com o pão nosso de cada dia. A geladeira está cheia e o freezer também.
Essa vontade de mais e mais nunca se sacia. Cada dia adquirimos novos bens, as asas vão ficando incapaz de alçar voos. Sem voar não se pode ver a beleza do mundo, subir a montanha e olhar do alto, admirar o universo. Pesados, presos ao solo, bate o estresse, fica-se amargo e aquilo que era simples, complica-se. O que era doce perde o mel.
O que você não deixa ir, você carrega. Ponha na balança e veja o peso do rancor, da vingança, da vaidade, do desamor. O que você carrega te faz afundar se for pesado. Difícil é a conscientização de soltar, perdoar, de livrar-se.
O importante é descomplicar, deixar seguir, rir quando é para chorar, contar até três antes de se irritar, ficar leve ao máximo que puder, conviver com quem tem bom humor e tocar a vida. Simples assim.
30.09.2020.