APELIDO

MARIA DILMA PONTE DE BRITO111111
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS – APAL CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1 º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA

       Essa mania de ficar apelidando os outros eu imaginei que fosse coisa de interior. Visito sempre uma lugarejo piauiense e lá todo mundo tem uma alcunha. Interessante que nas minhas lidas encontrei um texto de Vinicius de Moraes dizendo que o gênio do apelido é uma virtude brasileira e quase carioca.

          Certos apelidos podem representar bullying, uma violência psicológica de xingamento causando humilhação e intimidação.  Deixam as pessoas magoadas e zangadas. Já outros são afetivos e carinhosos.  No texto de Vinicius de Moraes, percebi que alguns cognomes são às vezes receptivos. Ele cita o apelido de Girafinha dada a cantora Nara Leão por ter o pescoço espichado e segundo ele, ela até gostava de ser chamada assim.

          Na verdade tem apelidos que são dóceis e bem-vindos e pensei numa amiga que tenho, parece combinar com ‘Girafinha’. Será que ela aceitaria de bom grado ser chamada assim?  Já uma outra pessoa querida poderia ser apelidada de “Freirinha”, porque ela é muito religiosa. A denominação “Trifásica” pertence a uma criatura que parece uma corrente elétrica de três fases, sempre ativa. “Miss Bangu” caberia na pessoa que desfilou vestindo o tecido Bangu no auge da sua juventude. “Faceirinha”, seria qualificação dada àquela que fala fechando os olhos.  “Artista”, cabe muito também na companheira, que pinta, faz modelagem, toca flauta e teclado.  

          Apelidos podem ser formas amáveis e íntimas de tratamento. Conheço muitos casais que se tratam de “peixinhos”, “pompom”, “bebê”. Achei interessante uma matéria que li no jornal “O Globo” de autoria de Fernando Veríssimo dizendo que todo relacionamento para dar certo tem que ter apelido. Para ele isso seria uma forma de um tomar posse do outro. E enfatiza: “Pensar que uma união feliz produz apelido carinhosos, não procede. É o contrário: apelidos carinhosos produzem união felizes”. Esse artigo o autor termina dizendo que o único amor verdadeiro é o amor com apelido.

          E a proposito disso encontrei essa frase: “o teu apelido carinhoso, eu falo no pé do teu ouvido”. Isso, confirma as palavras de Veríssimo porque parece que certas qualificações aquece mesmo uma relação. Conheço também pessoas que não gostam de seu nome e preferem ser chamadas por apelidos.

          Moral da história: se é para apelidar alguém que seja com palavras doces e delicadas. Isso agrada e faz o outro feliz.

17.09.2020