MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS – APAL CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1 º OCUPANTE HUMBERTO TELES DE SOUSA
Um dia só da gente é aquele que o despertar não tem hora. Pode ser com a alvorada dos passarinhos ao amanhecer ou quando o sol está na linha direta para baixo, sombra curta, meio-dia. É acordar sem compromissos, deixando ser levado pela vida, fazendo o que o coração pedir e oque o desejo insinuar.
Travesseiros soltos, roupas pelo chão, o cheiro do café, a louça por lavar, tudo leve, revolto, sem apego, sem regras, sem medida, sem prescrição.
É bom um dia assim, desconectado do mundo e sintonizado com a natureza. Um banho de cachoeira, um passeio de barco, um simples meditar é um presente, se isso lhe dá prazer. Cada um entra na sua frequência individual, em sintonia com seu universo, viaja nas nuvens, visita planetas, fala com os anjos, mergulha em emoções.
Liberdade toda. Pensamento livre, fazer o que se deseja, abraçar quem preferir, rir com quem escolher, falar quando quiser, escutar o silêncio quando lhe aprouver, ler entrando pela noite sem se preocupar com o que se vai comer e muito menos de cumprir um dever.
O desapego do cotidiano é passageiro, é um dia só da gente. Um dia só. Necessário para organizar a bagunça de nosso interior. É aquele dia para conversar consigo, descobrir o seu eu, entender do que a gente gosta e fazer o que se quer sem pressão, sem cobrança e sem constrangimento.
É também um dia para se sentir saudade da mesmice, da casa organizada, do almoço na mesa, de tudo nos seus lugares. E o voltar da vida com os outros depois de se viver um dia só da gente, é prazeroso também.
A vida é assim, “tudo junto e misturado”, um dia sozinho e outro acompanhado, um dia de luxo e outro de modéstia, um dia isolado e outro na multidão, um dia de sonho e outro de pé no chão.
Um dia só da gente é bom mas é gostoso também fazer parte do mundão, se conectar na internet e assistir televisão.
15.09.2020
Academia Parnaibana de Letras 