MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS- CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1 º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA
DO LIVRO “O QUINTO” INÉDITO
Não era uma pedra. Apenas uma pedrinha. Ela estava no sapato. Incomodava, doía, machucava. Por comodidade melhor sacudir o pé pra cá e pra lá até ela se acomodar. Algumas passadas a mais e voltava a atormentar. Outra sacudidinha para a pedrinha se alojar.
Ela já estava tonta de tanto solavanco. Finalmente o dono do sapato resolveu sair de sua zona de conforto. Tirou o sapato e bateu com força no chão para se livrar da situação desagradável. Nem assim o pedregulho saiu porque agora ele estava irritado, queria se vingar. Permaneceu ali. E se divertia com os dedos se retorcendo querendo afastá-lo.
Na nossa vida temos também algumas pedrinhas nos tirando do sério. Sentimos a sensação que ela irá se encaixar e deixamos o tempo passar, franzindo a testa quando ela machuca, sofrendo quando ela maltrata. A pedra não vai virar algodão. O lugar dela também não é no sapato. Liberte a pedra, deixe de sofrer e tome uma decisão, antes que seja tarde e a pedra se zangue fazendo do seu sapato a sua morada.
O processo de livramento às vezes exige mais que uma batidinha do sapato no chão. Protelar não vai adiantar. Por fim no desconforto, é uma atitude sábia e precisa tão somente de atitude. Resolva o problema. Ou você está esperando que a pedra saia do sapato por vontade própria?
Essa história merece uma reflexão. Como a pedra foi parar no seu sapato? Será que foi você que pôs ela lá? O que precisa fazer para se livrar? Pedir desculpas? Provocar um diálogo? Esquecer o passado? Perdoar? Admitir que errou?
Por que postergar? Deixar para amanhã? Livre-se do que pode trazer mau humor e ferir os seus pesinhos. A pedra vai agradecer ao voltar a natureza. Liberte-a.
As pedras sempre estarão nas nossas vidas. Se não for no sapato é no meio do caminho.
“No meio do caminho tinha uma pedra”.
Livre-se dela.