1992, ruas de Sarajevo, Bósnia. (E ao som de Dry Count)
Sangue.
É tudo o que presencio neste momento mais que aterrador.
Um dia fomos chamados de soldados,
Éramos como heróis a levantar bandeiras e se exibir
Mas vejo que não passamos de meros assassinos…
Corpos espalhados,
Numa imensidão, que não há como não perder a alma no meio da contagem.
O silêncio é o que mais nos perturba agora,
A criatura que nos persegue, nos açoita,
Como que dizendo: Culpados!
Impotentes,
Sem conseguir responder ao insulto,
Tão frágeis, que desabamos de encontro ao inferno,
(Que, convenhamos, é de onde nunca deveríamos ter saído)
Discursos, discursos e mais discursos,
Entremeados em nossas estúpidas mentes mais que arrogantes
Discursos que nos levaram a matar, até sentindo prazer (vingança é a desculpa).
E com bastante remorso,
Percebemos…
O genocídio de nada mais, do que nossos próprios irmãos.
Heróis.
Claucio Ciarlini (2013)