1999, em alguma escola da Alemanha (E ao som de Real Life)
Idealize
As inúmeras canções que poderíamos cantar agora
Trancafiada nesta bendita aula de matemática,
Que mais parece é as entranhas do inferno
(e o professor, é claro, dispensa apresentação)
Pensando numa melhor maneira de escapar
Da tragédia que é a minha atual situação,
Mergulho nas lembranças tão presentes,
De sonhos a conquistar…
Mas logo esbarro,
Na imagem indigesta
De homens canalhas que tanto me magoam
De amigas ordinárias que quase sempre me traem
De pais egoístas que só conseguem enxergar os próprios umbigos
Enquanto o mundo parece continuar,
Tão perfeito (e tão hipócrita)
Que mesmo você (de longe aí, a me observar)
Não percebe a fina ironia a correr…
Não percebe
Que os momentos coloridos não passam de ilusão
E que a decepção, é a única coisa palpável …
O problema é que vivemos num eterno faz de conta!
Faz de conta que somos lindas e maravilhosas
Faz de conta que somos ricas e poderosas
Faz de conta que somos fortes e inalcançáveis
Faz de conta que cabemos com perfeição naquele vestido irresistível…
E nesse faz de conta, seguimos.
É quando minha doce viagem chega ao fim,
No desagradável instante
Em que o Diabo me acorda.
Claucio Ciarlini (2013)
Academia Parnaibana de Letras 