Por Breno Brito*
Com a quarentena percebemos que somos capazes de sobreviver sem futebol, sem festas, sem viagens, sem idas a restaurantes ou a shoppings. Por outro lado, esse período tem nos mostrado o quanto a cultura e arte são essenciais em nossa vida. Afinal, cumprindo o isolamento social em casa, o que seria de nossa sanidade mental se não fosse o tempo ocupado assistindo filmes, séries, novelas, ouvindo música ou lendo livros?
Em momentos catastróficos a arte é revigorante. Exemplo concreto disso foi o que ocorreu durante a Grande Depressão. Em, 1929 os Estados Unidos passaram por uma das maiores crises de sua história. Bancos quebraram, empresários faliram, o desemprego atingiu índices altíssimos e a economia ficou em ruínas.
Nessa época o presidente era Franklin Roosevelt. Diante de um cenário avassalador seria um absurdo que o presidente investisse parte do limitado orçamento público em algo aparentemente supérfluo e não prioritário como a arte, não é mesmo? Não para Roosevelt. Ele sabia que em períodos difíceis tão importante quanto estimular a economia é cuidar da sanidade mental do povo. Afinal, gente deprimida, angustiada e desmotivada não pode contribuir ativamente para a construção de um país
Roosevelt elaborou um plano de governo chamado de New Deal que incluía, além de medidas para estimular a economia, um extenso programa de incentivo a diferentes modalidades de artes. O Federal Art Project contratou milhares de artistas, promoveu centenas de exposições, revelou talentos como Jackson Pollock e ainda ajudou o país a superar a crise.
Em momentos de calamidade tendemos a ficar fragilizados e angustiados. E a arte tem um poder redentor. Vejamos:
– A arte colore e alivia a dura realidade como uma forma de lazer e entretenimento, um escape ora divertido, ora reflexivo, ora estimulante.
– A arte auxilia a lidar com sentimentos desagradáveis. Artistas são especialistas em se inspirar no caos. Em suas obras, muitas vezes os artistas captam o cenário como uma guerra, uma crise, uma dor. Ao ver sua realidade e suas emoções retratadas nas telas ou livros, a população pode lidar melhor com seus sentimentos como angústia, medo, insegurança e ansiedade.
– A arte estimula as pessoas a serem mais criativas. Estudos indicam que o contato com a arte e a literatura aumenta a criatividade e a empatia do público, ao mesmo tempo que pode reduzir o estresse e atenuar a solidão
Portanto, ao passo que os cientistas ainda não desenvolveram uma vacina contra o corona vírus, os artistas vão nos anestesiando com histórias que nos divertem, textos que nos motivam, cenas bonitas que nos inebriam ou melodias que tocam a alma. E enquanto se discute se a cloroquina salva ou não salva, se o lockdown salva ou não salva, de uma coisa não temos dúvida: A ARTE SALVA!
*Breno Brito – Publicitário, Professor, Escritor – Ocupante da Cadeira nº 5 da Academia Parnaibana de Letras – Contato: falecomigo@brenobrito.com