De educadora a administradora: uma trajetória de fé e resiliência!

E se durante toda a vida, você tivesse passado por enormes dificuldades, muitas vezes até contemplando o abismo, tendo que se reerguer das maiores perdas, armadilhas e traições, porém, mesmo assim, demonstrando, ao fim de cada ciclo de dor, que a sua fé em Deus se tornou ainda maior?

Há cerca de oito anos, eu tive a honra de conhecer alguém assim, que já vivenciou os piores cenários, desde a infância, e, ainda assim, não permitiu que o seu coração congelasse e nem tão pouco que os seus sonhos fossem reduzidos a pó.

Estou falando de Rosilda Sales Dias, nascida em Parnaíba, na data de 24 de dezembro de 1961 e que possui uma história de vida, das mais desafiadoras. Filha de pais separados, logo ao nascer, tendo sido criada por seus avós até os sete anos, mas que em razão de um lamentável ocorrido, sua vida foi novamente alterada, e para pior: Aos sete anos, meu avô morreu, e fui morar com uns tios meus em Teresina, onde sofri bastante. Para completar, quando eu estava lá, com doze anos, recebi a notícia da morte do meu pai, o que fez com que minha situação piorasse mais, pois além das minhas perdas ainda muito nova, minha tia havia dispensado todos os empregados da casa e me colocado para trabalhar no lugar deles.  Para você ter uma ideia, eu com dez anos, não poderia estudar à noite, mesmo assim ela me colocou para estudar nesse turno! Só quando o pessoal descobriu, é que fizeram com que ela me colocasse para estudar durante o dia.

Porém dias mais felizes estariam por vir, principalmente quando do regresso à Parnaíba: Fiquei em Teresina até os 14 anos, depois voltei e vim morar com minha mãe, pois ela tinha conseguido comprar uma casa no Bairro Santa Luzia, e certo dia, quando tinha meus 14 pra 15 anos, fui no comércio perto de casa comprar uns picolés pros meus irmãos e lá estava o Nery: foi paixão à primeira vista!  Todavia, não foi tão fácil, como relata Rosilda:  Na época tinha um fazendeiro que tinha pedido minha mão em casamento, e minha mãe tinha aceito sem que eu nem soubesse e daí ela se zangou bastante comigo, até me bateu muito e quando Nery descobriu, pediu para que eu fugisse com ele. Eu brinquei, falando que fugir não, mas para casar eu aceitaria! Para que? No outro dia ele já estava com meus documentos atrás do fórum, queria casar logo padre e civil. Só que como eu era de menor, minha mãe tinha que assinar. Ela não queria, mas meu irmão, sem eu saber (vim saber há pouco tempo numa reunião de família), tomou a frente e disse para o Nery que eu iria casar, mas que ele tinha de deixar eu estudar até concluir o ensino superior, pois como sempre ele dizia, a pessoa só se torna alguém na vida, se tiver um curso superior, e ele está certo! Sou muito agradecida ao meu irmão, assim como aos demais irmãos.

Rosilda me relata que muitos pensavam que o casamento nunca duraria… Profecia que não se concretizou, pois no último 24 de setembro, eles comemoraram 38 anos de casamento! No que ela declara: Nery, melhor pai do mundo, melhor marido do mundo, é tudo pra mim! Sempre tivemos uma vivência maravilhosa e pacífica!

 Depois do casamento, Rosilda concluiu os estudos básicos e ingressou na faculdade. Em meio a esse percurso, com 16 anos, engravidou de Adriano, sete anos depois veio Hielly, e oito meses após nasceu Diony.

O primeiro curso que passou, de Administração na UFPI, iniciado em 1999, acabou não concluindo, tendo cursado apenas dois anos, mas revela que pôde aprender bastante: as lições aprendidas me servem até hoje. Fez curso técnico de enfermagem, no que trabalhou por um período de quase três anos no hospital Nossa Senhora de Fátima. Em seguida foi fazer Pedagogia, ao mesmo tempo em que chegou a trabalhar também no escritório do Doutor Antonio Tomás durante alguns anos.  Nesse período da faculdade, surgiram também outros trabalhos, como descreve: eu consegui algumas portarias, através da ajuda do meu irmão, na época do Paulo Eudes, também com o professor Iweltiman, que foi meu professor na faculdade, e comecei a trabalhar na Educação, fazer pedagogia e comecei a ser diretora, no que Rosilda compartilha: A primeira vez que fui diretora numa escola, foi na Mário Reis. No primeiro dia, fiz uma reunião na sala de aula com todos, e não cheguei impondo, mas querendo que todos trabalhassem juntos e compartilhassem suas ideias.

Rosilda passou também a ministrar aulas: comecei também a dar aula na Educação de Jovens e Adultos, foi aí que eu me apaixonei de vez pela Educação, ao ensinar para aqueles senhores e senhoras, bem de idade mesmo, de 50, 60, 70… Daí quando eu me formei, recebi um convite para dar aula no ensino superior pela primeira vez, foi em São João do Piauí, através da professora Josimeire, que era dona de duas faculdades. Quando eu cheguei lá, estava abrindo curso de pedagogia, era tanta gente que foi preciso transferir a aula para um auditório! Eu saí de lá no dia seguinte sem voz!  Para você ter uma ideia, antes de iniciar, eu fui ao banheiro e fiz uma oração pedindo a Deus que me concedesse força! A disciplina foi Educação de Jovens e Adultos! E Graças a Deus, os alunos depois assinaram um papel, pedindo para que eu fosse novamente com outra disciplina, e a partir daí fui trabalhar também em outras faculdades e cidades. Cheguei a ministrar aulas todos os finais de semana, foi onde fui juntando um dinheiro pra comprar meu carro… Foi um momento muito corrido e muitas vezes tive de passar dias longe de casa, mas também de muitas lembranças boas.

 Nas eleições de 2004 e de 2008, época dos dois últimos mandatos do prefeito José Hamilton, Rosilda foi candidata a Vereadora, mas segundo ela: no primeiro, eu consegui apenas ser suplente de vereadora, no segundo, a porca comeu por completo! (risos)

Embora a sua carreira política não tenha deslanchado, a fez ficar bastante conhecida em vários locais de Parnaíba. E unindo isso, aos trabalhos já desenvolvidos por ela na Educação como Gestora e professora, Rosilda recebeu no ano de 2009 uma missão deveras importante, através de um amigo e professor, dono de faculdade: abrir turmas em Parnaíba e atuar como coordenadora de polo: abri duas turmas aqui, uma em Luís Correia, outra em Chaval. Tudo transcorria bem, até que no ano de 2011, veio o falecimento dele, o que a deixou numa situação complicada, pois: as pessoas que se matricularam na faculdade, se matriculavam comigo, confiando em mim, eu tive então que procurar outra faculdade que aceitasse a transferência destes alunos, ou seja, tive que “assumir” as turmas… Não foi fácil, mas consegui!

Rosilda seguiu então, coordenando as turmas, porém o ano de 2013 traria a mais difícil das tragédias e adversidades que ocorreram em sua vida: a perda do filho mais velho, Adriano, pelas mãos da violência. Fato que a mergulhou por um período em depressão, mas que com seu grande poder de resiliência e de sempre encarar os fatos ruins como uma lição, logo conseguiu se levantar e seguir lutando por seus sonhos, no caso, o de ter sua própria faculdade: Eu sempre dizia para o meu marido, que o meu sonho era abrir uma faculdade e ele já tinha comprado um terreno aqui perto da minha casa, só que achávamos muito pequeno, porém estudamos melhor as possibilidades e vimos que era possível construir.

A partir daí veio a construção e todo o processo junto ao MEC e à Prefeitura para a regulamentação da faculdade que foi batizada de FAESPA e que teve sua inauguração no mês de agosto deste ano.

Uma das maiores qualidades de Rosilda Sales, e eu arriscaria em dizer, a melhor, é a generosidade que possuí para com todos que a cercam, seja família, amigos ou funcionários. Ela trata a todos muito bem, de forma igual, e busca a todo momento criar um clima favorável entre, por exemplo, os que fazem parte de sua faculdade, não suportando, obviamente, os egoístas ou aqueles que se achem melhores que os outros: Não é porque você ganha um cargo de confiança, que você vai querer ser melhor do que o outro. Andar com nariz empinado, achar que está andando em tapete vermelho e pisar em cima das pessoas. Todo mundo é de carne e osso, tem sentimentos. Eu sou feliz dessa maneira, tratando todo mundo igual, eu não faço diferença com ninguém. É assim que trabalho, é como ajo com minha equipe.

Perguntada de onde vem todo esse espírito de humanidade e força de vontade de lutar pelos seus e ainda carregando um pensamento positivo, ela diz: Quando eu era pequena, eu não recebi ajuda de ninguém. Eu tive que trabalhar nas casas dos outros e onde sofri muito. Eu não tive infância. E hoje me sinto muito bem quando consigo ajudar as pessoas. Acredito na mudança positiva que pode acontecer às pessoas, até àquelas mais egoístas e não tenho ódio de quem um dia já me traiu, me fez mal, tenho no máximo pena.

Essa incrível Educadora, Gestora, Administradora, Mãe e tantos outros adjetivos do bem, pertencentes a ela, segue agora com novos sonhos, dentre eles, a vinda de mais netos, no que aproveita para tecer inúmeros elogios aos que já tem, que são: Rodrigo, Rebeca e Stéfany. Também confessa que: o foco agora em termos profissionais é cada vez mais ampliar a faculdade, trazendo mais cursos e desta maneira poder ajudar mais pessoas a conquistarem a Graduação e a Pós – Graduação.

No que concluo essas linhas, desejando a amiga Rosilda a conquista de todos esses sonhos, de outros mais, e que seus dias estejam sempre acompanhados de intensa paz, luz, amor e, se possível, ao som de Roberto Carlos, pois como o próprio diria:

“Se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi!”

Claucio Ciarlini (2018)

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Um comentário sobre “De educadora a administradora: uma trajetória de fé e resiliência!

  1. Como gosto de ler histórias de vida de pessoas que na luta da vida se fortificaram cada vez mais até chegar ao sucesso realizando muitos sonhos,!
    Aprendendo a realizar seus sonhos passaram a sonhar realizando o sonho de outros!
    Parabéns ao escritor Claucio e a Rosilda,mulher guerreira e que hoje se dedica a construir sonhos.

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