Do Pimpão ao Central: conversa boa, piadas e jogos de dama!

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Já passa das 9h da manhã de um sábado ensolarado! Entro no Salão Central, como faço há 13 anos, e encontro os três barbeiros de costume; jogando uma partida de damas, dois senhores, que enquanto mexem as peças do tabuleiro aproveitam para conversar sobre o jogo do Parnahyba e sobre política. Sento na cadeira do barbeiro mais antigo, conhecido como Caçula, e de gravador mp3 na mão peço permissão para conhecer um pouco de sua vida e da barbearia onde trabalha. Risonho, como sempre, e antes de mais nada, ele me conta uma piada, uma de suas marcas registradas. Depois do ambiente ficar mais descontraído, relata: “Meu nome é Francisco Rodrigues do Amaral, sou de 27 de maio de 1928, nasci em Luís Correia. Tenho quase 80 anos de batalha!”. E sua vida realmente não foi das mais fáceis, em 1957, aos 30 anos, já casado e com filho, Caçula precisou sair de Luís Correia para Minas Gerais por problemas de saúde de sua esposa: “por questão de força maior, fui para lá, pois minha esposa estava doente, porém não fui feliz, pois ela acabou falecendo naquela localidade”.

       Caçula passou três anos e meio fora do Piauí e quando voltou, já viúvo, recebeu o convite de seu irmão João Rodrigues do Amaral, mais conhecido como Teixeira, para trabalharem juntos numa barbearia na cidade de Parnaíba. Depois de um tempo trabalhando juntos, tiveram que se separar devido ao dono do Ponto, em que se localizava a barbearia, ter vendido o prédio para outra empresa. Teixeira então foi trabalhar com um barbeiro chamado Valentim e Caçula passou a exercer a mesma função numa barbearia de Manoel Nonato, na época conhecida pelo nome de Pimpão. A barbearia, que se localizava em frente à Praça da Graça, e ao lado do Banco do Nordeste (onde hoje é um estacionamento), na década de 60 e 70, foi uma das principais na cidade, personalidades das mais variadas cortaram cabelo ou fizeram a barba, ou as duas coisas, indivíduos que hoje são deputados, juízes, jornalistas, prefeitos etc. Caçula recorda também dos outros três barbeiros da época em que foi para o Pimpão: “tinha mais três barbeiros quando cheguei: o Toim, João Machado  e o João Gomes”. Ainda na década de 60, o dono do estabelecimento Pimpão, que alugava para Manoel Nonato, resolveu transferir o mando de aluguel para Caçula, fato que causou certa estranheza para com os outros que ali trabalhavam, pois Caçula havia chegado por último na barbearia. Sem muitas explicações por parte do dono do estabelecimento, o Pimpão passou a ser administrado por Caçula que, passado um tempo, resolveu dar uma “cara nova” ao local: “turma, vou fazer uma reforma no Pimpão; vou botar um ar condicionado e uma parede de vidro, e também queria que a gente passasse a usar uma jaleca”.

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       A tentativa de tornar o Pimpão mais bem visto passou a ser encarada por alguns como exagero, e o clima que já estava um tanto diferente com a alteração do administrador, ficou ainda mais com as mudanças sugeridas por Caçula. Com o decorrer dos dias, os clientes passaram a elogiar as mudanças e os ânimos melhoraram, logo também Teixeira, o irmão de Caçula, volta a trabalhar com ele, porém, na década de 70, o dono do ponto onde localizava-se o Pimpão, o vende, e a barbearia passa a funcionar na rua Duque de Caxias, exatamente por trás de onde era, “viramos o quarteirão”. Nesse local o Pimpão durou 14 anos, até no fim dos anos 80, quando o barbeiro se viu tendo que mudar de endereço mais uma vez, pois o dono do ponto da rua Duque de Caxias pediu para que todos saíssem, dando prazo de um ano. Alguns anos antes, em 1984, Caçula sofreu mais um golpe na vida, seu filho de 10 anos, fruto de seu segundo casamento, sofre um acidente na escola ao cair de um brinquedo, bate a nuca e vai às pressas para o hospital, Caçula lembra de como foi naquele dia: “cheguei ao hospital e o médico me informou que meu filho já havia chegado morto”. Como sempre foi de tratar todos bem, Caçula encontrou amigos que o confortaram e lhe ofereceram ajuda financeira, nesse momento tão difícil. Com uma força ímpar, ele levantou a cabeça e seguiu em diante, como poucos fariam…

       Já no início de 90, a barbearia passa a funcionar, onde existe até hoje, na rua Marquês do Herval (em frente à loja Macavi), e passou a ser chamada de Salão Central; eram novos tempos, a cidade havia mudado bastante desde a época de 60, os barbeiros  viram a necessidade de alterar o nome, o que na ocasião não agradou a todos, porém, os tempos evoluem, e assim como na época do Pimpão, que houveram mudanças físicas, como o ar condicionado, por exemplo, a barbearia deixou de ser Pimpão e passou a se chamar Central, mas a boa conversa, as piadas e os jogos de dama permaneceram intactos, assim como a parceria dos irmãos, Caçula e Teixeira, acompanhados por João Batista do Amaral, que desde o Pimpão já era parceiro deles no serviço. Amaral, como costumam chamá-lo, é filho de um irmão da dupla, o Sr. Albino Teixeira.  Quando João Rodrigues do Amaral, o Teixeira, teve que se afastar por motivo de saúde, seu filho, Francisco das Chagas Amaral, assumiu a  cadeira do barbeiro; Chagas como é conhecido, já havia trabalhado  no Pimpão só que deixou a profissão para se aventurar em outros ofícios, voltando então quando do afastamento do pai  Teixeira, que em 2007 faleceu, deixando saudade a todos que o conheceram.

       Nesse instante a lâmina é passada pela última vez em minha face, a cadeira é levantada e ao abrir os olhos encontro alguns senhores esperando para cortar o cabelo. Pergunto para um deles, Marcos Barreto, cliente fiel da barbearia desde a época do Pimpão, que me explica o por quê de nunca ter deixado de fazer a barba e o cabelo com os irmãos Teixeira: “sou Cliente desde a época do Pimpão, e sempre cortei com eles devido o bom atendimento, e a amizade que tenho para com esses senhores”.  O rádio é ligado nas notícias e enquanto a conversa rola solta no recinto, me despeço dando um até logo, e prometendo regressar para ouvir mais histórias, sorrir de mais piadas e, quem sabe, até ter a honra de jogar dama com algum conhecido um dia na barbearia que faz parte da cultura e da história da cidade, como bem Caçula finalizou: “até quando Deus permitir”. E ele vai, pode ter certeza que vai.

Claucio Ciarlini (2008)

Comece uma dieta visual

Por Breno Brito*

Já ouvimos muito a expressão “você é o que você come”. Mas você também é o que você vê. É importante que reflitamos sobre isso. O que você come impacta na sua saúde física. O que vê você impacta na sua saúde mental. As imagens que você vê ao longo do dia, cada uma delas, fazem você se sentir de uma determinada maneira.

A primeira foto que você olha nas redes sociais de manhã, as cenas de violência dos jornais de cultura popular até as séries de Netflix que você assiste, todas essas imagens afetam o seu psicológico e, consequentemente, o seu bem-estar. Consumir um repertório de conteúdo visual negativo, baseado em violência, esteticismo exibicionista, luxúria, ostentação e futilidades é extremamente prejudicial à saúde mental.

O crescimento de redes sociais com apelo imagético, como Instagram e TikTok por exemplo, nos alertam para o quão estamos excessivamente focados na aparência. Por isso, uma atenção especial para o impacto das imagens que consumimos nesses tipos de canais. O Instagram está repleto de perfis de mulheres que exibem seus corpos sarados, roupas de grife, bolsas chics, jóias, viagens com paisagens paradisíacas, ou homens ostentando carros de luxos, bebidas caras, enfim, perfis que mostram uma vida tão legal que faz você se sentir frustrado.

E quem alimenta esses perfis acaba também por se tornar refém dessa cultura da imagem. Uma jovem no padrão de beleza cultuado pela sociedade que posta uma foto de biquíni e percebe que esse tipo de foto gera milhares de curtidas, acaba por se empolgar e torna a continuar postando fotos exibindo seu corpo, podendo até deixar de lado os estudos. Ou seja, deixa de nutrir o cérebro para alimentar o ego, a vaidade e possuir a falsa sensação de que é amada por todo mundo.

Fora tudo isso ainda temos que lidar com o fake fotográfico: a falsidade de fotos manipuladas por aplicativos de edição, que eliminam “defeitos” naturais e criam corpos, rostos e sorrisos impecáveis, que na verdade não refletem a realidade, mas parecem iludir os seguidores, que despejam uma enxurrada de comentários elogiosos. “Perfeita, “zero defeitos”, são expressões que podem mandar mensagens negativas e perigosas para pessoas que têm dificuldade em aceitar o seu corpo ou que se sentem rejeitadas por não terem a beleza estereotipada como ideal pela sociedade.

A artificialidade é absurdamente perigosa porque basicamente diz para as pessoas que elas não são tão boas do jeito que são. Compartilhar uma vida demasiadamente focada em demonstrar uma aparência irreal pode ser prejudicial à saúde. Artistas, celebridades, influencers deveriam pensar com mais cuidado o jeito que se expõem, porque isso afeta as pessoas, principalmente os mais jovens. E isso pode acarretar em problemas mentais de saúde sérios, desde a depressão e ansiedade até a disformia corporal.

Daí a importância de se praticar uma dieta visual. Ou seja, filtrar aquilo que você vê. Comece a perceber imagens que acionam gatilhos emocionais, ou seja, imagens que fazem você se sentir deslocado, culpado ou envergonhado por ser quem você é. Evite imagens que provocam ataque de ansiedade ou causam a sensação de frustração. Reflita sobre o tipo de conteúdo que você segue nas redes sociais. Modere no consumo de perfis que só mostram uma vida de beleza, ostentação e felicidade. Isso na grande maioria das vezes não é real.

Fazer dieta visual significa consumir imagens mais alegres, tangíveis, verdadeiras e saudáveis. Passe a observar imagens que são espontâneas, que transmitam autenticidade, que sejam mais próximas da sua realidade. Porque no fim das contas, tudo bem em ser você mesma. E ter a consciência disso vai te fazer se sentir mais leve.

Não deixe para segunda-feira. Comece uma dieta visual agora.

*Breno Brito – Publicitário, Professor, Escritor – Ocupante da Cadeira nº 5 da Academia Parnaibana de Letras – Contato: falecomigo@brenobrito.com

Aqui é o meu lugar…

DO LIVRO “O QUINTO”- INÉDITO
MARIA DILMA PONTE DE BRITO – APAL CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA

Um fato marcante para o mundo ocorreu no dia 30 de maio de 2020 quando a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço – Nasa, agência americana, mandou para o espaço os astronautas Doug Hurley e Bob Behnken. Importante frisar que, diferente dos anos 70 que o homem foi a Lua, agora a corrida espacial é para colonizar Marte. 

       Faz tempo que Fernando César, compositor português autor da letra Macianita, espera um broto de Marte que seja sincero, que não se pinte, nem fume nem saiba o que é rock and roll. Agora parece estar mais perto. Stephen Petranek, autor do livro How We`ll Live on Mars (Como viveríamos em Marte), acredita que em 2027 estaremos em Marte. Planeta rico em oxigênio, tem água em sua superfície e tem condições favoráveis ao surgimento de vida, segundo estudos realizados pela Nasa.

Elon Musk, afirmou no Twitter que em 2050 o planeta estará habitado divulgando detalhes de como ele, o excêntrico bilionário, vai colonizar o planeta vermelho, criando uma cidade futurista com “muitos empregos”.

E se realmente for um planeta habitado como seriam esses seres? Mais inteligentes que os humanos? Qual seria a forma de comunicação com esses extraterrestres? Eis a questão.

Você está pronto para essa viagem? Vai trocar esse nosso pedacinho de céu que apesar de ser muito atrapalhado tem suas peculiaridades e belezas exuberantes?

Pois eu vou ficando por aqui. Aqui é o meu lugar. Poderia até ir e voltar depois que a COVID – 19 do planeta Terra se afastar.