*Nailton Rodrigues.
Chore minha terra
Minha terra chora.
Minha terra chora e seu choro é quente
Chora aos berros em um soluço ardente!
Chore minha terra
Minha terra chora
Minha terra chora e seu soluço é seco
Chora lágrimas barrentas
Como suas águas ao molhar o medo.
Chore minha terra.
Minha terra chora.
Chora “sem motivo”, chora.
Até que se sinta o cheiro.
Cheiro de um choro.
Cheio de chances de se chorar só
Como o velho que perde a rede,
Perdeu o peixe
Por falta de nó.
Minha terra beira à morte.
Minha terra, flor do Norte.
Minha terra tem de tudo.
Trago em meu peito o bronze escudo.
Minha terra chora
E nós a fizemos chorar.
Minha terra seca e nós negando
A plantar.
Minha terra viva, não será matada!
Morrida, se Deus a mandar!
Minha terra chora.
Minha terra me chama: “Tomai o pano de prato, venha me consolar”.
Relicário.
*Nailton Rodrigues.
Criei simples relicário e pus suas palavras.
Os seus sorrisos, seus olhares.
Era tão simples, mas tão belo, corria estradas.
De suas lembranças, só milhares.
Pus também os nãos
Rudes cores mágicas
Sem usar as mãos
Só usei minhas lágrimas.
Mas houve um problema a se resolver.
Tornou-se imenso
Muito pesado, contendo desgosto e prazer
Sem queimar incenso.
O relicário tinha vida, mais até que o coração!
Tinha voz, tinha usura.
O relicário era vida, era morte, era intenção.
Tinha “Nós”.
Tinha amargura.
*Nailton da Silva Rodrigues, estudante do curso de História no campus da UESPI em Parnaíba. Em 2016, como estudante do ensino médio na Unidade Escolar Edson da Paz Cunha em Parnaíba, foi medalhista de prata na Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa.