Olho para o céu. Azul. Azul da cor do céu. Azul da cor do mar. Continuo olhando. Sem piscar. Uma pequena nuvem branca esfumaça. Vai-se, o céu continua azul.
Não é azul que me interessa. Não é nuvem esfumaçante que prende meu olhar. Olha para os voantes. O urubu, o albatroz, a águia, o pernilongo, o ultraleve, o avião, a borboleta.
O urubu paira no ar. O albatroz sobe e desce, procurando onde nidificar. A águia observa do alto os detalhes da terra. A borboleta bate suas asas coloridas. Voa a andorinha, vou o pernilongo, voa o homem.
O homem voa com asas de ferro. O ultraleve é um voo quase perfeito. Ele não tem paredes. Sentimos a sensação de ser pássaro.
Paraquedas. O homem voa livre antes de abrir. Num “salto” de dois mil metros, o paraquedista cai livremente cerca de um mil duzentos e cinquenta metros.
Abro minhas asas. Voo. Voo sem tirar os pés do chão. Olho do alto. Chego a trinta e sete mil pés. Voo dos sonhos, voo da imaginação. Do alto vejo o azul do mar, o negro, a luz, vejo a paz, vejo a guerra. Estou alta, bem alta. Sonho. Sou pássaro, sou homem, sou anjo, sou gente, sou bicho.
Gravidade deixa-me voar. Deixa-me subir. Segura-me no espaço. Quero testar minhas asas. Um minuto no ar. Dois minutos, três. Caio. Só cai quem voa. Quem tira os pés do chão. Bem mais difícil do que voar é aterrissar.
Fecho os olhos. Concentro-me. Nada mais escuto. Levito.
Retorno ao solo. Procuro asas. Olho para o céu azul. Estou arraigado a terra. Voa os pássaros, as aves, voa o homem com asas de ferro.
Olho o céu azul. Vejo-me entre as nuvens. Sou homem – pássaro. Voo em pensamento.
Querer é poder.
DO LIVRO “O QUINTO” INÉDITO
MARIA DILMA PONTE DE BRITO APAL
CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1ºOCUPANATE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA