O MOMENTO PEDE ORAÇÕES PELO NOSSO BISPO E PELO PAÍS

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Na manhã desta sexta-feira 15 de maio foi divulgado nas redes sociais um comunicado do Bispo da Diocese de Parnaíba informando ter testado positivo em um exame para diagnosticar a COVID -19. Em seu comunicado Dom Juarez informa que “tendo percebido sintomas leves, pedi para realizar o exame da COVID-19, cujo resultado foi entregue no dia 12-05-2020 com diagnóstico positivo. Sigo em Isolamento Domiciliar, em recuperação, com sintomas leves, cumprindo todas as orientações médicas, em vista do cuidado comigo e para com os outros”. O bispo disse ainda que “gostaria de reforçar a orientação de que todos possam cumprir as recomendações das autoridades públicas/sanitárias no tocante ao enfrentamento da PANDEMIA DO CORONAVÍRUS – COVID-19”. Pediu que intensificassem orações por ele, por todas as pessoas, pelas famílias e notadamente pelos enfermos e pelos profissionais da saúde, e ainda afirma que o vírus “é um inimigo invisível e traiçoeiro”, e termina seu comunicado citando o evangelho de São João (10.10) que diz “para que todos tenham vida”.
Já ao final da tarde de hoje tomamos conhecimento do falecimento de Frei Moisés Siqueira, em Fortaleza – CE também vitima do COVID-19. Frei Moisés que serviu aqui Parnaíba na Paróquia de São Sebastião dos frades capuchinhos e era muito estimado pela comunidade parnaibana encontrava-se internado no hospital da UNIMED M 33 na capital cearense e veio a falecer hoje por o volta das 13 horas.
Ao nosso bispo Diocesano Dom Juarez, às pessoas que estão em tratamento nos hospitais, aos médicos, enfermeiros e todos que operam na saúde em nosso país,vamos nos unir em orações para que todos se restabeleçam e que o governo brasileiro encontre o mais rápido possível uma maneira de controlar esta pandemia para que a vida volte a se normalizar no país. Aos que infelizmente vieram falecer, especialmente ao nosso querido Frei Moisés, que Deus os recebam na Gloria Eterna bem assim que possa dar o conforto aos seus familiares. Pedimos também para que Deus ilumine a mente de nossos representantes políticos para que haja uma união nacional, esqueçam as divergências políticas expulsando esse “ladrão” (coronavírus) “não vem senão para furtar, matar e destruir”, e sigam o ensinamento de Cristo quando diz “eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância.” (São João 10.10 )

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Postado por Antonio Gallas Pimentel
Cadeira 35 da APAL
Patrono:Dom Paulo Hipólito de Sousa Libório 
1º  Ocupante: Rubem da Páscoa Freitas

O progresso que desumaniza: Beira Rio

Capitulo 4: Beira Rio

O passado

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As ruas são os nossos sentimentos… E o carro, ah, o carro é a armadura que reveste nossos tolos corações, a mil batidas entusiasmadas e eufóricas! Juntos, eu e mais quatro amigos de infância (e em plena adolescência), percorremos a cidade de Parnaíba, pela noite, a procura de lugares e situações que possam alimentar os nossos mais jovens desejos: de sorrir e de se divertir “aos montes”.

Depois de trafegar pelas praças, avenidas e bairros, num clássico Monza, e ao som do rock brasileiro e do gringo, com nossas mentes leves, cantando – para todos e para o vento – canções de lealdade, mexendo com os casais de namorados, com os ciclistas e tantos outros, alcançamos a Beira do Rio – Point da garotada – lugar onde a “noitada” começa, para em seguida, e dependendo de cada tribo, despencar a procura: da boate, da festa de rock, do barzinho, da praia.

E eis que, ainda na Beira- Rio (e já ao final dela, a parte menos iluminada), nós avistamos alguns indivíduos, em atitude um tanto suspeita, protegidos pela ausência de lâmpadas e postes de luz, tentando disfarçar e esconder um cigarro, porém, sem sucesso, pois num ambiente tão escuro como esse, a brasa fica difícil de não ser notada.

Um dos meus amigos, o mais “louco”, resolve colocar a cabeça para fora e gritar obscenidades… Foi o suficiente para que os ocultos indivíduos, talvez por pensarem que pudesse se tratar da policia, logo se amedrontem, rebolando o cigarro em direção ao rio…

Os dias atuais

Dirijo em direção a escola onde ensino. É noite, e carrego na alma um profundo sentimento de pesar… Há apenas dois dias, eu perdi um aluno: Mais uma vitima do envolvimento com drogas. Porém, antes que eu possa chegar a Unidade Escolar, e por ainda ter alguns minutos antes que o turno inicie, eu resolvo seguir em frente e alcançar a “velha” Beira Rio.

Como é inicio de noite (e de semana), a juventude que geralmente freqüenta a Beira Rio, não se encontra, presencio apenas as ruínas do que um dia foi o Clube Igara. Avisto uma AABB quase que abandonada, como também alguns bares “das antigas” e outros que nem existiam na década de 90.

Lembro dos meus amigos, e de como (hoje) cada um vive a sua própria vida, em sua própria cidade, em seu próprio ritmo, sua própria freqüência, em seu próprio progresso: intelectual, profissional e pessoal. Um sentimento nostálgico percorre o meu ser, pensando em como seria bom entrar novamente naquele Monza, conversar sobre os medos e os sonhos, vontades e verdades… E me pegImagemo, levemente sorrindo, quando recordo o dia em que assustamos, “sem querer, querendo”, os tais indivíduos ocultos…

Ah quem dera, se as drogas ainda fossem coisa de um fim de semana, de pequenos grupos, de uma simples brasa na escuridão… Não, hoje não é mais assim. As drogas já se multiplicaram, se diversificaram, invadindo lares (de ricos e pobres), roubando vidas (de crianças e adolescentes), transformando adultos (em marginais e traficantes)… Que acabam provocando Medo, ao invés de antes, quando eles tinham Medo…

É quando fico a observar, da beira do rio, tentando entender, e com o punho cerrado, por que as coisas só pioram?

Claucio Ciarlini (2012)

A guerra acabou nossa riqueza.

 

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*Pádua Marques. 

Calça de linho branca, camisa azul listrada de mangas compridas e a inseparável bengala ali perto da espreguiçadeira de pano listrado, os pés dentro de um chinelo de couro cru, Berilo Ferreira de Miranda estava em mais um dia de descanso na calçada de sua casa na rua do Riachuelo, à pouca distância da praça da matriz de Nossa Senhora da Graça, em Parnaíba, esperando algum conhecido rico ou pobre que lhe desse atenção pra uma conversa.

Daqui mais um tempo apareceu lá de dentro um menino de seus oito anos, quando muito, negrinho, limpo, de nome Olegário e filho de sua criada. Vinha trazer o primeiro dos muitos canecos de água fresca pra o velho comerciante de mais de setenta anos beber e ficar olhando a rua naquele movimento de cabeça pra direita e pra esquerda.  Lá dentro de casa estavam a mulher Colombina, a filha única Olímpia, moça velha e a cozinheira, copeira e lavadeira Veneranda, todas entretidas nos do que fazer do dia.

Berilo Ferreira de Miranda foi comerciante de arroz no porto Salgado pelo lado dos Tucuns por cinquenta anos tendo largado o ponto e passado pra um sócio, filho de gente de sua terra, o Mucambo, no Buriti dos Lopes, quando começou a sentir a saúde indo embora e a tristeza incomodando. Era de conhecer todo mundo e todo mundo conhecer ele. Sabia quem era bom e quem era ruim nas famílias importantes de Parnaíba. Quem prestava e quem não prestava.

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Primo legítimo de Colombina, sua mulher, teve com ela a única filha, Olímpia, que quando menina foi uma das primeiras estudantes do Colégio das Irmãs. Quando foi ficando moça, se engraçou de um caixeiro viajante, Eliseu Rodrigues, mas que a coisa de casamento não foi pra frente. E foi quando passou a paixão e os cuidados de mãe pra o filho de Veneranda, Olegário. Ia com ele pra tudo quanto era lugar. Missa, procissão, mercado, passeio e até no cinema do Miguel Carcamano.

Até botou o diabo do negrinho no catecismo. Ele já sabia rezar o Pai Nosso e o Creio em Deus Pai. Olegário obedecia a Olímpia em tudo. Dia de Natal saiam eles os dois pra praça da Graça ver as vitrines da Casa Cristino e na volta pra casa traziam um ou dois presentes. A mãe verdadeira, Veneranda, ficava com ciúmes, mas engolia o choro e quando sozinha ralhava com o filho.

Naquela conversa com um conhecido, o sapateiro Euclides, morador do Macacal, disse que em mais de cinquenta anos vendendo arroz nos Tucuns, nunca foi de roubar no peso uma grama que fosse, na hora de pesar mercadoria, mas conhecia gente que agora estava rica e poderosa, que se fez nisso. Ele se calava, mas sabia quem era. Também nunca foi de ter paixão por política, mas até que uns comerciantes amigos quiseram ele como intendente e sucessor de doutor Carlos Picanço.

O velho comerciante de arroz encompridava conversa, mandava o menino trazer café e um assento pra Euclides e ia dizendo agora que estava preocupado com essa guerra na Europa. Ficou sabendo por uns conhecidos. Não via com bons olhos aquele alemão, da Condor, Werner Shluepmann dentro de Parnaíba, almoçando e jantando em casa de gente de bem.  E que não entendia desde há muito tempo aquela inquisição, aquela intriga, desavença entre os homens mais ricos de Parnaíba, os franceses e ingleses por causa do preço, qualidade, controle e vendada de cera de carnaúba. Intrigas que acabaram levando comerciantes honestos, no seu caso, a largar o negócio de arroz e outros gêneros porque estavam sendo até perseguidos.

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Teve até morte, tocaia de empregados uns com os outros entre os armazéns e as docas no porto Salgado, no caminho pra os Tucuns, muito sangue derramado. Mas isso era o que ouvia falar. O seu medo era de agora e daqui a pouco, com aqueles aviões passando em cima da sua cabeça, Parnaíba não entrasse na guerra, se perdesse tudo, os ricos ficassem com uma mão na frente e outra atrás, o dinheiro trocasse de mão. E as vendas, as exportações de cera de carnaúba e de óleos, que já estavam ruins, poderiam ficar piores!

E ele, Berilo Ferreira de Miranda, descendente de gente importante que abriu caminho na Parnaíba, tendo que no fim da vida ver aquilo! Logo ele que alcançou tempos bons e ruins no ramo de comércio, que em quantas vezes abriu a gaveta pra ajudar nisso e naquilo. Até naquela engenharia maluca de Zeca Correia de abrir o canal do São José, pra melhorar a navegação vinda de Tutoia até o porto Salgado. Fora outras ajudas que deu a fundo perdido.

A mesma gaveta que se abriu pra dar uns trocados pra filha Olímpia sair com o negrinho e afilhado Olegário até o cinema de Miguel Ferreira, o Carcamano. Agora era até malvisto pelos vizinhos da rua do Riachuelo e que viviam de cara fechada. Espalhavam por tudo quanto era canto de Parnaíba que Olímpia, a filha, que não gostava de gatos, vivia dando veneno pra os bichos, enchendo o quintal de armadilhas, até nos corredores da casa, na cozinha, perto das gaiolas dos curiós. Muitos bichos já haviam morrido.

Agora se inchava dentro da cadeira preguiçosa gesticulando, parecendo que ia levantar voo e visto e admirado por Olegário, o negrinho que, por ele haveria de ser padre e dar gosto dentro de casa. Se ele, Berilo, tinha chegado até ali, naquela idade de mais de setenta anos, era à custa de, todo dia, no cair da tarde que Deus dava, Veneranda trazer pra ele na sala uma tigela fornida de sopa, um caldo de farinha branca temperado com sebo de gado, aquele tutano forte, coisa comprada no Mercado Central, lá mais embaixo, decerto trazida de sua terra, o Mucambo.

*Pádua Marques, escritor e jornalista. Ocupante da cadeira 24 da Academia Parnaibana de Letras. Romancista, contista e cronista. Esta é uma obra de ficção. Alguns personagens são reais. 

 

QUERO VOAR …

      Olho para o céu. Azul. Azul da cor do céu. Azul da cor do mar. Continuo olhando. Sem piscar. Uma pequena nuvem branca esfumaça. Vai-se, o céu continua azul.

      Não é azul que me interessa. Não é nuvem esfumaçante que prende meu olhar. Olha para os voantes. O urubu, o albatroz, a águia, o pernilongo, o ultraleve, o avião, a borboleta.

    O urubu paira no ar. O albatroz sobe e desce, procurando onde nidificar. A águia observa do alto os detalhes da terra. A borboleta bate suas asas coloridas. Voa a andorinha, vou o pernilongo, voa o homem.

    O homem voa com asas de ferro. O ultraleve é um voo quase perfeito. Ele não tem paredes. Sentimos a sensação de ser pássaro.

   Paraquedas. O homem voa livre antes de abrir. Num “salto” de dois mil metros, o paraquedista cai livremente cerca de um mil duzentos e cinquenta metros.

   Abro minhas asas. Voo. Voo sem tirar os pés do chão. Olho do alto. Chego a trinta e sete mil pés. Voo dos sonhos, voo da imaginação. Do alto vejo o azul do mar, o negro, a luz, vejo a paz, vejo a guerra. Estou alta, bem alta. Sonho. Sou pássaro, sou homem, sou anjo, sou gente, sou bicho.

   Gravidade deixa-me voar. Deixa-me subir. Segura-me no espaço. Quero testar minhas asas. Um minuto no ar. Dois minutos, três. Caio. Só cai quem voa. Quem tira os pés do chão. Bem mais difícil do que voar é aterrissar.

   Fecho os olhos. Concentro-me. Nada mais escuto. Levito.

  Retorno ao solo. Procuro asas. Olho para o céu azul. Estou arraigado a terra. Voa os pássaros, as aves, voa o homem com asas de ferro.

   Olho o céu azul. Vejo-me entre as nuvens. Sou homem – pássaro. Voo em pensamento. 

   Querer é poder.

DO LIVRO “O QUINTO” INÉDITO
MARIA DILMA PONTE DE BRITO APAL
CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1ºOCUPANATE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA