DIÁRIO – 06/05/2020

DIÁRIO

[Confissões de um juiz à venda na Amazon]

Elmar Carvalho

06/05/2020

            Aproveitando o ócio tedioso desta quarentena covidiana, quando já anunciam o início do chamado pico da pandemia em Teresina, resolvi publicar o meu livro Confissões de um juiz pela sistemática Amazon/Kindle/KDP, no formato e-book. A versão impressa foi editada no final de 2014, quando eu encerrara minha função judicante. Requeri minha aposentadoria em outubro desse ano, aos 58 anos de idade, quando completara mais de 39 anos de serviço público, cujo deferimento pelo Tribunal de Justiça do Piauí ocorreu em dezembro.

            Como uma espécie de comemoração de meus tempos de juiz e de servidor público, resolvi escrever essa obra memorialística. Em curto intervalo de tempo, escrevi especialmente para essa finalidade a parte titulada Confissões de um juiz.

Depois, fiz uma seleção de várias crônicas memorialísticas, que vinha escrevendo há vários anos, e as dividi em duas partes, denominadas Memórias Afins e Memórias Afetivas, cujos títulos, acho, são autoexplicativos. Por sugestão da professora e historiadora Teresina Queiroz, incluí uma Memória Fotográfica. Achei por bem lhe acrescentar um Anexo, em que recolhi uns poucos comentários e depoimentos sobre a minha pessoa, sobretudo como magistrado e intelectual.

Na parte denominada Confissões de um juiz, que abre o livro, me ative, sobretudo, a narrar fatos que considerei trágicos, dramáticos, interessantes, jocosos ou pitorescos, de que tomei conhecimento ou nos quais atuei na minha condição de julgador. Em uns poucos fui protagonista, em outros, um simples coadjuvante, e dos demais apenas tive conhecimento, quase sempre em função de meu cargo.

Memórias Afins são crônicas, de viés memorialístico ou de depoimento, mas algumas são narrativas de fatos históricos ou de episódios interessantes, pitorescos ou anedóticos referentes a pessoas e coisas das Comarcas em que exerci minhas atividades funcionais. Em nenhuma fui mocinho ou bandido, mas apenas, na parte que me diz respeito, tentei cumprir, da melhor forma possível, dentro das condições que me foram dadas, as minhas obrigações de servidor público.

Em Memórias Afetivas abordei outros assuntos de meu interesse, com ênfase aos relacionados à cultura, educação, futebol, literatura, ecologia, bem como referentes a familiares e amigos. Em alguns desses textos memoriais comentei fatos e eventos, que reputei importantes, dessas atividades, além de eventualmente haver comentado e analisado autores e sobretudo obras literárias, no ensejo de lançamento de livros, comemorações, efemérides e palestras. Tive a satisfação de coordenar um grande seminário em defesa do Rio Parnaíba, que se encontra relatado numa dessas crônicas.

Todavia, passados mais de cinco anos de sua edição impressa, resolvi nessa nova publicação virtual (e-book) fazer uma pequena modificação. Por motivo de ordem técnica, resolvi suprimir a Memória Fotográfica, mas acrescentei os textos Retrato de meu pai e Canindé Correia – Mestre e Amigo às Memórias Afetivas, uma vez que eles foram escritos em datas posteriores à primeira edição.

Não acrescentei novas páginas preambulares. Apenas mantive, é claro, o prefácio do confrade Reginaldo Miranda, um de nossos melhores historiadores, por ser elucidativo e pertinente, e por abrilhantar o nosso trabalho.

Optei por incluir duas novas partes: a V, sob o título de Elmar Carvalho – o cidadão, o magistrado e o intelectual, da autoria do escritor e médico Dr. Domingos José de Carvalho, cidadão probo e maçom paradigmático, de quem tenho a honra de ser parente e amigo, que me traça uma espécie de perfil moral e espiritual, nas três vertentes sobre as quais dissertou.

E, por fim, a VI e última, denominada Dois estudos sobre Confissões de um juiz, que enfeixam dois belos e percucientes ensaios da lavra de Alcenor Candeira Filho e Cunha e Silva Filho, que, juntamente com a anterior, são o coroamento dessa despretensiosa obra memorialística.

Dossiê Versania (2): Gestação

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Fevereiro de 2017:

O grupo de poetas reunido por Claucio Ciarlini (organizador) recebe as primeiras informações acerca da obra. De que se trata de uma coletânea onde deve haver divisão igualitária de pagamentos, com cada membro tendo o mesmo número de páginas (ainda a votar) e que os membros teriam um prazo “x” para entregarem sua parte.

Consistiu num período sem muito diálogo entre o grupo.

Março de 2017:

O grupo recebe a informação de que cada membro deve confirmar a sua participação na obra até o dia 30 de abril. Alguns poetas deixam o grupo, a maioria, mulheres. Outros são adicionados, alguns, com ajuda ou indicação de membros já inseridos.

As interações entre os poetas, embora ainda tímidas, começam a crescer.

Abril de 2017:

É criada a “Guilhotina Virtual”, como uma forma mais leve e descontraída de pressionar aqueles que ainda não se pronunciaram no grupo, nem mesmo para confirmar sua participação. Na madrugada do dia 30 de abril para 01 de maio, exatamente a zero hora, 7 membros foram limados do grupo.

Maio de 2017:

Os poetas recebem a missão de enviar seus poemas para o email de O Piaguí até a data de 31 de maio. Fotos e biografia até 30 de junho. E que eles teriam até o dia 31 de julho para darem a sua contribuição para a obra.

O organizador também começa a estimulá-los a pensar num título, que ao final seria escolhido de forma democrática. Também começa-se a conversar sobre o número de páginas para cada autor e o modelo.

Os membros passam, com isso, a interagir mais e a se enxergarem com mais clareza, até mesmo poética. É marcada uma primeira reunião presencial para acontecer em 15 junho, em pleno feriado de Corpus Christi, para uma possibilidade maior de todos estarem presentes.

Junho de 2017:

As indicações de título para a obra segue a todo vapor. A maioria dos membros dá pelo menos uma indicação, com destaque, tendo mais sugestões, para os membros Zilmar Junior, Sousa Filho, Leonardo Rodrigues, Luana Silva, Carvalho Filho e Joyce Cleide. Porém é o título de Fernando de Oliveira, Versania, que acaba conquistando a maioria dos votos, votação ocorrida no primeiro encontro, onde também são definidas outras especificidades, a citar: número de páginas para cada autor, a disposição das fotos, se haveriam fotos, e o tamanho do livro. O poeta Carvalho Filho é o primeiro a dar a contribuição financeira.

Amizades começam a ser construídas em meio a algumas pequenas turbulências, mas ao fim, todos conseguem enviar o material. O grupo, agora chamado Versania – Coletânea Poética se torna mais que um grupo profissional.

Julho de 2017:

A votação, já costumeira no grupo, agora se volta para a capa, tendo algumas artes e fotos para a escolha democrática. Em destaque, as pinturas de Ana Catarina, amiga de Jefferson Portugal e as artes de Fernando de Oliveira. Vence a de Fernando, porém é decidido que as pinturas de Catarina apareceriam dentro da Obra, na parte da “orelha” e serviriam para estampar a capa de uma segunda edição.

Os pagamentos começam a se intensificar e durante este período a obra passa por diagramação (feita por Fábio Bezerra) e revisão (em conjunto).

Ainda no mês, um segundo encontro presencial é realizado, no intuito de uma revisão em conjunto da obra, com cada um verificando como ficaria a sua parte.

Todos conseguirem realizar o pagamento de suas cotas e os poetas se encontram com Fábio para a revisão final.

Agosto de 2017.

Versania entra na Gráfica Sieart em 01 do mês com previsão de saída para 01 de setembro. Os versanianos, como assim passaram a se chamar, começam a articular o lançamento da obra para o dia 05 de setembro. Locais são pensados, mas o SESC Avenida é o escolhido para o nascimento de Versania – Coletânea Poética.

No dia 24 de agosto, portanto, uma semana antes do prazo estipulado, Versania fica pronta na gráfica e Claucio juntamente com Leonardo Rodrigues partem para buscar a obra!

Continua com: Nascimento!

MEDO

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             Eu não sei se existe mesmo o “bicho papão”, mas muitas crianças têm medo dele. Lembro que em certa fase de minha infância eu tinha medo de alma. Não queria ficar sozinha porque ela podia aparecer. Acreditei por muito tempo que o inferno parecia aquela panela do Caldeirão do Huck, sempre fervendo. Quente, com muito fogo e calor. Com essa imagem que era incutida na nossa cabeça quem não teria receio de morrer? Fazíamos de tudo para cumprir os dez mandamentos da lei de Deus para evitar o fogo do inferno. O Deus que pintavam era vingativo. Se não obedeceu, castigo!

        Criança sofre muito. Contam muitas histórias horrorosas para elas. Do “Lobo Mau”, da “Gata Borralheira”, da “Bruxa Malvada”. E se de noite elas não querem dormir sozinhas ninguém entende o porquê.

       Os adultos também têm suas fobias. Alguns levam o trauma da vida de criança para o resto da vida.  A sociedade moderna não fica atrás. O medo está muito presente. Hoje nos amedrontamos com o sequestro relâmpago, com os assaltos nas saídas dos bancos, medo dos hackers que aproveitam seus conhecimentos para o lado negativo e surrupiam as contas bancárias, esses são alguns exemplos de coisas que aterrorizam o homem levando até a fobia.

      Além do medo inevitável próprio do crescimento das cidades, do progresso que traz todo tipo de males, ainda estamos sujeitos a outras inquietações que só os psicólogos são capazes de decifrar: medo de água, de altura, de multidão e muitos outros.

     Mas, há de se convir que o medo do adulto é diferente do medo da criança. As crianças são destemidas, não têm noção de perigo, pulam do alto, correm, saltam e enfrentam vários tipos de riscos. Na maioria das vezes os seus temores são consequências dos traumas, talvez provocados pelos adultos: aí tem um bicho, o monstro vai te pegar. Para que tanto terrorismo nessa fase tão linda da vida se na idade adulta é inevitável conviver com o pânico da violência, da crueldade, das doenças espalhadas por esse mundo a fora?

DO LIVRO “O QUINTO” – INÉDITO
MARIA DILMA PONTE DE BRITO APAL
CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1º OCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA

EXCESSO DE LEIS

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       Casualmente encontrei um artigo publicado no portal www.noticiasr7.com/brasil   em primeiro de dezembro de 2010, intitulado “Sarney critica excesso de lei”. Segundo ele, a grande quantidade de leis dificulta o cumprimento de todas elas e explica que no Brasil se tem a mentalidade que através das leis tudo se resolve e a cultura que todos os problemas serão resolvidos a partir da criação de uma lei.

        Li também no portal www.mundoestranho.abril.com.br uma quantidade de leis e propostas de leis estranhas que a gente até se pergunta se tem fundamento ou é piada. Uma dessas leis proibia a venda de camisinhas. Isso aconteceu na cidade de Bocaiúva do Sul no Paraná. O Prefeito Élcio Berti proibiu a venda de camisinhas e anticoncepcionais porque a Prefeitura estava recebendo menos verba do governo federal com o encolhimento da população. Diante do absurdo a lei foi revogada 24 horas depois. Não dá para acreditar, mas em 1999 em Juiz de Fora os vereadores sugeriram que os cavalos e burros usassem fraldões para não emporcalhar as ruas. A lei não foi aprovada. Também não saiu do papel a Lei Municipal 1840/95 (Barra do Garças, MT) de 05 de setembro de 1995. O então prefeito dessa cidade de 55 mil habitantes criou uma reserva para pouso de OVNIs com 5 hectares na serra do Roncador, tradicional reduto de ufólogos. Para azar dos ETs, o “discoporto” não foi aprovado.

            Fiquei matutando a respeito de propostas tão absurdas que pensei em enviar para a câmara dos vereadores uma sugestão que é menos excêntrica do que muitas que existem. Para justificar o meu intento relembro as palavras de Vinicius de Moraes que diz: “A beleza é fundamental”. Sendo assim, eu pensei numa lei que obrigassem a todas as instituições públicas e privadas (escolas, repartições, hospitais, universidades, restaurantes, hotéis etc.) manter em seus banheiros principalmente os femininos espelhos grandes para que pudéssemos primar pelo nosso visual. Cabelo, maquiagem, cuidados com a roupa etc. Hoje a aparência das pessoas é de muita importância. Como o administrador pode exigir que os empregados estejam penteados, limpos, vestido adequadamente se não dá condições mínimas de pelo menos as pessoas poderem se observar no espelho?

        A mulher precisa sempre retocar sua maquiagem, ajustar a roupa, arrumar os cabelos e só seu fiel amigo “o espelho” poderá ajudá-la nesse momento. Na verdade uma lâmina dessa espécie não vai onerar o caixa das empresas. Nas lojas populares eles são encontrados com moldura simples e estilosas no tamanho de 80x 40 por menos de cem reais. Um banheiro sem espelho é a mesma coisa que macarrão sem queijo ou amor sem beijo.

      Uma amiga me confidenciou que apesar de várias correspondências solicitando ao gerente um espelho no banheiro e não ter nenhuma resposta as funcionárias resolveram se cotizar para comprar um. Tentativa abortada, pois não foi permitido furar a parede e não era de bom tom agregar ao patrimônio público coisas particulares. Pode uma coisa dessas?

     Lei neles então. O Sarney que me perdoe, mas é o jeito abusar.

DO LIVRO “O QUINTO” – INÉDITO
MARIA DILMA PONTE – APAL
CADEIRA 28
PATRONO LÍVIO LOPES CASTELO BRANCO
1ºOCUPANTE HUMBERTO TELES MACHADO DE SOUSA