SENHOR (do livro Poemas Alternados 1980)

ALTERNADOS

J.L. de Carvalho

Senhor, te vi

no cego que recebia esmola

humildemente,

no sorriso do aleijado que tentava

jogar bola, tão contente.

Senhor, te vi,

no silêncio do surdo-mudo,

no pobre que pela vida lutava

na angústia do homem que chorava

a infelicidade da casa pegando fogo.

Não te vi  Senhor!

nas gargalhadas irônicas,

nem nas mãos sangrentas de um matador.

Não te vi  Senhor !

nas casas de jogos,

nem com os bêbados nas calçadas.

Não estavas,  Senhor!

com os fumantes da Erva Maldita nas esquinas

Senhor, tu estavas com o voluntário

que dava Sangue ao desconhecido enfermo,

com a jovem que apanhou das amargas

e escuras ruas,  a recém nascida e abandonada.

Senhor,  te vi

nas águas azuis do misterioso oceano

com o pescador que desafiava a morte

em busca da vida,

com lavrador que junto com o sol

aos Campos se vai,

nas chuvas que molharam o sertão

quando o sertanejo chorava nos campos

a miséria da seca.

J.L. de Carvalho atual presidente da Academia Parnaibana de Letras ocupa a cadeira nº que tem como patrono o escritor e jornalista Raimundo de Souza Lima.

MUITOS EUS

MUITOS EUS
Wilton Porto

O Escritor tem muitos eus,
que se multiplicam em personagens.
Se, em um momento, é plebeu,
noutro, tem no rico, a imagem.
Dependendo da interpretação que se deu,
Pode-se pensar: o escritor
Estar falando do próprio eu!
Entanto, está escrevendo
Sobre Vanusa ou Matheus.

Para cada eu existe uma roupagem.

Envelhecer com Sabedoria

PROFESSORA CHRISTINA

Professora Christina e seu esposo professor Alexandre Alves Oliveira

Por: Maria Christina de Moraes Souza Oliveira

       A vida humana não pode ser vivida em plenitude se lhe faltar alegria.

       Mas de um momento para outro tudo muda. Tudo se transforma. Em nossas vidas passam-se fatos, passam pessoas que deixam marcas, que não nos deixam sozinhos, deixam um pouco de si e levam um pouco de nós.

       Quando crianças são alegrias, peraltices e espontaneidades infantis. Quantos mimos, quantos carinhos, quantos presentes, tudo nos alegra a mente e ao coração. Depois de jovens e adolescentes são novas aspirações que surgem, outras amizades, novos lazeres e tudo com alegrias e inquietações variadas. Incompreensões aparecem, controvérsias de valores são questionadas constantemente.

       Vem a idade adulta, nos posicionamos como pessoas com  pontos  de  vistas e objetivos  próprios, centrados  em  nossa nova fase de  vida. Tudo parece  ser  mais real,  mais prático e  concreto.

       Surgem então os prenúncios da velhice. São as limitações que aparecem algumas vezes vagarosamente, outras repentinamente.  São as articulações doloridas, as pernas enfraquecidas, a vista a encurtar e a embaçar, a audição diminuída, o coração ora bate mais aceleradamente ou lentamente, o pulso também descontrolado, a pressão subindo ou descendo, o corpo engordando ou emagrecendo, a memória começa a falhar, dificuldade de concentração, o desejo de atenção e reconhecimento são mais aguçados nesta fase da vida, bem como a carência de carinho, abraços e beijos.

         Como arvores frondosas, chegam ao seu declínio. Eram altas e majestosas, mas começam a se fechar e vêm as angústias, ansiedade e depressões

         É hora da procura a um geriátrico para que ajude a amenizar os declínios da saúde. Algumas, a ajuda de psicólogos é necessário também para motivar atividades físicas e mentais.

          O sedentarismo é o maior inimigo do envelhecimento. O isolamento também. A constante lembrança do passado faz impedir ver que o presente pode ser vivido com tranquilidade e entusiasmo junto ao grupo de companheiros que se dedicam à filantropia, espiritualidade, diversões, arte e cultura. Os cursos para terceira idade são maravilhosos para preencher os dias saudavelmente.

            Enfim, embora a velhice seja a fase da vida que nos surpreende com o aparecimento de tantos sofrimentos, ela pode ser encarada com sabedoria. Embora tudo lhe pareça faltar, dentro de cada idoso existe o interior capaz de impulsioná-lo agir com tranquilidade, paciência e entusiasmo.

             Valorizar a família, apesar das diferenças dos valores atuais e criar laços de amizades são ótimos alimentos para esta fase da vida

            Por outro lado, aprender a ir se desapegando das coisas terrenas conscientizando-se de que estamos de passagem e que, temos outra morada na Pátria Celeste, é outro aspecto a considerar.

             Aprender a encarar a morte como um fato normal e natural da vida, vivendo os dias praticando o bem, dedicando-se a serviço do outro, do nosso próximo. Sempre temos algo a dar, uma palavra, um abraço, um aperto de mão uma prece ou mesmo algum alimento básico que às vezes é desperdiçado por nós.

            Apegar-se a bons sentimentos emocionais e espirituais, manter boas amizades e ter Deus presente em todos os momentos da vida, eis as grandes armas para que o idoso viva com sabedoria esta fase da vida.

Maria Christina de Moraes Souza Oliveira ocupa a cadeira nº 25 da Academia Parnaibana de Letras que tem como patrono o poeta Lívio Pacheco.