VISITA AO BERÇO

VISITA AO BERÇO

São João – Rubi -,
que não passava de cavalo-de-pau…
Eu cavaleiro-mirim, tiritando altivo,
em galopes sem destino.
As tuas ruas largas e pacatas,
Em que os sorrisos
me eram expressão de intimidade,
Se estreitaram pelas
motos e carros e vendedores.
Porcelana da minha infância,
As casas onde comiam pamonha
milho verde
Melancia
já não têm as conversas
brincadeiras
intimidades…
Corre-corre
Celular
Ânsia de saber
Carro do ano…

Que vale tanta busca,
Tesouro mais caro
da minha meninice!
Os rostos estão mais sisudos!
O aconchego é a carnaúba
de olhos presos ao chão saudoso.

Ó São João, movimento desconhecido da criança-adulta!
Tu me vês e eu não te vejo!
Crescente e eu te busco infante!.
Vontade desesperada de chorar!
Não há bola na beira do rio,
vejo o notebook sobre a mesa.
Não existe dribles na quadra defronte à igreja,
Enxergo gravatas em oratórias longas.
Cadê a criança que vendia doces?!
Percebo-me o empoderado,
Que fazendo tudo, não fez nada!

São João do Piauí.
Não me conheço naquilo
que me conheci!

São João, 06.02.2020
Wilton Porto

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