Renascer do dia de sempre.

rena

* Ivaldo Freitas Cardozo. 

Te lembra da juventude? Aquilo foi só mais um dia.
De tantos meus, embaraços, alforrias
Carregando momentos, cheios de olhares tortos
Como se a Primavera durasse a eternidade, ou um enlace de amor
Até o acinzentado é composição predominante desta aquarela
E a vejo e dou risada, mesmo carregando tanta idade e saudade.

Ai que saudade do contentamento, que já não devo a ninguém exceto a mim
Ah o dia, tão vanglorio é o dia de sempre, esse renascer contente
Esse riso infundado a cada salário, ainda que não pago
A cada beijo em lábios calados, com corações tão cheios
Embalo meu passo nas ruas dessa cidade, estendo as mãos agradecendo as manhãs
Por sempre me acordarem com um grito de silêncio.

Um abraço apertado à monotonia una de existir!

Um bom riso complacente às mágoas que me trouxe o dia de sempre

Aqui canto meu renascer com uma bela canção
De um exílio infundado, cravado na minha mente e coração
Uma canção aos desamores, a tantos gostos vivenciados e desentendidos
A felicidade que me abraça pelas costas em vez de me olhar nos olhos.

Dias inteiros param e acabam num infame adeus
Se apercebem dos tons da tarde, da manhã, da noite.
Dos conflitos velados, sorrisos calados
E as frases jamais ditas, poemas nunca recitados
Momentos que nos fazem, mas não os quisemos
Talvez pela ansiedade de ter sempre mais
Mais? Mais o que?
Nada. Simplesmente nada.

*Ivaldo Freitas Cardozo é estudante de Eletrotécnica do Instituto Federal do Piauí, campus Parnaíba. Poeta, 16 anos de idade e tem trabalho na edição 71 do Almanaque da Parnaíba.