Bois de mangas.

 

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 * Pádua Marques.

No meu tempo de menino, quando havia meninos livres do computador, dos jogos eletrônicos e do celular, a gente brincava com o que tinha por perto. Tanto fazia serem meninos que moravam no interior, na dita roça, ou meninos que moravam em casas onde havia quintais. E tendo quintais, tinham mangueiras. E tendo as mangueiras, davam mangas. E eram mangas boas e que maduras, a gente comendo se lambuzava todo. Coisa de limpar as mãos nas pernas dos calções encardidos.

Mas tinham também as mangas que não vingavam e acabavam caindo por causa do vento ou alguma outra coisa que derrubava. Essas, agora no chão, iriam servir pra comida de algum animal pequeno, roídas por besouros ou viravam brinquedo na imaginação dos meninos. Era correr em redor atrás de gravetos ou ir lá dentro de casa e pegar uns palitos de fósforos queimados, jogados perto do fogão, e com eles colocar pernas nas manguinhas. Estava criado o boi de manga.

E a gente, os meninos do meu tempo, ficava horas e mais horas brincando com aquelas coisinhas, falando sozinhos, inventando conversas com pessoas, se dizendo donos de fazendas e tudo o mais. Se vendia e se comprava. Se colocava no curral e se dava de comer e beber. E depois se levava pro pasto. E a imaginação voando pra cima da cabeça dos meninos de meu tempo era coisa de milhões de minutos.

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E se eram outros e mais meninos havia a disputa de quem mais tinha essa fortuna, as corridas, as vaquejadas, os pequenos currais de gravetos, a venda e a troca de bezerros e garrotes. Os meninos de meu tempo exercitavam de forma mais natural isso que os estudiosos hoje chamam de liderança. E os bois de manga iam com o passar das horas e dos dias sendo esquecidos no fundo do quintal e agora murchos acabavam sem importância.

Assim são os políticos de nosso tempo. Juntam as pequenas mangas caídas entre o povo ignorante. Aquelas bem verdinhas e que não vingaram e muito menos chegaram a ficar de vez. Os meninos de meu tempo, que são os homens e os líderes políticos de hoje, aprenderam de forma muito simples, natural a comandar e ter sob sua influência os menos instruídos. Os bois de manga são o povo que se deixa manejar sem reação e sem grito.

Sabem estes líderes que sem educação, sem estímulo ao trabalho e influenciados pela imprensa irresponsável, principalmente a televisão e as hoje redes sociais, essa massa é facilmente manobrada pra dentro de currais de graveto.  Estamos vivendo neste momento uma transição entre os meninos e os homens. Entre as brincadeiras e a realidade. E quando este momento mágico dos meninos, de conversar com manguinhas verdes passar, a crueldade dos dias volta a fazer parte da vida de todos. * Pádua Marques, cadeira 24 da Academia Parnaibana de Letras.

 

Lua, onde estás tu?

Lua e homem no escuro azul

*Nailton da Silva Rodrigues.

E eu fui até o quintal. De lá eu via a lua e estava linda e brilhante. Tão maravilhosa, tal qual um anjo a iluminar a terra de más gentes e um mundo não merecido.

E quanto mais ela vinha, por detrás das palmeiras carnaúbas, tão simples, singela e tímida ao subir o céu, mais eu me hipnotizava com sua luz.

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Pouco durou meu interesse, pois cães latiam demais, tirando minha atenção. Saí em poucos minutos da apreciação constante e me voltei aos animais almejando cala-los.

E neste poucos minutos perdi muito de sua incomparável caminhada.

Me irei e por um segundo pensei em despedir-me da lua e deitar-me emburrado com tal situação.

E neste tempo perdido, de indecisão “vou não vou, fico não fico”, percebi uma escuridão mansa por frente de mim.

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Ela não estava mais lá. Eu chorei triste comigo mesmo. Percebi que as pequeninas, porém pouco importantes coisas, às vezes não nos deixam tempo para viver as coisas boas da vida.

Podemos não nos importar. É só tentar.

 

nailton*Nailton da Silva Rodrigues, aluno do ensino médio da Unidade Escolar Edson da Paz Cunha, medalhista de prata e finalista em 2015 da Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa.

 

APAL PARABENIZA VALDECI CAVALCANTE

PARABÉNS VALDECI CAVALCANTE

                        A ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS sente-se honrada em cumprimentar e parabenizar o acadêmico confrade Valdeci Cavalcante pela sua ascensão à vice-presidência da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

                        Sabemos do seu desempenho à frente das entidades que dirige e almejamos mais uma vez votos de muitos sucessos ao confrade amigo.

                        Parnaíba, 28 de setembro de 2018.

JOSÉ LUIZ DE CARVALHO                               ANTONIO GALLAS PIMENTEL

           Presidente                                                  Secretário Geral

Noturno de Oeiras no Fórum da Velhacap

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Noturno de Oeiras no Fórum da Velhacap

Elmar Carvalho

Anteontem, dia 24, recebi a auspiciosa notícia, através do colega e vizinho Antônio Oliveira, de que uma bela placa, na qual fora estampado o meu poema Noturno de Oeiras, com a finalidade de ser afixada em algum local do Fórum da nossa antiga capital, fora concluída. Antônio, dinâmico juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do Piauí e jurista com livro publicado, fora o “padrinho” dessa placa, cuja autorização para sua confecção conseguiu junto ao presidente Des. Erivan Lopes. Com zelo e presteza, ele acompanhou o projeto, inclusive me tendo enviado, na época própria, o seu modelo para revisão e aprovação.

Recomendou-me fosse ao departamento de Engenharia, para, juntamente com seu diretor, escolher o melhor local, dentre os disponíveis e adequados, para a sua aposição. No dia seguinte cumpri a sua recomendação. Quando liguei para a diretora do Fórum, a juíza Socorro Cipriano, recebi a grata notícia de que esse suporte já fora entronizado no dia anterior, por ocasião dos trabalhos de instalação do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – Cejusc de Oeiras. Enviou-me sua foto, pela qual constatei fora ela colocada em excelente local; exatamente no ponto que o engenheiro Otávio Nogueira e eu concordamos em sugerir.

Além desse fato em si mesmo, outro motivo adicional de meu contentamento é que encerrei minha carreira de magistrado (aos 39 anos de serviço público, 17 dos quais dedicados à judicatura, sem nenhum tipo de punição, nem mesmo advertência ou repreensão, conforme documento emitido pela Corregedoria), na qualidade de titular do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Oeiras, cidade que me fascina desde quando eu, ainda menino, nela ouvi falar, através de conversa e leitura em livro didático, salvo engano de título Meu Tesouro.

Depois, ainda em minha juventude, como fiscal da extinta Sunab – Delegacia do Piauí, estive nela algumas vezes, a serviço. Quando assumi, em 1988, a presidência da União Brasileira de Escritores do Piauí – UBE-PI, nela realizei um Encontro de Escritores, com literatos nativos e de vários outros municípios, inclusive da capital. Revia, com emoção sempre renovada e amplificada, seus vetustos prédios e antigos logradouros, alguns deles da primeira metade do século XVIII.

Por ocasião desse Encontro literário, tive a oportunidade de rever ou conhecer vários poetas e escritores da velhacap, entre os quais cito Possidônio Queiroz, José Expedito Rego, Rita Campos e o promotor de Justiça Carlos Rubem. Os três primeiros já se encontram numa das moradas da casa do Pai, enquanto o Carlos continua em plena atividade cultural, ele que sempre foi um defensor e promotor da Cultura e do patrimônio de sua terra.

Nessa minha ligação afetiva e sentimental com Oeiras, consegui vários galardões, que, conquanto recebidos com a humildade de quem sabe que não os mereceu, fica mesmo assim desvanecido por tê-los recebido, entre os quais a Medalha do Mérito Visconde da Parnaíba, o diploma de sócio correspondente do Instituto Histórico de Oeiras, e ter o meu livro Rosa dos Ventos Gerais sido objeto de estudo e análise por alunos do 3º ano do ensino médio do Instituto Barros de Ensino.

Esse educandário, em noite memorável, com apresentação de dança, música e jogral, alguns anos atrás, promoveu o lançamento de meu livro Noturno de Oeiras e outras evocações, apresentado pelo jurista e escritor Moisés Reis. Por último, eu que, por vocação e devoção, já me considerava um oeirense por conta própria, como diz um amigo meu, tive a satisfação de saber que me foi concedido o Título de Cidadão Honorário de Oeiras, por decisão unânime da Augusta Câmara Municipal, que ainda não me foi entregue.

Eu estava feliz com a minha promoção para a vetusta urbe, que já havia cantado e louvado em verso e prosa, quando, poucos dias depois, recebi a impactante notícia, transmitida por minha mulher, de que os exames que eu fizera constataram que eu fora acometido por um novo CA. Apenas no último dia de minha atividade no juizado, reuni os servidores para lhes dar a informação sobre a minha saúde e sobre o tratamento que enfrentaria. De todos guardo boas recordações, e lhes sou grato pelo bom serviço prestado.

Tive de ir fazer radioterapia e acompanhamento médico em Teresina, razão pela qual não mais retornei a Oeiras na condição de magistrado ativo, posto que me aposentei no dia 20 de dezembro de 2014. Nessa curta temporada de minha serventia, doei ao Fórum de Oeiras um quadro com ilustração colorida, no qual se encontrava vazado o meu multicitado poema, do qual se tornou zeloso guardião o amigo Benedito (Bené) Carneiro, exemplar servidor público.

Por fim, só me resta agradecer, mais uma vez, aos ilustres magistrados Antônio Oliveira e Socorro Cipriano, bem como ao Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, pela confecção e aposição desta nova placa, em metal inoxidável, em local de destaque do belo e novo prédio da Comarca de Oeiras. Noturno de Oeiras, com essa linda placa, marca mais um tento, “um verdadeiro gol de placa”.

Fantasia e Fuga. *Por Carvalho Filho

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Espelho de olhos mansos

Espelho de olhos vítreos

Espelho meu

Espelho meu

Espelha a face bela

Da formosa Vênus

Espelhado

Espelhando

Esperançoso

Espelhançoso

Imagem que não pensa

Imagem que na fuga

Imita minha partida

Esperei teu afago

Mas obtive teu escárnio

Espelho

Espelho meu

Há nesse reino homem mais

Fantasioso do que eu?

Narciso e Dorian Gray

Mergulham em fantasia e fuga

Os dedos inutilizados de Schumann

Os ouvidos derrotados de Beethoven

Espelho meu

Espelho meu

Ando a imaginar teus cacos

Estilhaços de mim

Espelhar é roubar

Espelhar é poetizar

Eu fico no espelho em troca da beleza

E o homem do espelho sairá

Caminhará entre os homens

Gustave Courbet descabelado

Portinari intoxicado pelas próprias tintas

A orelha decepada de Van Gogh

Nietzsche assinando Dionísio

Dionísio assinando Nietzsche

Eu me vestindo de Van Helsing

O vampiro não reflete

Não tem o correspondente no espelho

Espelho é feitiço

Feitiço a galope

Galope rasante de Ramalho

Galope cortante

Eis-me através do espelho

Eis-me no espelho através

Eu sou ele e ele sou eu

Não tenho alternativa

Resta-me o outro lado

Olhepse

Palavra que liberta a imaginação

No instante em que aprisiona minha figura

Um verme em fuga alcança a fantasia

É o sonho tremendo ao vento

É o caos vendendo bugigangas

“É pau, é pedra…”

É o vagabundo oferecendo poesia

Enquanto o homem sério conta o vil metal

É a mão calculando a felicidade

A esperança espelhada

A espera é ânsia

A ânsia é fome

Fugacidade

Fuja da cidade enquanto pode

Fuga da cidade não é fantasia

Tenha a ferocidade da onça

Seja raposa e leão

Não te afogues na água cristalina

Não te cortes com o vidro amolado

Nem proves do reflexo tentador da faca

Espelho meu

Espelho meu

O que devo fazer com teus cacos?

Extirpar de mim o pedaço dolorido?

Mutilar meus sonhos?

Em mil pedaços admirar meu rosto

E decidir qual deles eu sou?

*Carvalho Filho: assinatura literária de Francisco das Chagas Souza Carvalho Filho. Poeta e contista, colaborador do Jornal O Piagüi Culturalista. Conta com artigos publicados na revista Desenredos e poemas na revista Mallarmargens. Participou das coletâneas Tratado Oculto do Horror (coletânea de contos), em 2016, e Carnavalhame (coletânea de crônicas e poemas) em formato e-book, 2017 e Versania (coletânea poética), 2017, já na segunda edição em 2018.

E-mail: francisco.carvalho88@hotmail.com

 

O maçom e barbeiro Chagas Vieira

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Chagas Vieira, um Mestre da tesoura e da sublime Arte Real

O maçom e barbeiro Chagas Vieira

Elmar Carvalho

Indo ao centro de Teresina, nesta segunda-feira, para tratar de um assunto na prefeitura, resolvi seguir pela rua Lisandro Nogueira até dobrar à esquerda na rua Rui Barbosa, para cortar meus cabelos numa barbearia, que fica perto do prédio do antigo supermercado São Gonçalo, que hoje é ocupado por uma das filiais da Igreja Universal do Reino de Deus (ou pelo menos foi, até bem pouco tempo). Hoje pouco vou ao centro comercial e histórico, que muitos consideram estar se transformando numa espécie de cidade-fantasma. Aos domingos a situação piora, e o centro toma ares de verdadeiro campo santo, cuja expressão uso como eufemismo.

Chegando ao salão, onde cortei meus cabelos tantas vezes, em tempos idos, quanto trabalhei na famigerada e extinta Sunab… Por falar em Sunab, quando ingressei nessa repartição, lotado em sua Delegacia no Estado do Piauí, em 10 de agosto de 1982, eu era, aos 26 anos de idade, o seu mais jovem funcionário. Pois bem, passados todos esses anos, com exceção de dois ou três (e de uns poucos que entraram depois), lamento constatar que esses servidores, como nos elegíacos versos de Bandeira, estão todos dormindo, dormindo profundamente.

Mas, retomando o fio do que dizia, ao chegar ao salão olhei para todas as pessoas que ali se encontravam, à procura do irmão maçônico Chagas Vieira. Não o localizando, dirigi-me a uma pessoa que fazia as vezes de recepcionista, por se encontrar perto da entrada, para perguntar por ele. Temi pelo que iria ouvir, posto que já vinha com certa premonição aziaga. De fato, o rapaz me informou que ele havia falecido. Respondi-lhe apenas:

            – Não sabia… Ele está num outro lugar melhor do que este.

Eu pensava nas palavras de Cristo, e nas outras dimensões de que nos fala a física. Na casa do Pai há várias moradas, disse Jesus.

Em homenagem ao irmão Chagas Vieira, que foi um homem bom, republico a seguir uma crônica, incluída em meu Diário Incontínuo, que um dia transformarei em livro impresso, datada de 30 de abril de 2010:

A MORTE E A CEGUEIRA DE KETY

Fui cortar as minhas cada vez mais ralas e raras madeixas com o irmão maçônico Chagas Vieira. Desde 1971, ele exerce sua atividade em Teresina. Conheço-o desde a segunda metade da década de 1980, quando eu trabalhava na extinta SUNAB. Ele trabalhava no Salão Piauí, pertencente ao senhor Felinto Lima, já falecido. Em 1998, fundou seu próprio estabelecimento, o Salão do Povo, situado na rua Rui Barbosa, 441, perto do antigo supermercado São Gonçalo, onde hoje funciona um templo da Igreja Universal.

Durante alguns anos, ausentei meus cabelos de sua tesoura e navalha, por mudanças de hábito e circunstâncias. Há alguns anos, voltei a integrar sua clientela. Antes de adotar posição estática, para ele melhor exercitar as suas habilidades de escultor capilar, pedi-lhe que me repetisse a história de sua cadelinha. Chamava-se Kety e era uma pequinês, pequenina, peluda e de brancura imaculada.

Quando Chagas saía para o trabalho, ela o acompanhava até a porta da rua. Ficava triste, aguardando o seu retorno, quando ia esperá-lo à porta, e ficava se achegando a ele, até ser colocada no colo. Tinha muito amor a seu dono, e a recíproca era verdadeira, na mesma intensidade. A cadelinha chegava ao ponto de comer no mesmo prato dele, com a sua cúmplice permissão complacente.

Teve longa vida, para os padrões caninos. Aos dezessete anos cegou, primeiro de um olho e logo em seguida do outro. Com a cegueira, a cachorrinha, por alguma espécie intuitiva de pudor, ou por receio de incomodar seus donos ou por simples higiene, passou a se esgueirar pelas paredes, como tateando, em busca de alguma saída para fazer suas necessidades fora da casa.

Numa dessas buscas, saiu para a rua, quando foi tragicamente colhida pelas rodas de um carro, que lhe esmagou a pequenina cabeça. O irmão Chagas providenciou-lhe o enterro, no quintal da residência. Mas pela casa ainda vaga a lembrança e a saudade de Kety, que se mantém viva na retentiva amorosa de seus donos.

Marcello Silva lança livro Homo Cactus no SESC Caixeiral dia 13 de outubro.

 

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Depois do grande sucesso em Chaval, sua terra natal, o escritor Marcello Silva lança no dia 13 de outubro no SESC Caixeiral, centro de Parnaíba, às 18h, o seu livro individual, Homo Cactus, que reúne crônicas sobre a história e as estórias do povo do sertão e desta parte do Ceará na fronteira com o Piauí.

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Marcello Silva, formado em contabilidade pela Universidade Federal do Piauí, campus Reis Velloso e atualmente estudante do curso de Direito da UESPI em Parnaíba, já havia lançado outro livro O Pescador, em 2015 pela Chiado, editora de Lisboa, Portugal. Fonte: APM Notícias. Fotos: chavalzada.

Semana da Imprensa está chegando aos sessenta.

 

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Daqui a exatos quatro anos um dos eventos mais significativos e que tem enorme repercussão em nossa cidade estará completando sessenta anos. A Semana da Imprensa bem que já deveria ter o reconhecimento nacional e ter recebido mais apoio além do de alguns empresários, clubes de serviços, escolas, empresas e até pessoas que de forma discreta ajudam na sua realização.

Se o radialista Rubem Freitas estivesse vivo certamente estaria mais que satisfeito com toda a repercussão que este evento causou nesta semana e que ainda há de causar em comentários na imprensa moderna, esta das redes sociais, portais e blogs, rádio, televisão e até nalguns jornais impressos que ainda resistem por audácia de algum antigo jornalista.

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Imagino o grande colunista social entrando no salão e sendo ovacionado de pé por centenas de pessoas, seus colegas de tempo, profissão, amigos, admiradores, leitores e ouvintes. E ele entrando e cumprimentando um a um com o mesmo refinamento e educação. E os seus colegas mais antigos e que estão até hoje sentindo sua falta e ao mesmo tempo sua presença, ali sorridentes e felizes pelo que ele representa para a Parnaíba.

Jovens que neste momento estão chegando nesta profissão de jornalistas nunca vão imaginar o que foi há mais de setenta anos um homem sozinho, menino quase, vindo de uma cidade pequenina do Maranhão, trabalhar e estudar. Órfão de pai, Rubem Freitas veio puxando os outros irmãos e depois amigos e conhecidos para a cidade de Parnaíba, onde sempre houve melhores condições de vida.

Colunista social respeitável e respeitador, ele circulava com muita categoria por toda a sociedade parnaibana e dela sempre teve a mais alta consideração. Foram muitos os eventos que ele criou para mostrar o alcance de atuação de empresários, professores, médicos, emfim, de quem fazia acontecer e era referência como liderança.

Por isso essa longevidade da Semana da Imprensa. Que já se transformou numa festa da cidade. Há dentro da categoria dos comunicadores uma iniciativa em andamento para registrar no Guiness Book esta festa única no Brasil. Porque até onde esse sabe não existe outra ou outras com estas características e durando tanto tempo.

O que pode haver são eventos curtos, mas Semana da Imprensa, com uma semana de comemorações, isso não. Mas é mal da gente e do Brasil. Fosse noutro país, especialmente nos Estados Unidos, todos os olhos do mundo estariam lá mostrando. Mas nós somos brasileiros e detestamos quem teve ou tem iniciativas. Rubem Freitas ainda durante muito tempo vai viver.

 

Didi

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Mestre Didi, em 2010
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Didi em 2016, na proa do valente Tremembé, vendo-se ainda Chico Ribeiro, Elmar e Natim Freitas, na proa, singrando o Velho Monge, na altura de Várzea do Simão

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Elmar Carvalho

Quando eu voltava ao meio dia e meia para casa, vi o Didi a trabalhar na casa de um dos meus vizinhos. Estava literalmente com as mãos na massa, razão pela qual elas estavam sujas de argamassa. Enquanto o Didi trabalhava, meu vizinho enxugava uma cerveja estupidamente gelada, a olhar o trabalho.

Parei o carro, para cumprimentá-los. Fiz menção de pegar na mão do Didi, mas ele negaceou, dizendo que suas mãos estavam sujas. Respondi que elas estavam sujas para ele próprio, mas para mim estavam mais limpas do que as de certos engravatados, mais limpas do que os colarinhos de certos políticos, sobretudo do Distrito Federal.

Conheço-o faz vinte e cinco anos, desde que vim morar no conjunto Memorare, onde resido até hoje, onde eu e minha mulher criamos nossos dois filhos. Ele ganha a vida prestando pequenos serviços aos moradores, sempre respeitador e bem-humorado, sem nunca se queixar, sem nunca se maldizer.

Conquistou a estima e a amizade de todos. Às vezes, amanhecia sem um centavo no bolso, mas nunca demonstrava preocupação, e tudo acabava dando certo para ele. Didi sempre me faz lembrar as palavras de Cristo, quando falava que as aves não têm celeiro, mas nunca lhes falta o que comer; que os lírios do campo não fiam e não tecem, mas que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um deles.

Didi é mais milionário do que muitos arquimilionários porque pouco possui, mas o que tem lhe é o bastante, e nasceu desprovido da ganância e da ambição. Portanto, tem o reino do céu, aqui mesmo na terra. Sem dúvida, é um bem-aventurado.

21 de fevereiro de 2010

PADRE FRANCISCO SOARES

 Texto de Antonio Gallas

               PAD SOA

 

                    Registramos com muito prazer o aniversário natalício do Reverendo Padre e acadêmico Francisco Soares, ocorrido ontem 12 de setembro.
Natural de Ipu no Ceará,  Padre Soares  goza de um grande conceito na sociedade  parnaibana e nos meios eclesiais  do Piauí onde  é  muito respeitado. É membro da Academia Parnaibana de Letras e ocupa  a cadeira de  número 08 que tem como patrono Antônio Otávio de Melo.

                     Padre Soares foi ordenado sacerdote em Parnaíba no dia 20 de janeiro de 1965 pelo então Bispo Diocesano Dom Paulo Hipólito de Souza Libório.   Tanto na  vida pública,   como na eclesial,  exerceu com dignidade diversas atividades,  entre as quais professor  universitário, professor  e diretor de escolas  nas cidades do Piauí, Ceará e Maranhão nas quais desempenhou a sua função sacerdotal.  Padre Soares exerce hoje o cargo de Chanceler da Cúria Diocesana de Parnaíba,  pela provisão do Senhor Bispo Diocesano, Dom Alfredo Scháffler.  É escritor e poeta. Ama Parnaíba tal qual como se tivesse nascido nesta cidade .

                       E para homenagear a cidade que tão bem o acolheu padre Soares escreveu um poema intitulado PARNAÍBA: 

PARNAÍBA 

Autor. Pe. Francisco Soares

Deus numa criança

Aconchegada em seus braços

Amamentada ao regaço

O Filhinho que é Divino.

Quem faz isso é

A Virgem Mãe

Mãe da Divina Graça

Graça que é Jesus

Jesus Filho de Deus

Deus que é o destino.

Destino, que é seu

Ó Parnaíba caminheira

O perfil desta imagem

É da sua Santa

Padroeira…

Ó virgem Santa

Reza Parnaíba esta

Oração, em comunhão

Com a auréola da natureza

Que a envolve.

Ao longe o escachoar do

Velho Monge em procura

Do oceano vai rezando

É uma profunda ‘prece

No infinito do horizonte

Vai de barba alongando

E no mar desaparece.

Desaparece deixando formado

Debaixo de um céu azul,

Aquele que lava os pés

Da Princesa do Igaraçu.

Geme em réquiem

Pelos que já se foram

Para a mansão do além

São filhos desta terra

Terra de muitas glórias

Altos feitos tem.

São louros de vitórias

Conquista só dos fortes

Que por aqui passaram

Procurando o bem.

Você tem páginas consagradas

De seus dias vividos

Da história cantada

Por heróis adormecidos.

Por fim acalenta a todos:

Filhos e sua bela natureza.

Recebe num ninar quente

Em aconchegante ninhos,

Ó Parnaíba neste acalento,

O ciciar das folhas ao vento

E o gorjear dos passarinhos.

O gorjear com o ciciar

Numa harmonia suave

Soltam um brado brando

De um desabafo quando

Ecoa por entre os vales

Rios e igarapés,

Montes e campinas

Dunas e praias

Ilhas e enseadas,

Harmonizando ao longe

                        Com o suave

                        marulhar

                        Ou o bramido forte

                        Às vezes, das ondas

                        Do mar…

                        Ao padre Soares,  recebe hoje os cumprimentos de seus colegas confrades a partir das 20 horas na Churrascaria O Lourival, desejamos-lhe, muitas felicidades e que Deus, nossa pai celestial lhe dê muitos anos de vida, sempre cheio de inteligência e sabedoria. Parabéns Padre Soares.