FOGO EM PALHOÇAS DE TERESINA

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FOGO EM PALHOÇAS DE TERESINA

Elmar Carvalho

Hoje à tarde, encontrei no shopping Teresina, no chamado “senadinho”, que não costumo frequentar, o jornalista Toni Rodrigues, meu conhecido há vários anos. Além de correto como cidadão e profissional, é também homem culto e escritor de mérito, tendo escrito ficção policial, o que denota o seu espírito investigativo e questionador.

Já escreveu textos de caráter historiográfico, mormente sobre os crimes rumorosos ocorridos no estado. Nasceu em Piripiri, em 1968, mas é radicado em Altos desde a meninice. Tempos atrás, confessou-me haver lido a antologia parnaibana Poemágico – a nova alquimia, publicada em 1985, de que faziam parte os poetas Alcenor Candeira Filho, Jorge Carvalho, V. de Araújo, Paulo Véras e Elmar Carvalho. Disse haver gostado da coletânea, o que muito me honra.

Na conversa que mantivemos nesta tarde, terminou falando sobre o famigerado caso do fogo que era ateado em casas de palha, na Teresina da época do interventor Leônidas de Castro Melo, que até hoje desperta controvérsias e especulações, sem que se tenha certeza sobre quem tenha sido efetivamente o mandante desses incêndios, que atormentaram as pessoas pobres, residentes na periferia da capital.

Entendo que a maioria dos estudiosos defende a tese de que o autor intelectual tenha sido o coronel Evilásio Vilanova, comandante da Polícia Militar do Estado, tanto com o objetivo de que fosse criado o corpo de bombeiros, como para lançar a culpa em políticos da época, e, assim, cavar a possibilidade de vir a ser o governante do Piauí.

Leônidas era um homem sério, honrado e honesto, tanto que saiu pobre do poder, não obstante haver governado o estado com amplo e quase ilimitado poder, por mais de dez anos, ininterruptamente. Claro que teve seus erros, e entre estes geralmente é apontada a aposentadoria compulsória dos desembargadores Arimatéia Tito, Simplício Mendes e Esmaragdo Freitas.

Pelo que sei, Leônidas Melo nunca contou a sua versão sobre quem seria o mandante desses incêndios, preferindo guardar perfeito silêncio, por motivo que desconheço. Soube que, já em idade provecta, prometeu que relataria a verdade sobre esse triste fato da História Piauiense a pessoa de sua confiança, mas terminou falecendo, sem fazer a anunciada revelação.

Também soube que, muitos anos após esses fatos, ele teria recebido a inesperada visita de Vilanova. Os dois conversaram a sós, sem que nunca alguém tenha sabido o teor da conversa. O escritor Victor Gonçalves escreveu um conto sobre esses lamentáveis acontecimentos e o historiador Alcides Nascimento publicou uma volumosa obra sobre o assunto. Leônidas escreveu um livro de memórias, titulado Trechos do Meu Caminho, que tem passagens interessantes, antológicas mesmo, algumas até que são verdadeiras lições de vida, mas que não encerram o caso.

Toni Rodrigues revelou-me ter novas informações a acrescentar sobre o que já se escreveu a respeito desse tema, pois leu documento que os outros historiadores não teriam compulsado, bem como sobre o episódio da demissão de Evilásio Vilanova, que era coronel do Exército, e não era piauiense. Esperemos, pois, que o jornalista e escritor Toni Rodrigues traga luzes a esse episódio histórico ainda um tanto penumbroso, ou ainda não completamente esclarecido.

20 de fevereiro de 2010

ALICERCE: História de Edméa e Ferraz Filho

Texto de Antonio Gallas
                    Após o sucesso do lançamento do seu livro ALICERCE: História de Edméa  e Ferraz Filho, nas cidades de Fortaleza-Ceará,  durante sua posse na Academia Cearense de Cultura – ACECULT em abril do corrente ano, em Teresina durante a realização do SALIPI  no dia 07 do corrente, e em  em Oeiras, no dia 08 de junho,  o  professor e acadêmico  dr. Fernando Basto Ferraz lançará também o seu livro na sua cidade natal,  Parnaíba.
 
            O lançamento, conforme convite acima,  recebe apoio da Academia Parnaibana de Letras, do Instituto Histórico de Oeiras e da Academia Cearense de Cultura – ACECULT e  acontecerá em 14 de julho próximo,  em um sábado,  às 17 horas no Núcleo de Cinema e Experimentação Cênica “Edméa Ferraz” no Centro Cultural Sesc – Caixeiral.  O livro será apresentado pelo acadêmico e advogado membro da Academia Parnaibana de Letras,  Roberto Cajubá da Costa Brito.
                Fernando Basto Ferraz é poeta, membro da Academia Parnaibana de Letras (APAL), membro da Academia Cearense de Cultura (ACECULT),  professor titular (aposentado) dos cursos de graduação e de mestrado/doutorado da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). É autor de outras obras da área jurídica, como o livro Terceirização e Demais Formas de Flexibilização do Trabalho (2006), e de poesias, como o Folia das Letras (2001)”.
               No livro o autor descreve as memórias de seus avós  Raimundo Ferraz Filho (piauiense natural de Oeiras ) e de Maria Edméa Memória Ferraz (cearense), a partir da breve infância em Oeiras-PI, e em Guaraciaba do Norte-CE, viajando até a cidade de Parnaíba-PI, local onde plantaram e colheram a semente do amor que os uniu.
O lançamento do livro  “ALICERCE: História de  Edméa e Ferraz Filho” tanto em Teresina como  Oeiras, bem assim em Fortaleza que ocorreu durante a posse do autor na ACECULT foi bastante prestigiada como veremos nas fotos a seguir:

 
 

               Em Oeiras, uma agradável surpresa para o autor: após as solenidades, quando já estava se dirigindo para deixar a cidade, Fernando  Ferraz  e familiares foram conhecer o sobrado dos Ferraz. Lá chegando encontrou crianças no chão ouvindo a professora contar para  elas a história do sobrado, a história de d. Mundoca Ferraz , que morou lá naquele que hoje é um monumento histórico da antiga e primeira capital do Piauí. Pediu então  para falar,  identificando-se  como membro da família  Ferraz, descendente de d. Mundoca.
 Segundo Fernando Ferraz,  os alunos e a professora inicialmente se espantaram, mas em seguida ficaram maravilhados com o que ele falou. A professora se emocionou e demonstrou interesse em adquirir o livro que acabava de ser lançado.  Ainda segundo o acadêmico “foi um grande momento de valor simbólico e  de grande significado pra mim”.  
 

DOM PEDRO E SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA

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DOM PEDRO E SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA

Elmar Carvalho

Retornando a Teresina, levo na bagagem vários livros, que o meu cunhado Beré trouxe de São Félix do Araguaia, enviados por Lozinha e Nilva, irmã e sobrinha de minha mulher respectivamente. A segunda é a atual vice-prefeita do município. Os livros são Cartas Marcadas, de D. Pedro Casaldáliga, Sertão de Fogo, de Adauta Luz Batista, e Meu Araguaia Querido, de Erotildes da Silva Milhomem.

Dom Pedro era admirado pelos componentes do grupo do jornal Inovação, de que fiz parte, pelas suas posições, por seus questionamentos políticos, por sua luta por uma sociedade mais justa e mais fraterna, e pela opção preferencial pelos pobres. Nasceu na Espanha e é bispo da diocese de São Félix desde 1971. É ainda poeta e escritor. De Cartas Marcadas disse Dom Demétrio Valentini, na apresentação: “Apresentam-se como ‘cartas marcadas’, pois decorrem de um claro compromisso de pastor, que extravasa em sua linguagem de poeta sua lúcida visão da realidade e sua decidida opção pela causa do povo”.

Esses jovens do Inovação sonhavam com a vinda para a diocese de Parnaíba de um bispo engajado nas lutas sociais e que promovesse o avanço das comunidades eclesiais de base, o que terminou não acontecendo durante o tempo em que o jornal circulou. Por isso mesmo, o jornal fez uma entrevista com um padre que aparentava ter ideias avançadas, e o religioso se mostrou firme e contundente na entrevista. Contudo, quando esta foi publicada, parece que o clérigo recebeu uma reprimenda do bispo parnaibano, porque tentou desdizer algumas frases da entrevista, quando na verdade tudo estava documentado na fita magnética, sem que tenha havido erro na transcrição. Dom Hélder Câmara era outro bispo que admirávamos, tanto por sua posição política, como por sua coerência e modo de vida.

É considerado um dos primeiros habitantes e um dos fundadores de São Félix do Araguaia Severiano Neves, irmão do pai de Fátima, minha mulher. Quando a cidade não existia, ele montou sua residência na localidade, e depois empreendeu uma viagem ao Piauí à procura de novos habitantes, dando início ao povoamento do lugar.

Colho na internet, na Wikipédia, a seguinte informação: “Em 23 de maio de 1941, desembarcava no rio Araguaia, em território mato-grossense, a família de Severiano Neves, acompanhada de outras famílias provenientes do estado do Pará, em busca de um futuro melhor. Iniciando-se assim um novo povoado, próximo a santa Izabel do Morro, antiga morada dos índios Carajás, habitantes milenares do rio Araguaia e da Ilha do Bananal. A denominação de São Félix foi dada pelo Bispo D. Sebastião Thomaz Câmara no dia 20 de novembro de 1942.”

Quando a localidade passou a município, foi Severiano Neves o seu primeiro prefeito. Segundo informação de minha mulher, ele nasceu em Buriti dos Lopes – PI, no povoado Várzea do Simão, filho de Simão Pedro e Firmina.

17 de fevereiro de 2010

Cambota e Fogoió, os dois meninos.

 

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Por  *Pádua Marques. 

Eles foram o terror do bairro onde moravam quando crianças e já engrossando o talo da pinta continuaram dando trabalho a todo mundo e vergonha aos pais. Nessa época de São João, naquele tempo, eles se danavam a correr numa venda pra comprar toda sorte de fogos, desde os inocentes peidos de velha às terríveis e poderosas bombas de quinhentos, capazes de levantar por mais de vinte metros uma lata de querosene.

Cambota foi criado cheio de vontades pelo pai porque nem a mãe aguentou as peraltices dele. Filho único de um quitandeiro, se esteve algum dia à escola foi somente pra bater nos outros e no segundo dia de aula ser expulso. O pai achava de dizer que ninguém precisava estudar pra ganhar dinheiro. Ele mesmo tinha tudo e nunca passou um dia sequer sentado em banco de escola. Tinha dinheiro na burra e muitos burros lhe obedecendo.

O menino se criou sozinho feito bicho bruto, batendo e apanhando na rua e quando era contrariado se armava de um caco de vidro e corria a rua pra tomar satisfações com o desafeto. Nesse período de festas juninas ia ele direto na gaveta da quitanda, tirava o apurado e ia até a esquina comprar traques e bombas. Negócio dele era bomba, daquelas mais potentes e que incomodavam a vizinhança. Noite toda.

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Era um menino feio, baixo, gordo, cambota, cabelo raspado, calção imundo, fedendo a pena de galinha molhada. Mesmo tendo todos esses defeitos não era desrespeitoso com os mais velhos. Algum adulto ralhasse com ele, metia o rabo entre as pernas e procurava o caminho de casa.

Agora Fogoió não. Fogoió Azedo como outros e muitos o chamavam pelas costas. Também foi um menino criado por uma mãe e um pai que faziam tudo aquilo que ele queria. Os vizinhos, quando ele era ainda criança, passaram poucas e boas com as travessuras dele. Assim como Cambota, nessa época de São João, transformava a vida do bairro onde morava num inferno.

Toda a cidade temia pelo que poderia acontecer quando aqueles dois maus elementos um dia se encontrassem. Aí o diabo iria sair da garrafa por cima ou por baixo. E este dia aconteceu num dia de junho. Colocaram o mundo de cabeça pra baixo e tocaram fogo. Amarraram traques em rabo de cachorros, soltaram bombas debaixo de latas e dentro de garrafas e explodiram até o muro da igreja. Coisa pouca pra eles.

Este Fogoió Azedo, nunca foi cria de gente. Criado sim à imagem e semelhança do cão. Quando adulto se transformou num grande negociante, cheio de enrolada, venda de tudo em quanto achasse pela frente. Vendia e trocava de tudo, desde geladeira velha, bateria de carros, pneus, móveis antigos, moedas, terrenos, material de construção, vergalhão, madeira e se bestasse, até arma de fogo, tudo. Esta semana passada eu vi dois sujeitos parecidos se cumprimentando na televisão, Trump e Kin-Jong Un. Meteu medo. * Pádua Marques, ocupa a cadeira 24 da Academia Parnaibana de Letras.

Escritores organizam coletânea Piauí em Letras para lançamento em julho.

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Marcado para o dia 13 de julho na Livraria Anchieta, zona leste de Teresina, o lançamento da coletânea poética Piauí em Letras, trabalho organizado por um grupo de dezoito escritores de várias regiões do estado e coordenado pelo professor Luís Romero. Eles tiveram como ponto de partida o site Recanto das Letras.

No inicio deste mês sete autores estiveram reunidos no Espaço Cultural Rosa dos Ventos, da UFPI, para uma conversa cultural. Carvalho Neto, Lena Lustosa, Adrião Neto, Samuel Nascimento, Eva Graça, Christian Messias e Amanda Gomes, traçaram as perspectivas para o futuro do grupo de escritores. Fonte: APM Notícias. Foto:chavalzada. Edição: APM Notícias.

Comissão da APAL discute nova edição do Almanaque da Parnaíba.

 

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Reunida no final da tarde desta terça-feira na Casa de Simplício Dias, a comissão editorial da Academia Parnaibana de Letras tratou sobre a data, colaborações e custos da próxima edição do Almanaque da Parnaíba. A edição deste ano de 2018 é a septuagésima primeira e tem como coordenadora a escritora e acadêmica Dilma Ponte de Brito.

Vários assuntos como a capa da revista, contribuições de acadêmicos e colaboradores, data de lançamento, ente outros, foram tratados entre os acadêmicos José Luiz de Carvalho, Dilma Ponte de Brito, Wilton de Magalhães Porto, Antonio Gallas Pimentel e Antonio de Pádua Marques Silva.

Entre as sugestões de homenagens foi lembrado o centenário de nascimento de Alberto Silva, nascido em 10 de novembro de 1918 em Parnaíba. Na Academia Parnaibana de Letras foi o primeiro ocupante da cadeira 09 que tem como patrono R. Petit. Seu sucessor é o advogado, jornalista e professor José de Nicodemos Alves Ramos. Foto: APL.

Parceria Cultura e Academia de Letras pode reativar SALIPA e Salão de Humor.

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O presidente da Academia Parnaibana de Letras, José Luiz de Carvalho, anunciou nesta segunda-feira (11) encontro que teve com o superintendente de Cultura de Parnaíba, Albert Piauí, quando foi tratada a possibilidade de um convênio entre as duas entidades para a realização de vários eventos.

Carvalho destacou que o superintendente demonstrou que tem interesse de que a Academia Parnaibana de Letras assuma a coordenação do Salão do Livro de Parnaíba, o SALIPA, evento idealizado para dar destaque aos escritores da região, vender livros e criar uma interação com a classe estudantil, mas que não teve continuidade.

Nesta segunda-feira o presidente esteve reunido com Kenard Kruel, assessor do superintendente de Cultura, quando foram tratados esses e outros assuntos como a reativação do Salão Internacional do Humor. Este evento também ficaria sob a coordenação da Academia Parnaibana de Letras. Fonte: APAL. Fotos: Supcom. APAL/SupCom.

 

MOÇA APAIXONADA

   Benedito Lima (*)

                         Adoro chocolate! No aeroporto de Brasília, antes da reforma, havia na praça de alimentação uma loja de chocolate maravilhosa. Todas as vezes que passava por Brasília, ia lá tomar chocolate quente e comprar chocolate com menta, com pimenta e com hortelãs.

                        Era figurinha carimbada. A atendente já me conhecia e sabia de cor as qualidades e as quantidades que eu queria. A loja tinha uma característica que a diferenciava das demais: não possuía cadeiras, talvez por que os fregueses ficavam pouco tempo.

                        Certa vez vindo de Marabá, fiz conexão em Brasília, quase sem tempo de pegar o outro voo. Apesar disso e das dificuldades de deslocamento no aeroporto, apressei o passo e fui até a loja.

                        Ao chegar, verifiquei que a atendente não era a mesma. A nova era linda, tinha dentes brancos que realçavam seu sorriso. Os olhos verdes, a pele morena e o nariz pequeno combinando com o seu rosto oval.

                        Pedi um chocolate quente e que pesasse 200 gramas de chocolate com menta e 150 com pimenta. Nesse momento vi que haviam adquirido uma cadeira de inox. Puxei-a de lado e me sentei.

                        Em poucos segundos, percebi que a moça me observava. A princípio não dei muita importância, mas o tempo passava e ela não tirava os olhos de mim. Eu não entendia como uma moça tão jovem e bonita pudesse estar interessada em um velho. O ego inflou e passei a olhá-la. Senti sua indecisão e para incentivá-la dei um sorriso.

                        De repente a inércia foi rompida, ela parou de pesar o chocolate, caminhou em minha direção, chegou bem próximo de mim e sem tirar os olhos dos meus, falou com voz delicada: o Sr. poderia fazer a gentileza de se levantar da lixeira?

                        Ao me levantar, verifiquei que a lixeira estava toda amassada. Pedi desculpas, paguei a conta e passei um tempão sem tomar chocolate quente e sem levar pra casa chocolate com menta, com pimenta e com hortelãs.

                        (*) Benedito Lima é poeta, escritor, graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Minas Gerais e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Piauí com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal Fluminense e com mestrado em Ergonomia pela Universidade Federal de Santa Catarina. É auditor Fiscal do Ministério do Trabalho e exerce aa função de coordenador de um dos Grupos Especiais  de Fiscalização Móvel do MT que busca erradicar o trabalho escravo ainda existente em nosso país.

                          Publicou dois livros técnicos: Erva mate: erva que escraviza e  Degradância Decodificada – e o papel do Estado na sua gênese (em parceria com Renato de Mello). Brevemente estará lançando em Parnaíba um livro de poesias de sua autoria intitulado POESIAS REFLETIDAS.  

Postado em 10/06/2018 no Blog do professor gallas

 

Vida de cão.

 

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* Pádua Marques.

 

Nessa semana que está acabando houve uma operação policial em dois bairros de Parnaíba. Operação pesada da Polícia Federal e da militar para desarticular bocas de fumo. Estes dois bairros tem histórico de violentos e de acoitar entre os bons moradores alguns traficantes de drogas, ladrões de celular, motocicletas, supermercados, velhinhos aposentados e outras coisas mais.

Acompanhei pelos blogs e portais o desdobramento da operação. Me chamou a atenção nas fotos ilustrativas, no meio daquele furdunço todo e correria pra tudo quanto era lado, a figura de um cachorro negro. Nas duas fotos ele está ali deitado, na dele, perto de uma viatura assim como quem não tem nada a ver com a história e está ali apenas pra depois entre os vizinhos assustados ficar abanando o rabo e ouvindo conversa.

Agora imagine a vida dessas pessoas, trabalhadores, donas de casa, crianças e velhos convivendo todo dia, semana após semana, meses e anos com esta escalada de violência em que se transformou viver na periferia. O cão estava ali quieto perto da viatura sem a menor vontade de latir ou de se admirar com a operação que já se tornou rotina entre aquela gente.

Talvez fosse ele até um olheiro dos traficantes, um cão de guarda que, ao menor sinal de perigo pra seus patrões, agora estivesse silencioso pra não levantar suspeitas das atividades de seus donos. Certamente deve ser um cão fiel, assim como são outros cães de porta de rua e de fundo de quintal. Desses que apenas e ao menor sinal de perigo se danam a latir e alarmar com a presença de estranhos.

Estava ali na dele, deitado na areia fofa da rua sem calçamento, longe de tudo o que é movimento mais urbano. Certamente que, pela condição de guarda de alguma boca de fumo ganha, quando muito, algum osso carnudo, um resto de comida da mesa ou na pior das hipóteses, quando cria confusão com seus pariceiros, leva uma pedrada certeira de alguém incomodado com sua insolência.

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Vida de cão de boca de fumo não deve ser nada fácil. Vive sob a constante inquietação. Ao menor sinal da sirene de uma viatura ou mesmo de um carro estranho cheio de policiais armados até os dentes, se põe a latir feito doido. É o momento dos patrões fugirem pela porta dos fundos e, saltando os quintais com o produto do roubo ou do tráfico de drogas vão se esconder mais lá na frente.

Agora a gente se põe a imaginar o que seja a vida de milhares de pessoas convivendo com vizinhos tão importantes pra polícia. Qual a expectativa de sociedade, de paz e de trabalho honesto dessas pessoas? Vivem sob uma constante inquietação, um inferno. Não deve ser nada tranquilo viver num bairro desses. Não é apenas aqui na Parnaíba não. É em tudo em quanto é cidade grande.

Aquele cão negro nunca vai levantar suspeitas pra policia. Nunca vai sair da rua algemado e dentro de um camburão pra depor e ser preso na Central de Flagrantes, julgado e condenado dormir fazendo companhia a seus patrões na penitenciária. Aquele cão nunca vai ser incomodado. Sua fidelidade está comprovada e tão logo aquela confusão toda acabe, volta pro canto da cerca e vai tirar um sono, que ele não é besta.

pensador1* Pádua Marques, jornalista e escritor, membro da Academia Parnaibana de Letras e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba.

 

 

MEMBRO DA APAL LANÇA LIVRO EM OEIRAS E HOMENAGEIA SEUS AVÓS

CONVITE FERNANDO FERRAZ

O Instituto Histórico de Oeiras está enviando convites para o lançamento do livro ALICERCE: história de Edméia e Ferraz Filho escrito pelo professor e acadêmico parnaibano Fernando Ferraz que será nesta sexta-feira,08, no Café Oeiras.

Fernando Ferraz é membro da Academia Parnaibana de Letras, ocupando a cadeira de número 26 que tem como patrono o seu avô, o jornalista Raimundo Ferraz Filho. Recentemente, em abril próximo passado tomou posse na Academia Cearense de Cultura – ACECULT importante instituição literária e cultural do estado do Ceará.

Sobre o lançamento do livro de Fernando Ferraz, um jornalista de Oeiras, Claudevandio, divulgou a matéria que se segue:

“NETO DE OEIRENSE LANÇA LIVRO DE MEMÓRIAS NESTA SEXTA (08) NO CAFÉ OEIRAS.

O professor Fernando Basto Ferraz lança nesta sexta-feira, 08, o livro “Alicerce: História de Ediméa e Ferraz Filho”, no Espaço Cultural Café Oeiras. O lançamento da obra está marcado para as 20h e terá ambiência musical da cantora oeirense, Nayara Sá.

Na obra, Fernando Ferraz narra as memórias dos avós Raimundo Ferraz Filho e Maria Edméia Memória Ferraz, a partir da breve infância em Oeiras-PI e em Guaraciaba do Norte-CE, viajando até a cidade de Parnaíba-PI, local onde plantaram e colheram a semente do amor que os uniu. Raimundo Ferraz, avô do autor, era natural de Oeiras, cidade onde viveu alguns anos antes de casar.

FERNANDO FERRAZ

O autor – Fernando Basto Ferraz é poeta, membro da Academia Parnaibana de Letras (APAL), membro da Academia Cearense de Cultura e professor titular (aposentado) dos cursos de graduação e de mestrado/doutorado da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). É autor de outras obras da área jurídica, como o livro Terceirização e demais formas de flexibilização do trabalho (2006), e de poesias, como o Folia das letras (2001)”.