Morre em Teresina o jornalista José Fortes

 

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Faleceu nesse domingo dia 11 em Teresina, o jornalista e escritor José Alves Fortes Filho. Segundo a família ele estava doente já há alguns dias. Natural de Piracuruca, José Fortes pode ser considerado jornalista, radialista, escritor, poeta, editor, historiógrafo, redator e cronista.

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José Fortes foi editor do jornal O Dia por alguns anos na década de 80 e exerceu vários cargos na área na Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Piauí. Como intelectual expandiu para o interior as atividades nas várias entidades que criou.

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Fundou e se tornou presidente da Academia de Letras da Região de Sete Cidades, a ALRESC, e do Instituto do Mérito Cultural Leonardo Castelo Branco; vice-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE/PI); secretário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Secção do Piauí; diretor da Academia de Letras do Vale do Longá (Alval); membro fundador da Academia de Letras e Belas Artes de Floriano e Vale do Parnaíba. Fonte: portalaz. Fotos: web. Edição: APM Notícias.

CARNAVAL.

 

Esta matéria originalmente está na edição 04 da revista Histórica, do IHGGP que não chegou a ser publicada em 2010, tratava de um assunto muito interessante. Achei oportuno agora sua publicação.

 

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…negra, estroboscópica, psicodélica, rítmica, submarina…

 

Uma portaria assinada pelo juiz da Vara de Menores da Comarca de Parnaíba, José de Anchieta Mendes de Oliveira naquele dia 15 de fevereiro de 1976 ordenava que, entre outras, fossem observadas algumas determinações que aos olhos atuais podem ser consideradas ingênuas.

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Parnaíba ainda tinha boa parte das ruas sem calçamento, estava no meio de um grande inverno com mais de doze mil casas danificadas, segundo o relatório da CAVI, a Comissão de Amparo às Vítimas das Inundações, criada por entidades da igreja e dos clubes de serviços.

A portaria do Juízo de Direito da Vara de Menores dizia claramente que nenhum festival carnavalesco poderia se realizar com a presença de menores sem o competente alvará judicial era proibido a permanência ou participação de menores de 16 anos em salões públicos ou outros logradouros, bem como em qualquer local onde se realizassem bailes noturnos com entrada livre.

Nas vesperais infantis, que teriam início depois das três horas da tarde e deveriam se encerrar por volta das seis, somente participando os menores com idade superior a três anos desde que acompanhados de seus pais ou responsáveis. Em relação às matinais, deveriam se iniciar às nove da manhã e encerrar ao meio-dia obedecendo a uma separação entre estes menores até 13 e de 14 aos 18 anos. Haveria um intervalo de dez minutos de hora em hora para descanso sendo proibida a participação dos adultos nos folguedos, mas liberando suas entradas como acompanhantes.

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O que mais chama a atenção, passados mais de quarenta anos, é a determinação sobre as matinais e vesperais infanto-juvenis e nos bailes noturnos frequentados por menores de dezoito anos. Deveria ser mantida a iluminação comum nos salões ou dependências sendo proibido o uso de “luz negra, estroboscópica, psicodélica rítmica, submarina e outras semelhantes”.

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Outra determinação da legislação eleitoral dizia que estavam proibidas referências elogiosas ou não através dos corsos carnavalescos a políticos e autoridades brasileiras. Qualquer bloco que fizesse menção a nomes de pessoas, tanto no carnaval de rua ou nos clubes, estaria sujeito a sofrer a repressão por força de lei. Às comissões julgadoras seria determinado que o bloco fosse eliminado da competição.  Fonte: IHGGP. Fotos: web. Edição: APM Notícias.

Biblioteca da APAL recebe revista da Academia de Letras da Grande São Paulo.

 

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A biblioteca da Academia Parnaibana de Letras recebeu na quarta-feira dia 7 a revista Tamises, publicação da Academia de Letras da Grande São Paulo, em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo.

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A revista Tamises, com 144 páginas, foi enviada pelo acadêmico João Bosco dos Santos, ocupante da cadeira 28, que tem como patrono Catulo da Paixão Cearense. A Academia de Letras da Grande São Paulo tem como presidente a escritora Maria Zulema Cebrian.

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São Caetano do Sul, município da região metropolitana de São Paulo, tem uma população de mais de 150 mil habitantes. Faz parte do chamado Grande ABC, sendo referência nacional no trato e na boa qualidade de oferta de serviços aos seus habitantes.

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É a cidade brasileira com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH. Tem um dos maiores PIB do Brasil. Fonte: APAL. Fotos:web/apal. Edição: APM Notícias.

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É CARNAVAL!

 

Antonio Gallas

Viva o Rei, Viva a Rainha, Viva a folia! Tudo é Festa! Tudo é alegria!

É Carnaval! A festa mais popular e mais democrática do Brasil! Brinca o pobre, o rico, o bonito, o feio, o solteiro, o casado. Brinca o corno, o que não é corno. Brinca o político e brinca o cidadão honesto. Brincam os enrustidos que  aproveitam o período para se fantasiarem de mulher e soltarem a franga! E como diz a canção de Jair Rodrigues “o importante é ser fevereiro e ter carnaval e ter carnaval prá gente sambar…” São três dias de folia que já se transformaram em quatro, cinco e até sies… O povo esquece as tristezas, as mazelas… O momento agora é só alegria… felicidade!

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Os blocos têm nomes pitorescos como, por exemplo, “Máquina de Descascar Alho” (pronuncia-se descascaralho…rsrs), tradicional bloco da capital maranhense – São Luis; tem o “Vai quem Quer” e o Só Kanela” em Tutóia; “Só o Cume Interessa” no Rio de Janeiro e muitos outros blocos de nomes engraçados espalhados por esse “brazillzão”. Vai ter o bloco do “Repelex” e o bloco Abaixo a Picadura do Mosquito (alusão contra o mosquito da Dengue e da Febre Amarela) e não faltarão fantasias de famosos políticos com roupas de presidiários.

É carnaval! É alegria! Vamos brincar…!

CARNAVAL

 

O JUIZ RAIMUNDO CAMPOS

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O JUIZ RAIMUNDO CAMPOS

Elmar Carvalho

Em virtude da reforma que será feita no prédio do Fórum Dr. Raimundo Campos, desta Comarca de Regeneração, foi feita a mudança da repartição para uma casa antiga, situada no centro histórico da cidade, mais perto da matriz de São Gonçalo, santo de origem portuguesa, em cuja honra existiam as antigas rodas e cantigas que levavam seu nome, hoje quase extintas, sem ninguém que as dance, sem ninguém que as cante.

Há quem diga que São Gonçalo do Amarante, tradicionalmente conhecido como alegre, festeiro e violeiro, não chegou a ser canonizado, mas teria chegado apenas ao posto de beato nos procedimentos católicos. De qualquer forma, o povo o canonizou e ele tornou-se santo de fato, e como tal é reverenciado por clérigos e profanos.

O Dr. Raimundo Campos foi juiz de Regeneração e Amarante por vários anos. Homem sem jaça, de reputação ilibada. Nasceu em Oeiras, em 10 de agosto de 1881, descendente de importante estirpe da velha capital. Era pai do grande teatrólogo e professor piauiense José Gomes Campos, cuja obra prima é o Auto do Lampião no Além.

Para que se tenha uma pálida ideia desse magistrado, basta que se diga que ele recusou a governança do Estado do Piauí e, posteriormente, o cargo de desembargador. Numa época de muita ganância, muito egoísmo e ânsia por cargos, uma atitude como essa causa admiração, senão mesmo perplexidade.

Era ele um homem austero, talvez um tanto circunspecto, mas tratava todos com cordialidade e fazia suas obras filantrópicas, sendo certo que tinha o respeito e a consideração dos seus jurisdicionados. Contou-me Nileide Soares, que seu pai fora amigo do juiz e falava muito bem dele, considerando-o um homem correto e digno.

Dele ficou a memória de um caso anedótico, em que teria dado uma decisão contra um homem por causa de um delito de pequeno potencial ofensivo, como se diz hoje. O infrator o abordou, insistindo para que ele desse um “jeitinho”. Pelo visto o chamado jeitinho brasileiro já deveria existir naquele tempo. O Dr. Raimundo Campos, com inegável senso de humor, respondeu-lhe que era formado em Direito e era juiz de Direito, e, portanto, não poderia ser torto, e indeferiu a súplica verbal de forma liminar e peremptória.

10 de fevereiro de 2010

Valdeci Cavalcante vai tomar posse na Academia de Letras de Parnaíba.

 

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Em reunião realizada no Hotel Cívico, região central de Parnaíba, o presidente da Academia Parnaibana de Letras, José Luiz de Carvalho tratou dos detalhes da posse do advogado, empresário, presidente da Federação do Comércio do Piauí e escritor Valdeci Cavalcante naquela entidade, tendo como patrono seu pai, o comerciante e ex-vereador Gerardo Ponte Cavalcante..

O presidente José Luiz de Carvalho estava na ocasião acompanhado do secretário-geral da APAL, Antonio Gallas Pimentel, da escritora Maria Dilma Ponte de Brito. O futuro acadêmico é presidente da Federação do Comércio do Piauí.. Ficou acertado o dia 13 de abril às 19h no Espaço de Eventos, antigo Castelo do Thor, no bairro de Fátima.

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Valdeci Cavalcante será recepcionado pelo escritor e acadêmico Elmar Carvalho e lança o livro Oriente Médio, História, Religião, Cultura e Desenvolvimento. Segundo o presidente José Luiz de Carvalho, na reunião da semana passada, foi tratado o convênio da academia com o SESC acentuando o projeto Academia Viva. Fonte: APAL. Fotos: APAL/ web. Edição: APM Notícias.

 

Ouves?

 

”Fecho os olhos

E encosto a concha do búzio

Na concha de minha orelha”

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No sono antes infringido

Dormi um instante o ouvido

Aos búzios de Elmar Carvalho

E que dizem os búzios?

Invisíveis moluscos deste litoral

Veladas areias de Fortaleza

Eu estivera fosco ao que dizem

Tosco ao sonoro

Ás auréolas imemoriais dos búzios

E tão pouco os escutei

Fragmentos de signos antigos

Celulares micro búzios do esquecimento

Acordei sobressaltado

Ao sol da cidade

E não havia búzios que falam

Aos ouvidos de homens surdos

Que disseram teus búzios

poeta Elmar Carvalho?

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Que mais diriam

Se eu os escutasse plenamente?

Arranho rastros no sopro das dunas

E no vapor da ausência

Evanesce o som que perscruto

Que disseram teus búzios?

Que diz o gris

Das espumas de Iracema?

Que diz o concreto da elegância

Nos edifícios do Meireles?

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Que disseram teus búzios?

Que diz o emaranhado de pelos

Nos braços vermelhos de meu pai

Em que cada enrolar-se

É senão um verso?

Que diz o cheiro adocicado

De cebola e almoço

Nas mãos de Mundica às 11 horas?

Questiono ao mundo

Que disseram os búzios?

Que dizem os coisificados

E as coisas simples

Na placidez de suas iconografias?

Que dizem as moças

Que transitam esquisitas

E seus olhos de esfinge

Por serem moças ainda?

E em sua esfinge superior

Que diz a mulher madura?

Que diz a balzaquiana?

O acadêmico absoluto

Suas referências frígidas

Entretanto intocáveis

De paráfrase e citações

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Que diz sua voz?

Sabe ainda o acadêmico

Que tem voz?

O olhar materno

Para o velho retrato

Do filho perdido

Em termos confusos

Que diz o silêncio

De um morto

À sua mãe?

O feto do mar abissal

Que um escafandrista gerou

Sozinho e em sonho

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Nada diz?

A quem sussurrara

O primeiro isolar-se

Na claustrofobia das tintas

Dos depósitos e salas e cozinhas

E organizadíssimas camas

Das casas brancas de família?

Que dizem os fantasmas

Nos tetos destas casas?

Que dizem os analistas

Dos testes psicométricos

De concursos públicos e colégios?

Aos que praticam Cooper

E às marcas dos sadomasoquistas

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Que dizem as passarelas de asfalto

Os instrumentos fálicos

Chicotes e tênis gastos?

Que diz o couro e o látex

Nos preservativos e bustos?

Questiono ao mundo

E o mundo diz o mínimo:

Tampouco sei

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Poeta Elmar Carvalho

Que disseram os búzios?

A lâmpada queimada de instante

no quarto imensamente noturno

Do menino que é o único

E da septuagenária viúva

Que diz o escuro ao escuro?

E que diz o escuro do útero

Ao íntimo óvulo?

Finda a guerra

Que diz o nascituro

Ao gêmeo natimorto

No escuro do útero?

Que diz a fibra grotesca

Dos nervos encrespados

Do gato que nunca morre

O gato que permanece gerúndio

Morrendo infinitamente

Na mais fina ironia dos posfácios?

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Que diz a insistência

Do mal poeta noviço?

E o gênio que nada escreve

Quanto diz seu vazio?

Habitariam o não dito

Os poemas serenizados

Na perfeição da semântica

Submersa a toda linguagem?

Calariam a falha inescusável

Das palavras de Heidegger

Os poemas não escritos?

Que disse Rimbaud

Aos anos não escritos?

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Porquanto observo

Todo luxo obscuro

Me é dado ouvir

Os ruídos mínimos

Do tampouco do mundo

Me é dado o nunca olvido

Ao muito intangível

O predestino de ser capaz

Do amor oblíquo

Como a Vinícius

Fora dado o predestino

E a prerrogativa de ofício

De ouvir o que diz

Aquilo que nada diz

E o que diz o silêncio

Dos poemas não escritos

Dormentes nos búzios

Rosal. Gustavo Muniz Barros Rosal Benvindo é estudante do curso de Direito no Campus da Universidade Estadual do Piauí em Parnaíba. 

 

OS POEMAS E OS PEIXES DE DOM RUBERVAM

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OS POEMAS E OS PEIXES DE DOM RUBERVAM

Elmar Carvalho

Nesta madrugada sonhei que participava de um encontro de literatos, sobretudo poetas.  Só gravei do sonho o momento em que o poeta Rubervam Du Nascimento discursava. Não recordo suas palavras. Eu o via em carne e osso, mas era como se o visse através de um televisor. Meus olhos pareciam ter uma espécie de zoom, pois o seu rosto parecia estar enquadrado em um close, de modo que não lhe via o restante do corpo.

Conheço-o desde os idos de 1978, quando ambos éramos colaboradores da página literária coordenada pelo vate Menezes y Moraes, e quando houve uma forte interação cultural entre poetas teresinenses e parnaibanos. Nessa época existiu uma forte aproximação literária entre as duas cidades. Poetas da capital e litorâneos fizeram parte das mesmas antologias e coletâneas. Foram partícipes dos mesmos eventos literários.

Certa vez, Rubervam foi a Parnaíba a serviço de sua repartição. Fui visitá-lo no hotel em que se hospedou. Trouxera uma pequena máquina de escrever portátil, e com todo o entusiasmo de sua juventude produziu alguns poemas no apartamento. Depois, ao longo da vida, mantivemos a amizade, mas nunca nos frequentamos com assiduidade. Contudo, sempre mantivemos uma admiração e fraternidade recíprocas. Quando nos encontramos, casualmente ou não, a conversa flui com muito entusiasmo e alegria.

Embora não tenha ele se transformado num ermitão, tornou-se um tanto arredio a certas instituições e confrarias, sobretudo as de elogio recíproco e as de caráter corporativista. O poeta nunca aceitou e nunca fez concessões espúrias. Sempre manteve a sua postura um tanto reservada e arredia, embora seja cordial e de fácil convívio. Manteve sempre a sua linha poética, comprometida com o novo e com a pesquisa, buscando sempre as soluções inventivas, e não as de fácil apelo ao gosto popular.

Mantém-se íntegro e fiel a si mesmo. Ganhou dois importantes prêmios literários nacionais, com dois de seus livros, um dos quais Os Cavalos de Dom Ruffato, mas, ao que parece, nunca fez muita questão de divulgá-los na província. Casado, há muitos anos, com a poeta Carmem Gonzales, que oficia na sua mesma linhagem poética, que busca a síntese, o inusitado e a inventividade.

Seguindo na contramão do usual, publica seu principal livro, A Profissão dos Peixes, a cada cinco anos, em edição revista e diminuída, de modo que essa obra se torna cada vez mais magra, como se passasse por radical lipoaspiração literária. Num paroxismo, poderíamos dizer que o poeta poderia alcançar a síntese ou o símbolo do peixe, que seria talvez a sua espinha, ou seu fóssil estampado em alguma pedra multimilenar. Dom Rubervam é um bom amigo e um poeta visceral.

9 de fevereiro de 2010