Nestor Rios e as madeixas de Getúlio

Nestor Rios e as madeixas de Getúlio

Elmar Carvalho

Dois ou três domingos atrás, fui à casa de meu colega e amigo João Batista Rios, juiz aposentado, teólogo e agora diácono, além de membro do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Teresina. Estava acompanhado do historiador e poeta Ivanildo de Deus, que o conhecia de Luzilândia, quando nessa cidade Batista Rios exerceu a judicatura por um breve período, na qualidade de juiz substituto, no início de sua carreira.

Tive a oportunidade de recordar a minha amizade e admiração pelo seu saudoso e venerável pai, Nestor Rios. Vale a pena repetir o que já contei alhures: Nestor passava mensalmente na agência da ECT, onde eu trabalhava, a exemplo do que fazia em outras repartições e empresas, para recolher irrisórios óbolos, entre os quais os meus, para alimentar e vestir os seus velhinhos, na qualidade de homem de boa-vontade e vicentino convicto. Como se fora uma nova multiplicação de peixes e pães, Nestor, com esses parcos recursos, construiu uma pequena vila de casas para abrigar os seus pobrezinhos.

Em meio a essa conversa, Batista Rios nos contou que elaborava um aluá, em receita própria que ele, por não ser egoísta, não esconde de ninguém. Enche várias garrafas ou botelhas, para presentear algumas pessoas, que lhe admiram e louvam o sabor. Para comprovar o que dizia, encheu três cálices com esse exótico néctar. Dou aqui o meu testemunho: foi o melhor e mais requintado aluá que já sorvi, ou melhor, degustei em toda a minha vida. Portanto, não era fanfarronice e muito menos propaganda enganosa o que ele nos afiançara. Assim, Batista Rios, além de notável anfitrião e causeur, é também um extraordinário alquimista, e seu aluá jamais será assaz louvado.

Dando sequência à conversa, o nosso anfitrião nos contou um caso interessante sobre seu pai, e que tem uma pitada histórica, anedótica e jocosa, de que farei abaixo um apertado resumo.

Quando Getúlio Vargas esteve em Parnaíba, em sua campanha eleitoral para presidente da República, hospedou-se na casa do médico João Orlando de Moraes Correia, ex-prefeito do município. Por causa das demoradas e por vezes penosas viagens da campanha, notou-se que ele estava com o cabelo um tanto comprido, razão pela qual os anfitriões resolveram mandar um positivo à melhor barbearia da cidade, para que viesse um barbeiro com a finalidade de aparar as madeixas getulinas ou varguenses. Contudo, nenhum dos barbeiros se achou com coragem suficiente para cumprir a missão.

Esse receio dos mestres parnaibanos da tesoura e do pente até me fez recordar – e por isso abro aqui este pequeno parêntese – um episódio anedótico, em que um barbeiro da Marinha Brasileira anunciara desejava matar o almirante e comandante da armada. Este, ao saber da ameaça, de forma ousada e corajosa, se apresentou ao barbeiro, para que lhe fizesse a barba. O barbeiro, ao empunhar a navalha, tremia tanto, que admitiu não ter condições de executar o serviço. Desse modo a ameaça tornou-se apenas uma vexatória bravata e nada mais.

Os fígaros de Parnaíba, ante o impasse criado pelo medo, informaram que apenas Nestorzinho, o nosso pequeno e bravo Nestor, teria perícia suficiente para cortar os fios capilares do pequenino grande homem. O mensageiro foi à sua cata, que na época trabalhava na EFCP – Estrada de Ferro Central do Piauí. Nestor não se fez de rogado, e muito menos temeu, e menos ainda tremeu ao cumprir a missão. Manipulou a tesoura e a navalha com a perícia de sempre. Cabe-me esclarecer que ele não era um profissional, mas aprendera o ofício, do qual se tornara virtuose, apenas para servir ao próximo, sobretudo amigos, colegas e vizinhos.

Ao terminar o serviço, foi indagado por Gegê (também conhecido por “pai dos pobres” ou “pequeno ditador”, conforme a simpatia ou ideologia de quem assim o chamava), sobre quanto lhe devia. Nestor lhe respondeu que nada. Getúlio insistiu, e lhe perguntou se ele não desejava algum favor ou se não tinha alguma pendência para com o governo federal. O nosso fígaro lhe respondeu, então, que a União devia uma verba trabalhista aos servidores da Estrada de Ferro em que trabalhava.

Vargas lhe disse que, se fosse eleito, um de seus primeiros atos seria pagar esse débito. Recomendou que um assessor anotasse a reivindicação. Com efeito, no primeiro ou num dos primeiros números do Diário Oficial da União, ele determinava o pagamento dessa verba laboral. Isso até nos causa admiração e mesmo perplexidade, numa época em que os políticos, em sua quase totalidade, se excedem em não cumprir o que prometem; em que prometem já com a intenção de não cumprir as suas falaciosas promessas eleitoreiras.

Nestor Rios, em sua humildade de homem bom, de homem do bem, pai de meu amigo e colega Batista Rios, foi ovacionado por seus colegas, e carregado nos ombros, em verdadeira apoteose, em legítima procissão gloriosa, como se fora um dos césares romanos em seus dias de triunfo imperial.

A casa que tomava banho. *Por Pádua Marques.

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Da minha infância, hoje distante, eu me lembro das costumeiras trocas de casa de morada e a ansiedade do dia da mudança da nossa família. Mas tem um ponto particular que outro dia, agora já próximo da velhice e sossegado em uma casa própria, pude observar com mais serenidade. Tudo isso ocorreu quando tive a necessidade de, a pedido de um amigo, escrever um artigo sobre a falta de água em Parnaíba. Então me veio limpa e rápida a lembrança do banho da casa para onde a gente iria se mudar.

Mas minha mãe sempre costumou de vez em quando lavar a casa onde estávamos morando. Posso dizer hoje que não era uma situação que a princípio nós crianças gostássemos de fazer e ajudar os irmãos maiores. Mas com o passar do serviço a gente até que no fim daquela faxina estava era querendo que nunca acabasse. E nessa minha memória de infância passada aqui na Parnaíba lembro que quase todo quintal tinha um poço. Poço que garantia o abastecimento de água pra família e a pedido de alguns vizinhos.

Geralmente os poços eram profundos, com uma largura de boca acima de dois metros e outros tantos de fundura. Em muitos deles havia um enorme carretel de madeira e neste carretel um balde e a corda. Essa tarefa de puxar água no poço era coisa de gente grande ou já ficando grande. Menino perto de poço nunca foi coisa de dar certo. E o poço era também lugar de encontros e conversas.

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As moças ficavam ali conversando enquanto puxavam água. Ainda hoje existem alguns desses poços aqui em Parnaíba, mas devido as facilidades da água tratada e distribuída, estes poços acabaram sendo, quando muito, lacrados, entupidos ou pelo desuso perderam a utilidade.

Faz agora lembrar um poço que havia no cemitério de São Sebastião, na rua Tabajara. Era considerado um dos mais fundos de que se tinha notícia em Parnaíba. Dava medo chegar à beirada dele e olhar aquele olho bem pequenininho entre as paredes de tijolos cheios de musgo.

E a gente costumava gritar para ouvir o eco. Aquilo nos encantava o mundo da infância. Gritar e gritar bem alto para ouvir seu nome voltar mais alto ainda e por fim ir se perdendo. Servia o poço para que os funcionários regassem as plantas de cima dos túmulos e eventualmente usassem a água nalgum reparo feito por pedreiros próximo ao Dia de Finados.

Mas voltando à lavagem da casa de morada eu lembro que todos, sem exceção, estavam convocados. Geralmente se dava num dia de sábado. O poço que servia de uma das tantas casas que moramos e na qual passamos mais tempo, servia para três famílias. Os nossos vizinhos tinham tanto quanto nossos pais muitos filhos. Portanto na hora de banhar toda aquela multidão de crianças era se ter de marcar e acertar entre as partes. Assim também quando minha mãe e minhas irmãs mais velhas tiravam o dia para a lavagem das redes. No final da manhã o poço estava lá embaixo.

Mas a lavagem da casa era um momento único. Assemelha a preparar um navio para uma grande travessia. Tudo tem de estar pronto e no lugar porque no alto mar não tem como voltar para ver o que se deixou. Meus irmãos maiores eram os encarregados de puxar a água do poço. Era uma faina dura e precisava de braços fortes e muita rapidez. Lá dentro não poderia faltar água.

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Papai era o comandante de toda aquela operação. Não vou aqui esmiuçar detalhes de sua atividade. Mamãe ficava como sempre encarregada de manter a cozinha em atividade porque o almoço seria servido logo depois de todo mundo ter encerrado as atividades e dado como pronta a casa lavada e enxuta.

A parte mais dura mesmo ficava entre os intermediários e as crianças. Éramos nós que mantínhamos o ritmo de trabalho. Uns trazendo a água do poço em latas de flandres, conhecidas por latas de querosene. Outros esfregando o chão de tijolos com capembas de coco. E a água vindo do quintal e aquela algazarra toda. Acabava sendo uma grande brincadeira e competição.

Uns querendo passar na frente uns dos outros. E aquela espuma e a água deixavam nossas mãos murchas e dormentes, aquela sensação boa de que não sentíamos onde estávamos tocando. Mas o tempo ia passando e a casa que estava tomando banho, fosse para ser deixada para outro morador ou aquela que iríamos ocupar no outro dia, precisava estar pronta e limpa.

Mas havia um momento de grande apreensão quando tínhamos poço no quintal de casa. A ocasião em que o balde caía lá no fundo. Gasta pelo uso e não podendo mais com o peso da água no balde, a corda rebentava. Era tudo o que precisava para que todos os de casa corressem para beirada do poço.

Mas se por um lado era um momento de grande brincadeira das crianças, era também de grande medo. Havia sempre o risco de, com todo aquele peso na beirada, o poço fechar com muita gente caindo dentro. Os poços não eram como os de hoje, feitos de cimento. Eram as paredes feitas de tijolos.

Aí chegava a turma do resgate do balde. Traziam um gancho de arame. Quando não dava certo arrancavam o armador da rede de dormir, desses que ainda hoje podem ser encontrados nas paredes do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba. Então traziam mais cordas. E toda aquela expectativa gerava às vezes gritos de decepção sempre que uma nova tentativa se mostrava frustrada. Alguém aconselhava que um dos meninos descesse. Iria escalando as paredes bem devagarinho até chegar ao fundo onde estava o balde afogado.

Finalmente o balde era trazido para a flor da água. O mergulhador ainda ficava dando explicações de como estava o fundo do poço, quantos palmos aproximados ainda tinha de água e se as paredes estavam sujas ou fracas, o que necessitava de um reparo. Vinham finalmente cordas para que ele subisse e chegasse à beirada do poço, são e salvo. Vinha contando a façanha e era cumprimentado até como herói e tudo o mais. Fosse a lavagem da casa ou outro grande trabalho que necessitasse de água, assim como a lavagem das redes e peças de dormir de toda a família, o poço tinha uma baixa e tanto.

As crianças de hoje nunca vão saber este mundo tão ordinário, tenso, tão simples e ao mesmo tempo tão mágico de dar banho numa casa. Da mesma forma que imagino as crianças dessa geração que nunca sentiram o prazer de tomar um banho de chuva. Correndo pelas ruas e chutado bola. Escondidas dos olhos inquisidores dos adultos. Imagino como deve ser a vida das crianças que nascem e crescem nos circos.

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Elas têm de estar sempre prontas para, como se diz, arribar o pandeiro, ir embora de um lugar quando mais estão gostando de morar nele. Se me perguntassem se as crianças de hoje são mais felizes ou infelizes das crianças de antigamente diria que não sei. Cada um é feliz com o que tem e com o tempo que dispõe. Mas sempre haverá um momento de enternecimento nas situações mais corriqueiras. Sempre haverá uma situação especial e interessante na nossa vida. Até de dar banho na nossa casa.

*Pádua Marques, cadeira 24 da Academia Parnaibana de Letras.

 

SOBRE O ROMANCE “HISTÓRIAS DE ÉVORA”

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SOBRE O ROMANCE “HISTÓRIAS DE ÉVORA”

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Robertônio Pessoa

Robertônio Pessoa (*)

O livro Histórias de Évora, do conhecido escritor e dileto amigo Elmar Carvalho, despertou-me o interesse desde o primeiro momento, interesse este ainda mais aguçado quando ele, num tom quase confidencial, disse-me que me encontraria naquele romance, em particular nas peripécias do protagonista Marcos. E confesso que não demorei muito para perceber que o vaticínio do amigo logo se realizaria.

O romance gira em torno das aventuras e primeiras experiências sexuais do jovem Marcos numa hipotética cidade chamada Évora, e que bem poderia ser a nossa Teresina, ou talvez a vizinha Campo Maior, nos anos 60-70-80, e para qualquer outro leitor aquela cidadezinha querida onde ocorreram os primeiros passos da vida adulta, naquela mágica e turbulenta passagem da adolescência para os primeiros anos da juventude.

Folheando já os primeiros capítulos, senti-me misteriosamente transportado para aquela atmosfera infanto-juvenil do final dos anos 70 e começo dos anos 80, período em que profundas e estranhas transformações físicas e psíquicas marcaram o final da minha adolescência, época chancelada por incontornáveis ritos de passagem e pelas alegrias e transtornos na iniciação sexual, tema este, aliás, que toma boa parte do romance.

No livro não se encontram capítulos longos, sendo composto por pequenas e bem proporcionadas unidades, que mais lembram os “splins” baudelairianos, e que, sem muito esforço e fadiga vão nos introduzindo no tempo, na personalidade, no entorno, nas peripécias e aventuras sentimentais, amorosas e sexuais do protagonista. Concomitantemente, outros pitorescos casos de época são narrados, como tragédias familiares, sociais e mesmo eclesiásticas, como o curioso “crime do padre Amaro”.

O romance tem um tom de reminiscências, talvez do próprio Elmar, mas que bem poderiam ser minhas e suas. Evocando as lições de Marcel Proust, o autor declara: “Por muitos anos, quando quis recordar certos episódios de minha vida, no intuito de aproveitá-los em algum texto literário, mormente em poemas evocativos, contemplei vetustos sobrados, velhas casas solarengas; percorri algumas praças e ruas que não haviam sido desfiguradas, que ainda mantinham os traços que vi em minha infância e adolescência. E pude relembrar certos momentos de minha vida, que já se esfumaçavam em minha memória.”

A narrativa e a linguagem do romance são bem trabalhadas, com a escolha do tom adequado e das metáforas apropriadas ao tempo, com atenção aos detalhes, numa recomposição bastante verossímil que nos remete aos gostos, costumes, expressões, gírias e trejeitos de uma época já esquecida, principalmente em face da velocidade que a história assumiu em nossos dias. Faz-nos rememorar coisas, fatos, personagens, modos de falar e de agir aos quais alegremente assentimos em nosso íntimo: “Isso…isso… era assim mesmo…era assim que se dizia..”. E tudo isso numa tessitura bem costurada, numa trama simples, sem maiores pretensões, mas composta com desenvoltura e no estilo próprio, agradável e leve do autor.

As peripécias, venturas e desventuras da iniciação sexual de Marcos são deliciosamente eróticas, onde as pulsões transbordantes da juventude, quando a testosterona alcança seus picos máximos, são inteligentemente trabalhadas, com o suspense das primeiras trepadas, animadas pela circulação quase clandestina de revistas pornográficas e as primeiras descidas aos meretrícios, e tudo numa ambiência quase vitoriana. Quem não se lembra daquelas louras estonteantes das escassas revistas suecas em coitos mirabolantes e das performances da holandesa Silvia Cristal no filme Emanuelle Tropical que assistíamos no Cine Rex.

Ao final, eu bem que poderia responder como Gustave Flaubert quando lhe indagaram quem seria a Madame Bovary do seu consagrado romance. Parodiando-o, responderia sem titubear: “Marcos sou eu”.

(*) Membro da Academia Piauiense de Letras Jurídicas, Procurador da Fazenda Nacional e escritor.

A entrada de Pádua Marques na Academia Parnaibana de Letras.

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“Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?”

Carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 4,16).

A recente entrada de Antonio de Pádua Marques e Silva na Academia Parnaibana de Letras é um feito que, no campo literário de Parnaíba (quiçá do Piauí), merece ser lembrado e reverenciado.

Não por ser o ingresso de um legítimo artífice das letras criativas, mas por quebrar certo regime de ingressos não literários que grassa nas academias desde que Joaquim Nabuco, em 1907, querendo justificar a eleição do almirante Artur Jaceguai, abrira as portas da Academia Brasileira de Letras a homens que não se notabilizaram na literatura, mas, tão somente, em atividades extraliterárias e não culturais, como foram também os abusivos casos de Santos Dumont e de Lauro Müller, então ministro do governo de Wenceslau Braz.

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Autor de importantes peças literárias que aguardam ocasião adequada para caírem nas graças da publicidade, Pádua Marques é, sem o prejuízo da comparação, o típico homem de letras que, ao se comportar como cronista, lembra-nos, de alguma maneira, o Graciliano Ramos de Linhas tortas (1962), e só não o é mais porque encerra em sua produção traços de uma identidade muito bem formada e definida – o que faz do mestre alagoano apenas um norte e não esteio.

Além disso, a sua escolha pelo gênero da prosa é outra marca, principalmente em um meio acostumado com poetas e, vez por outra, com cronistas. Contra essa corrente, Pádua é, antes de tudo, romancista fecundo, cujo tempero, em leves pitadas de humor e de ironia, ajuda a formatar textos simples e ao mesmo tempo ricos em imagem e crítica; é o que ocorre, por exemplo, em O libertador de Cuba, romance ainda inédito.

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As academias de letras, a bem da verdade, deixaram de ser no Brasil, ironicamente, reduto dos homens de letras. Um leve olhar, o mais superficial e sem apuro de pesquisa, constataria que as suas cadeiras são ocupadas, antes, por homens de poucas letras, embora de muitas influências (amigos, parentes…), advindos de outros campos: veem-se médicos, advogados, engenheiros, políticos, militares etc. com colaborações ao monte Hélicon ainda por vir, se é que um dia virão.

É claro que na América Latina, por questões socioeconômicas, raríssimos foram os escritores que se dedicaram unicamente à literatura, daí que esta não passasse – e ainda passe – de uma segunda ocupação, quando não para as horas livres. Quase todos os intelectuais brasileiros, a propósito, desde fins do século XIX e início do XX, eram profissionais liberais ou funcionários públicos, isso, porém, não impedia que legassem às letras pátrias obras que de alguma forma entraram para a história do país. E é dessas colaborações que falo.

No Brasil, ainda hoje, repete-se o triste e inolvidável episódio da eleição armada, para a ABL, de Mário de Alencar, então aspirante a escritor, que vencera Domingos Olímpio, prestigiado autor de Luzia-Homem (1903), justamente porque o estreante era tutelado por nada mais nada menos que Machado de Assis.

Quantos “meninos de letras” – quase ou totalmente desconhecidos! – são, ainda, tutelados e empossados por vínculos de parentesco? De reduto, de espaço sadio ao gozo das letras, as academias, assim, transmutam-se em verdadeiros feudos regidos por homens cordiais que hipertrofiam a esfera privada em detrimento da pública, para aqui lembrar a lúcida análise de Sérgio Buarque de Holanda acerca desse jeito malandro e tão brasileiro de ser.

É por razões congêneres que a vigência-instituição1 no Brasil, fortemente representada pela ABL, aos poucos tem mudado o seu centro de gravidade para as academias científicas, onde residem pesquisadores, estudiosos e mesmo escritores, cujas forças intelectivas muito têm contribuído para a literatura brasileira.

Aliás, a Academia Brasileira de Letras, há alguns anos, sabendo da importância de sua coirmã, tem se aproximado das principais universidades do Brasil, a começar as do Rio de Janeiro, e patrocinado ciclos de conferências em sua sede, um exemplo, sem dúvida, a ser seguido pelas demais, porque no seio científico é que residem, hoje, as verdadeiras pesquisas, os mais inusitados estudos e as fortuitas contribuições ao campo.

Pádua Marques, portanto, é uma injeção de ânimo para quem hoje assiste com certa desconfiança aos sodalícios de letras do país. Sem dúvidas o seu voto, em nome da literatura, como os de outros merecidos nomes que lá residem e fazem valer suas eleições, vale mais para a estrutura social das letras do que quaisquer outras vozes que reverberam uma existência amorfa e improdutiva.

Sua voz, reforço, é a voz de um romancista com histórias que localizam Parnaíba, sua terra, como espaço de excelência. Eis, por isso, a grande contribuição de Pádua Marques para as letras de Parnaíba: como escritor ajuda a formar o capital simbólico da cidade, assim também fizera século passado Assis Brasil, criando sobre e para ela histórias, mitos, universos e toda uma poesia, como os romancistas franceses de antanho acerca de Paris, a exemplo de Balzac, que dedicou uma vida a cantar e a louvar aquela que não tardou a ser considerada a própria República Mundial das Letras.

Vida longa ao imortal!

Daniel C. B. Ciarlini

1 Tomo emprestada aqui esta expressão tão cara a Luís Antonio Machado Neto, em sua referenciada pesquisa Estrutura social da república das letras (1973).

 

Apresentação do livro “palavra SERtão”

Apresentação do livro “palavra SERtão”

Elmar Carvalho

Leandro Cardoso Fernandes é piauiense de Teresina. Médico pela Universidade de Pernambuco (UPE), cardiologista e ecocardiografista pela Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP).

Poeta, cordelista e pesquisador de cultura popular, com foco na temática “Cangaço”. Tem participação em documentários, capítulos de livro e artigos sobre este tema.

É coautor (em parceria com Antônio Amaury Correa de Araújo) do livro “Lampião: A Medicina e o Cangaço”.

É membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); ocupa a cadeira nº 5 da Academia de Medicina do Piauí, membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), da Sociedade Piauiense de História da Medicina e Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-PI), dentre outras. (Orelha do livro “palavra SERtão”)

Cineas Santos fez a apresentação da obra na solenidade de lançamento, ocorrida na noite do dia 10, no Auditório Prof. Paulo Nunes, na Oficina da Palavra.

      Leandro Cardoso, que além do mais é um dos maiores e melhores escritores e pesquisadores do tema cangaço, não apenas do Piauí, mas do Brasil, com importantes trabalhos publicados, inclusive em livro, é um poeta de muitos e variados recursos na arte de versejar, pois é versátil e versado.

            Transita do poema de cordel ao poema moderno e erudito com singular facilidade, pelo menos facilidade aparente, pois certa fluidez e espontaneidade que quase sempre lhe percebemos pode ser fruto de estressante luta com as palavras, como no dizer drummondiano.

            Os temas que aborda são os mais diferentes possíveis, e vão das agruras sertanejas, com toda o seu cortejo de misérias e percalços, a temas líricos, amenos e, em alguns momentos, do cotidiano e circunstanciais. E nisto não vai nenhum reparo ou senão, uma vez que sou conhecedor de que o menestrel Manuel Bandeira foi um mestre de belos poemas ditos de circunstância, como muito bem pode ser aferido em Mafuá do Malungo. Nesses versos, Leandro louva o sorriso de uma filha, a saudade da mulher amada e o afeto paterno por toda a prole.

            O nosso bardo não cai nas armadilhas das aparentes facilidades da poesia contemporânea, e por isso, talvez para demonstrar que tem talento e técnica, comete primorosos poemas metrificados e rimados. Para isso, decerto, hauriu as lições dos grandes mestres da poesia, digamos erudita, e dos célebres cordelistas brasileiros, sem preconceitos e sem pruridos elitistas.

            Em alguns de seus poemas, se revela como um consumado artífice de descrições paisagísticas. Torna-se, então, um hábil pintor, e nos seus versos perpassam belas paisagens, mas também asperezas da paisagem nordestina. Por vezes podemos nos deparar com um belo pôr de sol, mas também sermos surpreendidos com uma esquálida e espinhenta caatinga nordestina. Também canta os rios, os mares, as serras e os belos carnaubais verdejantes, como se a natureza estivesse entranhada em sua alma.

            Nem só de cenários trata o seu versejar, mas ainda de cenas, que, se não são épicas nem homéricas, são também relevantes, mesmo quando falam do cotidiano nordestino, porque mostram as mazelas e tragicidade do nosso caboclo, que enfrenta a seca, a miséria e a fome, até culminar na epopeia cinzenta dos retirantes.

Portanto, é um poeta solidário com o sofrimento do bravo sertanejo, que nas palavras de Euclides da Cunha é antes de tudo um forte, a que acrescentarei o adjetivo espartano. Assim, não vive encastelado em etéreas torres ebúrneas, enevoadas, e distanciadas da realidade da terra e do homem que nela vive, sofre e moureja.

            Leandro Cardoso tem um verdadeiro arsenal poético, e, por conseguinte, utiliza os mais variados recursos estilísticos, e figuras e tropos. Não segue o modismo dos poeminhas pequenininhos, geralmente contendo apenas pretensos trocadilhos engraçadinhos. Seus poemas têm “sustância”, com conteúdo vertido em bela forma.

            Contudo, quando os perpetra, nota-se que eles contêm denso conteúdo, senso de humor, e não mero malabarismo rímico, como pode servir de exemplo o sintético poema Namoro, de sabor epigramático:

 – Com licença?

Posso entrar na sua vida?

                        – Desculpe…

Mas detesto despedida!

            É um poeta que veio para ficar e ficou… Ficou e ficará como um de nossos bons poetas.

Corujas, tetéus, casacas e outros bichos

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Corujas, tetéus, casacas e outros bichos

Elmar Carvalho

No local onde nos últimos meses me hospedo em Parnaíba, tenho ainda uma bela visão, de paisagens próximas e de outras que vejo ao longe. Assim, vejo os grandes cata-ventos das usinas eólicas, que me fazem recordar os belos e quase bucólicos cata-ventos de minha meninice, e as dunas que outrora ornaram a Lagoa do Portinho… Disse “outrora ornaram” porque a lagoa já não existe, ou pelo menos já não existe em todo seu esplendor e glória.

Bem distante, como um debrum do céu, vejo uma nesga azulada do que deve ser uma serra. Pensei fosse a Serra Grande, a Serra da Ibiapaba, o que me faz lembrar os romances indígenas de Alencar, a viçosa e antiga Viçosa imperial, e as graciosas Tianguá e Ubajara, que conheci em minha adolescência, quando desejei morar nelas, para melhor lhes sentir as névoas e o frio, e dessa forma escrever friorentos e nevoentos poemas, cheios de distância e de brumas. Todavia, alguns dizem ser uma outra serra, menos imponente e mais perto, pertencente ao município de Luís Correia.

O local a que me refiro se presta a umas boas pedaladas. Por isso, resolvi adquirir uma bicicleta. Nesses passeios ciclísticos, vejo as ervas e as flores silvestres da terra ainda sem construções. E isso me faz recordar a minha adolescência, em que, algumas vezes, eu empreendia longos passeios pela periferia e arrabaldes de Campo Maior, tendo numa das vezes ido até a pequenina Serra Grande de Campo Maior ou Serra Azul, ou mais propriamente morros isolados de Santo Antônio do Surubim.

Fico contente de ainda saber manejar, com certo vigor e perícia, a “magrela” de várias marchas, tão diferente da minha velha e despojada Bristol ou Gulliver. A indefinição se deve ao fato de que o nome da marca já não era visto na época ou de que já se esvaiu na fragilidade da memória.

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Quando estou a passear, vejo várias aves e algumas vezes desfruto do prazer de lhes ouvir o canto, quando paro de pedalar para melhor lhes apreciar o gorjeio. Vejo e ouço o bem-te-vi com a sua emblemática admoestação ou advertência: bem te vi!; os pernaltas e ariscos tetéus, que logo se afastam ou alçam voo, enquanto alardeiam o suposto perigo com as suas metálicas trombetas de alarme.

Os casacas também marcam sua presença, como aladas notas musicais vivas, pousadas sobre as paralelas da partitura dos fios elétricos, para retomar uma metáfora de um meu antigo poema. Há os casacas-de-couro, de sóbria plumagem amarronzada e uniforme, como se vestissem um gibão de couro dos nossos indômitos vaqueiros, de que, creio, lhes adveio o nome. E há os casacas-de-peito-vermelho, elegantes e belos, como se trajassem um colete vermelho por baixo do paletó negro das asas. Não há negar, são flamenguistas ostensivos e aguerridos.

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Nessas andanças vejo ao longe, em revoada, a magnífica coreografia dos urubus, que circulando se vão afastando, em sincronizado movimento de rotação e translação. E numa das vezes flagrei, de maneira para mim inusitada, dois exemplares dessas aves de rapina a fazerem amor, no cocuruto do telhado de uma das casas. Disse “fazer amor” porque o casal não se bicava e nem se espezinhava, antes se cheiravam e se acolhiam e se agasalhavam. Pensei que os urubus faziam isso entre as gazas das nuvens do poeta, em verdadeiras pulutricas e acrobacias aéreas, como autênticos e literais nefelibatas.

Mas principalmente encontro, nesses périplos de boas pedaladas, as circunspectas corujas, encarapitadas em postes ou em montes de pedras, ou simplesmente postadas no descampado. Olham-me com desconfiança, com seus olhos argutos, de pupilas arregaladas. Às vezes fogem. Outras vezes permanecem no mesmo lugar, mas ariscas, em estado de vigília e defesa.

Elas me fazem recordar os caburés dos áridos tabuleiros de minha terra, e o caburé com frio do poema dacostiano, piando, piando, contudo sem folhas lívidas cantando… Também recordo as corujas esculpidas da coleção que aos poucos estou formando, de diferentes tamanhos e materiais. Muitos as consideram aves de mau presságio, mormente as rasga-mortalha, de dilacerante canto, que dizem antecipar acontecimentos funestos.

Em minha negra bicicleta, como um esdrúxulo centauro, tento lhes imitar o piado. Mas parece que o meu crocitar é muito canhestro, porque elas, do alto do poste em que se empoleiram, me olham com certo desdém, talvez por me acharem desafinado. Ou por entenderem que eu seja uma grande, desengonçada e feia coruja.

Porém, em certa ocasião, uma pousou tão perto de mim, que fiquei com a impressão de que ela me reconheceu ao menos como um primo pobre e distante, a quem ela não poderia dar muita confiança, a não ser em rápida e fugaz eventualidade.

Padre Tomé de Carvalho e Silva, primeiro vigário do Piauí

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Padre Tomé de Carvalho e Silva, primeiro vigário do Piauí

Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras

O padre Tomé de Carvalho e Silva foi o primeiro vigário do Piauí, fundador da freguesia de Nossa Senhora da Vitória do Brejo do Mocha do Sertão Piauí, onde tomou posse em 2 de março de 1697, com o beneplácito de seu primo, o também vigário Miguel de Carvalho e Almeida, da freguesia do Rodelas, de onde foi aquela desmembrada e que lhe deu posse.

Nasceu esse pioneiro vigário em Bragadas, minúscula povoação da freguesia de Santo Aleixo de Além Tâmega, do concelho de Ribeira de Pena, comarca de Guimarães, Arcebispado de Braga, no norte de Portugal. Era filho legítimo de José da Silva e de sua mulher Catarina de Almeida(2ª), do lugar de Bragadas, freguesia de Santo Aleixo, do concelho de Ribeira de Pena, comarca de Guimarães, Arcebispado de Braga, esta irmão do capitão Miguel Carvalho de Almeida (pai do Pe. Miguel de Carvalho), ambos filhos de Domingos Carvalho e Catarina de Almeida, primeira do nome, todos naturais e moradores em Ribeira de Pena.

Foi batizado o nosso biografado em 23 de janeiro de 1673, na freguesia de Santo Aleixo, pelo padre Antonio Pacheco, sendo padrinho seu parente homônimo Thomé Carvalho e madrinha sua irmã Domingas Carvalho.

Pouco sabemos de sua vida escolar, sendo plausível que tenha seguido os passos do primo Miguel de Carvalho, que cursou os estudos iniciais na terra natal e os superiores com os jesuítas no Seminário de Braga, onde se ordenaria.

Logo depois da ordenação, com 24 anos de idade, o jovem padre Tomé de Carvalho, por via de seu indicado primo, foi chamado a assumir uma missão de alta importância, instalar uma paróquia no sertão íngreme e desenvolver atividade missionária desde a margem ocidental do médio curso do rio São Francisco até os desconhecidos limites das terras de Espanha. Era a freguesia de Nossa Senhora da Vitória do Brejo do Mocha do Sertão do Piauí. Com ele também viera do reino outro primo, o padre Inocêncio Carvalho de Almeida, irmão daquele, sendo, assim, os três parentes, todos da mesma localidade, a pequena aldeia de Bragadas, dois irmãos e um primo, fundadores de paróquias e missionários no Sertão de Dentro.

Digno de nota é o dignificante trabalho apostolar do padre Tomé de Carvalho e Silva, cujos sermões, onde pregava a palavra de Cristo e difundia o Evangelho, ecoaram em nossos sertões por trinta e oito anos, no  tempo de fundação e consolidação da freguesia da Mocha, hoje cidade de Oeiras, por ele fundada. Fez de seu púlpito, nas margens do riacho do Mocha, uma trincheira civilizatória e um farol de irradiação da cristandade. Foi marcante a sua ação evangelizadora, sendo merecedor de todos os encômios de nossa sociedade e da Igreja Católica, porque era vocacionado para a fé e realizou obra notável.

Foi co-fundador da freguesia de Nossa Senhora da Vitória, enfrentou a prepotência de sesmeiros a exemplo de Domingos Afonso Serra, que o desacatou em princípio de 1698, expulsando-o da localidade e queimando sua casa, capela e demais instalações preparadas para receber os romeiros. Porém, as reconstruiu com determinação e coragem, primeiro todas de taipa e palha, depois de pedras e saibros, cuja conclusão da igreja matriz deu-se em 1733, quando pediu a El-Rei um sino, uma lâmpada, paramentos, alvas e vestimentas para celebrar com maior grandeza.

O Pe. Tomé de Carvalho, foi também responsável pela criação de diversos curatos pelas ribeiras mais populosas, conforme testemunhou o governador João da Maia da Gama, em 1728.

Paralelamente a essa ação missionária, nesses trinta e oito anos em que mourejara no Piauí, que elegera como sua nova pátria, também fez-se rico fazendeiro, construindo sólido patrimônio em terra e gado. Nas vizinhanças da morte, quando sentiu que os anos lhe pesavam e era chegada a hora da despedida, chamou o Tabelião da Mocha e ditou seu testamento, onde declara possuir os seguintes bens: três fazendas de gado chamadas Victória, Tranqueira e Caraíba, assim com o Sítio Novo, nos Alongases de Baixo, freguesia de N. Sra. do Carmo da Piracuruca, com os gados delas de seu ferro e sinal, escravos, cavalos de suas fábricas, selas e ferramentas, e o mais que nelas se achasse e por seu fosse conhecido; declarou possuir também uma partida de éguas com seu ferro na fazenda Ilha, de José de Abreu Bacelar, além de alguns outros escravos nominados no indicado testamento e bens móveis existentes em sua casa. Era, assim, um abastado fazendeiro.

E para auxiliá-lo na atividade sacerdotal trouxe inúmeros parentes que fixaram residência no Piauí, entre esses o irmão mais moço padre Miguel de Carvalho e Silva e o sobrinho pela parte paterna padre André da Silva, este último sendo coadjutor em Oeiras.

Também, assumindo o encargo de arrimo de família, ajudou a muitos parentes, trazendo para sua companhia os sobrinhos Manoel de Carvalho da Silva e Almeida e Antônio Carvalho de Almeida, ambos filhos do casamento de sua irmã Izabel de Almeida com Domingos Dias, da freguesia de São João de Cabés; ao primeiro mandou, às suas expensas, estudar em Salvador e depois em Coimbra, onde se formou em Leis; ao segundo, entregou a administração de suas fazendas, onde se fez rico fazendeiro, capitão-mor do Piauí e genearca de numerosa e ilustrada descendência; no testamento também consta que trouxera o sobrinho Antonio Sanches, nascido em 5 de outubro de 1709, na freguesia de São João de Cabés, filho do casamento de sua irmã Ângela de Almeida com Manoel Sanches. Esses três sobrinhos foram instituídos como herdeiros universais, dividindo o patrimônio depois de pagas as dívidas e os legados.

Depois de desenvolver esse notável trabalho apostolar falece o padre Tomé de Carvalho e Silva, aos 62 anos de idade, em 18 de setembro de 1735, na fazenda Corrente, com todos os sacramentos e deixando testamento, sendo o corpo sepultado na capela mor da igreja matriz de Nossa Senhora da Vitória, por ele construída e onde, de seu púlpito, por tantos anos dissera a missa e exortara os fiéis aos bons exemplos do cristianismo. É um dos construtores de nosso Estado, cuja história de vida deve ser preservada para a perpétua memória dos tempos.

Exposição ” Recortes” mostra belezas de Parnaíba.

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O Parnaíba Shopping recebe entre hoje 01 e 15 de agosto, a Exposição “Recortes”, do fotógrafo Helder Fontenele, no espaço de eventos. A mostra fotográfica faz parte das comemorações pelo aniversário de 173 anos da cidade. Helder faz registros desde 2009 e decidiu expor suas impressões para todos os parnaibanos.

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São 40 fotos mostrando detalhes de pontos históricos de Parnaíba, como o Centro Cívico, a Igreja Matriz e do Rosário, Estação do Floriópolis, Praça da Graça e os casarões históricos espalhados pela cidade.

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“A intenção é mostrar o quanto Parnaíba é bonita, tanto para os parnaibanos quanto para os turistas”, afirmou Fontenele.

 

Edição: APM Notícias Fotos: Helder Fontenele.