Os agostos do Brasil. Alegrias e tristezas.*

 

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O oitavo mês do ano, agosto, sempre foi motivo de grande preocupação levada por acontecimentos bons ou ruins e que acabaram alimentando a superstição como de mau agouro. Coincidência ou não, os grandes fatos ocorreram nesta época do ano no Brasil e já em 1902 o gaúcho Plácido de Castro deu início a uma revolta de brasileiros no distante Acre contra o domínio boliviano. Em 1903, poucos anos depois de proclamada a República, rebentava no Rio de Janeiro a primeira greve geral de trabalhadores reivindicando jornada de oito horas diárias e melhores condições de trabalho.

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No ano seguinte o Banco da República passava a se chamar definitivamente Banco do Brasil. Mais adiante em 1908 nascia no Rio Grande do Sul Ernesto Geisel, que viria a ser presidente da República e em 1908 era aberta no Rio de Janeiro a Exposição Nacional.

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Em 1909 um crime abalaria a história, o assassinato de Euclides da Cunha pelo aspirante Dilermano de Assis, amante de sua mulher. Naquele mesmo ano rebentava uma greve na Fábrica São Bento, em Jundiaí, interior de São Paulo, que empregava meninos de sete anos de idade. Nos dois anos seguintes, 1910 e 1911, nasciam Sílvio Frota e Golbery do Couto e Silva, dois generais em que se sustentou a ditadura militar de 1964.

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Em 1912 nasceram em agosto dois intelectuais, Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Em 1914 quando se avizinhava a Primeira Guerra Mundial, ocorreram no Rio de Janeiro comícios e saques contra a carestia e em São Paulo era fundado o Clube Palestra Itália, o Palmeiras. Em 1917 rebenta uma greve geral em Porto Alegre no Rio Grande do Sul.

Em 1918 era fundada a Casa dos Artistas no Rio de Janeiro e coincidentemente nascia o cantor e compositor Jackson do Pandeiro. No esporte em 1920 o Brasil conquistava medalhas de prata e bronze nas Olimpíadas de Antuérpia e dois anos depois Berta Lutz fundava a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. No ano seguinte era inaugurado no Rio de Janeiro, o Copacabana Palace, um dos mais luxuosos hotéis do mundo. Foi também naquele ano que nasceram a atriz Tonia Carrero e a cantora Emilinha Borba. No futebol o Vasco empatava com o Bangu em 2 a 2 e se tornava campeão carioca.

Vargas entre o crime e o castigo. Em 1924 era sufocada a Comuna de Manaus, parte da Revolta Tenentista chefiada por Alfredo Augusto Ribeiro Júnior. Três anos depois a Lei Celerada punha fim à legalidade do Partido Comunista Brasileiro, o PCB, enquanto no ano seguinte era inaugurada a rodovia Rio-Petrópolis. Em 1929 a Aliança Liberal lançava a candidatura de João Pessoa como vice na chapa presidencial de Getúlio Vargas.

 

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Um salto e estamos agora em 1942. Nasce em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, cantor e compositor. Estudantes ocupam o Clube Germânia e o transformam na sede da União Nacional dos Estudantes. Na política, o general Góis Monteiro deixa a pasta do Estado Maior do Exército e abre uma crise no governo de Getúlio Vargas. 

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Naquele ano é criada a LBA, Legião Brasileira de Assistência e o Brasil declara guerra aos países do Eixo, Alemanha, Japão e Itália. No ano seguinte o PCB ainda na ilegalidade realiza a Conferência da Mantiqueira. O governo Vargas começa a enfraquecer com a saída do ministro Osvaldo Aranha, da pasta das Relações Exteriores e no ano seguinte o general Góis Monteiro assume o Ministério da Guerra enquanto a UDN, apóia o brigadeiro Eduardo Gomes para a sucessão de Vargas.

É também em agosto do ano seguinte que a Constituinte começa a votação em plenário e presidente dos Estados Unidos, Eisenhower visita o Brasil. Por outro lado o ministro da Justiça, Carlos Luz proíbe a realização de comícios em todo o Brasil.

Naquele ano estréia o filme “O Ébrio”, com o cantor Vicente Celestino. No ano seguinte é fundado o PSB, Partido Socialista Brasileiro. Em 1948 a seleção brasileira de basquete conquista medalha de bronze nas Olimpíadas de Londres, a primeira do país em esporte coletivo. Em agosto de 1949 é fundada a ESG, Escola Superior de Guerra e no ano seguinte o PCB publica o famoso Manifesto de Agosto enquanto o governador de São Paulo, Ademar de Barros, lança Café Filho como vice na chapa de Getúlio Vargas. Naquele mês tem início a campanha presidencial. Já em 1951 Vargas tendo sido eleito, propõe o Plano Nacional do Carvão.

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Em 1952 o atleta José Teles da Conceição ganha medalha de bronze no salto em altura nos Jogos Olímpicos de Helsinque. No ano seguinte o deputado Tenório Cavalcante, o Homem da Capa Preta, sofre atentado no Rio de Janeiro, quando uma bala chega a atravessar o seu chapéu. O ano de 1954 marca o início da derrocada de Getúlio Vargas, quando o jornal Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, publica manchete onde diz, “somos um povo honrado governado por ladrões”.

Lacerda sofre um atentado na rua Toneleros em Copacabana e diante da crise que se aproxima o deputado Afonso Arinos, da UDN, pede a renúncia de Vargas. O brigadeiro Neuro Moura deixa o Ministério da Aeronáutica, as investigações sobre o atentado a Lacerda chegam ao autor, Gregório Fortunato, guarda-costas de Vargas. O Clube da Aeronáutica agora exige a renúncia do presidente enquanto uma reunião realizada de madrugada aconselha que ele peça uma licença do cargo. Getúlio acaba se suicidando no Palácio do Catete.

O vice Café Filho assume enquanto ocorrem protestos culpando a UDN e os Estados Unidos pela morte de Vargas. No ano seguinte é inaugurada a linha aérea entre o Rio de Janeiro e Nova York e mais uma vez o luto cobre o Brasil com a morte de Carmem Miranda, a Pequena Notável. Nos próximos três anos agosto dá uma trégua e em 1960 é inaugurado no Rio de Janeiro o monumento em homenagem aos Pracinhas, os soldados brasileiros mortos na Itália durante a Segunda Guerra. Naquele ano o Brasil ganha a medalha de bronze na natação, modalidade 100 metros, por Manuel dos Santos Júnior nos Jogos Olímpicos de Roma.

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O homem da vassoura. Em 1961, o novo presidente Jânio Quadros condecora duas personalidades estrangeiras, o astronauta russo Yuri Gagarin e o líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara enquanto é acusado por Carlos Lacerda de estar tramando um golpe. O presidente renuncia e seu vice, João Goulart se encontra na China em visita oficial. Ocorre uma greve dos ferroviários pela Campanha da Legalidade. Brizola, cunhado de Jango, diz que garante a posse do vice mesmo que seja pelas armas. Jânio vai para Londres. Ministros militares se manifestam contra a posse de Jango.

Em 1965 a Câmara dos Deputados rejeita o Estatuto da Terra, que garante direitos aos trabalhadores rurais. Dois anos depois é realizado de forma clandestina o 29º Congresso da UNE em Vinhedo, interior de São Paulo, tendo como presidente Luiz Travassos.

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A música popular brasileira toma novo rumo no ano de 1968, com a gravação do disco “Tropicália”, movimento do mesmo nome e tendo à frente Caetano Veloso. Naquele ano as polícias militar e federal reprimem uma manifestação invadindo a Universidade de Brasília quando é preso o líder estudantil Honestino Guimarães.

Em agosto de 1969 o presidente Costa e Silva é considerado incapaz de continuar no poder e assume uma junta militar. No ano seguinte, em agosto, morre um dos maiores artistas brasileiros, Oscarito, enquanto na área econômica o governo assina acordo com o Paraguai para a construção da hidrelétrica de Itaipu. Em 1971 é promulgada a Lei 5.692, da Reforma do Ensino Médio. Yara Yavelberg, companheira do líder guerrilheiro Carlos Lamarca, é morta pelas forças de repressão na Bahia.

No ano seguinte o teatro e a televisão brasileira ficam sem Sérgio Cardoso, que interpretou o português Antonio Maria, na novela do mesmo nome, da TV Tupi. Ainda naquele ano o IBGE calcula e anuncia que a população brasileira ultrapassa os 100 milhões de habitantes.

Em 1973, o jogador Tostão, anuncia que abandona os gramados, o Fluminense derrota o Flamengo por 4 a 2, sendo o campeão carioca. O cantor Geraldo Vandré, autor da música “Pra não Dizer que não Falei de Flores” e considerado o hino de resistência ao regime militar, volta o Brasil depois de vários anos no exílio. Em 1974 o Vasco vence o Cruzeiro por 2 a 1 e se consagra como o primeiro time carioca campeão brasileiro. O governo brasileiro estabelece relações diplomáticas com a China enquanto na música, morre o compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues. Já em 1975 o presidente Ernesto Geisel indica o piauiense Francelino Pereira como presidente da ARENA. O Fluminense perde para o Botafogo por 1 a 0, mas é o campeão carioca.

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Esquenta o clima da ditadura. O clima político esquenta em 1976 com vários atentados entre eles o ocorrido na Associação Brasileira de Imprensa e o da Ordem dos Advogados do Brasil, assumidos pela Aliança Anticomunista Brasileira, a AAB. Ainda em agosto morre em acidente automobilístico entre na Rodovia Presidente Dutra, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Na cultura, em 1977, a escritora cearense Raquel de Queirós é empossada como a primeira mulher na Academia Brasileira de Letras. No ano seguinte morre o “cantor das multidões”, Orlando Silva e o Guarani vence o Palmeiras por 1 a 0 sendo o campeão brasileiro. Em São Paulo ocorrem manifestações contra a carestia.

Em 1979 Mario Henrique Simonsen renuncia da pasta do Ministério do Planejamento sendo substituído pelo paulista Delfim Neto. O presidente Figueiredo sanciona a Lei de Anistia. Em 1980 Belo em Horizonte ocorrem manifestações contra o espancamento de mulheres pelos maridos. Novamente a OAB é alvo de bombas. Neste atentado morre a secretária da entidade, Lyda |Monteiro da Silva.

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Outra bomba explodiu no gabinete do vereador carioca Carlos de Carvalho. No ano seguinte diante da crise do regime, o general Golbery do Couto e Silva deixa a Casa Civil enquanto no ABC Paulista ocorreram manifestações violentas por causa das demissões na indústria automobilística. O vôlei brasileiro ganha a medalha de ouro no Sul Americano e morre o cineasta Glauber Rocha, criador do Cinema Novo.

Em 1983 o Banco Central decreta a liquidação extrajudicial do grupo Coroa Brastel composto por dez empresas. Em São Paulo se realiza o congresso de fundação da Central Única dos Trabalhadores, CUT. No ano seguinte o presidente Figueiredo é internado para tratamento da coluna cerebral enquanto Joaquim Cruz conquista para o Brasil a medalha de ouro nas Olimpíadas de Los Angeles. Na política, Paulo Maluf anuncia sua candidatura à presidência concorrendo com Tancredo Neves. Em 1986 o Flamengo vence o Vasco por 2 a 0 e se torna campeão carioca. A Volks anuncia o fim da produção do Fusca, o carro mais popular do Brasil de todos os tempos.

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No dia 2 de agosto de 1987 o Partido dos Trabalhadores lança seu candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva e quinze dias depois morre o poeta Carlos Drummond de Andrade. O basquete brasileiro vence no dia 23 a seleção dos Estados Unidos por 120 a 115 no Pan-Americano de Indianápolis.

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Morre em confronto com a polícia o ator Fernando Ramos da Silva, que interpretou no cinema o bandido Pixote. Em 1988 o Brasil ficava chocado com a morte da nadadora Renata Agondi, quando tentava atravessar o Canal da Mancha. No ano seguinte e fechando a década morrem os cantores e compositores Luiz Gonzaga, o rei do Baião e Raul Seixas.

Abrindo a década de 1990 em agosto o Brasil fica sem a inteligência de Victor Civita, fundador da Editora Abril e do jurista Afonso Arinos. Minado por sucessivos escândalos o governo de Collor de Melo sofria mais um baque: a primeira dama Rosane Collor deixa a presidência da LBA após uma série de denúncias de irregularidades. O Brasil andava bem no esporte em 1992.

Rogério Sampaio conquista a medalha de ouro no judô, categoria meio-leve nas Olimpíadas de Barcelona, o vôlei conquista medalha de ouro, mas dentro de casa a situação política se agrava. Milhares de manifestantes vestidos de preto saem às ruas contra Collor, o presidente da ABI, Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho é escolhido para pedir seu impeachment, um relatório da CPI incrimina o presidente da República e as fábricas liberam seus trabalhadores para aderir ao protesto nacional.

Estão matando os índios. O agosto de 1993 foi dramático. Os ianomâmis denunciam chacina de 17 índios em Roraima e no dia 30 ocorre um massacre no centro do Rio de Janeiro. Depois da morte de quatro policiais militares numa emboscada, homens encapuzados invadem a favela de Vigário Geral e matam vinte trabalhadores e uma estudante, ferindo outras três pessoas. A imagem dos corpos causou comoção e revolta em todo o mundo. No ano seguinte o Brasil perde dois artistas geniais, o pintor Iberê Camargo e o cantor e compositor Tonico, da dupla Tonico e Tinoco. Em 1995 morre o sociólogo Florestan Fernandes.

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Agosto de 1996 mostrou bons resultados no esporte. Encerrados os Jogos Olímpicos de Atlanta o Brasil aparecia com as mãos cheias de medalhas. São três de ouro, três de prata e nove de bronze. Mas na política ocorre um incidente: as FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia seqüestram os Demétrio Duarte e Eduardo Resende. Em 1997 morre o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que defendia um grande movimento de combate à fome. O Cruzeiro vence o Sporting Cristal, do Peru por 1 a 0 e é campeão da Taça Libertadores da América.

Em 1998 a morte de nove mulheres em São Paulo deixa a polícia intrigada. As investigações acabam chegando ao motoboy Francisco de Assis Pereira, que confessa os crimes, ficando conhecido como “o maníaco do parque”. O Tribunal Superior eleitoral nega pedido de registro de candidatura de Fernando Collor à presidência. O poeta e compositor Vinícius de Moraes tem seus direitos políticos recuperados depois de ser afastado da carreira diplomática em 1969 pelo AI-5.

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O ator Gerson Brenner leva um tiro na cabeça durante assalto na Via Dutra e fica tetraplégico. Em 1999 agosto reserva mais tristezas que alegrias. Morrem o cantor e compositor Carlos Cachaça e o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara, idealizador da CNBB. O vôlei feminino derrota Cuba depois de quase trinta anos. Em 16 de agosto de 2000 ladrões seqüestram um avião da Vasp.

Antonio de Pádua Marques Silva, cadeira 24 da APAL. 

 * Matéria da revista Histórica, do IHGGP para a edição de 2010 e que não chegou a ser publicada. 

Academia de Letras lança a 70ª edição do Almanaque da Parnaíba.

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Com a presença de grande público na noite da sexta-feira 28, a Academia Parnaibana de Letras lançou a septuagésima edição do Almanaque da Parnaíba no Espaço de Eventos da praça Mandu Ladino, no bairro de Fátima. Naquela ocasião a entidade comemorava também seus trinta e quatro anos.

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À mesa de honra foram convidados, o prefeito e acadêmico Francisco de Assis Moraes Souza, o Mão Santa, o presidente da Federação do Comércio do Piauí, Valdeci Cavalcante e o desembargador José James Pereira ao lado do presidente Antonio de Pádua Ribeiro dos Santos e da secretária-geral Maria Dilma Ponte de Brito.

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Na ocasião o presidente Antonio de Pádua Ribeiro dos Santos concluiu a premiação aos estudantes que participaram do concurso literário promovido pela academia com a entrega de diplomas. No seu discurso exaltou os serviços da academia pela preservação da cultura e da literatura parnaibana. Fonte/ Fotos/ Edição: APM Notícias.

 

UMA CONVERSA INTERESSANTE

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UMA CONVERSA INTERESSANTE

Elmar Carvalho

Estive, na parte da manhã, com o professor Paulo Nunes. Fui conhecer as novas instalações do Conselho Cultural do Estado, que ele preside com muita dedicação e competência. Foi ele um dinâmico e profícuo presidente da Academia Piauiense de Letras. Mostrou-me o amplo e bem dividido prédio, inclusive a sala de reunião do Conselho, o auditório/teatro e uma sala que está destinada às aulas de computador. Falou-me de seus projetos e metas.

Aproveitei para lhe dar duas sugestões: que as aulas de informática não sejam apenas sobre o básico, mas que ensinem também computação gráfica, editoração de livro, manejo de fotografia, criação de blog etc., e reivindiquei a promoção de um sarau, talvez poético e musical, nas noites de plenilúnio, para usar uma palavra tão do gosto dos simbolistas, no amplo espaço aberto do prédio, que bem se presta a essa finalidade. Nessa visita revi o poeta Jonas Piauí, que me deu o mais recente número da revista Presença, editada pelo Conselho, que por sinal foi criada pelo professor Paulo, em sua curta, porém profícua gestão de secretário de Cultura do Estado.

Disse ao poeta, em tom de blague, que ele era o mais piauiense dos piauienses, pois trazia o nome do Estado em seu próprio nome. Quando estávamos em meio à conversa, chegou meu velho conhecido e amigo Fonseca Neto, meu futuro confrade na APL. Na agradável conversa, o mestre Paulo nos contou que o seu pai, Francisco de Paulo Teixeira Nunes, era um verdadeiro ecologista, pois, como prefeito de Regeneração, combatia a prática das queimadas, tão praticada pelos nossos rurícolas. Só que, para minha tristeza, vejo hoje grandes empresários da chamada agroindústria destruindo vastas glebas de floresta, da noite para o dia, para transformar tudo em carvão, na ganância desmedida do lucro fácil e imediato, sem nenhuma criatividade e empreendedorismo.

Contou-nos Paulo Nunes que um caboclo, de nome Mariano, um pernóstico inocente e bisonho, dissera ao alcaide que, por não conhecer a ordem do prefeito, fizera uma grande queimada “aritmética portuguesa areoplana”, o que nos provocou boas gargalhadas. Dina, mulher desse homem simplório, foi convidada para a inauguração do campo de aviação, construído pelo pai do professor Paulo, oportunidade em que um avião pousou e decolou. Perguntada sobre o que achara da operação aeronáutica, disse que não achara vantagem alguma, pois o avião descera e subira inteiriço, sem bater as asas. Sem dúvida, essa mulher simples tinha um olhar de poeta, e viu o aeroplano como uma grande ave metálica e de asas duras. Novamente, gargalhamos a valer.

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Na conversa, o professor Fonseca Neto contou-nos que ontem, domingo, em Parnaíba, o secretário estadual da Educação, Antônio José Medeiros, disse para o ex-ministro José Dirceu que em 1979 o presidente Lula estivera naquela cidade, em sua luta para criação do Partido dos Trabalhadores, hóspede do Reginaldo Costa, que juntamente com Franzé Ribeiro, fundara o combativo jornal Inovação, de que fizemos parte Canindé Correia, Vicente de Paula (o Potência), Bernardo Silva, Danilo Melo, Mário Carvalho, Jonas Carvalho, Ednólia Fontenele, este escriba e vários outros intelectuais.

Aliás, foi o grupo desse jornal, mormente o Reginaldo e o Canindé, que organizou o  comício, realizado no bairro Guarita, na carroceria de um caminhão, no qual discursei, na qualidade de presidente do Diretório Acadêmico “3 de Março”, Campus Ministro Reis Velloso, Universidade Federal do Piauí. Naqueles idos, tirar fotografia não tinha a facilidade oferecida pelas máquinas digitais de hoje, cujas imagens logo podem ser transmitidas pela internet e até mesmo por telefone celular. Por esse motivo e também porque não  soubemos adivinhar que o Lula, um torneiro mecânico, iria chegar à presidência da República, não registramos o comício em fotografia.

Assim também não ficou registrada fotograficamente a minha participação no grande comício do retorno de Chagas Rodrigues ao Piauí e à política, após dez anos de ausência no Distrito Federal, que acontecera um pouco antes, no coreto da bela Praça da Graça, onde morei por vários anos. Fui convidado igualmente pelo fato de ser o presidente do diretório acadêmico, pois nunca fui filiado a nenhum partido político, porquanto sempre achei que um poeta não deveria pertencer a nenhuma agremiação política, devendo ser um franco atirador, a fustigar as mazelas da sociedade e da política, sem tomar partido de nenhum partido, para fazer um trocadilho cretino.

Contou-nos Fonseca Neto que o Lula visitou oito cidades nessa viagem ao Piauí, e que pernoitou, numa dessas visitas, em Campo Maior. Por essa razão, ele foi, juntamente com o Antônio José Medeiros e Altino Dantas, vereador de São Paulo, buscá-lo nessa cidade, para ele embarcar no aeroporto de Teresina, de volta à paulicéia. Quando o fusquinha estava a 20 quilômetros de Teresina, já se aproximando do posto da Polícia Rodoviária Federal, um dos pneus estourou, terminando o veículo por fazer o chamado “cavalo de pau”, ao girar sobre si mesmo.

Lula se propôs a trocá-lo e foi retirar o estepe. Lamentavelmente, para surpresa dos passageiros, o pneu estava vazio. Mas o professor Fonseca Neto foi reconhecido por um seu aluno, que ia passando, e deu carona ao Lula. Ironicamente, esse aluno foi repreendido severamente por seu pai, por ter dado carona a um estranho. Um estranho que hoje é o presidente da República Federativa do Brasil.

1º de fevereiro de 2010

Academia Parnaibana de Letras realiza eleições de sua diretoria.

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A Academia Parnaibana de Letras promove nesse sábado dia 29 a partir das 16h na sua sede da rua Alcenor Candeira, no centro de Parnaíba, assembleia geral para a realização da eleição de sua nova diretoria com início do mandato em 1º de agosto.

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O anúncio da assembleia geral para a eleição da diretoria que tem como presidente o escritor Antonio de Pádua Ribeiro dos Santos foi feito nessa quinta-feira dia 27 pela secretária-geral da entidade, a escritora Maria Dilma Ponte de Brito.eleição3

Na sexta-feira dia 28 a partir das 19h30 a Academia Parnaibana de Letras estará comemorando no Espaço de Eventos da praça Mandu Ladino, no bairro de Fátima seus 34 anos de fundação e lançando a 70ª edição do Almanaque da Parnaíba. Fonte: APL. Fotos: web. Edição: APM Notícias.

 

 

COLO DE AVÓS

COLO DE AVÓS

Antonio Gallas

Há alguns dias sem nada postar no blog, por motivos alheios à minha vontade, retornamos hoje num dia muito especial, principalmente para as pessoas sexagenárias assim como eu, que tivemos o privilégio de sermos avós. Reproduzo a seguir um texto que me foi enviado pelo meu colega Marçal  Alves Paixão, também aposentado do Banco do Brasil. Pesquisei na internet à procura do autor do texto mas não obtive sucesso, entretanto nessa mesma pesquisa, encontrei no Portal Vozes um comentário feito pelo Papa Francisco sobre a importância dos avós, quando de  sua  visita ao Brasil em Julho de 2013 durante a realização da Jornada Mundial da Juventude realizada no Rio de Janeiro.

“COLO DE AVÓS

Perguntaram a uma menina de nove anos o que ela gostaria de ser quando crescesse. Ela respondeu:
– Eu gostaria de ser avó!
Ao ser interrogada sobre o porquê dessa ideia, ela completou:
– Porque os avós escutam, compreendem. E, além do mais, a família se reúne inteirinha na casa deles.
E a menina continuou:
– Uma avó é uma mulher velhinha que não tem filhos. Ela gosta dos filhos dos outros. Um avô leva os meninos para passear e conversa com eles sobre pescaria e outros assuntos parecidos. Os avós não fazem nada e por isso podem ficar mais tempo com a gente.
Como eles são velhinhos, não conseguem rolar pelo chão ou correr. Mas não faz mal. Levam a gente ao shopping e nos deixam olhar as vitrines até cansar.
Na casa deles tem sempre um vidro com balas e uma lata cheia de suspiros. Eles contam histórias de nosso pai ou nossa mãe, de quando eram pequenos, histórias da Bíblia, histórias de uns livros bem velhos com umas figuras lindas. Passeiam conosco, mostrando as flores, ensinando seus nomes, fazendo-nos sentir seu perfume.
Avós nunca dizem “depressa, já pra cama!” ou “se não fizer logo, vai ficar de castigo!” Quase todos usam óculos e eu já vi uns tirando os dentes e as gengivas.
Quando a gente faz uma pergunta, os avós não dizem: “menino, não vê que estou ocupado?” Eles param, pensam e respondem de um jeito que a gente entende. Os avós sabem um bocado de coisas.
Eles não falam com a gente como se nós fôssemos bobos. Nem se referem a nós com expressões tipo “que gracinha!”, como fazem algumas visitas.
O colo dos avós é quente e fofinho, bom de a agente sentar quando está triste. Todo mundo deveria ter um avô ou uma avó, porque são os únicos adultos que tem tempo para nós”.

A IMPORTÂNCIA DOS AVÓS

Em Julho de 2013, no dia de São Joaquim e Sant’Ana (pais de Nossa Senhora), quando o Papa Francisco visitava Brasil por ocasião da Jornada mundial da Juventude, ele dizia…
“Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família. O Documento de Aparecida nos recorda: “Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas” (Documento de Aparecida, 447).
Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado!
Em outra ocasião, Francisco disse que “Um povo que não respeita os avós está sem memória e também sem futuro. Nós vivemos em um tempo no qual os idosos não contam. É ruim dizer isto, mas eles são descartados, porque dão trabalho. Os idosos são aqueles que nos trazem a história, que nos trazem a doutrina, a fé e nos dão um legado. São aqueles que, como um bom vinho envelhecido, têm força dentro de si para nos dar uma herança nobre”, disse.
Francisco afirmou ainda que os avós são um tesouro, de forma que a memória desses antepassados leva o homem a imitar sua fé. Ele defendeu que a sabedoria deles é uma herança que se deve receber.
“Um povo que não cuida dos avós, um povo que não respeita os avós não tem futuro, porque não tem memória”.

Puxar a brasa pra nossa manjuba.

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Recebi do casal amigo Kalberto e Heidi Damasceno, que acaba de chegar de Coimbra, onde a professora faz doutorado em Turismo, um livro fabuloso, Puxar a Brasa à Nossa Sardinha, da escritora lisboeta Andreia Vale. É aquele clássico livro que a gente gostaria de ter escrito e no meu caso que não sou disso, até se cria um certo ciúme a ponto de se dizer, poxa, porque não  foi eu escrevi este livro?!

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Na sua quinta edição, da editora Manuscrito, o livro de Andreia Vale é um daqueles que a gente quanto mais lê, mais encontra identidade. Feito essa gente de Bom Princípio do Piauí ou de Cocal dos Alves, onde todo mundo tem sobrenome de Brito ou de Alves. E ninguém consegue saber de onde e de que ramo saiu. Puxar a Brasa à Nossa Sardinha, lembra aquelas expressões tão de nossa língua.

Aqueles ditados que a gente fala assim pra identificar uma situação, tipo, ovelha negra, bode expiatório, tirar o pai da forca, santo do pau oco e por aí vai. Quando a gente acha que lembrou tudo aparece algum desses ditados ou alguém com mais uma novidade, uma pérola da sabedoria popular. É um livro que para todo aquele pretenso escritor de costumes e com base no povo deve ter na escrivaninha.

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Andreia Vale, nascida em 11 de agosto de 1978 é formada em jornalismo pela Escola Superior de Comunicação, depois estagiária na SIC Notícias. Atualmente é a âncora na CMTV onde apresenta o jornal da hora do almoço. Interessante neste livro de Andreia Vale é a sua identidade com expressões tipicamente brasileiras, muitas delas adquiridas através das telenovelas. Vale a pena ler Puxar a Brasa à Nossa Sardinha e outras 270 expressões que usamos no dia-a-dia sem saber a sua origem.

Pádua Marques, cadeira 24 da Academia Parnaibana de Letras.

 

Jornalista Graça Ramos lança livro no SESC Caixeiral nesse sábado, dia 22.

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O Livro “Habitar a Infância: como ler literatura infantil”, publicado pela editora, Tema Editorial. Graça Ramos é parnaibana. Fez seus estudos iniciais em Parnaíba.

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Reside em Brasília. O seu livro foi lançado, antes no Rio de Janeiro e em Brasília. Horário do lançamento em Parnaíba às 18h.

Fonte: blogdomariopires. Edição: APM Notícias.

 

Histórias de Histórias de Évora

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Histórias de Histórias de Évora

Elmar Carvalho

Na sexta-feira passada, cumprindo um antigo desejo meu, resolvi ir à APPM – Associação Piauiense de Municípios, para entregar meu livro Confissões de um juiz a seu presidente, o médico Gil Carlos, prefeito de São João do Piauí. É que nesse livro memorialístico faço referência a ele, em virtude de ter sido o cirurgião que me operou de meu primeiro CA, quinze anos atrás. Como ele estivesse em Brasília, tratando de interesses da entidade, dediquei-lhe um exemplar desse livro confessional e de meu romance Histórias de Évora, e os deixei com a sua secretária.

Em seguida, dirigi-me ao TCE-PI, que fica perto. Pretendia cumprir promessa feita ao Olavo Rebelo, atual presidente desse Tribunal de Contas, quando me encontrei com ele num dos shoppings locais, no sentido de lhe entregar, bem como ao Paulo Machado, seu assessor há mais de duas décadas, e ao Conselheiro Kennedy Barros, que também já o presidiu, um volume de Histórias de Évora.

Conheci Olavo em Parnaíba, ainda na década de 1970, quando éramos colaboradores do jornal Inovação e cursávamos Administração de Empresas, no Campus Ministro Reis Velloso da Universidade Federal do Piauí, sendo ele um ou dois anos mais adiantado do que eu. Ambos presidimos o Diretório Acadêmico “3 de Março” desse campus universitário.

Também nessa época conheci o poeta e escritor Paulo Henrique Couto Machado, primo do amigo e colega Paulo de Athayde Couto, também beletrista. Sempre admirei a poesia e a prosa de Paulo Machado, exemplar servidor público, e correto e honesto intelectual, que sempre reconheceu os méritos de quem os tem, desprovido que o é de inveja e mesquinhez. É ainda um notável historiador, sobretudo da saga indígena no Piauí, e talvez seja o mais importante literato de nossa geração.

Em seguida, me dirigi ao plenário, para cumprimentar o conselheiro Kennedy Barros. Não pude fazê-lo, pois ele presidia a sessão, e, cioso de suas obrigações, se mantinha atento aos processos em pauta e em discussão. Entretanto, vi na assistência o promotor de Justiça aposentado José Gomes de Moura, que me acenou.

Fui cumprimentá-lo, uma vez que desfruto de sua amizade há algumas décadas, logo que ele veio assumir seu cargo no Ministério Público do Estado do Piauí, em que teve brilhante e profícua atuação. Sendo ele escritor e romancista, não me pude escusar a lhe oferecer minha obra romanesca, após a dedicatória de praxe. De praxe não deveria dizer, porquanto o seu autógrafo foi especial, em virtude de nossa amizade e respeito mútuo.

Retirei-me logo em seguida, para resolver uns assuntos particulares no Riverside. Mal estacionei meu carro nesse shopping, avistei o escritor e professor universitário Fernando Dib Tajra. Cumprimentei-o e parei para uma rápida conversa. Logo notei o seu olhar interessado para um exemplar de meu romance, que eu conduzia. Expliquei-lhe em palavras breves de que se tratava, tendo ele me indagado sobre onde poderia adquiri-lo.

Sempre tenho dito que prefiro dar um livro de minha autoria a quem de fato vai lê-lo, do que tê-lo comprado por quem sequer vai folheá-lo. Assim, não hesitei. Saquei da caneta e lhe desferi um autógrafo à queima-roupa, sem lhe dar a menor chance de defesa. E dei o meu dia como muito bem ganho.

Porém, ao chegar a minha residência, e abrir minha página no facebook, vi alguns comentários, entre os quais um do helênico Helano Lopes, o Poeta da Estação, em que este vate conterrâneo me cognominava “poeta mor de Campo Maior”. Apesar de imerecida, não posso dizer que não gostei da homenagem do confrade; por isso mesmo, incontinenti, lhe enviei a seguinte resposta: “Embora não o mereça, gostei do título e da rima: ‘poeta mor de Campo Maior’, apenas devendo ser trocado o mor por menor”. A seguir, em outro comentário, acrescentei: “De qualquer modo, caro Helano, estaremos em mui boa companhia, pois Manuel Bandeira, que era Manuel Bandeira, disse em verso: “Sou poeta menor, perdoai!”

Mas como se tudo isso não fosse o bastante, ao cair da tarde de sábado o meu telefone fixo tocou. Sim, eu ainda sou do tempo em que não existiam celulares. Atendi. Era o meu amigo Francisco Costa, freitense de quatro costados e auditor-fiscal do estado, amante da boa música (da Jovem Guarda em especial) e da boa literatura, que me telefonava para dizer que havia terminado de ler, naquele exato instante, ao cair da tarde daquele sábado, o meu romance.

Disse, após vários comentários argutos e pertinentes, que, ao recebê-lo de minhas mãos, pressentia que iria gostar de sua leitura. Apenas não sabia, acrescentou, para gáudio meu, que iria gostar tanto. E como fecho glorioso do telefonema, leu as frases finais, evocativas e melancólicas de Histórias de Évora.

Ministério divulga campanha para o Vale-Cultura.

 

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A oportunidade de consumir cultura, muitas vezes, inédita para algumas pessoas e seus familiares continua a movimentar o setor cultural com cerca de 520 mil empregados já beneficiados pelo Vale-Cultura e mais de R$ 401,6 milhões investidos na economia da cultura durante os seus cinco anos de existência. Algumas dessas histórias podem ser vistas nas redes sociais do Ministério da Cultura (MinC) desde quarta-feira (12), em campanha divulgada nas redes sociais do MinC: FacebookInstagram Twitter.

 

A intenção da campanha é chamar a atenção dos empregados e empregadores para o benefício, que pode transformar a vida das pessoas e suas famílias a partir do acesso a um outro universo proporcionado pela cultura.

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“Temos três principais objetivos, sendo, é claro, o mais importante o de atingir os trabalhadores e permitir o acesso à Cultura. Há também o aspecto da economia da cultura ao permitir as empresas que fornecem o Vale ganhos do ponto de vista de contribuições sociais e ainda possibilitar que se crie uma moeda nova no ambiente das empresas que vendem os produtos culturais”, posicionou o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, José Paulo Soares Martins.

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Cartão magnético

 

Livros, ingressos para cinema e espetáculos teatrais e de dança, instrumentos musicais, discos, CDs e DVDs são alguns dos produtos culturais comercializados com o benefício do Vale-Cultura. Por meio de um cartão magnético, o trabalhador recebe mensalmente R$ 50 que podem ser acumulados para o consumo de bens e produtos culturais. Para participar do Programa, é necessário que a empresa solicite adesão ao Ministério da Cultura.

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Com foco prioritário em atender a empregados que recebam até cinco salários mínimos, a empresa concede o benefício sem qualquer incidência de encargos sociais, previdenciários e trabalhistas. Ao conceder o benefício, o investimento é na formação cultural e social do seu empregado, o que traz retorno para a própria empresa.

 

Saiba mais sobre o Vale-Cultura: http://www.cultura.gov.br/valecultura.

Fonte: MinC. Edição: APM Notícias.