Discurso de Posse do Acadêmico Roberto Cajubá

discurso cajubaIlmo. Senhor Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, D.D. Presidente da Academia Parnaíba de Letras.
Ilmo. Senhor, Elmar Carvalho, que tão brilhantemente fez a saudação aos neoacadêmicos.
Ilustres membros da mesa e demais autoridades presentes,

Preclaros acadêmicos e acadêmicas,
Caros amigos escritores que também estão tomando posse nesta Casa da Cultura.

Meus familiares, demais convidados, senhoras e senhores.

              Rangel de Oliveira, no livro “As mais belas Parábolas de todos os tempos”, conta que:

“Certa vez um homem muito maldoso resolveu pregar uma peça em um mestre, famoso por sua sabedoria. Preparou uma armadilha infalível, como somente os maus podem conceber. Tomou um pássaro e o segurou entre as mãos, imaginando que iria até o idoso e experiente mestre, formulando lhe a seguinte pergunta:

– Mestre, o passarinho que trago às mãos está vivo ou morto?

Naturalmente, se o mestre respondesse que estava vivo, ele o esmagaria com as mãos, mostrando o pequeno cadáver. Se a resposta fosse que o pássaro estava morto, ele abriria as mãos, libertando-o e permitindo que voasse, ganhando as alturas. Qualquer que fosse a resposta, ele incorreria em erro aos olhos de todos que assistissem à cena.

Assim pensou. Assim fez.

Quando vários discípulos se encontravam ao redor do venerando senhor, ele se aproximou e formulou a pergunta fatal. O sábio olhou profundamente o homem nos olhos. Parecia desejar examinar o mais escondido de sua alma, depois respondeu calmo e seguro: o destino deste pássaro, meu filho, está em suas mãos”

              Senhoras e Senhores acadêmicos, em todo tempo da minha vida busquei seguir a lição extraída desta parábola, e sempre considerei que as oportunidades, os aprendizados e as experiências estão ao alcance de todos, e nossos destinos estão em nossas mãos!

              O destino, portanto, é traçado por nossas aspirações e ideais, por isso desde quando iniciei meus estudos em 1973, no antigo primário (hoje ensino fundamental), nunca me afastei da sala de aula, seja como aluno, seja como professor, e após ter concluído o curso de Direito em 1990 nunca me afastei da advocacia.

              Advocacia e magistério foram as duas profissões que escolhi para traçar o meu destino, por entender que exercendo-as eu poderia contribuir para a Justiça Social e formação de novas gerações.

              Guardo desde criança a vocação pela advocacia, e sou grato aos estudantes de Direito da UESPI por terem me convidado, em 1997, para exercer o magistério naquela instituição, ajudando a revelar-me outra vocação.

              Ao exercer estas duas profissões, advocacia e magistério, por força do destino por mim traçado e sem sofrer influência direta, segui o legado de meu pai, que também as exerceu com os mesmos ideais e com muita maestria.

              Da sala de aula surgiu minha primeira participação em livro, ao escrever em coautoria com juristas e colegas de Mestrado, em 2003, “Tópicos Polêmicos e Atuais em Direito”, editora Segrajus, o qual reunia artigos de conteúdo filosófico e Jurídico. Da advocacia surgiu minha segunda participação em livro, ao escrever, em 2003, “Petições”, editora Premius, em coautoria com meu pai e dois irmãos, colegas de escritório.

              Depois disso, mantenho a coluna “Amplo Direito” no Jornal Norte do Piauí e Portal Costa Norte, escrevi artigos em revistas do grupo da editora Consulex, participei de alguns projetos de pesquisa e publiquei os livros “A Processualização do Ato Administrativo como contribuição para a Democracia” e “Amplo Direito”, ambos na editora Premius, em Fortaleza.

              Enfim, no limite de minha capacidade, mas com esforço, vou procurando traçar o meu destino, seguindo sempre avante, porque “cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”, como dizem os compositores Almir Sater e Renato Teixeira, na música “Tocando em Frente”.

              E como o destino é traçado por nossa determinação, decidi candidatar-me à Academia Parnaíba de Letras e assim o fiz convicto de que aquele era o melhor momento, sobretudo diante da admiração que sempre nutri pelo Prof. Francisco Iweltman Vasconcelos Mendes, meu amigo, de quem fui aluno e a quem eu poderia suceder.

              Agradeço, imensamente, a maneira como os ilustres acadêmicos acolheram o meu nome para integrar este sodalício, possibilitando-me conviver mais de perto com o que há de mais expressivo na cultura parnaibana, e ressalto a minha grata satisfação de ser saudado nesta solenidade pelo ilustre acadêmico José Elmar de Melo Carvalho, também operador do Direito, que, na qualidade de magistrado, buscou sempre, e incessantemente, promover a Justiça, fazendo jus à sua condição de poeta sensível às causas sociais.

            É um privilégio ocupar a cadeira n. 15 desta Academia, com tantos antecessores ilustres, cujo Patrono é a “figura exponencial” de Simplício Dias da Silva, “honra e glória da Parnaíba e do Piauí”, como bem expressou Caio Passos, e tendo como antecessores os admiráveis e ilustríssimos acadêmicos, Renato Castelo Branco e Francisco Iweltman Vasconcelos Mendes.

            No livro “Parnaíba, Cada Rua, Sua História”, Caio Passos[1] fez ecoar o sentimento de respeito e admiração à figura de Simplício Dias da Silva ao considerá-lo “o maior vulto da história parnaibana” e complementa:

“ […] tudo em Parnaíba girava em torno de sua fidalguia, de seu alto poder econômico e da sua grande força política […]

              O Coronel Simplício, como homem público, pelo seu caráter sem jaça, pelo dinamismo de sua ação, notabilizou-se pelos relevantes serviços que prestou à Parnaíba e ao Piauí, principalmente no glorioso período das lutas emancipacionistas da província”. (PASSOS, 1982, p. 326-327).

            Simplício Dias da Silva é um ícone, que traz consigo a marca e a representação da coragem, pioneirismo e autenticidade do povo parnaibano. Exemplo de bravura e dinamismo notabilizou-se como líder emancipacionista, cuja luta culminou com a proclamação da independência do Brasil, na Vila da Parnaíba, aos 19 de outubro de 1822.

            Do ofício expedido pela Junta de Governo temporário da Província do Piauí, datado de 27 de outubro de 1823, pode-se constatar a importância da participação de Simplício Dias da Silva no movimento emancipacionista e de seu esforço na defesa e conservação da Vila da Parnaíba, tanto que dele consta:

“O coronel-comandante do regimento n. 2 de cavalaria de milícias da vila da Parnaíba desta província, é um cidadão benemérito e honrado; tem feito naquela vila, a bem de sua defesa e costa, muitos e importantes serviços, com despesas não pequenas de sua própria fazenda. Comanda em chefe e há muitos anos aquele principal ponto da província, e os seus serviços hão sempre merecido os melhores elogios. Cheio de zelo e patriotismo pela causa do Brasil, cooperou e coadjuvou a adesão dos povos da dita vila à independência no dia 19 de outubro do ano próximo passado […]; tem feito muitos sacrifícios a bem da causa pública; tem concorrido para o bom aperfeiçoamento das obras que constituíram para a defesa da vila, e com elas despendeu de sua fazenda; vestiu e tem pago à sua custa o soldo a doze soldados artilheiros para a guarnição do porto da vila; dirigiu o ataque contra os inimigos no porto das Carnaubeiras, que muito dano e receio causava a Parnaíba; tem empregado os maiores esforços para a conservação da guarnição da vila e finalmente desempenhou os muitos importantes deveres do pesado encargo que lhe fora confiado com plena satisfação desta mesma junta de governo; peque se faz recomendável e digno da alta consideração de Sua Majestade Imperial” (COSTA, 1984, apud MAVIGNIER, 2015, p. 298)[2]

            Em face de seu pioneirismo e acendrado esforço para a “construção da liberdade”[3], Simplício Dias da Silva “mereceu ter o seu nome em placa, como um dos próceres da Independência do Brasil, no Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo”.[4] (MAVIGNIER, 2015, p. 308) e recebeu de D. Pedro I a Comenda da ordem do Cruzeiro.

            Tem, pois, Simplício Dias da Silva, o nome transmitido em perpetuidade na memória do povo parnaibano, sobretudo por ter agido com liderança e excepcional dedicação, nesta que foi “uma das mais importantes páginas de heroísmo escritas com o suor e sangue de uma raça forte, inteligente e destemida: o piauiense do norte” (SANTANA, 1982, p. 43)

            Além de promissor homem de negócio, escolhido como o Patrono da Indústria Piauiense, Simplício Dias da Silva tinha grande influência política e exerceu diversos cargos, dentre eles o de comandante em chefe das forças da sua guarnição, no qual destacou-se por sua luta em defesa da Vila e do litoral. Foi nomeado, por Carta Imperial, o primeiro presidente da Província do Piauí, mas declinou do cargo por “não querer deixar Parnaíba, sua terra natal” (MOREIRA, p. 21), “pois não tinha a ambição do mando, mas uma ideologia” (MAVIGNIER, 2015, p. 303).

            Simplício Dias era uma pessoa “hábil, inteligente e ativa”[5], como reconheceu o Governador Carlos César Bulamarqui em ofício datado de 22 de outubro de 1804, ao confiar-lhe a missão de investigar os portos com o objetivo de fomentar o comércio e a indústria. Em cumprimento a este encargo “organizou um mapa do rio Parnaíba, seus braços, ilhas, e bahias, formadas desde os Poções, até as diferentes Barras por onde sai ao Mar e da Costa desde a Barra do Igaraçu na primeira foz, até a última que é a Barra da Tutória” (SANTANA, 1982, p. 37)

           Homem “forjado na Europa, imbuído de ideias liberais, buscadas nos sentimentos do bravo povo francês” (PASSOS, 1982, p. 328), Simplício Dias da Silva contribuiu decisivamente com ações para a formação do patrimônio histórico do Piauí e da Parnaíba, a exemplo da construção da Catedral de Parnaíba (Igreja de Nossa Senhora da Graça), por ele concluída. Foi responsável pelo avanço das comunicações no início do século XIX ao pugnar por uma agência dos Correios para Parnaíba e montou uma banca de música composta de escravos que executava peças de Lisboa e Rio de Janeiro.

         Este é o brevíssimo resumo de parte da biografia de Simplício Dias da Silva, patrono, com muita Justiça, da Cadeira n. 15 da Academia Parnaibana de Letras.

            O primeiro ocupante da cadeira n. 15 da Academia Parnaibana de Letras, foi o parnaibano Renato Castelo Branco, advogado, escritor, publicitário e professor.

            Influenciado pelo tio, José Pires de Lima Rebelo, dono de vasta biblioteca e pelos encontros e rodas literárias com intelectuais e poetas no Rio de Janeiro, Renato Castelo Branco despertou cedo sua vocação literária. Aos 20 anos escreveu seu primeiro livro, intitulado “Armazém 15”, embora não o tenha publicado.

            Com 21 anos de idade e apenas dois anos residindo no Rio de Janeiro, para onde mudou-se em 1933, Renato Castelo Branco já se destacava e era apresentado aos cariocas como “um grande poeta, um gênio velado pelo ineditismo”, conforme palavras expressadas por Joaquim Ribeiro, em palestra proferida na rádio Sociedade do Rio de janeiro, nos seguintes termos: (BORGES, 2017)

“Todos nós nascemos para contemplar a belleza, o que é, na verdade, uma finalidade sutil, deliciosa e superior. O verdadeiro sábio é justamente o homem que sabe ver aquilo que os outros não veem. A intuição é sempre uma percepção artística e instintiva das coisas, dos homens e das multidões, que nos cercam. Nenhuma outra vaidade tenho se não a de ser homem de boa intuição . Justamente por isso eu às vezes passo por adivinhador de verdades, porque amo a hipótese e a conjectura, que são maneiras de fugir a asserções categóricas. Até hoje não tenho tido a prova de meus erros, e essa imunidade me coloca a cavaleiro de receios infundados. Assim é que não receio anunciar que se encontra, entre nós, homens da cidade, um grande poeta: Renato Castello Branco. Ninguém sabe quem ele é, porque é moço ainda e ainda não publicou os seus poemas. É um gênio velado pelo ineditismo, mas é indiscutivelmente um gênio. […] O sentido social de sua poesia não deriva de uma “pose” moderna, vem, ao contrário, espontaneamente, das profundezas do ser como uma revelação atávica inesperada. A poesia de Renato Castello Branco é uma síntese do esteio coletivo e, justamente, em virtude dessa significação revela, através de todas as imperfeições, um temperamento genial. (JULGAMENTO…, 1935)”

            Em 1938 Renato Castelo Branco publicava o seu primeiro livro, “A Chímica das Raças”, o qual foi muito bem aceito pela crítica em vários estados brasileiros, inclusive no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ali começava a fazer sucesso como escritor reconhecido nacionalmente e muito bem aceito pela crítica literária em todos os recantos do país.

            O Livro “A Civilização do Couro”, de 1942, no qual ele faz um estudo histórico-social do Piauí, recebeu de Monteiro Lobato o seguinte elogio: (SOCORRO, 2017)

“se todos os estados do Brasil tivessem uma monografia sintética à altura desta, o Brasil seria, como um todo, o país mais bem fotografado do mundo” – Monteiro Lobato.

            O Livro de memórias, “Tomei um Ita no Norte”, publicado em 1981, recebeu de Jorge Amado, seu amigo, a seguinte análise: (SOCORRO, 2017)

“Li seu livro com grande prazer, aumentado pela beleza dos poemas, que dão ainda maior força aos fatos narrados. Essas suas memórias são ricas de acontecimentos e emoções”.

            Renato Castelo Branco escreveu 23 livros, de diversos estilos e gêneros como romance, poesia, ficção, tratando de cultura, política, sociologia, história, dentre outros importantes assuntos, “mas se tivéssemos que apontar um tema mais presente nos oitenta anos durante os quais escreveu romances, poemas e ensaios, este tema seria o Piauí e o povo piauiense” (BORGES, 2017)

            Publicitário de renome internacional, Renato Castelo Branco é considerado, merecidamente, como um dos “Founding Fathers” da Publicidade Brasileira, tendo trabalhado na tradicional empresa J. W. Thompson, responsável pelo atendimento das principais marcas do mercado no mundo, na qual exerceu o cargo de Presidente no Brasil e vice-presidente nos Estados Unidos. Posteriormente constituiu sua própria agência de publicidade (CBBA – Castelo Branco Borges & Associados), que se tornou uma das maiores do país.

                Foi um dos principais incentivadores da publicidade responsável, tanto que a ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, com instalações em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, premia anualmente, desde 2005, anunciantes e agências que demonstrem preocupação com uma comunicação consciente, cujo prêmio leva o nome de Renato Castelo Branco “representando a importância e a necessidade da ética e da responsabilidade socioambiental na profissão”.

            O meu antecessor nesta cadeira n. 15 foi, porém, o Professor Prof. Francisco Iweltman Vasconcelos Mendes, admirável pessoa humana de quem tive a honra de ser aluno no curso de Economia da UFPI, colega de magistério na Uespi e Faculdade Piauiense mas, sobretudo, amigo.

            É um privilégio suceder a Francisco Iweltman Vasconcelos Mendes. Homem culto, inteligente, de personalidade forte, mas, acima de tudo, humilde, espirituoso, solidário e sempre alegre, inclusive no ambiente de trabalho, pois “era aquele professor engraçado e sensível, que nos fazia rir com piadas bem encaixadas e com poesia, sempre ao final das aulas” (CIARLINI, Claucio, 2013).

            O professor Francisco Nascimento, em artigo publicado no Jornal “O Bembém”, intitulado “Um educador na Parnaíba”, considerou Iweltman Mendes como “um dos maiores docentes que protagonizaram a educação parnaibana” e afirmou: (NASCIMENTO, 2013)

“Iweltman Mendes era empirista por formação, cercado por muitas fontes documentais, oratória rebuscada, reconhecido pelos alunos e colegas de docência por seu profundo conhecimento, pelo dinamismo de suas aulas, pelas brincadeiras, pelo lúdico, pelos exemplos claros, pelas contribuições aos novos pesquisadores, pela humildade”.

            O escritor Daniel C. B. Ciarlini, que também foi aluno de Iweltman Mendes, no artigo “Adeus, Mestre!”, traduz o sentimento de recordação de todos os alunos de Iweltman Mendes, ao assim se expressar: (CIARLINI, Daniel, 2013)

“Velho amigo professor de História, de tão rica sapiência, eu guardo na lembrança a forma com a qual tu conduzias o ensino de tão esplendorosa disciplina. A alegria, o bom senso, a empolgação e a brincadeira faziam das tuas aulas as mais compensatórias”.

            Iweltman Mendes nasceu em Sobral-Ce, mas assim como a família moderna transcende o aspecto meramente biológico, a cidadania também caminha para uma construção socioafetiva, não importando, muitas vezes, o local do nascimento. Por isso, pode-se afirmar que Iweltman Mendes foi sempre nosso conterrâneo, e sobre ser parnaibano disse ele certa vez, em artigo publicado na imprensa, depois de 10 anos residindo em nossa cidade:

“já o sou e considero-me assim, desde que aqui ministrei minha primeira aula; desde quando ajudo  a reconstruir sua história através de minhas pesquisas e publicações de meus trabalhos; desde quando ingressei na Academia Parnaibana de Letras; desde quando ingressei e presidi o mais antigo Club de Rotary da cidade; desde quando frequentei a augusta Loja Fraternidade Parnaibana(…); desde quando entreguei ao solo desta cidade meu amor maior e mais sagrado bem, minha filha Ianne”.

              Graduou-se em Licenciatura Plena em História (1988) e Licenciatura Plena em Estudos Sociais (1988) ambas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, especializou-se em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Federal do Ceará (1989), concluiu mestrado em Educação pela Universidade Federal do Piauí (1999) e doutorado em Educação pela Universidad de La Empresa (2011)

            A sua capacidade intelectual e a dedicação nas diversas atividades que exerceu trouxeram enormes benefícios para a Parnaíba, sobretudo na área da educação, tendo realizado inúmeros projetos científicos e trabalhos de pesquisas e extensão em benefício da população de nossa cidade.

            Lecionou em vários Colégios de Parnaíba (Visão, Visão Mirim, Diocesano, etc.) e Faculdades (Uespi, FAP, UFPI, Faculdade Internacional do Delta, etc.), exerceu o cargo de Secretário Municipal da Educação em Parnaíba (2001-2004), foi Presidente da UNDIME/PI – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-PI (2002-2003), vereador de Parnaíba (2005-2008) e Superintendente de Ciência e Tecnologia do Estado do Piauí (2010).

            Como vereador elaborou inúmeros projetos de cunho social, muitos deles relacionados à cultura e educação, como, por exemplos, aqueles que previam a implantação de uma Escola municipal de trânsito, a criação do Pró-teatro, visando o incremento do teatro amador nas escolas municipais, a obrigatoriedade de brinquedotecas em todas as escolas de educação infantil e ensino fundamental no âmbito do município de Parnaíba, dentre outros, além disso, em respeito à população, publicava informativo intitulado “Ações Legislativas”, prestando contas de sua atuação.

            Como escritor e historiador, Iweltman Mendes publicou vários livros sobre a cidade de Parnaíba, dentre os quais podemos enumerar: Anuário Parnaibano (1991-1992 -1993-1994-1995-1996), Parnaíba em Estudos Sociais, Associação Comercial de Parnaíba – Lutas e Conquistas (duas edições), Parnaíba Colonial e Imperial, Parnaíba Educação e Sociedade (duas edições), Parnaíba História e Geografia – Didático.

            Outros livros, de diversos gêneros, foram publicados por Iweltman Mendes, dentre eles: Anuário sobralense 1991; Ubajara: Uma História, uma herança; Anos trinta: Síntese da História política do Ceará; Ideias íntimas; Paixões – Lembranças poéticas; Educação e Legislação Básica; Porto de Luís Correia Histórico de um sonho; Financiamento da educação básica no Piauí: História e Legislação (tese de doutorado).

            Recorro mais uma vez às palavras do Professor Francisco Nascimento, para reafirmar que Iweltman Mendes: (NASCIMENTO, 2013)

“como um grande educador, deixa centelhas que iluminam e norteiam as vidas de muitas pessoas e instituições, sua trajetória de vida e seu legado acadêmico são como um farol que continuam a guiar os jovens pesquisadores em seus percursos formativos, formação de saberes, valores, motivando na construção de suas identidades profissionais e vivências da cidadania”. 

              Eu, como ex-aluno, para expressar a saudade do amigo professor, faço minhas as palavras do próprio Iweltman Mendes, no poema “Aula de História”, publicado em seu livro “Paixões Lembranças Poéticas”, com apenas uma pequena adaptação (o acréscimo de seu nome), e digo: (MENDES, 2003)

“ Uma aula de História sem você, Iweltman Mendes,
É como se Hitler houvesse triunfado,
A América por Colombo, não houvesse sido encontrada,
E nenhum sonho de amor Shakespeare pudesse ter”.

              Amparado, ainda, no aludido poema, afirmo que a história da Parnaíba sem Iweltman Mendes não tem sentido, e seu legado jamais será esquecido.

              Tenho, pois, orgulho de meus antecessores e espero honrar a memória de cada um deles, assim como agradeço a Deus por ter sido tão bem acolhido e integrar este sodalício na companhia de tão valorosos acadêmicos, inclusive de meu pai, que ocupa honrosamente a Cadeira n. 02, a quem não posso deixar de agradecer, nesta oportunidade, pelo incentivo à minha candidatura para ingressar neste sodalício.

              Congratulo-me com os novos confrades que hoje estão tomando assento nesta Casa da Cultura e que, certamente, contribuirão para a sua grandeza, e agradeço a todos os que compareceram para prestigiar esta solenidade de posse, especialmente aos meus amigos e familiares, que me apoiam e estão sempre presentes em todos os momentos de minha vida.

              Obrigado ao todos.

REFERÊNCIAS

– BORGES. João Carlos de Freitas. O Fazer-se do escritor: Renato Castelo Branco e sua inserção no campo literário brasileiro (1928-1938). Disponível em: <(http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364408229_ARQUIVO_ARTIGOANPUH2013-JOAOCARLOSDEFREITASBORGES.pdf>. Acesso em: 8 mai. 2017
– CIARLINI. Claucio. O professor, o poeta e o amigo. O Piagui Culturalista. Fev. 2013.
– CIARLINI. Daniel C.B. Adeus, Mestre!. O Piagui Culturalista. Fev. 2013.
– JULGAMENTO honroso a respeito de um jovem poeta piauiense. O Tempo, Rio de Janeiro, 11 mai. 1935, in BORGES. João Carlos de Freitas. O Fazer-se do escritor: Renato Castelo Branco e sua inserção no campo literário brasileiro (1928-1938). Disponível em: >(http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364408229_ARQUIVO_ARTIGOANPUH2013-JOAOCARLOSDEFREITASBORGES.pdf>. Acesso em: 8 mai. 2017.
– PASSOS. Caio. Cada Rua, sua História. Imprensa Oficial do Ceará. p. 326-327, 1982.
– MAVIGNIER. Diderot. A Maçonaria e a história da independência no Piauhy, Parnaíba: Gráfica e editora Sieart, 2015.
– MENDES. Francisco Iweltman Vasconcelos.
– MOREIRA. Aldenora Mendes. Personalidades atuantes na História de Parnaíba Ontem e Hoje, edição própria da autora, p. 21.
– NASCIMENTO. Francisco. Um educador na Parnaíba. Jornal O Bembém. Fev. 2013.
– RANGEL. Alexandre. As mais belas parábolas de todos os tempos. Editora Leitura. 2002.
– SANTANA. Judith Alves. Parnaíba. Comepi. p. 43
– SOCORRO. Francisco. O Legado de Renato Castelo Branco. Disponível em: <http://www.portalentretextos.com.br/especiais/o-legado-de-renato-castelo-branco,14.html>. Acesso em: 8 mai. 2017

[1] Passos. Caio. Cada Rua, sua História. Imprensa Oficial do Ceará. p. 326-327, 1982.
[2] In MAVIGNIER. Diderot. A Maçonaria e a história da independência no Piauhy, Parnaíba: Gráfica e editora Sieart, p. 298, 2015.
[3] Expressão utilizada por Diderot Mavignier, no livro A Maçonaria e a história da independência no Piauhy.
[4] MAVIGNIER. Diderot. Op. Cit. p. 308.
[5] Expressões extraídas do Ofício datado de 22.10.1804 escrito pelo Governador Carlos César Bulamarqui. Ver livro “Parnaíba”, de Judith Santana, p. 37.

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